segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

"DIVULGAÇÃO ESPÍRITA"



"Há companheiros que se dizem contrários à divulgação espírita.
Julgam vaidade o propósito de se lhe exaltar os méritos e agradecer os benefícios nas iniciativas de caráter público.
Para eles, o Espiritismo fala por si e caminhará por si.
Estão certos nessa convicção mas isso não nos invalida o dever de colaborar na extensão do conhecimento espírita com o devotamento que a boa semente merece do lavrador.
O ensino exige recintos para o magistério.
O Espiritismo deve ser apresentado por seus profitentes em sessões públicas.
A cultura reclama publicações.
O Espiritismo tem a sua alavanca de expansão no livro que lhe expões os postulados.
A arte pede representações.
O Espiritismo não dispensa as obras que lhe exponham a grandeza.
A indústria requisita produção que lhe demonstre o valor.
O Espiritismo possui a sua maior força nas realizações e no exemplo dos seus seguidores, em cujo rendimento para o bem comum se lhe define a excelência.
Não podemos relaxar a educação espírita, desprezando os instrumentos da divulgação de que dispomos a fim de estendê-la e honorificá-la.
Allan Kardec começou o trabalho doutrinário publicando as obras da Codificação e instituindo uma sociedade promotora de reuniões e palestras públicas, uma revista e uma livraria para a difusão inicial da Revelação Nova.
Mas não é só.
Que Jesus estimou a publicidade, não para si mesmo, mas para o Evangelho, é afirmação que não sofre dúvida.
Para isso, encetou a sua obra aliciando doze agentes respeitáveis para lhe veicularem os ensinamentos e ele próprio fundou o cristianismo através de assembleias públicas.
O "ide e pregai" nasceu-lhe da palavra recamada de luz.
E compreendendo que a Boa Nova estava ameaçada pela influência judaizante em vista da comunidade apostólica confinar-se de modo extremo aos preceitos do Velho Testamento, após regressar às Esferas Superiores, comunicou-se numa estrada vulgar, chamando Paulo de Tarso para publicar-lhe os princípios junto à gentilidade a que Jerusalém jamais se abria.
Visto isso, não sabemos como estar no Espiritismo sem falar nele ou, em outras palavras, se quisermos preservar o Espiritismo e renovar-lhe as energias, a benefício do mundo, é necessário compreender-lhe as finalidades de escola e toda escola para cumprir o seu papel precisa divulgar."


("Opinião Espírita", Emmanuel e André Luiz/ Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

domingo, 28 de fevereiro de 2016

"EXAMES"



        "A dor é agente de fixação, expondo-nos a verdadeira fisionomia moral.
        O sofrimento é fotógrafo oculto.
        Deslinda os mais íntimos aspectos da personalidade, situando-os a descoberto.
        Aclara os menores impulsos do coração, deixando-os à mostra.
        Em razão disso, cada problema que te procura é semelhante ao trabalho de análise dirigida, como que a radiografar-te certas zonas do ser, de modo a verificar-lhes o equilíbrio.
        Cada provação pode ser comparada a um banho de substâncias químicas, testando-te ideias e sentimentos, para definir-lhes a sanidade.
        A vida, expressando a Sabedoria Divina, observa cada um de nós, diariamente, examinando-nos o possível valor, a fim de valorizar-nos.
        Cultura nobre granjeia tarefas enobrecidas.
        Virtude alcança merecimento.
        Quem aprende pode ensinar.
        Quem semeia o melhor adquire o melhor.
        Quem ajuda sem recompensa colhe apoio espontâneo.
        Em todas as borrascas e provações, adversidades e sombras, permanece fiel ao bem, no serviço incansável, para que o bem te revele através dos outros.
        Não consultes a palavra “impossível”, no dicionário da experiência. Todos temos a vontade por alavanca de luz e toda a criatura, sem exceção, demonstrará a quantidade e o teor da luz que entesoura em si própria, toda vez que chamada a exame, na hora da crise."
(“Justiça Divina”,Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

"BENÇÃO DE DEUS"

“Assim toda árvore boa produz bons frutos”. – Jesus.
(Mateus, 7:7)
 
“Venho, meus irmãos e meus amigos, trazer-vos o meu óbolo, a fim de vos ajudar a avançar, desassombradamente, pela senda do aperfeiçoamento em que entrastes. Nós nos devemos uns aos outros; somente pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os encarnados será possível a regeneração”.
(ESE, Cap. 16, 14.)
 
"Muitas vezes, criticamos o dinheiro, malsinando-lhe a existência, no entanto, é lícito observá-lo através da justiça.
O dinheiro não compra a harmonia, contudo, nas mãos da caridade, restaura o equilíbrio do pai de família, onerado em dívidas escabrosas.
Não compra o sol, mas nas mãos da caridade, obtém o cobertor, destinado a aquecer o corpo enregelado dos que tremem de frio.
Não compra a saúde, entretanto, nas mãos da caridade, assegura proteção ao enfermo desamparado.
Não compra a visão, todavia, nas mãos da caridade, oferece óculos aos olhos deficientes do trabalhador de parcos recursos.
Não compra a euforia, contudo, nas mãos da caridade, improvisa a refeição, devida aos companheiros que enlanguescem de fome.
Não compra a luz espiritual, mas, nas mãos da caridade, propaga a página edificante que reajusta o pensamento a tresmalhar-se nas sombras.
Não compra a fé, entretanto, nas mãos da caridade, ergue a esperança, junto de corações tombados em sofrimento e penúria.
Não compra a alegria, no entanto, nas mãos da caridade, garante a consolação para aqueles que choram, suspirando por migalha de reconforto.
Dinheiro em si e por si é moeda seca ou papel insensível que, nas garras da sovinice ou da crueldade é capaz de criar o infortúnio ou acobertar o vício.
Mas o dinheiro do trabalho e da honestidade, da paz e da beneficência, que pode ser creditado no banco da consciência tranquila, toda vez que surja unido ao serviço e à caridade, será sempre bênção de Deus, fazendo prodígios."
 

