"Alma
querida,
Por
mais que o mundo te atormente
A fé
simples e boa,
Por
mais te lance gelo na alma crente,
Na
sombra que atraiçoa,
Alma
sincera,
Escuta!...
Sofre,
tolera, aprende, aperfeiçoa,
Por
que, de esfera a esfera,
Ninguém
consegue a palma da vitória,
Se
apoio na luta.
O verme
espera o solo para aquecê-lo.
A fonte
amiga que se desentranha
Do
coração de pedra da montanha,
Enquanto
serve, passa e se incorpora
Aos
encargos do rio que a devora,
Espera
descansar,
Quando
chegue escondida
À paz
da grande vida
Que há
no seio do mar.
Seja o
que for
Que
venhas a sofrer,
Abraça
o lema regenerador
Do
perdão por dever.
Leva
pacientemente o fardo que te leva,
Entre o
rugir do vento e o praguejar da treva...
Abençoa
em caminho
Os
açoites da angústia em torvo redemoinho;
Onde
não possas, coração,
Entretecer
a alegria de louvar,
Cala-te
em oração
E segue
sem parar,
Amando,
restaurando, redimindo...
Edificando,
em suma,
Não te
revoltes contra coisa alguma!...
Ao vir
a tarde mansa,
Na doce
quietação crepuscular,
Quando
a graça do corpo tomba e finda,
Verás
como foi alta, nobre e linda
A
ventura de esperar.
E, enquanto
a noite avança
Para
dar-te as visões de uma alvorada nova,
Nas
asas da esperança,
Bendirás
a amargura, a dor e a prova,
Agradecendo
à Terra a bênção de entendê-las.
Subirás,
subirás
Para o
ninho da luz nas estâncias da paz,
Que te
aguarda, tecido em radiações de estrelas!...
Então,
compreenderás
Que,
além do Mais Além —
No
Coração da Altura —,
Deus
trabalha, Deus sonha, Deus procura,
Deus
espera também!..."
(“Antologia da Espiritualidade”, Maria Dolores/ Francisco Cândido Xavier)
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