domingo, 12 de julho de 2015

"TRANSFORMAÇÃO"

"O homem triste caminhava com lentidão, abatido, pela senda, embora a festa do Dia em som e cores deslumbrantes.
       Atraído por leve falena colorida, explodiu, em consideração queixosa:
       —  Tão insignificante quão frágil, todavia, tão bela!... Que fizeste para librar ditosa nas correntes aéreas?
       A borboleta, atraída pelo apelo, respondeu, sem rebuços:
       —    Transformei-me de lagarta rastejante em flor que vibra, flutuando na atmosfera.
       “ Suportei a limitação como verme, a dificuldade que me fazia asquerosa e perseguida, aguardando, confiante, o sono que viria e do qual Alguém me despertaria para a vida.
       Agora, superadas as aflições, sou feliz.”
       Diante disso, a alma sofredora compreendeu que a felicidade de planar acima do lodo e do pó somente é possível depois do milagre da hibernação.
       Sorriu e continuou, recordando-se de que, apesar da agonia que a tomava, acima de tudo, Deus vela. Da noite arranca o dia e da morte traz ressurreição luminosa, transformando a vida."

(“No longe do jardim”, Eros/Divaldo Pereira Franco)

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