("Livro da Esperança", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

"VOZES DO EVANGELHO"


        "Destaque o lado bom dos seres e das coisas.
        “Examine tudo e retenha o melhor.”
*
        Não valorize o erro.
        “Vença o mal com o bem.”
*
        Auxilie sem exigência.
        “Perdoe setenta vezes sete vezes.”
*
        Fuja à impertinência.
        “Não se queixem uns contra os outros, para que não sejam condenados.”
*
        Não se irrite.
        “Faça todas as coisas sem murmurações nem contendas.”
*
        Não se imponha.
        “Os discípulos do Senhor se conhecem por muito se amarem.”
*
        Não pressione a ninguém.
        “Atende bem para a lei da liberdade.”
*
        Olvide a falta alheia.
        “Lance mão do arado sem olhar para trás.”
*
        Renuncie em silêncio.
        “O cristão existe para servir e não para ser servido.”
*
        Use a bondade incansável.
        “Todas as suas ações sejam feitas com caridade.”


(André Luiz, em “O Espírito da Verdade”, Autores/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

"A SALVAÇÃO INESPERADA"

"Num país europeu, certa tarde, muito chuvosa, um maquinista, cheio de fé em Deus, começando a acionar a locomotiva com o trem repleto de passageiros para a longa viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com muito sentimento, a oração dominical.
O comboio percorreu léguas e léguas, dentro das trevas densas, quando, alta noite, ele viu, à luz do farol aceso, alguns sinais que lhe pareceram feitos pela sombra de dois braços angustiados a lhe pedirem atenção e socorro.
Emocionado, fez o trem parar, de repente, e, seguido de muitos viajantes, correu pelos trilhos de ferro, procurando verificar se estavam ameaçados de algum perigo.
Depois de alguns passos, foram surpreendidos por gigantesca inundação que, invadindo a terra com violência, destruíra a ponte que o comboio deveria atravessar.
O trem fora salvo, milagrosamente.
Tomados de infinita alegria, o maquinista e os viajores procuraram a pessoa que lhes fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia.
Intrigados, continuaram na busca, quando encontraram no chão um grande morcego agonizante. O enorme voador batera as asas, à frente do farol, em forma de dois braços agitados e caíra sob as engrenagens.
O maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros assombrados e contou como orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus, antes de partir.
E, ali mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava de morrer, exclamando em alta voz:
- Pai Nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e glória para sempre. Assim seja...
Quando acabou de orar, grande quietude reinava na paisagem.
Todos os passageiros, crentes e descrentes, estavam também ajoelhados, repetindo a prece com amoroso respeito.

Alguns choravam de emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai Celestial, que lhes salvara a vida, por intermédio de um animal que infunde tanto pavor às criaturas humanas. E até a chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente acompanhando a sublime oração."
("Ideias e Ilustrações", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

"ALGUMAS DEFINIÇÕES"

     "BENFEITOR — é o que ajuda e passa.
       AMIGO — é o que ampara em silêncio.
       COMPANHEIRO — é o que colabora sem constranger.
       RENOVADOR — é o que se renova para o bem.
       FORTE — é o que sabe esperar no trabalho pacífico.
       ESCLARECIDO — é o que se conhece.
       CORAJOSO — é o que nada teme de si mesmo.
       DEFENSOR — é o que coopera sem perturbar.
       EFICIENTE — é o que age em benefício de todos.
       VENCEDOR — é o que vence a si mesmo."


(“Agenda Cristã”, André Luiz/ Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

"INDUÇÃO E COAÇÃO"

"Exaltaste a caridade.
        Favoreceste no próximo a simpatia fraterna.
        Mas, se te desprendes das posses humanas a fim de socorrer aos companheiros necessitados, quaisquer que sejam, deste aos outros a luz da beneficência.
        Louvaste a fé.
        Incitaste o próximo a confiar.
        Mas, se revelas segurança em Deus e em ti mesmo, nos acontecimentos desagradáveis da existência, deste aos outros a força transformadora que remove as montanhas da inquietação e do medo.
        Recomendaste paciência.
        Mas se mostras serenidade nas provações que te devastam a alma, deste aos outros a resistência tranquila contra o império do mal.
        Aconselhaste humildade.
        Insuflaste no próximo a vocação de servir.
        Mas se compreendes as necessidades e deficiências alheias, desculpando incondicionalmente todas as injúrias que te apedrejam a vida, deste aos outros a chama interior da divina virtude.
        Palavras inclinam.
        Exemplos renovam.
        Em tudo o que se refira ao bem, não nos esqueçamos de que ensinar é induzir, mas fazer o bem é dar de nós mesmos aos outros o próprio bem que todos nós precisamos fazer."
(Albino Teixeira, na obra “IDEAL ESPÍRITA”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos)  

