sexta-feira, 6 de abril de 2012
"O SURGIMENTO DA PSICOGRAFIA"
"Mais tarde se reconheceu que o cesto e a prancheta, na realidade,
eram apenas um substituto da mão, e o médium, pegando diretamente
o lápis, pôs-se a escrever por um impulso involuntário e quase febril.
Dessa forma, as comunicações tornaram-se mais rápidas, fáceis e completas.
Hoje é o meio mais empregado, tanto é que o número de pessoas
dotadas dessa aptidão é muito grande e multiplica-se todos os dias. A
experiência fez conhecer outras variedades da faculdade mediúnica e
constatou-se que as comunicações poderiam igualmente ter lugar pela
fala, pela audição, pela visão, pelo tato, etc. e até mesmo pela escrita
direta dos Espíritos, ou seja, sem a interferência da mão do médium nem
do lápis.
Comprovado o fato, era preciso estabelecer e demonstrar um ponto
essencial: qual era o papel do médium nas respostas e a parte que poderia
nelas tomar, mecânica e moralmente. Duas circunstâncias fundamentais,
que não poderiam escapar a um observador atento, podem resolver
a questão. A primeira é a maneira pela qual o cesto se movia sob influência
do médium, somente pela imposição dos dedos sobre a borda. O
exame demonstra a impossibilidade de que o médium pudesse lhe impor
qualquer direção. Essa impossibilidade torna-se mais evidente quando
duas ou três pessoas colocam ao mesmo tempo as pontas dos dedos
nas bordas de um mesmo cesto. Seria preciso uma concordância de
movimentos entre elas verdadeiramente fenomenal, e ainda seria preciso
mais, a concordância de seus pensamentos para que pudessem se entender
quanto à resposta a dar à questão formulada. Um outro fato, não
menos importante, ainda vem se juntar à dificuldade: é a mudança radical
que se constata na caligrafia, conforme o Espírito que se manifesta;
porém, cada vez que o mesmo Espírito retorna, sua escrita se reproduz.
Seria preciso, portanto, que o médium fosse capaz de mudar sua própria
escrita de 20 maneiras diferentes e, principalmente, que pudesse se lembrar
da que pertence a este ou àquele Espírito.
A segunda circunstância resulta da própria natureza das respostas
que são, na maioria, principalmente quando se trata de questões abstratas14
ou científicas, notoriamente fora dos conhecimentos e algumas vezes
além da capacidade intelectual do médium, que não tem consciência do
que escreve sob influência do Espírito. Com freqüência, o médium não
ouve ou não compreende a questão proposta, uma vez que pode ser feita
numa língua que lhe é estranha, ou mesmo mentalmente; e a resposta
pode ser dada por escrito ou falada nessa mesma língua. Enfim, acontece
que muitas vezes o cesto escreve espontaneamente, sem pergunta
prévia, sobre um assunto qualquer e inteiramente inesperado.
Essas respostas, em alguns casos, têm uma tal marca de sabedoria,
profundidade e oportunidade, revelam pensamentos tão elevados,
tão sublimes, que somente podem proceder de uma inteligência
superior, fundamentada na mais pura moralidade. Outras vezes, são tão
levianas, tão fúteis e até mesmo tão vulgares que a razão se recusa
a acreditar que possam proceder de uma mesma fonte. Essa diversidade
da linguagem e dos ensinamentos somente se pode explicar
pela diversidade das inteligências que se manifestam. Estarão essas
inteligências na humanidade ou fora dela? Esse é o ponto a esclarecer,
para o qual se encontrará a explicação completa nesta obra, exatamente
como foi revelada pelos próprios Espíritos.
Eis que os efeitos ou fenômenos evidentes e incontestáveis que se
produzem fora do círculo habitual de nossas observações não se processam
misteriosamente, mas sim à luz do dia, e todos podem vê-los e
constatá-los, porque não são privilégio de um único indivíduo, uma
vez que milhares de pessoas os repetem todos os dias à vontade.
Esses efeitos têm necessariamente uma causa, e a partir do momento
que revelam a ação de uma inteligência e de uma vontade saem do
domínio puramente físico.
Muitas teorias foram anunciadas a esse respeito. Elas serão examinadas
em seguida e veremos se podem fornecer a razão de todos
os fatos que se produzem. Admitamos, em princípio, antes de chegar
até lá, a existência de seres distintos da humanidade, uma vez que
esta é a explicação fornecida pelas inteligências que se revelam, e
vejamos o que nos dizem."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário