segunda-feira, 30 de abril de 2012

"QUEM LÊ, ATENDA"

"Quem lê, atenda." - Jesus. (MATEUS, 24:15.)


"Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da Terra
em objeto de perversão dos sentidos, movimento análogo se verifica no mundo, com
referência aos frutos do pensamento.
Freqüentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero emotivo,
destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso ou com a
indiferença pelas obrigações mais justas.
Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.
O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto campo de
observações pouco dignas.
Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando deficiências da
letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem sensacionalismo e
perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e tocam a malbaratar, com
enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e dadivosas da fé renovadora.
A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva.
É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente conjunto de
ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação.
O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar novidades
emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo-lhe a Divina Vontade."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Em todos os tempos..."

"Em todos os tempos e situações políticas, conta o povo com escassos amigos e adversários em legiões.
Acima de todas as Possibilidades humanas, entretanto, a multidão dispõe do Amigo Divino.
Jesus prossegue trabalhando."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândico Xavier)

domingo, 29 de abril de 2012

"Ninguém edificará..."

"Ninguém edificará o santuário da fé no coração, sem associar-se, com toda alma, ao trabalho, naquilo que o trabalho oferece de belo e de superior dentro da vida.

Para alcançar, porém, a divina construção, não nos basta os primores intelectuais, a eloqüência preciosa, o êxtase contemplativo ou a desenvoltura dos cálculos no campo da inteligência.

Grandes gênios do raciocínio são, por vezes, demônios da tirania e da morte.

Admiráveis doutrinadores, em muitas ocasiões, são vitrinas de palavras brilhantes e vazias."

("A verdade responde", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"15. A LOUCURA E O ESPIRITISMO"

"Há também pessoas que vêem perigo em todos os lugares e em
tudo o que não conhecem e rapidamente apontam uma conseqüência
desfavorável no fato de algumas pessoas, ao estudar a Doutrina Espírita,
terem perdido a razão. Como é que homens de bom senso podem ver
nesse fato uma objeção séria? Não ocorre o mesmo com todas as preocupações
intelectuais sobre um cérebro fraco? Sabe-se lá o número de
loucos e maníacos produzidos pelos estudos matemáticos, médicos,
musicais, filosóficos e outros? É preciso, por causa disso, banir esses
estudos? O que prova esse fato? Muitas vezes os trabalhos corporais
deformam ou mutilam os braços e as pernas, que são os instrumentos da
ação material; pode acontecer que os trabalhos da inteligência danifiquem
o cérebro, o instrumento pelo qual o pensamento se expressa.
Mas se o instrumento está quebrado, o Espírito está intacto, e quando se
libertar do corpo vai se achar de posse e na plenitude de suas capacidades.
É dessa maneira, como homem, um mártir do trabalho.


Qualquer uma das grandes preocupações do Espírito pode ocasionar
a loucura: as ciências, as artes e a própria religião mostram-nos
vários casos. A loucura tem como causa principal uma predisposição
orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a algumas
impressões. Se houver predisposição para a loucura, ela assume um
caráter de preocupação principal, se transformando em idéia fixa, podendo
tanto ser a dos Espíritos, em quem com eles se ocupou, como poderá
ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de
uma ciência, da maternidade ou a de um sistema político-social. É provável
que um louco religioso se tornasse um louco espírita, se o Espiritismo
fosse sua preocupação dominante, como um louco espírita o teria sido
sob uma outra forma, segundo as circunstâncias.


Digo, portanto, que o Espiritismo não tem nenhum privilégio nessa
relação; e digo mais, afirmo que, se bem compreendido, o Espiritismo
é uma defesa contra a loucura.


Entre as causas mais comuns de superexcitação cerebral, ou seja,
do desequilíbrio mental, estão as decepções, as infelicidades, as afeições
contrariadas, que são, ao mesmo tempo, as causas mais freqüentes
de suicídio. Assim é que o verdadeiro espírita vê as coisas
deste mundo de um ponto de vista mais elevado; elas lhe parecem tão
pequenas, tão mesquinhas, diante do futuro que o espera; a vida é
para ele tão curta, tão passageira, que as tribulações são, a seus
olhos, apenas incidentes desagradáveis de uma viagem. O que em
qualquer outro produziria uma violenta emoção pouco o afeta; sabe,
além de tudo, que os desgostos da vida são provas que servem para
o seu adiantamento, se as suporta sem lamentar, porque será recompensado
segundo a coragem com que as tiver suportado. Suas convicções
lhe dão uma resignação que o protege do desespero e, por
conseqüência, de uma causa freqüente de loucura e suicídio. Ele sabe,
por outro lado, por observar as comunicações com os Espíritos, o
destino dos que encurtaram voluntariamente seus dias, e esse quadro
é muito sério para fazê-lo refletir; também o número de pessoas
que por causa disso se detiveram sobre essa inclinação fatal é considerável.
Esse é um dos resultados do Espiritismo. Que os incrédulos
riam dele quanto quiserem. Desejo-lhes as consolações que ele
proporciona a todos que se dão ao trabalho de sondar-lhe as misteriosas
profundezas.