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

"NÃO CARREGUES AO COLO"

 "Meu irmão,
       Muitas vezes você pensa estar fazendo um grande bem a outrem satisfazendo seus caprichos, cedendo sempre, não sabendo dizer “não”, mesmo à custa de sacrifícios. Com essa atitude você centenas de vezes tem prejudicado, principalmente, aqueles a quem mais ama.
       Não gosta de ver ninguém triste nem contrariado com você, porque tem receio de perder o amigo.
       Mesmo aqueles que você costuma carregar ao colo, quando têm eles pernas para caminhar, nem sempre se lembram de você com a gratidão que você espera. Ao contrário, alguns são contra você porque, inconscientemente, você os prejudicou, anulando-lhes a possibilidade de carregarem seus próprios fardos, de treinarem a experiência, fazendo deles comodistas, indiferentes e preguiçosos. E as criaturas que foram superprotegidas, carregadas ao colo, por assim dizer, sentem-se inseguras, incapazes de tomar qualquer decisão. E se angustiam, revoltando-se contra você que, sem querer, anulou-lhes as possibilidades de agir por conta própria.
       Seu dever, meu irmão, é ajudar, apontar o caminho e ensinar a caminhar. Cada um de nós deve levar seu próprio fardo, a bagagem que trouxe de longe, para ser carregada com esforço próprio. Se você tomar o fardo de outro e o colocar sobre seus ombros, no momento, isto lhe parecerá certo e até lhe dará alegria em fazer a tarefa de alguém a quem ama. O futuro dirá o prejuízo que causamos àquele que perdeu a oportunidade de exercitar-se e levar tombos e levantar-se com dignidade.
       É um dever nosso carregar ao colo uma criança pequenina, até o momento de colocá-la no chão, quando já pode andar por seus próprios pés; é um dever ensinar-lhe os primeiros passos, auxiliando-a pela mão, até deixá-la livre, aprendendo a levantar-se quando cai, e a recomeçar, enfrentando suas dificuldades, e novos tombos. Isto é certo.
       Assim deve proceder moral e espiritualmente. A criatura que se tornou dependente, tendo, embora, condições de fazer tudo sozinha, se acovarda e não desabrocha suas melhores qualidades.
       Ajudar ao que necessita é humano e cristão, mas não ao indolente que assim se tornou graças à maneira como foi criado.
       Portanto, meu irmão, aprenda a ajudar sempre que puder, não apenas aos entes queridos, mas a qualquer um que necessite de auxílio. Mas cuidado: não impeça outros de aprenderem com a própria experiência. Não carregue fardos alheios nem se torne muletas para ninguém. Colabore com a obra do Mestre, não criando impedimentos que limitem as qualidades e o pleno desabrochar da vida em outros, para que venham a se tornar mestre de si mesmos."

( “...A Verdade e a Vida”, Cenyra Pinto)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

"O CANDIDATO INTELECTUAL"

 "Conta-se que Jesus, depois de infrutíferos desentendimentos com doutores da lei, em Jerusalém, acerca dos serviços da Bom-Nova, foi procurado por um candidato ao novo Reino, que se caracterizava pela profunda capacidade intelectual.
 Recebeu-o o Mestre, cordialmente, e, em seguida às interpelações do futuro aprendiz, passou a explicar os objetivos do empreendimento. O Evangelho seria a luz das nações e consolidar-se-ia à custa da renúncia e do devotamento dos discípulos. Ensinaria aos homens a retribuição do mal com o bem, o perdão infinito com a infinita esperança. A Paternidade Celeste resplandeceria para todos. Judeus e gentios converter-se-iam em irmãos, filhos do mesmo Pai. 
 O candidato inteligente, fixando no Senhor os olhos arguciosos, indagou: 
 -A que escola filosófica obedecerá?
 -A escola do céu respondeu complacente, o Divino Amigo.
 E outras perguntas choveram, improvisadas.
 -Quem nos presidirá à organização? 
 -Nosso Pai Celestial. 
 -Em que base aceitará a dominação política dos romanos?
 -Nas do respeito e do auxílio mútuos. 
 -Na hipótese de sermos perseguidos pelo Cinéreo, em nossas atividades, como proceder? 
-Desculparemos a ignorância, quantas vezes for preciso.
 -Qual o direito que competirá aos adeptos da Revelação Nova?
 -O direito de servir sem exigências. O rapaz arregalou os olhos aflitos e prosseguiu indagando:
 -Em que consistirá desse modo, o salário do discípulo?
 -Na alegria de praticar a bondade. 
 -Estaremos arregimentados num grande partido?
 -Seremos, em todos os lugares, uma assembléia de trabalhadores atenta à Vontade Divina. 
 -O programa?
 -Permanecerá nos ensinamentos novos de amor, trabalho, esperança, concórdia e perdão.
 -Onde a voz imediata de comando?
 -Na consciência. 
 -E os cofres mantenedores do movimento? 
 -Situar-se-ão em nossa capacidade de produzir o bem. 
 -Com quem contaremos de imediatos?
 -Acima de tudo com o Pai e, na estrada comum, com as nossas próprias forças.
 -Quem reterá a melhor posição no ministério? 
 -Aquele que mais servir. O candidato coçou a cabeça, francamente desorientado, e continuou, finda a pausa: 
 -Que objetivo fundamental será o nosso?
 Respondeu Jesus, sem se irritar:
 -O mundo regenerado, enobrecido e feliz. 
 -Quanto tempo gastará?
 -O tempo necessário. 
 -De quantos companheiros seguros dispomos para início da obra?
 -Dos que puderem compreender-nos e quiserem ajudar-nos.
 -Mas não teremos recursos de constranger os seguidores à colaboração ativa?
 -No Reino Divino não há violência.
 -Quantos filósofos, sacerdotes e políticos nos acompanharão?
 -Em nosso apostolado, a condição transitória não interessa e a qualidade permanece acima do número.
 -A missão abrangerá quantos países?
 -Todas as nações. 
 -Fará diferença entre senhores e escravos?
 -Todos os homens são filhos de Deus.
 -Em que sítio se levanta as construções de começo? Aqui em Jerusalém? 
 -No coração dos aprendizes.
 -Os livros de apontamento estão prontos? 
 -Sim. 
 -Quais são?
 -Nossas vidas... O talentoso adventício continuou a indagar, mas Jesus silenciou sorridente e calmo. Após longa série de interrogativas sem resposta, o afoito rapaz inquiriu ansioso: 
 -Senhor, por que não esclareces? O Cristo afagou-lhe os ombros inquietos e afirmou: 
 -Busca-me quando estiveres disposto a cooperar. E, assim dizendo, abandonou Jerusalém na direção da Galiléia, onde procurou os pescadores rústicos e humildes que, realmente nada sabiam da cultura grega ou do Direito Romano, mantendo-se, contudo, perfeitamente prontos a trabalhar com alegria e servir por amor, sem perguntar."
("Contos e Apólogos", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 20 de fevereiro de 2016

