quinta-feira, 30 de abril de 2015

"Qualquer vício escraviza e mata..."

"Qualquer vício escraviza e mata.
      Não te vincules aos chamados “aperitivos sociais”, que dão margem a lamentáveis processos de alcoolismo, nem adotes a posição de fumante, por parecer-te uma postura distinta e de elegância, mas que conduz às algemas do tabagismo assassino.
      Jogo, sexo, gula, anedotário servil, para citar somente alguns, iniciam-se em pequenas doses, para culminar em cárcere moral quando não em penitenciária comum.
      Uma vida sadia torna-se ditosa e prolongada, a benefício daquele que assim a preserva."


(“Vida Feliz”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

quarta-feira, 29 de abril de 2015

"QUE PRODUZES?"

"Meu amigo.
       A vida nunca deixará sem contas o tempo que nos empresta.
       A fonte oculta no campo desamparado é uma bênção para o chão ressequido.
       A árvore é doadora constante de utilidades e benefícios.
       A cova minúscula é berço da sementeira.
       A erva tênue faz a provisão do celeiro.
       A abelha pequenina fabrica mel que alivia o doente.
       O barro humilde, ao calor da cerâmica, se transforma em sustentáculo da habitação.
       Nos estábulos e nos redis, há milhões de vidas inferiores, extinguindo-se em dádivas permanente ao conforto da Humanidade, produzindo leite e lã para que povos inteiros se alimentem, se agasalhem e desenvolvam.
       E nós, que desfrutamos a riqueza do tempo, que fazemos da sublime oportunidade de criar o bem?
       Ainda que fujamos para os derradeiros ângulos do Planeta, um dia chegará em que a Verdade Divina se dirigirá a nós outros, indagando:
       — Que produzes? Que fazes da saúde, do corpo, da inteligência, dos recursos variados que a vida te deu?
       Lembremo-nos de que na própria crucificação, o Mestre Divino produziu a Ressurreição por mensagem de imortalidade ao mundo de todos os séculos.
       Não te esqueças, meu amigo, de que a felicidade é uma equação de rendimento do esforço da criatura, na improvisação do bem e na extensão dele e não olvides que, provavelmente, não vem longe o minuto em que prestarás contas de teu aproveitamento nas bênçãos de trabalho e paz, alegria e luz, que vens atravessando na condição de usufrutuário da Terra."


(“Nosso Livro”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 28 de abril de 2015

"REUNIÕES SOCIAIS"

"A reunião social numa instituição ou no lar deve sempre revestir-se do espírito de comunhão fraterna.
*
       Sempre que o espinho da maledicência repontar nas flores do entendimento amigo, procure isolá-lo em algodão de bondade, sem desrespeitar os ausentes e sem ferir aos que falam.
*
       As referências nobres sobre pessoas, acontecimentos, circunstâncias e cousas são sempre indícios de lealdade e elegância moral.
*
       Ignore, em qualquer grupamento, quaisquer frases depreciativas que sejam dirigidas a você, direta ou indiretamente.
*
       Evite chistes e anedota que ultrapassem as fronteiras da respeitabilidade.
*
       Ante uma pessoa que nos esteja fazendo o favor de discorrer sobre assuntos edificantes, não cochiche, nem boceje, que semelhantes atitudes expressam ausência de gabarito para os temas em foco.
*
       Nunca desaponte os demais, retirando-se do recinto em que determinados companheiros estão com a responsabilidade da palavra ou com o encargo de executar esse ou aquele número artístico.
*
       As manifestações de oratória, ensinamento, edificação ou arte exigem acatamento e silêncio.
*
       Jamais rir ou fazer rir, fora de propósito, nas reuniões de caráter sério.
*
       Aproveitar-se, cada um de nós, dos entendimentos sociais para construir e auxiliar, doando aos outros o melhor de nós para que o melhor dos outros venha ao nosso encontro."

(“Sinal Verde”, André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

"ABERTURAS"

"O problema assim começa:
Uma frase de ironia,
O grito fora de tempo,
O gesto de grosseria;
A vibração deprimente
De todo olhar ofensivo,
O barulho inesperado
Da discussão sem motivo;
O fel da maledicência
Que da boca se desloca,
O apontamento infeliz,
O cochicho da fofoca;
A conversa muito alta,
A resposta de machão,
O melindre exagerado
Da ausência de educação;
A brincadeira sem graça
De qualquer toque que assusta,
O veneno que se espalha
De toda palavra injusta;
A queixa de toda hora,
O choro sempre constante,
O vinagre da censura,
O riso desconcertante;
A voz de fera acuada
Que surge da irritação...
– Eis algumas aberturas
Das tramas da obsessão."
 
