sábado, 31 de outubro de 2015

"NA SEARA DOMÉSTICA"

"Todos somos irmãos, constituindo uma família só, perante o Senhor; mas, até alcançarmos a fraternidade suprema, estagiaremos, através de grupos diversos, de aprendizado em aprendizado, de reencarnação a reencarnação.
        Temos, assim, no cotidiano, a companhia daquelas criaturas que mais estranhadamente se nos associam ao trabalho, chamem-se esposo ou esposa, pais ou filhos, parentes ou companheiros. E, por muito se nos impessoalizem os sentimentos, somos defrontados em família pelas ocasiões de prova ou de crises, em que nos inquietamos, gastando tempo e energia para vê-los na trilha que consideramos como sendo a mais certa. Se já conquistamos, porém, mais amplas experiências, é forçoso, a fim de ajudá-los, cultivar a bondade e a paciência com que, noutro tempo, fomos auxiliados por outros.
        Suportamos dificuldades e desacertos para atingir determinados conhecimentos, atravessamos tentações aflitivas e, em alguns casos, sofremos queda imprevista, da qual nos levantamos somente à custa do amparo daqueles que fizeram da virtude não uma alavanca de fogo, mas sim um braço amigo, capaz de compreender e sustentar.
        Lembremo-nos, sobretudo, de que os nossos entes amados são consciências livre, quais nós mesmos. Se errados, não será lançando condenação que poderemos reajustá-los; se fracos, não é aguardando deles espetáculos de força que lhes conferiremos valor; se ignorantes, não é lícito pedir-lhes entendimento, , sem administrar-lhes educação; e, se doentes, não é justo esperar testemunhem comportamento igual ao da criatura sadia, sem, antes, suprimir-lhes a enfermidade.
        Em qualquer circunstância, é necessário observar e observar sempre que fomos transitoriamente colocados em regime de intimidade, a fim de aprendermos uns com os outros e amparar-nos reciprocamente.
        À vista disso, quando o mal se nos intrometa na seara doméstica, evitemos desespero, irritação, desânimo e ressentimento, que não oferecem proveito algum, e sim recorramos à prece, rogando à Providência Divina nos conduza e inspire por seus emissários; isso para que venhamos a agir, não conforme os nossos caprichos, e sim de conformidade com o amor que a vida nos preceitua, a fim de fazermos o bem que nos compete fazer."

(“Estude e Viva”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"FORÇAS CONTRÁRIAS"

"Por falar de inimigos, não nos se refiramos, neste momento, a pessoas e sim à forças contrárias.

Na terra, bastas vezes, achamo-nos em começo ou em meio de preciosas edificações, quando determinadas ocorrências nos desencorajam ou perturbam.

De modo geral, são correntes de pensamentos adversos que desabam sobre nós, retardando empreendimentos e vantagens que beneficiariam não somente a nós outros, mas igualmente à comunidade a que nos vinculamos.

Conquanto a nossa confiança no bem e todo o nosso esforço em efetuá-lo, isso no mundo acontece.

E acontece porque somos espíritos em evolução, carentes de progresso e burilamento, a quem o erro, por mais lastimável, serve de ensino.

Aprendamos como se afasta a desarmonia, como na terra já se evita a varíola e a meningite.

No caso das energias contrárias, temos no silêncio a vacina ideal.

Se nos capacitarmos de que ausência de informações é ausência de pistas, com facilidade nos confiaremos à tarefa exclusiva de acender o sinal verde da permissão unicamente para o melhor.

Na atualidade terrestre, fala-se em tomadas para recursos diversos. Tomadas de luz e de energia: de apoio combustível.

Justo reconhecer que a tomada de sombra espiritual igualmente existe: espécie de fio para ligação com o desequilíbrio.

Qualquer pequenina quota de força mental desorientada pode suscitar a queda de toda uma avalanche de provas evitáveis.

Essa tomada de sombra espiritual se revela claramente numa frase de queixa, num apontamento leviano, numa brincadeira de mau gosto, no boato infeliz, na referência maliciosa ou em qualquer conceito chave que nos induza para descaridade e perturbação.

Recorramos ainda aos símbolos do trânsito.