"OS MÉDIUNS"

"Embora em diferentes graus todos nós possuímos a mediunidade; por isso todos nós podemos ser médiuns. É verdade que uns médiuns são melhor dotados do que outros; ns possuem a mediunidade em grau mais adiantado e outros a possuem em grau mais modesto.
Médium é toda pessoa que sabe usar a mediunidade e se tornou um
instrumento pelo qual os desencarnados se comunicam com os encarnados.
Os médiuns ajudam os espíritos esclarecidos a executarem certas tarefas na Terra, porque os espíritos só podem atuar sobre a matéria por meio de um instrumento material.
Os espíritos esclarecidos nunca estão inativos:
consagram algumas horas do dia ao estudo e ao preparo de suas novas
encarnações e futuros trabalhos; o tempo restante, dedicam-no à
humanidade. Os espíritos esclarecidos são aqueles que já possuem a
compreensão espiritual e trabalham intensamente para o progresso deles próprios e dos encarnados e desencarnados.
Reparemos em derredor de nós: há ignorância, miséria, lágrimas, feridas, dores e erros. Pois bem, é por meio dos médiuns que os espíritos nos instruem, suavizam a miséria, enxugam as lágrimas, cicatrizam as feridas, mitigam as dores, corrigem os erros. A mediunidade faz com que nós, habitantes da Terra, demos as mãos aos que habitam o céu e trabalhemos juntos na construção do majestoso reino de Deus.
Como não há dois organismos absolutamente iguais e como cada um de
nós serve os espíritos de acordo com o grau de mediunidade que possui, concluímos que há uma grande variedade de médiuns. Dentre eles destacaremos os seguintes: médiuns de efeitos físicos, médiuns falantes, médiuns escreventes, médiuns audientes, médiuns videntes, médiuns intuitivos, médiuns inspirados e médiuns curadores."
("A mediunidade sem lágrimas", Eliseu Rigonatti)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

"ABRE A PORTA"

“E  havendo  dito  isto,  assoprou sobre  eles  e  disse-­lhes:  Recebei o Espírito Santo.” (João, 20:22)  

"Profundamente expressivas as palavras de Jesus aos discípulos, nas primeiras manifestações depois do Calvário. 
Comparecendo à reunião dos companheiros, espalha sobre eles o seu  espírito de amor e vida, exclamando: “Recebei o Espírito Santo.”
 Por que não se ligaram as bênçãos do Senhor, automaticamente, aos aprendizes? Por que não transmitiu Jesus, pura e simplesmente, o seu poder divino  aos sucessores? Ele, que distribuíra dádivas de saúde, bênçãos de paz, recomendava aos discípulos recebessem os divinos dons espirituais. Por que não impor semelhante obrigação? 
É que o Mestre não violentaria o santuário de cada filho de Deus, nem mesmo por amor. 
Cada espírito guarda seu  próprio tesouro e abrirá suas portas sagradas à comunhão com o Eterno Pai. O Criador oferece à semente o sol e a chuva, o clima e o campo, a defesa e o adubo, o cuidado dos lavradores e a bênção das estações, mas a semente terá que germinar por si mesma, elevando­-se para a luz solar. 
O homem recebe, igualmente, o Sol da Providência e a chuva de dádivas, as facilidades da cooperação e o campo da oportunidade, a defesa do amor e o adubo  do sofrimento, o carinho dos mensageiros de Jesus e a bênção das experiências diversas; todavia, somos constrangidos a romper por nós mesmos os envoltórios inferiores, elevando-­nos para a Luz Divina. 
As inspirações e os desígnios do Mestre permanecem à volta de nossa alma, sugerindo modificações úteis, induzindo-­nos à legítima compreensão da vida, iluminando­-nos através da consciência superior, entretanto, está em nós abrir­-lhes ou  não a porta interna.
 Cessemos, pois, a guerra de nossas criações inferiores do passado  e entreguemo-­nos, cada dia, às realizações novas de Deus, instituídas a nosso favor, perseverando em receber, no caminho, os dons da renovação constante, em Cristo, para a vida eterna."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"NO RECINTO DOMÉSTICO"