("Agência de Notícias", Jair Presente/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 26 de abril de 2015

"CONFIANÇA"

O coração do seu marido trabalha descansado, porque confia nela, assim não haverá falta de ganho”. Prov. 31:11.

-o-
"A falta de ganho na família é a desconfiança; quem desconfia muito, não á exemplo da moral que por vezes prega.
-o-
A amizade verdadeira é confiante, em todas as circunstâncias da vida.
-o-
Tem certeza do que vais fazer, desenvolve a tua fé nas boas obras, que Deus está sempre presente para o bom trabalhador, que cumpre o dever dentro da honestidade.
Acreditar em Deus é obrigação de todos nós e respeitar as Suas leis é dever de todos os Espíritos, principalmente os que já acordaram para a vida espiritual.
-o-
Se o marido deseja a confiança da sua esposa, deve confiar nela.
-o-
Ninguém perde em confiar; se quem está recebendo a confiança não a merecer, a perda é dela, pois quem dá, está sempre farto pela luz do Celeiro Maior.
-o-
Apoia na fé que já conquistaste, e não deixes o ambiente da dúvida te envolver o coração.
-o-
Descansa nos poderes que granjeaste nos caminhos do Bem, e trabalha sempre para novos reforços de Amor e fé; para quem deseja melhorar mais, há sempre oportunidades.
-o-
Sê seguro nas diretrizes do Evangelho, que a resposta ao teu esforço será alegria pura a transbordar do teu coração, para o coração dos outros.
-o-
Se queres a confiança dos outros, confia neles; se deseja paz nos teus caminhos, semeia o bem; se te agrada o amor dos teus semelhantes, ama a todos, que a vida não se esquecerá de te premiar pela harmonia que distribuis."

(“Gotas de Alegria”, Carlos/João Nunes Maia)

sábado, 25 de abril de 2015

"ORAÇÃO NOSSA"

"Senhor,

ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,

a dar sem olhar a quem,

a servir sem perguntar até quando,

a sofrer sem magoar seja a quem for,

a progredir sem perder a simplicidade,

a semear o bem sem pensar nos resultados,

a desculpar sem condições ,

a marchar para a frente sem contar os obstáculos,

a ver sem malícia,

a escutar sem corromper os assuntos,

a falar sem ferir,

a compreender o próximo sem exigir entendimento,

a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,

a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever

sem cobrar taxas de reconhecimento.


Senhor,

fortalece em nós a paciência para com as dificuldades

dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros

para com as nossas próprias dificuldades.

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo

que não desejamos para nós.

Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa

felicidade mais alta será invariavelmente

aquela de cumprir os desígnios, onde e

como queiras, hoje, agora e sempre."

("À Luz da Oração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 24 de abril de 2015

"O AMIGO INFALÍVEL"

"Viste  calamidades
Que  jamais  esperaste.
Cultivaste  afeições
Que  te  armaram  ciladas.
Carinho  que  plantaste
Produziu  menosprezo.
Não  permitas,  porém,
Que  a  tristeza  te  arrase.
Trabalha,  espera  e  serve.
Não  desistas  do  bem.
Tens  um  amigo  infalível.
Conta  com  Ele.  É  Deus."

(“O Essencial”, Emmanuel/Francisco Cândido
Xavier)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

"MENSAGEM DE COMPANHEIRO"

"Se já pudeste receber o amparo do Espiritismo, sustenta a obra espírita, a fim de que a obra espírita continue  auxiliar.
       Não sonegues o ensino que entesouras, nem fujas do bem que podes fazer.
       Quantos esperam de alguém um aviso fraterno, uma palavra de entendimento, um livro tonificante ou um gesto de apoio, para evitar a queda iminente!...
       Compadeces-te dos enfermos e dos famintos e repartes com eles as migalhas do bolso e os recursos do prato. Pensa também nos necessitados da alma, que caminham na Terra em penúria do coração!
       Reflete nas aflições que se escondem sob os rituais da etiqueta; nos calvários endinheirados; nas obsessões ardilosamente embutidas na inteligência; no desânimo dos bons; nas dores bem trajadas; nos remorsos enquistados na consciência; nos males ocultos; e no desespero dos que revolvem as cinzas, procurando um sinal de sobrevivência dos entes amados que se despediram na morte...
       Muitos daqueles que julgas embriagados de alegria trazem no peito um vaso de lágrimas e muitos daqueles outros que imaginas realizados, tão-só porque os viste pelas lentes da fama, carregam dificuldades e provações, mendigando socorro espiritual.
       É que há sombras e sombras. Para repelir as que assaltam os olhos basta o conhecimento da luz, mas para dissipar as que envolvem a alma será preciso a luz do conhecimento.
       Deixa, assim, que o Espiritismo — a refletir o sol do Evangelho — ilumine a vida, através de ti.
       Para isso, não te dês a qualquer exigência.
       Fala o conceito espírita em momento adequado; estende a página espírita com a espontaneidade de quem alivia o sedento na fonte de água pura; testemunha a convicção espírita, no regozijo ou no sofrimento; e oferece o exemplo espírita na vivência dos princípios que amamos, em trabalho e paciência, compreensão e humildade.
       O apostolado de Allan Kardec é a restauração do Cristianismo simples e claro, em que Jesus procura o povo e o povo encontra Jesus.
       Corações em prece e mãos em serviço!...
       Se já nos foi possível receber o concurso do Espiritismo, apoiemos a obra espírita, a fim de que a obra espírita continue a auxiliar."
(André Luiz, na obra “Estude e Viva”, Emmanuel e André Luiz /Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, 
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quarta-feira, 22 de abril de 2015

