"O homem triste caminhava com
lentidão, abatido, pela senda, embora a festa do Dia em som e cores
deslumbrantes.
Atraído
por leve falena colorida, explodiu, em consideração queixosa:
— Tão insignificante quão frágil, todavia, tão
bela!... Que fizeste para librar ditosa nas correntes aéreas?
A
borboleta, atraída pelo apelo, respondeu, sem rebuços:
— Transformei-me de lagarta rastejante em
flor que vibra, flutuando na atmosfera.
“
Suportei a limitação como verme, a dificuldade que me fazia asquerosa e
perseguida, aguardando, confiante, o sono que viria e do qual Alguém me
despertaria para a vida.
Agora,
superadas as aflições, sou feliz.”
Diante
disso, a alma sofredora compreendeu que a felicidade de planar acima do lodo e
do pó somente é possível depois do milagre da hibernação.
Sorriu
e continuou, recordando-se de que, apesar da agonia que a tomava, acima de
tudo, Deus vela. Da noite arranca o dia e da morte traz ressurreição luminosa,
transformando a vida."
(“No longe do jardim”, Eros/Divaldo Pereira Franco)
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