Ao número das causas de loucura é preciso ainda adicionar o dos
temores, e entre estes o medo do diabo, que provocou o desequilíbrio
de mais de um cérebro. Sabe-se lá o número de vítimas que se fez ao
amedrontar as fracas imaginações com esse quadro que se procura
tornar sempre mais pavoroso com terríveis detalhes? O diabo que,
dizem, apenas mete medo às criancinhas, é um freio para torná-las
ajuizadas, como o bicho-papão e o lobisomem. Contudo, quando não
têm mais medo deles, tornam-se piores; e esse belo resultado não é
levado em conta no número das epilepsias causadas pelo abalo em
cérebros delicados. A religião seria bem fraca se não gerasse medo,
sua força correria risco, seria abalada. Felizmente não é assim, há
outros meios de ação sobre as almas; o Espiritismo lhe aponta os
mais eficazes e os mais sérios, se souber usá-los com proveito; mostra
a realidade das coisas e com isso neutraliza os efeitos desastrosos
de um temor exagerado."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

sábado, 28 de abril de 2012

"Se o mundo..."

"Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera...
A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Muitas vezes..."






"Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

"ORAMOS"



"Senhor!
Não te pedimos a isenção das provas necessárias, mas apelamos para sua
misericórdia, a fim de que as nossas forças consigam superá-las. Não te rogamos
a supressão dos problemas que nos afligem a estrada; no entanto, esperamos o
apoio do teu amor, para que lhes confiramos a devida solução com base em
nosso próprio esforço.
Não te solicitamos o afastamento dos adversários que nos entravam os passos e
obscurecem o caminho; todavia, contamos com o teu amparo de modo que
aprendamos a acatá-los, aproveitando-lhes o concurso.
Não te imploramos imunidades contra as desilusões que porventura nos firam,
mas exortamos o teu auxílio a fim de que lhes aceitemos sem rebeldia a função
edificante e libertadora,
Não te suplicamos para que se nos livre o coração de penas e lágrimas; contudo,
rogamos à tua benevolência para que venhamos a sobre estar-lhes o amargor,
assimilando-lhes as lições!!..
Senhor, que saibamos agradecer a tua proteção e a tua bondade nas horas de
alegria e de triunfo; entretanto, que nos dias de aflição e de fracasso, possamos
sentir conosco a luz de tua vigilância e de tua benção!.."
(Emmanuel, na obra "Coragem", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"DIFICULDADES"

       "É possível hajas despertado para a nova fé, sob enormes dificuldades.

       Guardas, talvez, a impressão de quem se vê defrontado por asfixia num cipoal...

       A primeira atitude, em favor da própria libertação — não te fixares nas crises e nos entraves e sim sair deles honrosamente pela
aplicação ao trabalho nobilitante.

       A Divina Sabedoria nos confere o benefício da prova, para que venhamos a superá-la e assimilá-la, em forma de experiência, nunca no
objetivo de confundir-nos ou arrojar-nos ao desalento.

       Se te encontras doente, reflete na lição que te é concedida, valendo-te dela para edificar espiritualmente nos irmãos que te
assistem e, sob a desculpa de que sofres mais que os outros ou de que tens pouco tempo de vida, não te demandes em excessos ou irritações.

       Se te observas em pauperismo, não incrimines a ninguém pela estado de carência que atravessas, nem te revoltes contra as vantagens
que favorecem os outros, mas sim, ergue-te, em espírito, e, quanto possível, esforça-te para que a diligência no desempenho das próprias
obrigações te faculte novas perspectivas de reabilitação e progresso.

       Aceita o concurso alheio, que todos nós precisamos do entendimento e do amparo uns dos outros, no entanto, desenvolve os
teus próprios recursos.

       Não creia que possas desfrutar, em caráter permanente, de benefícios que não plantaste.

       A luz de um amigo clarear-te-á o caminho, por algum tempo, entretanto, se queres sobrepor-te definitivamente ao domínio da
sombra, é forçoso possuas a tua própria lâmpada.

       Obstáculos são desafios renovadores.

       Ouvi-los e aproveitá-los é obrigação que a vida nos atribui."


(“No portal da Luz”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"AMOR A DOIS"

"O amor é assunto sagrado para os homens, tanto quanto é o instinto de vida para os animais e a lei para as coisas que nos servem. Ninguém vive sem amar. As criaturas têm carência de afetividade, tanto ou muito mais que de alimento para o corpo físico, pois ele é alimento dos mais qualificados para a alma.


No entanto, as suas divisões são inúmeras, de acordo com as necessidades.


Aqui, tratamos mais acentuadamente do amor a dois. É justo que esse amor seja um pouco diferente do amor universalizado, do amor de pais com filhos e filhos com pais, do amor às plantas e do amor aos animais. E, assim,
sucessivamente.


No amor a dois, tem que existir um pouco de egoísmo, mas aquele tão fraco que perde seu significado comum, porque cede um pouco para o dever.


Assemelha-se, nesse caso, à água para matar a sede: quente, é insuportável; solidificada, não serve; fria, é adequada. No amor a dois, tem de haver um pouco de ciúme, mas aquele que não escandaliza, que não se faz acompanhar pelo ódio e pela vingança, que não maltrata, que não perturba. Aquele em que a ponderação faz perder a ferocidade e alivia a tensão, sendo, apenas, vigilância. Ele é como todos os alimentos: com excesso, fazem-nos mal. Todos os venenos são medicamentos, muitas vezes indispensáveis, dependendo da dosagem que se toma.


Não pode existir amor no lar, quando os dois não querem amor e terminou o interesse de um pelo outro. O mais evoluído tem a grande saída da renúncia, desde que essa renúncia não esteja salpicada do insulto, das reclamações, das vibrações de rancor, alimentando a vingança enjaulada no coração, para que um dia solte a fera, a devorar a pequena paz que ainda reste.


 Essa renúncia também passa a perder o seu nome sagrado e toma a forma de egoísmo prepotente.