"NÃO TEMAS"


"Não temas a morte:
Viverás para sempre.

Não temas a dor:
Ela é um fenômeno transitório.

Não temas a injustiça:
A Verdade triunfa.

Não temas a solidão:
Quem ama nunca está só.

Não temas a colheita:
Cuida de tua semeadura.

Não temas o futuro:
Ele está em tuas mãos."

(“Dias Melhores”, Irmão José/Carlos A. Bacelli)

terça-feira, 21 de abril de 2015

"CONDUTA ESPÍRITA NO TEMPLO"

"Entrar pontualmente no templo espírita para tomar parte das reuniões, sem provocar alarido ou perturbações. O templo é local previamente escolhido para encontro com as Forças Superiores.
*
Dedicar a melhor atenção aos doutrinadores, sem conversação, bocejo ou tosse bulhenta, para que seja mantido o justo respeito ao lar da oração. Os atos da criatura revelam-lhe os propósitos.
*
Evitar aplausos e manifestações outras, as quais, apesar de interpretarem atitudes sinceras, por vezes geram desentendimentos e desequilíbrios vários. O silêncio favorece a ordem.
*
Com espontaneidade, privar-se dos primeiros lugares no auditório, reservando-os para visitantes e pessoas fisicamente menos capazes. O exemplo do bem começa nos gestos pequeninos.
*
Coibir-se de evocar a presença de determinada entidade, no curso das sessões, aceitando, sem exigência, os ditames da Esfera Superior no que tange ao bem geral. A harmonia dos pensamentos condiciona a paz e o progresso de todos.
*
Acostumar-se a não confundir preguiça ou timidez com humildade, abraçando os encargos que lhe couberem, com desassombro e valor. A disposição de servir, por si só, já simplifica os obstáculos.
*
Desaprovar a conservação de retratos, quadros, legendas ou quaisquer objetos que possam ser tidos na conta de apetrechos para ritual, tão usados em diversos meios religiosos. Os aparatos exteriores têm cristalizado a fé em todas as civilizações terrenas.
*
Oferecer a tribuna doutrinária apenas a pessoas conhecidas dos irmãos dirigentes da Casa, para não acumpliciar-se, inadvertidamente, com pregações de princípios estranhos aos postulados espíritas. Quem se ilumina, recebe a responsabilidade de preservar a luz.
*
Nas reuniões doutrinárias, jamais angariar donativos por meio de coletas, peditórios ou vendas de tômbolas, à vista dos inconvenientes que presentam, de vez que tais expedientes podem ser tomados à conta de pagamento por benefícios. A pureza da prática da Doutrina Espírita deve ser preservada
a todo o custo."
*
“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”
Jesus. (Mateus, 18:21.)

("Conduta Espírita", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

"HEREDITARIEDADE MORAL"



"Um dos nossos assinantes nos escreve de Wiesbaden:

“Senhor, eu estudo o Espiritismo cuidadosamente em todos os vossos livros e, malgrado a clareza decorrente, dois pontos importantes não parecem bem explicados aos olhos de certas pessoas. São eles: l.º - as faculdades hereditárias; 2º - os sonhos.
“Com efeito, como conciliar o sistema da anterioridade da alma com a existência das faculdades hereditárias? Entretanto elas existem, embora não de maneira absoluta. Diariamente elas nos chocam na vida privada. Também vemos, numa ordem mais elevada, os talentos sucedendo aos talentos, a inteligência à inteligência. O filho de Racine foi poeta. Alexandre Dumas teve como filho um autor ilustre. Na arte dramática, vemos a tradição de talentos numa mesma família e na arte da guerra uma raça, como a dos duques de Brunswick, por exemplo, fornecendo uma série de heróis.
“A inépcia, o vício, o próprio crime também conservam sua tradição. Eugène Sue cita famílias onde várias gerações passaram sucessivamente pelo assassínio e pela guilhotina.
“A criação da alma por indivíduo explicaria ainda menos essas dificuldades, bem o compreendo, mas há que confessar que tanto uma doutrina quanto a outra se prestam aos golpes dos materialistas, que não veem em todas as faculdades mais que uma concentração de forças nervosas.
“Quanto aos sonhos, a Doutrina Espírita não concilia bem o sistema das peregrinações da alma durante o sono com a opinião vulgar que o torna simples reflexo das impressões percebidas durante a vigília. Esta última opinião poderia parecer a verdadeira explicação dos sonhos, ao passo que a peregrinação seria apenas um caso excepcional.”
(Seguem-se vários exemplos em apoio).