"Bondade no campo doméstico é a caridade começando de casa.
Nunca fale aos gritos, abusando da intimidade com os entes queridos.
Utilize os pertences caseiros sem barulho, poupando o lar a desequilíbrio e perturbação.
Aprenda a servir-se, tanto quanto possível, de modo a não agravar as preocupações da família.
Colabore na solução do problema que surja, sem alterar-se na queixa.
A sós ou em grupo, tome a sua refeição sem alarme.
É sempre possível achar a porta do entendimento mútuo, quando nos dispomos a ceder, de nós mesmos, em pequeninas demonstrações de renúncia a pontos de vista.
Quantas vezes um problema aparentemente insolúvel pede tão somente uma palavra calmante para ser absorvido?
Abstenha-se de comentar assuntos escandalosos ou inconvenientes.
Em matéria de doenças, fale o estritamente necessário.
Procure algum detalhe caseiro para louvar o trabalho e o carinho daqueles que lhe compartilham a existência.
Não se aproveite da conversação para entretecer apontamentos de crítica ou censura, seja a quem seja.
Se você tem pressa de sair, atenda ao seu regime de urgência com serenidade e respeito, sem estragar a tranquilidade dos outros."

("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"HOMENS DE FÉ"

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e  as  pratica,  assemelhá-­lo­-ei  ao  homem  prudente  que  edificou  a  sua casa sobre a rocha.”  J esus (Mateus, 7:24)  

"Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpretados à conta de expressões máximas do Cristianismo, na galeria dos tipos veneráveis da fé; entretanto, isso somente aconteceu  quando os instrumentos da verdade, efetivamente, não olvidaram a vigilância indispensável ao justo testemunho. 
É interessante verificar  que o Mestre destaca, entre todos os discípulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Daí se conclui que os homens de fé não são aqueles apenas palavrosos e entusiastas, mas os que são portadores igualmente da atenção e da boa-­vontade, perante as lições de Jesus, examinando­-lhes o conteúdo espiritual para o trabalho de aplicação no esforço diário. Reconforta-­nos assinalar que todas as criaturas em serviço no  campo  evangélico seguirão para as maravilhas interiores da fé. Todavia, cabe-­nos salientar, em todos os tempos, o subido valor  dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da solução de todos os problemas do dia ou da ocasião, sem permitir que suas edificações individuais se processem longe das bases cristãs imprescindíveis. 
Em todos os serviços, o concurso da palavra é sagrado e indispensável, mas aprendiz algum deverá esquecer o sublime valor do silêncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeiçoamento de si mesmo, a fim de que a ponderação se faça ouvida, dentro da própria alma, norteando-­lhe os destinos."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"NEUTRALIDADE DINÂMICA"

"As dissensões se multiplicam em redor dos teus passos e quedas-te sem saber que rumo tomar. Companheiros que te constituíam exemplos de equidade, de um para outro momento desvelaram-se, e como se estivessem dominados por forças infelizes agridem, deblateram, esgrimem o verbo acusador, e se não fossem as circunstâncias que os não favorecem, iriam a vias de fato. 
Amigos que se dividem, produzindo animosidade procuram conquistar adeptos para suas posições, e, a ouvi-los, individualmente, sentes inquietação, face à força da argumentação que usam e das ardilosas intrigas que destilam. Confrades antes gentis, agora se anatematizam, porque se acreditam traídos, afastando-se uns dos outros e disseminando bem urdidas acusações... Tudo se apresenta convulsionado. E nos arraiais em que laboras, o clima é de perturbação. Uns desejam tua definição a fim de usar-te como arma de divisão; outros impõem-te declaração de modo a te acumpliciares com eles, cada qual mais fascinado pelas próprias paixões pessoais do que pela Causa em favor da qual asseveram trabalhar. Define-te, porém, pelo Cristo e filia-te ao trabalho desenvolvido pelo Codificador do Espiritismo o preclaro Allan Kardec. Mais do que a definição, testemunha fidelidade a um e a outro, mediante a operosidade que apliques no bem constante. 
Situa-te, desse modo, em posição de neutralidade dinâmica. Enquanto outros discutem e se acusam, age na caridade, na divulgação da Doutrina Espírita, na fraternidade para com todos. Não te permitas colocar mais lenha na fogueira das divisões. Os ociosos ardem, quando estimulados pelas discussões vazias. Os que trabalham, todavia, não dispõem de tempo para a intemperança. Disputa, assim, a honra de ajudar, enquanto outros a buscam a fim de se projetar...... A neutralidade dinâmica faz muita falta na atualidade, em muitos setores da vida, porquanto é fácil discordar, agredir, separar. Difícil é conviver em paz trabalhando pela ordem e perseverar sem os lamentáveis desperdícios de tempo, oportunidade e realização. 
Disse Jesus: "Toda Casa dividida contra si mesma não subsistirá." Enquanto os contendores e acusadores gratuitos se comprazem nas atitudes negativas e nos comentários dissolventes, convoca os espíritos resolutos à luta do Cristo e, não obstante possuírem opiniões diferentes neste ou naquele conceito, a trabalharem unidos, ensinando que “Trabalho, Solidariedade, Tolerância não são apenas uma lapidar trilogia kardequiana, mas lição viva em que todos nos encontramos empenhados, realmente, por viver”."
("Celeiro de Bençãos", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