É bom que nos certifiquemos de uma coisa: estamos, encarnados e desencarnados, viajando na Terra, fazendo um curso nela. E ainda não é tempo de gozarmos a felicidade que, por enquanto, não construímos.


Podereis encontrar em vossa esposa uma inimiga do passado, pessoa a quem deveis bastante, ou por quem tenhais sido prejudicado.


Reunidos como cônjuges em um lar, é a melhor oportunidade de saldardes as dívidas, tranquilizando as consciências.


O vosso dever é fazer a vossa parte. Sendo amado ou não, amai com sinceridade. Se o vosso amor está mal interpretado pela vossa companheira, modificai-o de modo a agradá-la. Ele é qual o líquido que toma a forma da vasilha. E, se as bênçãos de Deus vos deu uma esposa, ou um esposo, coerente em tudo que se refere à vida a dois, aperfeiçoai esse amor, purificai-o, fazendo dos corações reatores divinos, para que possais, em outra dimensão, estendê-los aos filhos, parentes e companheiros, e por vezes à humanidade. 


 Ganhai tempo, pelo tempo que vos deram e enriqueçais no beneplácito do amor, compreendendo que somente ele libera as criaturas da prisão da ignorância.


Não exijais compreensão da pessoa que vive convosco. Emprestai a vossa. Em todos os lances da vida, o exemplo é nota harmoniosa em qualquer instrumento humano. Sede útil à pessoa que amais sem quererdes anunciar vossos feitos, procurando gratidão. Isso é troca que não condiz com a caridade. Não vos impacienteis de trabalhar em silêncio, em favor dos outros, principalmente de quem vos pertence pelo amor. Nada que se faz fica escondido. No entanto, se tilintar o gazofilácio da vaidade, podereis perder o vosso trabalho valioso, porque desfigurais a dignidade da beneficência.


Se ainda temeis fazer o bem, sem que os outros saibam, é porque não confiais nos preceitos do Mestre, nas leis de Deus. Tende fé, meu filho, alimentai a confiança, e nunca percais a alegria de ser útil, principalmente àqueles que vivem convosco. O amor a dois, quando correspondido e firmado pelo tempo, é a porta pela qual poderemos entrar para a verdadeira felicidade do futuro. É ele que carimba o nosso amor para a universalidade."


( “Horizontes da Mente”, Miramez/João Nunes Maia)

"A VERDADEIRA PROSPERIDADE



"O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura. Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lá vos possais servir.
Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao homem, a sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres.
 - Pascal
(Genebra, 1860)

Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores títulos para possuí-la.
Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo trabalho. Sem dúvida alguma, se há riquezas legítimas, são estas últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém. Contas serão pedidas até mesmo de um único ceitil mal ganho, isto é, com prejuízo de outrem. Mas, do fato de um homem dever a si próprio a riqueza que possua, seguir-se-á que, ao morrer, alguma vantagem lhe advenha desse fato? Não são amiúde inúteis as precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes? Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá ter às mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade. Poderá o homem usar e abusar de seus haveres durante a vida, sem ter de prestar contas? Não. Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a coragem, a perseverança. Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho; se tais haveres se lhe tornaram causa de falência, melhor fora não os ter possuído, visto que perde de um lado o que ganhou do outro, anulando o mérito de seu trabalho. Quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa."
M., Espírito protetor
(Bruxelas, 1861)
("O Evangelho Segundo o Espiritismo")

quinta-feira, 26 de abril de 2012

"ROTA ESPÍRITA"

"Erguer-se de manhã e bendizer a vida.

Espalhar ao redor a presença do bem.

Escutar calmamente as notícias da hora.

Dar a palavra amiga. Ajudar conversando.

Dispor o coração a servir sem perguntas.

Fazer mais que o dever na tarefa em que esteja.

Suportar sem revolta as provações em curso.

Apagar a discórdia e liquidar problemas.

Estudar e entender. Discernir e elevar.

Render culto à Verdade entre bênçãos de amor.

Ver o direito alheio e respeitá-lo em tudo.

Ser fiel ao trabalho e esquecer as ofensas.

Amar fraternalmente a todas as criaturas.

Acender cada noite as estrelas da paz no abrigo da consciência em preces de alegria.

          — Eis a rota ideal na jornada constante do espírita-cristão, à luz de cada dia."


(Albino Teixeira, na obra “Caminho Espírita”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"14. MANEIRAS E MÉTODOS/ERROS DE ORTOGRAFIA"