“Que fique bem entendido, senhor presidente, que não pretendo fazer aqui nenhuma objeção em meu nome pessoal, mas parece-me útil que a Revista Espírita se ocupe dessas questões, ainda que seja para fornecer os meios de responder aos incrédulos. Quanto a mim, sou crente, e busco apenas a minha instrução.”

A questão dos sonhos será examinada posteriormente, em artigo especial. Hoje só nos ocuparemos da hereditariedade moral, deixando que dela tratem os Espíritos, limitando-nos a algumas observações preliminares.
Diga-se o que se disser a respeito, os materialistas não ficarão convencidos, porque se não admitem o princípio, não lhe admitem as consequências. Antes de tudo seria necessário que se tornassem espiritualistas. Ora, não é por aí que se deve começar. Assim, não nos podemos ocupar com suas objeções.
Tomando como ponto de partida a existência de um princípio inteligente fora da matéria, por outras palavras, a existência da alma, a questão é saber se as almas procedem das almas ou se são independentes.
Cremos já haver demonstrado, em nosso artigo sobre Os Espíritos e o Brasão publicado no mês de março último, a impossibilidade da criação de alma por alma. Realmente, se a alma da criança fosse uma parte da do pai, deveria ter sempre as suas qualidades e imperfeições, em virtude do axioma que a parte é da mesma natureza que o todo.
Ora, a experiência todos os dias prova o contrário. É verdade que se citam exemplos de similitudes morais e intelectuais que parecem devidas à hereditariedade, de onde seria necessário concluir que tivesse havido uma transmissão. Mas, então, por que essa transmissão não se dá sempre? Por que vemos, todos os dias, pais essencialmente bons, ter filhos viciosos e vice-versa? Como é impossível fazer da hereditariedade moral uma regra geral, é necessário explicar, com o sistema da recíproca independência das almas, a causa das similitudes. Isso poderia ser no máximo uma dificuldade, mas que não teria como pressuposto a doutrina da anterioridade da alma e da pluralidade das existências, visto que essa doutrina está provada por centenas de fatos concludentes, e contra os quais é impossível levantar objeções sérias.
Deixemos que falem os Espíritos que tiveram a bondade de tratar do assunto. 
Eis as duas comunicações que a respeito obtivemos:

(Sociedade Espírita de Paris, 23 de maio de 1862
Médium: Sr. D’Ambel)

Já foi dito muitas vezes que não havia necessidade de erigir um sistema sobre simples aparências. É um sistema dessa natureza o que deduz das semelhanças familiares uma teoria contrária àquela que vos demos da existência das almas anteriormente à sua encarnação terrestre.
É verdade que muitas vezes elas jamais tiveram relações diretas com os meios e com as famílias nas quais se reencarnam. Já vos repetimos muitas vezes que as semelhanças corpóreas são devidas a uma questão material e fisiológica absolutamente independente da ação espiritual e que, quanto às aptidões e gostos semelhantes, estes resultam, não da procriação da alma por outra alma já nascida, mas porque os Espíritos semelhantes se atraem. Daí as famílias de heróis, ou as raças de guerreiros.
Admiti, pois, em princípio, que os bons Espíritos escolham de preferência para sua nova etapa terrena o meio onde o terreno já esteja preparado e a família de Espíritos adiantados, onde têm certeza de encontrar os materiais necessários ao seu progresso futuro. Admiti, igualmente, que os Espíritos atrasados, ainda propensos aos vícios e aos apetites dos brutos, fujam dos grupos elevados, das famílias moralizadas, e se encarnem, ao contrário, onde esperam encontrar meios para satisfazerem às paixões que ainda os dominam. Assim, pois, em tese geral, as semelhanças espirituais existem porque os semelhantes atraem os semelhantes, ao passo que as semelhanças corpóreas se devem à procriação.
No entanto, é preciso acrescentar o seguinte: Muitas vezes nascem em famílias dignas, em todos os sentidos, do respeito de seus concidadãos, indivíduos viciosos e maus que aí são enviados para servirem de prova àquelas. Por vezes, ainda, eles vêm por vontade própria, na esperança de saírem dos hábitos inveterados onde até então se arrastaram e de se aperfeiçoarem sob a influência desses meios virtuosos e moralizados.
Dá-se o mesmo com Espíritos já adiantados moralmente, e que, a exemplo dessa jovem de Saint-Étienne, de que se falou no ano passado, se reencarnam em famílias obscuras, entre Espíritos atrasados, a fim de mostrar-lhes o caminho do progresso. Não esquecestes, tenho certeza, o anjo das asas brancas em que ela pareceu transfigurar-se aos olhos dos que a tinham amado na Terra, quando estes voltaram por sua vez ao mundo dos Espíritos. (Revista Espírita de junho de 1861 - Conversas familiares de além-túmulo - Sra. Anaïs Gourdon).
ERASTO

