"Examinando de frente os erros e deficiências que ainda nos caracterizam a tela
social no caminho humano, o delinquente confesso é, quase sempre, o fruto
envenenado que inadvertidamente ajudamos a surgir e amadurecer, na plantação de
nossos próprios desajustes.
Antes
de sentenciá-lo a penas de efeitos imprevisíveis, deixa que a compaixão te
inspire o juízo inseguro, para que te não falte a bênção da piedade no dia em
que a sombra te venha bater à porta.
Lembra-te
de que, diante da Lei, a criminalidade não é apenas aquela que comparece à
barra dos tribunais que o mundo improvisa...
Recorda,
quantas vezes, aniquilamos a esperança do companheiro com a palavra insensata.
Em quantas ocasiões teremos eliminado a lavoura promissora da fé no
espírito dos semelhantes com a lâmina dos maus exemplos.
Rememora as múltiplas estradas em que a alegria dos outros terá desaparecido ao
contacto dos raios destruidores de nossa intemperança mental.
Não
olvides o furto impensado que em muitas circunstâncias impomos a quem trabalha
na fraternidade e na paz, subtraindo-lhe o tempo.
Relaciona o roubo da tranquilidade e do pão que infligimos a todos os que nos
sofrem a pressão do egoísmo e não te esqueças da lama invisível que, em tantas
ocasiões, arremessamos, inconscientes e irresponsáveis, ao
nome
alheio, quando aderimos sem perceber ao propósito escuso de quantos navegam na
corrente lodosa de que se derramam injúria e maledicência.
Diante
do irmão que a penitenciária corrige ou que o cárcere acolhe, meditemos na
Misericórdia Divina que nos impediu a delinquência direta, sempre viva em
potencial nas nossas emoções enfermiças e, em testemunho de gratidão e de
entendimento, sejamos para o amigo na prova do reajuste, o cirineu que ajuda e
compreende, para que sejamos, em verdade, com a lição de Jesus."
("Escrínio de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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