"Não nos deteríamos sobre a objeção de alguns críticos às falhas
de ortografia de alguns Espíritos, se ela não nos permitisse fazer, sobre
o fato, uma observação essencial. A ortografia deles, é preciso
dizer, nem sempre é impecável; mas é necessário não ter mais nenhum
argumento para fazer disso objeto de uma crítica séria, alegando que,
uma vez que os Espíritos sabem tudo, devem saber ortografia. Poderíamos
apontar numerosos pecados desse gênero cometidos por mais
de um sábio da Terra, o que não lhes tira em nada o mérito; entretanto,
há nesse fato uma questão mais importante: para os Espíritos e
principalmente para os Espíritos Superiores, a idéia é tudo, a forma
não é nada. Desligados da matéria, sua linguagem é rápida como o
pensamento, uma vez que é o próprio pensamento que se comunica
sem intermediário; em vista disso, devem sentir-se constrangidos, pouco
à vontade, quando são obrigados, para se comunicar conosco, a
se servir de formas longas e confusas da linguagem humana, agravadas
pela insuficiência e imperfeição dessa linguagem para exprimir
todas as idéias; é o que eles próprios dizem. É curioso também ver os
meios que empregam para atenuar esse inconveniente. Certamente
faríamos o mesmo se tivéssemos que nos exprimir numa língua mais
longa em palavras e expressões e mais pobre do que aquela que nos é
usual. É o embaraço que experimenta o homem de gênio, como podemos
imaginar, se impacientando com a lentidão de sua caneta, que
está sempre atrás de seu pensamento. Concebe-se, por essa razão,
que os Espíritos dêem pouca importância ao detalhe da pobreza das
regras ortográficas, quando se trata especialmente de um ensinamento
sério. Já não é maravilhoso, aliás, que eles se exprimam indiferentemente
em todas as línguas e as compreendam todas? Entretanto, não
devemos concluir que a correção convencional da linguagem lhes seja
desconhecida; eles a observam quando necessário. É assim, por exemplo,
que a poesia ditada por eles, muitas vezes, desafia a crítica mais
meticulosa, e isso apesar da ignorância do médium."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

"Nem sempre a luz ..."

"Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observá-la.
Sagacidade não chega a ser elevação, e o poder expressivo apenas é respeitável e sagrado quando se torna ação construtiva com a luz divina.
Raciocina, pois, sobre a própria vida."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Dilacere-se-nos o ideal..."

"Dilacere-se-nos o ideal ou fira-se-nos a alma, apartemo-nos do mal e pratiquemos o bem possível, identifiquemos a verdadeira paz e sigamo-la. E tão logo alcancemos as primeiras expressões do sublime serviço, referente à própria edificação, lembremo-nos de
que não basta evitar o mal e sim nos afastarmos dele, semeando sempre o bem, e que não vale tão-somente desejar a paz, mas buscá-la e segui-la com toda a persistência de nossa fé."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA"

Ferdinando, Espírito Protetor - Bordeaux, 1862


"13. Não vos orgulheis do que sabeis, pois esse saber tem limites
bem estreitos no mundo que habitais. Mesmo supondo que sejais uma
das intelectualidades na Terra, não tendes nenhum direito de vos envaidecer
por isso. Se Deus vos fez nascer num meio onde pudestes
desenvolver vossa inteligência, foi porque Ele quis que fizésseis
uso dela para o bem de todos. Esta é uma missão que Ele vos dá,
ao colocar em vossas mãos o instrumento com a ajuda do qual
podereis desenvolver, a vosso modo, as inteligências mais atrasadas
e conduzi-las a Deus. A natureza do instrumento não indica o
uso que dele se deve fazer? A enxada que o jardineiro coloca nas
mãos de seu aprendiz não lhe mostra que ele deve cavar? E que
diríeis se esse aprendiz, ao invés de trabalhar, levantasse sua enxada
para atingir o seu mestre? Diríeis que é horrível e que ele
merece ser expulso. Pois bem, assim ocorre com aquele que se
serve de sua inteligência para destruir a idéia de Deus e da Providência
entre seus irmãos. Ele ergue contra seu mestre a enxada
que lhe foi dada para limpar o terreno. Terá assim direito ao salário
prometido, ou merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Ele o
será, não há dúvida, e carregará consigo existências miseráveis e
repletas de humilhações até que se curve diante d’Aquele a quem
tudo deve.
A inteligência é rica de méritos para o futuro, desde que bem
empregada. Se todos os homens talentosos dela se servissem conforme
a vontade de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, para fazer
a Humanidade avançar. Infelizmente, muitos fazem dela um instrumento
de orgulho e de perdição para eles próprios. O homem abusa
de sua inteligência como de todas as suas outras capacidades e, entretanto,
não lhe faltam lições para adverti-lo de que uma poderosa
mão pode lhe retirar aquilo que lhe deu."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo VII - "Bem-Aventurados os Pobres de Espírito")

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"13. CONTRADIÇÕES ENTRE OS ESPÍRITOS"

"As observações nos levam a dizer algumas palavras a respeito de
uma outra dificuldade, a da divergência na linguagem dos Espíritos.
Como os Espíritos são muito diferentes uns dos outros nos conhecimentos
e na moralidade, é evidente que a mesma questão pode ser
por eles explicada com sentidos opostos, conforme a categoria que
ocupam, como se ela fosse proposta, entre os homens, ora a um sábio,
ora a um ignorante ou a um gracejador de mau gosto. O ponto
essencial, já o dissemos, é saber a quem se dirige.


Mas, dizem os críticos: como se explica que os Espíritos reconhecidos
por seres superiores não estejam sempre de acordo? Diremos,
primeiramente, que além da causa que acabamos de assinalar há
outras que podem exercer uma certa influência sobre a natureza das
respostas, independentemente da qualidade dos Espíritos. Este é um
ponto importante cuja explicação somente será dada pelo estudo. É
por isso que dizemos que esses estudos requerem uma atenção firme,
uma observação profunda e, principalmente, como em todas as
ciências humanas, continuidade e perseverança. São necessários anos
para fazer um médico medíocre, três quartos da vida para fazer um
sábio; como pretender, em algumas horas, adquirir a ciência do infinito?
Portanto, não nos enganemos: o estudo do Espiritismo é imenso,
toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, é todo
um mundo que se abre diante de nós; será de espantar que seja preciso
tempo, e muito tempo, para o adquirir?


