quinta-feira, 26 de abril de 2012

"14. MANEIRAS E MÉTODOS/ERROS DE ORTOGRAFIA"

"Não nos deteríamos sobre a objeção de alguns críticos às falhas
de ortografia de alguns Espíritos, se ela não nos permitisse fazer, sobre
o fato, uma observação essencial. A ortografia deles, é preciso
dizer, nem sempre é impecável; mas é necessário não ter mais nenhum
argumento para fazer disso objeto de uma crítica séria, alegando que,
uma vez que os Espíritos sabem tudo, devem saber ortografia. Poderíamos
apontar numerosos pecados desse gênero cometidos por mais
de um sábio da Terra, o que não lhes tira em nada o mérito; entretanto,
há nesse fato uma questão mais importante: para os Espíritos e
principalmente para os Espíritos Superiores, a idéia é tudo, a forma
não é nada. Desligados da matéria, sua linguagem é rápida como o
pensamento, uma vez que é o próprio pensamento que se comunica
sem intermediário; em vista disso, devem sentir-se constrangidos, pouco
à vontade, quando são obrigados, para se comunicar conosco, a
se servir de formas longas e confusas da linguagem humana, agravadas
pela insuficiência e imperfeição dessa linguagem para exprimir
todas as idéias; é o que eles próprios dizem. É curioso também ver os
meios que empregam para atenuar esse inconveniente. Certamente
faríamos o mesmo se tivéssemos que nos exprimir numa língua mais
longa em palavras e expressões e mais pobre do que aquela que nos é
usual. É o embaraço que experimenta o homem de gênio, como podemos
imaginar, se impacientando com a lentidão de sua caneta, que
está sempre atrás de seu pensamento. Concebe-se, por essa razão,
que os Espíritos dêem pouca importância ao detalhe da pobreza das
regras ortográficas, quando se trata especialmente de um ensinamento
sério. Já não é maravilhoso, aliás, que eles se exprimam indiferentemente
em todas as línguas e as compreendam todas? Entretanto, não
devemos concluir que a correção convencional da linguagem lhes seja
desconhecida; eles a observam quando necessário. É assim, por exemplo,
que a poesia ditada por eles, muitas vezes, desafia a crítica mais
meticulosa, e isso apesar da ignorância do médium."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

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