terça-feira, 6 de outubro de 2015

"LEI DIVINA"

"Alma querida, à vezes, no caminho, 
Indagas a chorar, de coração sozinho, 
Como atingir, por fim, o Lar Celeste, 
Pelas ásperas sendas do dever... 
Também eu isso mesmo interroguei à vida 
Em caminhada longa e indefinida, 
E hoje posso afirmar-te, 
De alma fortalecida, 
Que a vida me informou, em toda parte: - 
Se quiseres vencer Eleva-te, louvando as pedras da subida, 
Procurando servir, ajudar e esquecer. 

Por isso, perguntei ao coração da rosa 
Como agüentar, tão linda e cetinosa, 
Os espinhos cruéis em que a vira nascer 
E a rosa me explicou que Deus a estruturara 
Num misto de perfume, brilho e cores 
Para mostrar que as dores, 
Quando bem suportadas, 
São lâminas e pontas aguçadas, 
Lembrando espinhos produzindo flores; 
E, portanto, devia, 
Desabrochar e agradecer, 
Deixar-se decepar, entregar-se e esquecer... 

Fui ao campo e indaguei de uma enorme pedreira 
Como tolera sem que grite 
Assaltos de martelo e dinamite 
Sem jamais se ofender... 
Ela disse que a fim de oferecer aos homens 
Moradia segura, forte e alegre, 
É indispensável que se desintegre, 
E, por esta razão, lhe compete saber 
Aceitar o progresso, ajudar e esquecer. 


Fui consultar os rios, fui às fontes 
E perguntei por que motivo, 
Sendo as águas sustento do homem vivo, 
Tão-somente no chão poderiam correr... 
E todos responderam com bondade 
Que a missão do auxílio ao mundo todo, 
Precisam abraçar o anonimato e o lodo, 
Aceitando viver, em baixo nível 
Para estender na Terra o conforto possível, 
Cabendo-lhes, assim, compreender, 
Perdoar e servir, ajudar e esquecer... 


Desse modo, igualmente, alma fraterna e boa, 
Por mais que o mal nos fira e a provação nos doa, 
Qual se um punhal de fel nos arrasasse o ser, 
Não te percas do amor, na aflição que te invade... 
À lei divina da felicidade 
Será sempre servir, amparar e esquecer."

 (Maria Dolores, na obra “Tempo de Luz”, Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

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