A contradição, aliás, não é sempre tão evidente quanto pode parecer.
Não vemos, todos os dias, homens que, ensinando a mesma
ciência, divergem quanto à definição de uma coisa, seja ao empregar
termos diferentes, seja ao encará-la sob um outro ponto de vista, ainda
que a idéia fundamental permaneça a mesma? Que se conte, se
possível, o número de definições que foram dadas pela gramática!
Acrescentamos ainda que a forma da resposta depende, muitas vezes,
da forma da pergunta. Seria ingenuidade encontrar uma contradição
onde há apenas uma diferença de palavras. Os Espíritos Superiores
não se prendem de nenhum modo à forma; para eles, o fundo do
pensamento é tudo.


Tomemos por exemplo a definição da alma. Por essa palavra comportar
várias significações, os Espíritos podem, assim como nós, divergir
na definição que lhe dão: um poderá dizer que é o princípio da
vida; um outro, chamá-la de centelha anímica; um terceiro, dizer que
é interna; um quarto, que é externa, etc., e todos terão razão em seu
ponto de vista. Poderíamos até mesmo acreditar que alguns deles,
em vista da sua definição, ensinassem teorias materialistas e, entretanto,
não é assim. Ocorre o mesmo em relação a Deus; Ele será: o
Princípio de todas as coisas, o Criador do universo, a Soberana inteligência,
o Infinito, o Grande Espírito, etc., etc. e decisivamente será
sempre Deus. Citamos, por fim, a classificação dos Espíritos. Eles
formam uma escala contínua desde o grau inferior até o superior; portanto,
a classificação não é rígida: um poderia estabelecer três classes;
um outro, cinco, dez ou vinte, à vontade, sem estar, por isso, em
erro. Também as ciências humanas nos oferecem o exemplo: cada
sábio tem o seu sistema, os sistemas mudam, mas a ciência não. Que
se aprenda botânica pelo sistema de Lineu, de Jussieu ou de Tournefort
e não será menos botânica. Deixemos de dar, portanto, às coisas
de pura convenção mais importância do que merecem, para nos
ocupar daquilo que é verdadeiramente sério, e a reflexão nos fará
descobrir, muitas vezes, naquilo que parece mais contraditório, uma
semelhança que nos havia escapado à primeira vista."


("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

terça-feira, 24 de abril de 2012

"A ÁGUA DA PAZ"

"Em torno da mediunidade, improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões.
É, não é. Viu, não viu.
E o médium sofria, por vezes, longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido.
Por isso, à hora da prece, achava-se quase sempre, desanimado e aflito.
Certa feita, o Espírito de Dona Maria João de Deus compa­receu e aconselhou-lhe:
—        Meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz.
O Médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as far­mácias de Pedro Leopoldo.
Não o encontrou. Recorreu a Belo Horizonte. Nada.
Ao fim de duas semanas, comunicou à progenitora desencarnada o fracasso da busca.
Dona Maria sorriu e informou:

— Não precisa viajar em semelhante procura.
Você poderá obter o remédio em casa mesmo.
A Água da Paz pode ser a água do pote.
Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. 
Não a lance fora, nem a engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz, banhando a língua.

O Médium baixou, então, os olhos, desapontado.
Compreendera que a mãezinha lhe chamava o espírito à lição da humildade e do silêncio.""

("Lindos Casos de Chico Xavier", Ramiro Gama)

"Ama sempre..."

"Ama sempre, ainda que a fogueira da perseguição te elimine a esperança, estende os braços ao próximo, sem esmorecer, ainda que o fel das circunstâncias adversas te envenene a taça de solidariedade e carinho!... 
Sê um raio de luz nas trevas e a mão abnegada que insiste no socorro fraternal, ainda mesmo nos lugares e nas situações em que os outros hajam desistido de auxiliar... 


Vai! Esquece-te e ajuda no silêncio, assim como no silêncio recolhes d´Ele o alento de cada instante! Não pretendas improvisar a santidade e nem esperes partilhar-lhe, de imediato, a glória sublime! Ouve! Basta que sejas um traço do Senhor, onde estiveres!..."
(Meimei, na obra "Instruções Psicofónicas", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 22 de abril de 2012

"NOS TEMPOS NOVOS"



"Não desconhecemos a complexidade de nossos chamados tempos novos na Terra.


Ouro e mais ouro e penúria e mais penúria. Ascensões a outros mundos e mergulhos na aflição.


Ajuntamentos que valem por multidões e multidões reunidas e solidão para milhares de criaturas que desfalecem à míngua de amor.


Cultura acadêmica laureando legiões de pessoas e conflitos desencadeados por toda parte como se a escola não existisse.


Métodos de renovação e conservação do corpo e processos de criminalidade rebaixando milhões de almas à condição dos brutos.


Em toda parte chocantes antinomias, contrastes dolorosos evidenciando a distância em que se patenteiam o cérebro e o coração.


Tudo nos convida ao retorno para o Cristo.


Não queremos dizer que a riqueza, a instrução, a abundância e a ciência não devam ser glorificadas, mas sim que é indispensável alçar o sentimento ao nível do raciocínio, a fim de que a felicidade não seja um conceito vazio entre os homens.


Trabalhar pelo mundo melhor é nosso dever de todos os instantes, não só edificando para os olhos, e sim também construindo igualmente santuários de amor e paz, invisíveis à humana percepção mas palpáveis no reino da alma, para que a Terra encontre a finalidade de seus próprios destinos."

("Mais Luz", Batuíra/Francisco Cândido Xavier)

"COMPANHEIROS ALTERADOS"

 "Quantas pessoas te cruzam o caminho, em plenitude de sanidade física, suportando enfermidades espirituais que desconheces? Se conduzidas a exame num laboratório, mostrarão índices perfeitos de equilíbrio orgânico, entretanto, nos recesso do próprio ser, são doentes da alma, em estado grave, reclamando assistência.


Daí nasce o impositivo da serenidade e da tolerância, em observando o comportamento estranho ou registrando determinados conceitos que não esperávamos da atitude ou dos lábios daqueles que convivem conosco.


Esse amigo que se revelava, até ontem, inteiramente ao nosso lado, caminha hoje em direção oposta, ferindo-nos a sensibilidade; a esposa, dantes compreensiva e leal, distanciou-se psicologicamente de nós, ao toque de afinidades outras que haverá descoberto; o esposo devotado e fiel terá cedido a convites outros, abandonando-nos a companhia e desamparando os próprios filhos na idade tenra; esse ou aquele filho ou essa ou aquela filha, depois de crescidos, desprezaram os princípios que nos serviram de alicerces à vida, afastando-se-nos do caminho, conquanto o amor, que nos dediquem, lhes fique inalterável no coração.


Em semelhantes conflitos da alma, é indispensável saber ouvir e suportar, sem reclamações que lhes suscitariam perturbações de resultados imprevisíveis.


Ignoras quais as moléstias da alma de que estarão sendo portadores e, enquanto no corpo físico, não consegues avaliar as forças obsessivas que estarão agindo, por trás de alguém que a suposta normalidade parece favorecer.


Se encontras algum ente amado, em erro manifesto, suporta com paciência o desequilíbrio em andamento e se ouves opiniões contraditórias ou insensatas, não discutas, acirrando animosidade ou separação.


Acalma-te e fala, asserenando o ambiente em que te vês, porque uma só frase de incompreensão ou de azedume, pode ser o fator desencadeante de terrível brecha para a selvageria da delinqüência ou para as calamidades da obsessão."

("Inspiração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"A MENSAGEM DA COMPAIXÃO"



 "Dentro da noite clara, a assembléia familiar em casa de Pedro centralizara-se no exame das dificuldades no trato com as pessoas.


Como estender os valores da Boa Nova? Como instalar o mesmo dom e a mesma bênção em mentalidades diversas entre si? Findo o longo debate fraternal, em que Jesus se mantivera em pesado silêncio, João perguntou- lhe, preocupado: 


— Senhor, que fazer diante da calúnia que nos dilacera o coração? — Tem piedade do caluniador e trabalha no bem de todos — respondeu o Celeste Mentor, sorrindo —, porque o amor desfaz as trevas do mal e o serviço destrói a idéia desrespeitosa.


— Mestre — ajuntou Tiago, filho de Zebedeu —, e como agir perante aquele que nos ataca, brutalmente? — Um homem que se conduz pela violência — acentuou o Cristo, bondoso —, deve estar louco ou envenenado. Auxiliemo-lo a refazer-se.


— Senhor — aduziu Judas, mostrando os olhos esfogueados —, e quando o homem que nos ofende se reveste de autoridade respeitável, qual seja a dum príncipe ou dum sacerdote, com todas as aparências do ordenador consciente e normal? 


— A serpente pode ocultar-se num ramo de flores e há vermes que se habituam nos frutos de bela apresentação.
O homem de elevada categoria que se revele violento e cruel é enfermo, ainda assim.
Compadece-te dele, porque dorme num pesadelo de escuras ilusões, do qual será constrangido a despertar, um dia.
Ampara-o como puderes e marcha em teu caminho, agindo na felicidade comum.


— Mestre, e quando a nossa casa é atormentada por um crime? Como procederei diante daquele que me atraiçoa a confiança, que me desonra o nome ou me ensangüenta o lar? 


— Apiada-te do delinqüente de qualquer classe — elucidou Jesus — e não desejes violar a Lei que o próximo desrespeitou, porque o perseguidor e o criminoso de todas as situações carrega consigo abrasadora fogueira.
Uma falta não resgata outra falta e o sangue não lava sangue.
Perdoa e ajuda.
O tempo está encarregado de retribuir a cada criatura, de acordo com o seu esforço.


— Mestre — atalhou Bartolomeu —, que fazer do juiz que nos condena com parcialidade? — Tem compaixão dele e continua cooperando no bem de todos os que te cercam.
Há sempre um juiz mais alto, analisando aqueles que censuram ou amaldiçoam e, além de um horizonte, outros horizontes se desdobram, mais dilatados e luminosos.


— Senhor — indagou Tadeu —, como proceder diante da mulher que amamos, quando se entrega às quedas morais? 


— Jesus fitou-o com brandura, e inquiriu, por sua vez: — Os sofrimentos íntimos que a dilaceram, dia e noite, não constituirão, por si só, aflitiva punição? Fez-se balsâmico silêncio no círculo doméstico e, logo ao perceber que os aprendizes haviam cessado as interrogações, o Senhor concluiu: — Se pretendemos banir os males do mundo, cultivemos o amor que se compadece no serviço que constrói para a felicidade de todos.
Ninguém se engane.
As horas são inflexíveis instrumentos da Lei que distribui a cada um, segundo as suas obras.
Ninguém procure sanar um crime, praticando outros crimes, porque o tempo tudo transforma na Terra, operando com as labaredas do sofrimento ou com o gelo da morte."
("Jesus no Lar", Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier)

"12. A IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS"