"QUE É A CARNE?"

“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” — Paulo. (GÁLATAS, capítulo 5, versículo 25.) 

"Quase sempre, quando se fala de espiritualidade, apresentam-se muitas pessoas que se queixam das exigências da carne.
 É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscências da carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos. Nós mesmos, freqüentemente, nos sentimos na necessidade de aproveitar o símbolo para tornar mais acessíveis as lições do Evangelho. O próprio Mestre figurou que o espírito, como elemento divino, é forte, mas que a carne, como expressão humana, é fraca. 
Entretanto, que é a carne? 
Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e ainda não percebestes, porventura, que a carne é um composto de fluídos condensados? Naturalmente, esses fluídos, em se reunindo, obedecerão aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade; mas, esse conjunto é passivo e não determina por si. Podemos figurá-lo como casa terrestre, dentro da qual o espírito é dirigente, habitação essa que tomará as características boas ou más de seu possuidor. 
Quando falamos em pecados da carne, podemos traduzir a expressão por faltas devidas à condição inferior do homem espiritual sobre o planeta. 
Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão, a má-fé, o traço do traidor, nunca foram da carne. 
É preciso se instale no homem a compreensão de sua necessidade de autodomínio, acordando-lhe as faculdades de disciplinador e renovador de si mesmo, em Jesus-Cristo. Um dos maiores absurdos de alguns discípulos é atribuir ao conjunto de células passivas, que servem ao homem, a paternidade dos crimes e desvios da Terra, quando sabemos que tudo procede do espírito."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 14 de fevereiro de 2016

"INDAGAÇÃO OPORTUNA"

“Disse-lhes: - Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” -
(Atos, 19:2).


"A pergunta apostólica vibra ainda em todas as direções, com a maior
oportunidade, nos círculos do Cristianismo.
Em toda parte, há pessoas que começam a crer e que já crêem, nas
mais variadas situações.
Aqui, alguém aceita aparentemente o Evangelho para ser agradável
às relações sociais.
Ali, um indagador procura o campo da fé, tentando acertar problemas
intelectuais que considera importantes.
Além, um enfermo recebe o socorro da caridade e se declara seguidor
da Boa Nova, guiando-se pelas impressões de alívio físico.
Amanhã, todavia, ressurgem tão insatisfeitos e tão desesperados
quanto antes.
Nos arraiais do Espiritismo, tais fenômenos são frequentes.
Encontramos grande número de companheiros que se afirmam
pessoas de fé, por haverem identificado a sobrevivência de algum
parente desencarnado, porque se livraram de alguma dor de cabeça
ou porque obtiveram solução para certos problemas da luta material;
contudo, amanhã prosseguem duvidando de amigos espirituais e de
médiuns respeitáveis, acolhem novas enfermidades ou se perdem
através de novos labirintos do aprendizado humano.
A interrogação de Paulo continua cheia de atualidade.
Que espécie de espírito recebemos no ato de crer na orientação de
Jesus? O da fascinação? O da indolência? O da pesquisa inútil? 
O da reprovação sistemática às experiências dos outros?
Se não abrigamos o espírito de santificação que nos melhore e nos
renove para o Cristo, a nossa fé representa frágil candeia, suscetível de apagar-se ao primeiro golpe de vento."

("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 13 de fevereiro de 2016

"AMA E SERVE"

       "A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo servir.
-o-
       Sem atividade incessante no bem, não conseguiremos derramar os valores do coração.
       A própria natureza é um livro aberto nesse sentido.
       Tudo, em torno de nós, é um cântico de trabalho em doações  da Eterna Bondade que se evidencia no mundo, de mil modos diferentes em cada instante de nossa vida...
       Por amar, em nome do Pai Misericordioso,
       serve o sol, sustentando todas as criaturas;
       serve o chão, nutrindo a sementeira;
       serve a nuvem, criando a chuva benéfica;
       serve o vento, a serviço de abençoadas fecundações;
       serve a árvore, para que o bem-estar do homem se consolide;
       serve a flor, preparando a colheita;
       serve a fonte, socorrendo a terra necessitada;
       serve a pedra, garantindo a segurança do lar;
       serve o pássaro, cooperando com o lavrador;
       serve o mar, serve o rio, serve o adubo, serve o fogo...
       Forças de Deus amparando a Humanidade ajudam em silêncio, sem retribuição e sem queixa...
       Tudo porque o Divino Amor é devotamento, carinho, providência, abnegação...
-o-
       Se desejas partilhar o concerto das bênçãos divinas, ama e serve, sem cogitar de ser amado e sem a expectação de ver-se servido...
-o-
       Quem ama realmente nada pede, nada reclama, nada exige e nada procura senão a alegria do objeto amado, para que o amor se estenda, a multiplicar-se, soberano e sem fim.
-o-
       Enquanto esperas o manto ilusório das considerações humanas, teu amor sofre a vizinhança da vaidade.
       Enquanto aguardas a compreensão dos outros, o teu amor experimenta a inquietante aproximação do egoísmo...
       Ama simplesmente.
       Ajuda sem paga.
       Dá sem reclamação.
       Auxilia sem exigência.
       E, servindo cada vez mais, serás um dia surpreendido, em pleno campo de trabalho, pelo Divino Servidor que te converterá com a sua luz em nova luz para a Terra e para os Céus."


(“Instrumentos do Tempo”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

"USE SEUS DIREITOS"

  "Realmente, você dispõe do direito de :—
       de amealhar, em seu benefício, os frutos da experiência;
       de guardar em silêncio a lição que lhe cabe em cada circunstância;
       de reprimir os próprios gastos para atender ao culto do amor ao próximo;
       de acumular os valores morais do caminho por onde passa;
       de aperfeiçoar primeiramente o seu coração, antes de intentar o burilamento de outras almas:
       de socorrer as vidas menos felizes que a sua própria;
       de agasalhar indistintamente os desnudos do corpo e da alma;
       de espalhar a sua influência na preservação da paz e da alegria;
       de mostrar diretrizes superiores ao irmão de luta, colocando-se, antes de tudo, dentro delas;
       de libertar-se dos preconceitos injustos sem alarmar as mentes alheias;
       e de convocar aqueles, com quem convive, ao campo do trabalho edificante, sem exigir nem gritar, mas sim com a mensagem silenciosa de seu exemplo na sustentação do bem, com a certeza de que o dever respeitado e cumprido, é o caminho justo para o direito de crescer com Jesus no serviço da felicidade geral."



(“Estude e Viva”, André Luiz/Waldo Vieira)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

"UM EXEMPLO DE PACIÊNCIA"

"A doente se queixava em desespero, a senhora que lhe velava o leito perguntou:
- Permite que eu leia para seu reconforto algum pequeno trecho de Allan Kardec?

- Deus me livre! - gritou a enferma, cuspindo-lhe aos pés.
Ainda assim, as mãos abnegadas da companheira continuaram ajeitando-lhe os lençóis...
- Quero água! - exigiu a doente.
A amiga trouxe-lhe água pura e fresca.
De copo às mãos, a enferma, num ímpeto, atirou-lhe todo o líquido à face, vociferando:
- Água imunda!... Como se atreve a tanto? Quero outra!

Paciente e humilde, a senhora enxugou o rosto molhado e, em seguida, trouxe mais água.
- Quero chá.
E o chá surgiu logo.
- Chá malfeito! Chá frio! O conteúdo da taça foi projetado ao peito da outra, ensopando-lhe a blusa.
- Traga chá quente! Foi a ordem obedecida.
- Você aceita agora o remédio? - indagou a assistente.
- Que venha depressa.
Ao tomar, contudo, a poção, a dama inconformada agarra a colher e vibra um golpe no braço da amiga.

Surge pequeno ferimento, mostrando sangue.
E a enferma cai em crise de lágrimas.
Chora, chora e depois diz:
- Anália, se a religião espírita que você abraçou é o que lhe ensina a me suportar com tanta calma, leia o que quiser.
A interpelada sentou-se.
Tomou "O Evangelho segundo o Espiritismo" e leu a formosa página intitulada A Paciência, no capítulo IX, que começa afirmando:
"A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos..."
Acalmou-se a doente, que acabou aceitando o socorro do passe e o benefício da água fluída.


Conversaram ambas.
A enferma, asserenada, ouviu da companheira os planos que arquitetava para o futuro, em benefício dos meninos abandonados à rua.
No dia seguinte, ao despedir-se, a obsidiada em reequilíbrio beijava-lhe as mãos e dava-lhe os primeiros dois contos de réis para começar a grande obra.
Essa enfermeira admirável de carinho e devotamento era Anália Franco, a heroína da Seara espírita paulista, que se fez sublime benfeitora das criancinhas desamparadas."

("A vida escreve", Hilário Silva/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"EXAMINEMOS A NÓS MESMOS"

"O dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente melhor.
Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima.
Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário.
Testa a paciência própria: - Estás mais calmo, afável e compreensivo?
Inquire as tuas relações na experiência doméstica: - Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa?
Investiga as atividades que te competem no templo doutrinário: - Colaboras com mais euforia na seara do Senhor?
Observa-te nas manifestações perante os amigos: - Trazes o Evangelho mais vivo nas atitudes?
Reflete em tua capacidade de sacrifício: - Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente?
Pesquisa o próprio desapego: - Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses terrestres?
Usas mais intensamente os pronomes "nós", "nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu", "meu" e "minha"?
Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros?
Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma?
Dissipaste antigos desafetos e aversões?
Superastes os lapsos crônicos de desatenção e negligência?
Estudas mais profundamente a Doutrina que professas?
Entendes melhor a função da dor?
Ainda cultivas alguma discreta desavença?
Auxilias aos necessitados com mais abnegação?
Tens orado realmente?
Teus ideais evoluíram?
Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança?
Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos mais abençoadoras?
Evangelho é alegria no coração: - Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos?
Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo!
Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor.
Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida.
Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária.
Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil..."


("Opinião Espírita", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

"DELINQUÊNCIA"

       "Examinando de frente os erros e deficiências que ainda nos caracterizam a tela social no caminho humano, o delinquente confesso é, quase sempre, o fruto envenenado que inadvertidamente ajudamos a surgir e amadurecer, na plantação de nossos próprios desajustes.
          Antes de sentenciá-lo a penas de efeitos imprevisíveis, deixa que a compaixão te inspire o juízo inseguro, para que te não falte a bênção da piedade no dia em que a sombra te venha bater à porta.
          Lembra-te de que, diante da Lei, a criminalidade não é apenas aquela que comparece à barra dos tribunais que o mundo improvisa...
          Recorda, quantas vezes, aniquilamos a esperança do companheiro com a palavra insensata.
          Em quantas ocasiões teremos eliminado a lavoura promissora da fé no espírito dos semelhantes com a lâmina dos maus exemplos.
          Rememora as múltiplas estradas em que a alegria dos outros terá desaparecido ao contacto dos raios destruidores de nossa intemperança mental.
          Não olvides o furto impensado que em muitas circunstâncias impomos a quem trabalha na fraternidade e na paz, subtraindo-lhe o tempo.
          Relaciona o roubo da tranquilidade e do pão que infligimos a todos os que nos sofrem a pressão do egoísmo e não te esqueças da lama invisível que, em tantas ocasiões, arremessamos, inconscientes e irresponsáveis, ao
nome alheio, quando aderimos sem perceber ao propósito escuso de quantos navegam na corrente lodosa de que se derramam injúria e maledicência.
          Diante do irmão que a penitenciária corrige ou que o cárcere acolhe, meditemos na Misericórdia Divina que nos impediu a delinquência direta, sempre viva em potencial nas nossas emoções enfermiças e, em testemunho de gratidão e de entendimento, sejamos para o amigo na prova do reajuste, o cirineu que ajuda e compreende, para que sejamos, em verdade, com a lição de Jesus."

("Escrínio de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

"ATIRE A PRIMEIRA PEDRA"

“Quem se julgar isento do pecado, atire a primeira pedra”, palavras de Jesus aos acusadores da mulher adúltera que lhe foi levada para julgamento.
Como sabem, era costume da época apedrejarem, em praça pública, a mulher adúltera. Seus acusadores desejavam a aprovação de Jesus para a sua atitude, mas ao ouvirem as palavras do Mestre, sabendo que Ele lia em seus corações, reconhecendo que eram portadores de muitos pecados, foram se afastando, um a um, ficando a mulher e Jesus. Perguntou-lhe Jesus: “— Que é dos teus perseguidores? “ — Eles se foram, Senhor”, respondeu-lhe a mulher. “ — Se ninguém te condenou, eu também não te condeno. Vai e não tornes a pecar.”
Nenhum exemplo mais belo, mais nobre do que a atitude de Jesus, reconhecendo que todos nós somos falíveis, temos pontos vulneráveis e trazemos conosco resquícios de deformações morais que são corrigidos à medida que a vida vai nos aperfeiçoando, fazendo-nos conhecer o que somos e como somos e agimos, ainda que isso nos custe sofrimento, pois “cada um colhe o que semeia”. À medida que a criatura vai se libertando lentamente, pelas oportunidades que as reencarnações a todos oferece, por misericórdia de Deus, vai também conquistando novos rumos e desenvolvendo sua consciência moral.
Ninguém tem capacidade de julgar e muito menos de condenar ninguém. As leis da Terra punem os culpados por crimes previstos por essas leis, falíveis como o são seus representantes.
Injustiças são cometidas em nome dessas leis, mas, quantas vezes aquele que é condenado por um crime que não cometeu está cumprindo a pena de outras vidas, nas quais fugiu ao compromisso da lei, deixando um inocente pagar por seus delitos.
A Lei de Deus penetra mais fundo. Vai ao recôndito de nossa alma e analisa nossos sentimentos, e sabe que, se aparentemente somos pessoas dignas de respeito e até de admiração, escondemos, às vezes, de nós mesmos, sentimentos impuros, e nossas atitudes são mescladas de interesse, de vaidade e até de certa malícia.
Esses crimes e fraquezas ninguém vê, as leis da Terra não os punem, mas para Deus são importantes e figuram no registro do Livro da Vida.
Quantas vidas destroçadas e lares desfeitos, quantos são levados a cometer atos indignos, pela palavra leviana e hipócrita daqueles que fazem parte de uma elite de criaturas aparentemente merecedoras de respeito?
Assim, as criaturas que ainda perambulam no lodo dos vícios, que escandalizam essa sociedade, às vezes tão vazia, merecem e precisam de preces, não de condenação.
       Não “atire a primeira pedra”, irmão. Ela poderá voltar sobre você mesmo."

( “... A verdade e a Vida”, de Cenyra Pinto)