"Não há tratamento mais eficaz
contra a obsessão que o do trabalho no Bem por parte do obsidiado.
Nem a intervenção do passe ou da
desobsessão clássica em reuniões mediúnicas é tão eficiente.
A propósito, lembro-me, uma vez
mais, da palavra abalizada de Chico Xavier, orientando um confrade que se sentia
incomodado por insidiosa perseguição espiritual.
– “O obsessor – explicou – não nos
quer trabalhando; ao contrário, deseja ver-nos desanimados, a fim de que possa
aprofundar, através de nossa própria inércia, os seus vínculos mentais conosco,
ampliando o seu domínio... O espírito obsessor não acompanha quem vai para a
tarefa e enfrenta o cansaço, a tristeza. Ele nos quer trancados no quarto, de
preferência deitados na cama, dormindo o dia inteiro... O obsessor que nos
acompanha nos serviços de caridade, com base em nosso esforço de renovação,
acaba por se modificar. Agora, vejamos, é justamente o que a vítima de obsessão
habitualmente não quer fazer: trabalhar! Quer resolver tudo pela lei do menor
esforço... Ora, a prece auxilia e o passe também, mas, se a pessoa não se dispõe
a sair de si mesma, fica muito difícil. De que vale doutrinar o espírito, se o
obsidiado não se doutrina? Aquele espírito sai e vem outro, às vezes muito pior.
Quem se sente espiritualmente incomodado deve ir para o centro e não enjeitar
serviço... Peça lá qualquer coisa para fazer, em que possa ser útil. Varrer o
chão, lavar o vaso sanitário, mexer latão de sopa, costurar, ajudar
deficientes...”
Fez significativa pausa e
continuou:
– “Se não preenchesse o meu tempo,
eu não sei o que seria de mim! Nós não estamos preparados para perceber o que se
passa ao nosso derredor; o Mundo Espiritual começa aqui mesmo, à nossa volta...
Os espíritos que procuram nos vampirizar estão à espreita – nem sempre é ódio de
vidas passadas, não! É necessidade. Há muito espírito que nos vampiriza por
necessidade: não consegue viver sem o ‘calor’ dos que ainda se encontram no
corpo; querem continuar comendo e bebendo como nós e sentindo os mesmos prazeres
e sensações... Agora, a pessoa não quer sair de casa, não quer ir ao centro,
prefere ir à farmácia e comprar um remédio para dormir – ela vai fazer o que o
espírito quer que faça! Vira doença... A obsessão já é uma doença, e muito
grave, mas pode adoecer o corpo também. Eu já vi muita gente desencarnar com o
espírito obsessor imantado em seu corpo espiritual! Nem dentro de casa, a
pessoa, muitas vezes, quer trabalhar: é do quarto para a sala e da sala para o
quarto – da cama para o sofá e do sofá para a cama! Precisamos vencer o nosso
comodismo espiritual, que é de séculos e séculos. É para isto que o Espiritismo
está no mundo: para nos ensinar o melhor aproveitamento do tempo na encarnação!
De que nos adianta viver muitas vidas se, dentro de nós, o tempo não corre? Para
que a imortalidade, se não sabemos o que fazer de nós mesmos? A gente está
acostumado a tratar o obsessor como algoz, mas o obsessor também é vítima... O
único remédio que surte efeito contra a obsessão é o do trabalho no Bem. O resto
é paliativo!”
("Ao Médium
Principiante", Carlos A. Baccelli,
pelo Espírito Spartaco Ghilardi)
Sem comentários:
Enviar um comentário