"Um fato que a observação demonstrou e foi confirmado pelos próprios
Espíritos é que os Espíritos inferiores apresentam-se, muitas vezes,
com nomes conhecidos e respeitados. Quem pode nos assegurar que
aqueles que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos
Magno, Fénelon, Napoleão, Washington, etc. tenham realmente animado
esses personagens? Essa dúvida existe entre alguns adeptos fervorosos
da Doutrina Espírita; admitem a intervenção e a manifestação dos
Espíritos, mas se perguntam como comprovar sua identidade. Essa comprovação
é, de fato, muito difícil de estabelecer, já que não pode ser
apurada de uma maneira tão prática e simples como por meio de um
documento de identidade. Pode, entretanto, ser feita por alguns indícios.
Quando o Espírito de alguém que conhecemos pessoalmente se
manifesta, seja de um parente ou de um amigo, por exemplo, especialmente
se morreu há pouco tempo, ocorre, em geral, que sua linguagem
está em perfeita relação com o seu caráter; isso já é um indício de identidade.
Mas não há mais dúvida quando esse Espírito fala de coisas
particulares, lembra de fatos de família apenas conhecidos pelo interlocutor.
Um filho não se equivocaria certamente com a linguagem de seu
pai ou de sua mãe, nem os pais com a de seu filho. Algumas vezes,
nessas evocações, acontecem coisas surpreendentes, de forma a convencer
o mais incrédulo. O cético mais endurecido fica, então, maravilhado
com as revelações inesperadas que lhe são feitas.
Uma outra circunstância muito característica vem fundamentar a identidade
do Espírito. Dissemos que a letra do médium muda geralmente
com o Espírito evocado, e que essa escrita se reproduz exatamente igual
a cada vez que o mesmo Espírito se apresenta. Constatou-se, muitas
vezes, que para as pessoas mortas há pouco tempo, essa escrita tem
uma semelhança marcante com a da pessoa quando viva; têm-se visto
assinaturas de uma exatidão perfeita. Estamos longe de dar esse fato,
embora observado, como regra e, principalmente, como uma regra constante;
nós o mencionamos como algo digno de nota.
Somente os Espíritos que atingiram um certo grau de purificação
estão desligados de toda influência corporal. Porém, quando não estão
completamente desmaterializados (é essa a expressão da qual se servem),
conservam a maior parte das idéias, das tendências e até mesmo
das manias que tinham na Terra, o que demonstra o meio de os reconhecermos;
como também numa grande quantidade de fatos e detalhes, que
somente uma observação atenta e firme pode revelar. Vêem-se escritores
discutir suas próprias obras ou suas doutrinas, aprovar ou condenar
certas partes; outros Espíritos a lembrar fatos ignorados ou pouco conhecidos
de sua vida ou de sua morte; enfim, detalhes que são pelo
menos provas morais de identidade, as únicas a que se pode recorrer
quando se trata de coisas abstratas, isto é, que estão fora da realidade.
Se, portanto, a identidade do Espírito evocado pode ser, até certo
ponto, estabelecida em alguns casos, não há razão para que não o
seja em outros, e se, em relação às pessoas cuja morte ocorreu há
mais tempo, não há os mesmos meios de controle, tem-se sempre o da
linguagem e do caráter que revelam, porque, seguramente, o Espírito
de um homem de bem não falará como um perverso ou um devasso.
Quanto aos Espíritos que se apresentam exibindo nomes respeitáveis,
logo se traem pela linguagem e pelos ensinamentos. Aquele que
dissesse ser Fénelon, por exemplo, e embora acidentalmente ofendesse
o bom senso e a moral, mostraria, por esse simples fato, a fraude.
Se, ao contrário, os pensamentos que exprimisse fossem sempre
puros, sem contradições e constantemente à altura do caráter de
Fénelon, não haveria motivos para duvidar de sua identidade. De qualquer
maneira, seria preciso supor que um Espírito que apenas prega
o bem pode conscientemente empregar a mentira, e isso sem utilidade.
A experiência nos ensina que os Espíritos da categoria, do mesmo
caráter e animados pelos mesmos sentimentos se reúnem em
grupos ou em famílias; que o número de Espíritos é incalculável e
estamos longe de conhecê-los todos; e que até mesmo a maior parte
deles não tem nome para nós. Um Espírito da mesma categoria de
Fénelon pode vir em seu lugar, muitas vezes, enviado a seu pedido;
apresentar-se sob seu nome, pois lhe é idêntico, e substituí-lo, porque
precisamos de um nome para fixar nossas idéias. Mas o que importa,
em definitivo, que um Espírito seja realmente ou não o de Fénelon? A
partir do momento que somente diz coisas boas e que fala como o
próprio Fénelon falaria, é um bom Espírito; o nome com que se apresenta
é indiferente e, muitas vezes, é apenas um meio de fixar nossas
idéias. O mesmo não seria admissível nas evocações dos familiares;
mas aí, como dissemos, a identidade pode ser estabelecida por provas
de alguma forma evidentes.
Contudo, é certo que a substituição dos Espíritos pode ocasionar
uma série de enganos e resultar em erros e, muitas vezes, em mistificações;
essa é uma dificuldade do Espiritismo prático. Mas nunca dissemos
que fosse algo fácil, nem que se pudesse aprendê-lo brincando,
como não se faz com qualquer outra ciência. Nunca será demais repetir
que ele pede um estudo assíduo e, freqüentemente, bastante prolongado;
não podendo provocar os fatos, é preciso esperar que se apresentem
por si mesmos e, freqüentemente, são conduzidos por circunstâncias com
as quais nem ao menos se sonha. Para o observador atento e paciente,
os fatos se produzem e então ele descobre milhares de detalhes característicos
que representam fachos de luz. É assim também nas ciências
comuns, enquanto o homem superficial vê numa flor apenas uma forma
elegante, o sábio descobre nela tesouros para o pensamento."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

sábado, 21 de abril de 2012

"NAS LEIS DO AMOR"





