quarta-feira, 22 de julho de 2015

"INSTRUMENTO DIVINO"

"O violino é instrumento delicado, rico de melodias aguardando execução.
        Deixado à humidade, perde a ressonância.
        Manipulado com rispidez, desafina-se.
        Largado ao abandono, sofre a invasão de insetos que o destroem.
        Utilizado com brutalidade, arrebenta-se.
        Esquecido em temperaturas elevadas, estala e rompe a caixa acústica.
        Em mãos inábeis, perde a finalidade e o valor.
        Em museu, é peça morta.
        Atirado ao lixo, torna-se inutilidade.
        No entanto, cuidado, recebendo afinação, conduzido com carinho, reflete as melodias divinas ao contato com o arco que lhas arranca, vibrando harmonias incomparáveis que lhe saem das cordas distendidas e equilibradas.
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        O médium, de certa forma, pode ser comparado ao violino.
        Afinado com os dons da vida e colocado em mãos treinadas, acostumadas às músicas divinas, traz, à Terra, as gloriosas mensagens da Imortalidade.
        Posto em comunhão com o bem, esparze harmonias que facultam paz e estimulam ao amor.
        Estando em ação correta, participa da orquestração da Vida, expressando a glória da Criação em concertos de indefiníveis estesias.
        Sob a ardência das paixões primitivas, porém, arrebenta os centros de comunicação e perverte a finalidade a que se destina.
        Cultivando os instintos primários e dando-lhes expressão, tomba nos depósitos de lixo das obsessões penosas.
        Absorvendo a queixa e o pessimismo, perde a afinidade com os instrumentistas superiores.
        Relegando-se ao marasmo, desconecta os centros de registro elevado.
        Utilizado para o mercantilismo e as frivolidades, gasta-se nos prejuízos destruidores.
        Compulsado por Entidades perversas, morrem-lhe os ideais de enobrecimento, e embrutece-se, caindo depois na alucinação  autoaniquiladora.
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        O violino e o médium têm muita semelhança.
        São, em si mesmos, neutros, dependendo de como se deixam utilizar.
        O violino, porque não possui razão nem inteligência, depende totalmente do seu possuidor, quanto  o médium resulta da conduta moral que imprimir à sua faculdade.
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        Deixa-te tanger pelas mãos dos artistas espirituais de elevado porte, a fim de que possas transmitir as melodias da Vida Maior para felicitar as criaturas.
        Em qualquer situação, permanece cauteloso, zelando pelos teus equipamentos, de modo a responder em harmonia a todas as emissões dos artistas divinos, como instrumento sintonizado com a sublime orquestra do amor de Nosso Pai."

(“Alegria de Viver”, Joanna de Ângelis/ Divaldo Pereira Franco)

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