(Na mesma sessão â Médium: Sra. Costel)

Venho explicar-vos a importante questão da hereditariedade das virtudes e dos vícios na raça humana. Essa transmissão faz que hesitem aqueles que não compreendem a imensidade do dogma revelado pelo Espiritismo. Os mundos intermediários são povoados por Espíritos à espera da prova da reencarnação ou se preparando de novo, conforme o seu grau de adiantamento. Nesses viveiros da vida eterna, os Espíritos são grupados e divididos em grandes tribos, uns adiantados e outros atrasados em relação ao progresso, e cada um escolhe entre os grupos humanos, aqueles que correspondem simpaticamente às suas faculdades adquiridas, as quais progridem, mas não podem retrogradar.
O Espírito que se reencarna escolhe o pai cujo exemplo fá-lo-á avançar na via preferida e ele absorve, elevando-os ou enfraquecendo-os, os talentos daquele que lhe deu a vida corpórea. Em ambos os casos, a conjunção simpática existe anteriormente ao nascimento e a seguir é desenvolvida nas relações de família, pela imitação e pelo hábito. Depois da hereditariedade familiar, meus amigos, quero revelar-vos a origem da discordância que separa os indivíduos de uma mesma raça, repentinamente ilustrada ou desonrada por um de seus membros que se tornou estranho ao meio.
O bruto vicioso que se encarnou num centro educado, e o Espírito luminoso que se reencarna entre gente grosseira, obedecem ambos à misteriosa harmonia que aproxima as partes divididas de um todo e faz a concordância entre o infinitamente pequeno e a suprema grandeza.
O Espírito culpado, apoiado nas virtudes adquiridas de seu procriador terreno, espera por essas fortalecer-se. Se sucumbe ainda na prova, adquire pelo exemplo o conhecimento do bem e volta à erraticidade menos carregado de ignorância e melhor preparado para sustentar uma nova luta.
Os Espíritos adiantados entreveem a glória de Jesus e anseiam por esgotar, depois dele, o cálice da ardente caridade. Também como ele, querem guiar a Humanidade para o objetivo sagrado do progresso e nascem nos baixos níveis sociais, onde se debatem, acorrentados uns aos outros, contra a ignorância e o vício, dos quais são alternativamente vencedores ou mártires.
Se esta resposta não soluciona todas as vossas dúvidas, interrogai-me, meus amigos.

SÃO LUÍS"

(Revista Espírita, Julho de 1862) 

domingo, 19 de abril de 2015

"RECURSO ANTISSÉPTICO"

"Sabe você que intriga e queixa, no fundo, são resíduos de doenças da alma, comparáveis a certas culturas microbianas que decorrem de infecções no corpo.
-o-
       Lamentação e pessimismo podem alastrar-se através de contágio mental.
-o-
       Um alarme falso assemelha-se ao estopim curto que suscita a explosão da calamidade, capaz de ocasionar a morte e a dilapidação física de muitas pessoas; a frase cochichada em que se expressam a leviandade e a maledicência, ao arrastar-se, de casa em casa, é também suscetível de ser o veneno que arrase ou prejudique existências numerosas.
-o-
       Previna-se contra o risco, neutralizando no silêncio qualquer tóxico verbal que alguém lhe esteja administrando.
-o-
       Nesse trabalho de imunização, comece refletindo que todos somos espíritos imortais e que, um dia, todos nos reencontraremos uns com os outros.
-o-
       Aceite os agressores por irmãos enfermos necessitados de tratamento espiritual no pronto-socorro da oração.
-o-
       Compreenda que nós todos, os espíritos ainda vinculados à evolução terrestre, somos igualmente passíveis de erro.
-o-
       Desculpe qualquer ofensa, seja de quem for ou venha de onde vier.
-o-
       E continue trabalhando de consciência tranquila, reconhecendo o nosso dever de tolerar os comentários doentes, nas trilhas do cotidiano, com a certeza de que, no mundo, por enquanto, as conversações infelizes fazem parte do inevitável."