Reunião pública de 27-2-61
1ª Parte, cap. III, item 12


"Se alguém te fala em descanso inútil depois da morte, pensa nos que sofrem por amor, na experiência terrestre.
Indaga das mães devotadas se teriam coragem de relegar os filhos delinqüentes à solidão da masmorra...
Preferem chorar na pocilga do cárcere, trabalhando por eles, a morarem no paraíso com o peito rebentando de lágrimas.
Pergunta aos pais afetuosos se pediriam a forca para os rebentos do próprio sangue, comprometidos em débitos insolúveis...
Escolhem a condição dos grilhetas, de modo a vê-los recuperados, renunciando aos prêmios que a sociedade lhes destine à honradez.
Inquire da esposa abnegada se deixaria o companheiro enredado à loucura, para brilhar num desfile de santidade...
Disputará as vigílias no manicômio para servi-lo, fugindo aos louros da praça pública.
Interroga do amigo verdadeiro se deixará o amigo confiante em dificuldade...
Aceitará partilhar-lhe as provações, recusando os privilégios com que o mundo lhe acene.
***
Isso acontece na Terra, onde o amor ainda se mistura ao egoísmo, qual o ouro perdido na ganga do solo.
Para além das cinzas do túmulo, há paz de consciência e alegria profunda no dever nobremente cumprido, mas, se te afeiçoas à bondade e à renúncia, poderás quanto quiseres continuar auxiliando os entes amados, que aprendeste a venerar e querer, ou prosseguir exaltando os ideais e as tarefas edificantes que abraças.
À medida que penetramos os segredos do amor puro, vamos reconhecendo que ninguém pode ser realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho em que avança.
O próprio Criador determinou que a noite se cobrisse de estrelas e que o espinheiral se levantasse recamado de rosas.
Trabalharemos e sofreremos, assim, por amor, pelos séculos adiante, ajudando-nos uns aos outros a erguer a felicidade de nosso nível, até que possamos entrar, todos juntos, na suprema felicidade que consiste em nossa união com Deus para sempre."


("Justiça Divina", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"SIRVAMOS AO BEM"

“A luz resplandece nas trevas...”
(João, 1:5)


"Não te aflijas porque estejas aparentemente só no serviço do bem.
Jesus era sozinho, antes de reunir os companheiros para o serviço
apostólico. Sozinho, à frente do mundo vasto, à maneira de um lavrador, sem
instrumentos de trabalho, diante da selva imensa...
Nem por isso o Cristianismo deixou de surgir por templo vivo do amor,
ainda hoje em construção na Terra, para a felicidade humana.
Jesus, porém, não obstante conhecer a força da verdade que trazia consigo,
não se prevaleceu da sua superioridade para humilhar ou ferir.
Acima de todas as preocupações, buscou invariavelmente o bem, através de
todas as situações e em todas as criaturas.
Não perdeu tempo em reprovações descabidas.
Não se confiou a polêmicas inúteis.
Instituiu o reinado salvador de que se fizera mensageiro. servindo e
amando, ajudando sempre e alicerçando cada ensinamento com a sua própria
exemplificação.
Continuemos, pois, em nossa marcha regenerativa para frente, ainda mesmo
quando nos sintamos a sós.
Sirvamos ao bem, acima de tudo, entretanto, evitemos discussões e
agitações em que o mal possa expandir-se.
Foge a sombra ao fulgor da luz.
Não nos esqueçamos de que milhares de quilômetros de treva, no seio da
noite, não conseguem apagar alguns milímetros da chama brilhante de uma vela,
contudo, basta um leve sopro de vento para extingui-la."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"GUARDA A PACIÊNCIA"

“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”
Paulo (Hebreus, 10: 36)




"Provavelmente estarás retendo, há muito tempo, a esperança torturada.
Desejarias que a resposta do mundo aos teus anseios surgisse, imediata, agasalhando-te o coração; entretanto, que paz desfrutarias no triunfo aparente dos próprios sonhos, sem resgatares os débitos que te encadeiam ao problema e à dificuldade?
Como repousar, ante a exigência do credor que nos requisita?
Descansará o delinqüente, antes da justa reparação à falta cometida?
Sabes que o destino materializar-te-á os planos de ventura, que a vitória te coroará, enfim, a senda de luta, mas reconheceste preso ao círculo de certas
obrigações.
O lar convertido em forja de angústia...
A instituição a que serves, onde sofres a intromissão da calúnia ou o golpe da crueldade...
O parente a que deves respeito e carinho, do qual recolhes menosprezo e ingratidão...
A rede dos obstáculos...
A conspiração das sombras...
A perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente...
Se as provas te encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir, tem paciência e satisfaze as obrigações a que te enlaçaste!...
Não renuncies ao trabalho renovador!
Recorda que a Vontade de Deus se expressa, cada hora, nas circunstâncias que nos cercam! Paguemos nossas contas com a sombra, para que a Luz nos
favoreça!
Em verdade, alcançaremos a concretização dos nossos projetos de felicidade, mas, antes disso, é necessário liquidar com paciência as dívidas que
contraímos perante a Lei."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)