"Uma senhora amiga escreve-nos o seguinte:
Um dia minha filha recebeu a seguinte comunicação espontânea de um Espírito, que começou assinando Euphrosine Bretel. Como
o nome não lembrasse ninguém, perguntamos: - Quem és? - Sou um pobre
Espírito sofredor. Necessito de preces. Dirijo-me a ti porque me
conheceste quando eu não era mais que uma criança.
Rebuscamos a memória e admiti
lembrar-me que tal nome de família era o de uma criança de nove a dez
anos, que se achava no mesmo internato que minha filha e que adoecera
pouco depois da chegada desta. Seu pai veio buscá-la de carro, e as
meninas guardaram a lembrança daquela doente, toda embrulhada e gemente.
Ela morreu em casa. Em desespero, a mãe a seguiu pouco depois. O pai
ficou cego de tanto chorar e morreu no mesmo ano. Desde que admitimos
haver reconhecido o nome, o Espírito escreveu: ‘Sou eu. Minha última
existência deveria ser uma prova terrível, mas recuei covardemente e
desde então sofro sempre. Eu te peço que rogues a Deus para que me
conceda a graça de uma nova prova. Submeter-me-ei a ela, por mais dura
que seja. Sou tão infeliz! Amo a meu pai e a minha mãe e eles me têm
horror. Eles fogem de mim e meu castigo é o de buscá-los
incessantemente, para me ver repelida. Vim a ti porque minha lembrança
não se apagou inteiramente de tua memória, e dos que podem orar por mim,
és a única que conhece o Espiritismo. Adeus! Não me esqueças. Em breve
nos veremos.’
Minha filha então lhe perguntou
gracejando: ‘Então vou morrer logo?’ A isso o Espírito respondeu: ‘O
tempo, que é longo para vós, não tem medida para nós’.
Verificamos depois que o prenome e o nome de família estavam perfeitamente corretos.
Agora me pergunto se é possível a um Espírito encarnado recuar ante uma prova começada.
A essa pergunta respondemos:
Sim, os Espíritos recuam com
frequência ante as provas escolhidas e que eles não têm coragem de
suportar, e até de enfrentá-las quando chegado o momento. É a causa da
maior parte dos suicídios. Eles recuam também quando se desesperam e
murmuram, e assim perdem os benefícios da prova.
Eis por que o Espiritismo, dando a
conhecer a causa, o objetivo e as consequências das atribulações da
vida, dá, ao mesmo tempo, tantas consolações e tanta coragem, e desvia o
pensamento de abreviar os dias. Qual a filosofia que produziu tais
resultados sobre os homens?"
("Revista Espírita", Outubro de 1862)
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