(André Luiz, na obra “Busca e acharás”, Emmanuel e André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 18 de abril de 2015

"MAU HUMOR"

"Se o mau humor te envolve à maneira de sombra sufocante, procura examinar-lhe as origens, a fim de que possas identificá-lo, tão imediatamente quanto possível.
***
       Caso alguma dívida te preocupe, não será com aspereza que conseguirás os recursos preciosos, de modo a resgatá-la.
***
       Doença quando aparece, solicita remédio e não intolerância para curar-se.
***
       Necessitando da cooperação de alguém para determinado empreendimento, a carranca não te angariará simpatia.
***
       Contratempos em família não se desfazem com frases vinagrosas.
***
       Se pretendes adquirir companheiros e colaboradores, a irritação é um antigo processo de perder amizades.
***
       Lembra-te de que ninguém consegue algo realizar sem os outros e de que os outros não são culpados por nossas indisposições e insucessos.
***
       Ninguém sabe até hoje onde termina o mau humor e começa a enfermidade.
***
       Não se sabe de ninguém até agora que o azedume tenha auxiliado.
***
       Se você deseja livrar-se dessa máscara destruidora, cultiva a paciência e aprenda a sorrir."

(“Calma”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

"NOVA LUZ"

"Galvanizados pela eloquência dos esclarecimentos do Consolador, levantamo-nos para cantar-lhe as notas de gratidão, pelo congraçamento fraternal que nos une as almas em redor da Boa Nova do Evangelho de Jesus, falando-nos de soerguimento e de progresso impostergáveis.

Eis chegada a hora de dedicarmos nosso tempo precioso aos empreendimentos necessários para que conquistemos a renovação própria, tão vastamente exaltada.

Com ingentes esforços, Maria, a cortesã equivocada pela ilusão carnal, abdica do prazer mentiroso e aviltante para alcançar paz, em plenitude de gozo, após travar contato com Jesus deixando para trás a perturbação de que fora presa, em Magdala.

Zaqueu, atormentado onzeneiro, sofrido com coração espinhado pela necessidade de paz, transforma seu roteiro conquistando as bênçãos da paz anelada, no convívio com Jesus.

A mulher aturdida do poço de Jacó, na Samaria, depois do diálogo mantido com Jesus, reergue-se para o verdadeiro sentido da vida, seguindo, então, sob a chancela da dignidade moral, em clima de paz.

Lázaro, somente depois de retornar dos panos da morte, reestrutura seu próprio caminho, vivificado pelas messes de energias que lhe ensejaram paz ao coração, desfechadas por Jesus.

José de Arimateia embrenha-se nas experiências do bem e na intensidade do amor, na sua condição de destacado príncipe, logo que sua alma foi tocada pela presença da paz que de Jesus emanava.

Inumeráveis outros lidadores dos tempos atuais, convertidos ao amor cristão e à renovação dos semelhantes, deixaram-se envolver pela aura luminífera que se evola do Mestre Nazareno, nutrindo-se de paz, a fim de a outros pacificarem, igualmente.

Levanta-se, destarte, a imperiosa necessidade de modificares a conduta, teu proceder, utilizando-te do aprendizado que o Espiritismo faculta, penetrando a vida do Evangelho, transfazendo a pauta cotidiana, tendo a paz necessária para as reflexões maduras, certo de que Jesus Cristo em tua jornada torna-se o Sol excelente a aquecer-te a vida, entendendo que, com Ele, a Doutrina Espírita se te fará ponte levadiça para a imortalidade grandiosa, significando uma nova luz mantendo teus passos com firmeza no vigoroso ideal que te valoriza os dias na Terra."

 (Camilo/Raul Teixeira, em 30 de setembro de 1984, na Sociedade Espírita Renovação)


quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Nunca percais de vista o vosso alvo..."







"Nunca percais de vista o vosso alvo, nem a rota que deve seguir para a ascensão espiritual. 
Pensai no emprego que tendes dado ao tempo que DEUS vos concede na Terra."

("O Céu e o Inferno",  Allan Kardec)

"NA SEARA DOMÉSTICA"


       "Todos somos irmãos, constituindo uma família só, perante o Senhor; mas, até alcançarmos a fraternidade suprema, estagiaremos, através de grupos diversos, de aprendizado em aprendizado, de reencarnação a reencarnação.
       Temos, assim, no cotidiano, a companhia daquelas criaturas que mais estranhamente se nos associam ao trabalho, chamem-se esposo ou esposa, pais ou filhos, parentes ou companheiros. E, por muito se nos impessoalizem os sentimentos, somos defrontados em família pelas ocasiões de prova ou de crises, em que nos inquietamos, gastando tempo e energia para vê-los na trilha que consideramos como sendo a mais certa. Se já conquistamos, porém, mais amplas experiências, é forçoso, a fim de ajudá-los, cultivar a bondade e a paciência com que, noutro tempo, fomos auxiliados por outros.
       Suportamos dificuldades e desacertos para atingir determinados conhecimentos, atravessamos tentações aflitivas e, em alguns casos, sofremos queda imprevista, da qual nos levantamos somente à custa do amparo daqueles que fizeram da virtude não uma alavanca de fogo, mas sim um braço amigo, capaz de compreender e de sustentar.
       Lembremo-nos, sobretudo, de que os nossos entes amados são consciências livres, quais nós mesmos. Se errados, não será lançando condenações que poderemos reajustá-los; se fracos, não é aguardando deles espetáculos de força que lhe conferiremos valor; se ignorantes, não é lícito pedir-lhes entendimento, sem administrar-lhes educação; e, se doentes, não é justo esperar testemunhem comportamento igual ao da criatura sadia, sem, antes, suprimir-lhes a enfermidade.
       Em qualquer circunstância, é necessário observar e observar sempre que fomos transitoriamente colocados em regime de intimidade, a fim de aprendermos uns com os outros e amparar-nos reciprocamente.
       À vista disso, quando o mal se nos intrometa na seara doméstica, evitemos desespero, irritação, desânimo e ressentimento, que não oferecem proveito algum, e sim recorramos à prece, rogando à Providência Divina nos conduza e inspire por seus emissários; isso para que venhamos a agir, não conforme os nossos caprichos, e sim de conformidade com o amor que a  vida nos preceitua, a fim de fazermos o bem que nos compete fazer."

(Emmanuel, na obra “Estude e Viva”,  Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira,  Emmanuel e André Luiz)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

"O COMPANHEIRO"

“Não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” — Jesus. (MATEUS, 18:33)


       "Em qualquer parte, não pode o homem agir, isoladamente, em se tratando da obra de Deus, que se aperfeiçoa em todos os lugres.
       O Pai estabeleceu a cooperação como princípio dos mais nobres, no centro das leis que regem a vida.
       No recanto mais humilde, encontrarás um companheiro de esforço.
       Em casa, ele pode chamar-se “pai” ou “filho”; no caminho, pode denominar-se “amigo” ou “camarada de ideal”.
       No fundo, há um só Pai que é Deus e uma grande família que se compõe de irmãos.
       Se o Eterno encaminhou ao teu ambiente um companheiro menos desejável, tem compaixão e ensina sempre.
       Eleva os que te rodeiam.
       Santifica os laços que Jesus promoveu a bem de tua alma e de todos os que te cercam.
       Se a tarefa apresenta obstáculos, lembra-te das inúmeras vezes em que o Cristo já aplicou misericórdia ao teu espírito. Isso atenua as sombras do coração.
       Observa em cada companheiro de luta ou do dia uma bênção e uma oportunidade de atender ao programa divino, acerca de tua existência.
       Há dificuldades e percalços, incompreensões e desatendimentos? Usa a misericórdia que Jesus já usou contigo, dando-te nova ocasião de santificar e de aprender."
(“Caminho, Verdade e Vida”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 14 de abril de 2015

"DOIS PENSAMENTOS"

"Sofre e abençoa, chora mas porfia
Aprendendo as lições de cada dia...

A existência na Terra é a subida escarpada
E o dever nos recorda o símbolo da cruz;
Segue e agradece a Deus a aspereza da estrada
Que te eleva da sombra à exaltação da luz!... "

 ("A Vida Conta", Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 13 de abril de 2015

"PARA LIBERTAR-NOS"



 "A preguiça conserva a cabeça desocupada e as mãos ociosas.
A cabeça desocupada e as mãos ociosas encontram a desordem.
A desordem cai no tempo sem disciplina.
O tempo sem disciplina vai para a invigilância.
A invigilância patrocina a conversação sem proveito.
A conversação sem proveito entretece as sombras da cegueira de espírito.
A cegueira de espírito promove o desequilíbrio.
O desequilíbrio atrai o orgulho.
O orgulho alimenta a vaidade.
A vaidade agrava a preguiça.

Como é fácil perceber, a preguiça é suscetível de desencadear todos os males, qual a treva que é capaz de induzir a todos os erros...

Compreendamos, assim, que obsessão, loucura, pessimismo, delinqüência ou enfermidade podem aparecer por autênticas fecundações da ociosidade, intoxicando a mente e arruinando a vida.

E reconheçamos, de igual modo,que o primeiro passo para libertar-nos da inércia será sempre: trabalhar."


("Correio Fraterno", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 12 de abril de 2015

"NÃO TE IMPACIENTES"

"A Paternidade Divina é amor e justiça para todas as criaturas.

Quando os problemas do mundo te afogueiem a alma, não abras o coração a impaciência, que ela é capaz de arruinar-te a confiança.

Quantos perderam as melhores oportunidades da reencarnação, unicamente por se haverem abraçado com o desespero!

A impaciência é comparável à força negativa que, muitas vezes, inclina o enfermo para a morte, justamente no dia em que o organismo entra em recuperação para a cura.

Se queres o fruto, não despetales a flor.

Nas situações embaraçosas, medita caridosamente nos empeços que lhe deram origem! Se um irmão faltou ao dever, reflete nas dificuldades que se impuseram entre ele e os compromissos assumidos. Se alguém te nega um favor, não te acolhas a desânimo ou frustração de vez que, enquanto não chegarmos no Plano da Luz Divina, nem sempre nos será possível conhecer, de antemão, tudo de bom ou de mal que sobrevir daquilo que nós pedimos. Não te irrites, diante de quaisquer obstáculos, porquanto reclamações censuras servirão apenas para torná-los maiores. Quase sempre a longa expectativa, em torno de certas concessões que disputamos, não é senão o amadurecimento para que não falhem minudências importantes.

Não queremos dizer que será mais justo que te acomodes à inércia. Desejamos asseverar que impaciência é precipitação e precipitação redunda em violência.

Para muitos, a serenidade é a preguiça vestida de belas palavras. Os que vivem, porém, acordados para as responsabilidades que lhes são próprias, sabem que paciência é esperança operosa: recebem obstáculos por ocasiões de trabalho e provações por ensinamentos.

Aguarda o melhor da vida, oferecendo à vida o melhor que puderes.

O lavrador fiel ao serviço espera a colheita, zelando a plantação.

A casa nasce dos alicerces, mas, para completar-se, pede atividades e esforços de acabamento.

Não te irrites.

Quem trabalha pode contar com o tempo. Se a crise sobrevém na hora a que te consagras, pede a Deus não apenas te abençoe a realização em andamento, mas também a força precisa para que saibas compreender e servir, suportar e esperar."


("Encontro Marcado", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 11 de abril de 2015

"DIÁLOGO"


          "Não tenhas receio de te expor a um amigo, através da palavra.
       E nem te cause estranheza o que alguém venha a te dizer a respeito de si mesmo.
       Não há quem não necessite da complacência dos ouvidos alheios.
       Quão raro são os que sabem escutar!
       O receio de não serem compreendidos faz com que muitos se calem e carreguem sozinhos a cruz que lhes pesa na alma.
       No entanto, em qualquer diálogo, a não ser com o sincero propósito de auxiliar, nunca menciones as falhas de um  terceiro.
       Falem de si, entre si, mas não dos outros, na ausência dos outros.
       Todos, um dia, haverão de se desnudar e de revelar-se como são.
       Substitui a crítica pela compaixão.
       Na verdade sobre os outros, há sempre algo de tua própria verdade que preferes ignorar.
       Escuta-os, pois, como se, falando de si, estivessem falando de ti mesmo."
(“Dias Melhores”, Irmão José/Carlos A. Bacceli)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

"O SERVO FELIZ"


"Certo dia, chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador.

Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.

O Marechal aproximou-se, reverente, e falou:

— Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante. Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens em monumentos que me honram o nome.

— Que deseja em troca de seus grandes serviços? — indagou o Enviado.

— Quero entrar no Céu.

O Anjo respondeu sem vacilar:

— Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.

O Filósofo acercou-se do preposto divino e:

— Anjo do Criador Eterno, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres.

— Que pretende pelo que fez? — perguntou o Emissário.

— Quero entrar no Céu.

— Por agora, porém — respondeu o mensageiro sem titubear —, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as idéias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.

O Político tomou a palavra e acentuou:

— Ministro do Todo-Poderoso, fui administrador dos interesses públicos.

Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.

— Que pede em compensação? — perguntou o Missionário do Alto.

— Quero entrar no Céu.

O Enviado, no entanto, respondeu, firme:

— Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz Íntima e volte depois.

Aproximou-se, então, o Lavrador e falou, humilde:

— Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra... plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las, nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no amor e na ternura de meus filhinhos...

O Anjo sorriu e disse:

— Que prêmio deseja?

O Lavrador pediu, chorando de emoção:

— Se Nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e continuar trabalhando. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga... Não aspiro a outra felicidade senão a de prosseguir aprendendo, semeando, louvando e servindo!...

O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando igualmente, de júbilo:

— Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem recompensa."



(" Alvorada Cristã", Abdré Luiz/Francisco Cândido Xavier)