Vigiemo-nos de espírito centralizado no bem de todos.

Se somos mentalmente visitados por idéias de crueldade e discórdia, lamentação ou desânimo, acendamos o sinal vermelho do “não prossigas” no espaço que medeia entre o cérebro e os lábios ou entre o pensamento e as mãos impedindo a palavra falada ou escrita, inconveniente e destrutiva.

Unicamente, assim, o fio de nossa atenção persistirá ligado ao amor que desarma os adversários e nos faz livres, permanentemente livres das forças negativas, consideradas por influências do mal."

 

("Algo Mais", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"QUANDO?"

"O que fazes com o teu tempo disponível?
       Quantos minutos ociosos te sobram, a cada dia?
       Não os preenchas com inutilidades.
       Nem simules ocupações estéreis, adiando o que, há muito, te espera o concurso das mãos.
       Liberta-te da teia do comodismo que te enreda o espírito.
       Não refaças o que já fizeste um sem-número de vezes, fugindo de fazer o que te espera o inusitado esforço no bem que nunca fizeste.
       Há quanto vens adiando a leitura da obra que adquiriste?
       Que desculpa articularás hoje para não visitares o amigo acamado?
       Com que te envolverás para, mais uma vez, afastar da cabeça a ideia de promover a doação do que te é supérfluo?   
       Quando te decidirás a atravessar a rua e conhecer a instituição assistencial que se segue defronte à tua casa?
       Quando responderás aquela carta de um familiar que solicita notícias tuas?
       Já te olhaste no espelho e viste quanto o tempo tem passado por ti?"
(“Dias melhores”, Irmão José/ Carlos A. Baccelli)


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

"ESTUDO ÍNTIMO"

“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar justos, mas os pecadores, ao arrependimento”. – Jesus.
(Mateus, 9:13)

“Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade ao pobre como ao rico; aos retos para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir”.
(ESE, Cap. 25.12)

"Na construção espiritual a que fomos trazidos pela bondade do Cristo, surgem momentos ásperos, nos quais temos a impressão de trazer fogo e fel nos escaninhos da alma.
Não mais entraves decorrentes de calúnia e perseguição, mas sim desgosto e inconformidade a se levantarem de nós contra nós.
Insatisfação, arrependimento tardio, auto-piedade...
Em muitas ocasiões, desertamos do bem, quando se fazia imprescindível demonstrá-lo.
Falhamos ou distraímo-nos, no momento preciso de vigiar ou vencer.
E sentimo-nos deprimidos, arrasados...
Mesmo assim, urge não perder tempo com lamentações improfícuas.
Claro que não nos compete descambar na irresponsabilidade.
Mera obrigação analisar os nossos atos, examinar a consciência, meditar, discernir...
Entretanto, é forçoso cultivar desassombro e serenidade constantes para retificar-nos sempre, adestrando infatigável paciência até mesmo para conosco, nas provações que nos corrijam ou humilhem, agradecendo-as por lições.
Muitas vezes, perguntamo-nos porque teremos sido convocados à obra do Evangelho se, por enquanto, somos portadores de numerosas fraquezas e moléstias morais, contudo, vale considerar que assim sucede justamente por isso, porquanto Jesus declarou francamente não ter vindo à Terra para reabilitar os sãos.
Críticos do inundo indagarão, igualmente, que diferença fazem para nós as teorias de cura espiritual e as diligências pela sublimação íntima, se estamos estropiados da alma, tanto agora quanto ontem.
Podemos, no entanto, responder, esperançosos e otimistas, que há muita diferença, de vez que, no passado, éramos doentes insensatos, agravando, inconscientemente, os nossos males, enquanto hoje conhecemos as nossas enfermidades, tratando-as com atenção e empenhando-nos, incessantemente, em fugir delas."

("Livro da Esperança", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)


terça-feira, 27 de outubro de 2015

"RENASCIMENTOS LIBERTADORES"

"As anêmonas em flor padeciam a constrição do calor e murchavam, deixando manchas coloridas sobre o verde desbotado das ramagens ressequidas. 
O dia amanhecera morno e a tórrida Judéia de solo calcionado, como o coração dos seus habitantes, prenunciava calor sufocante. 
Eles haviam chegado da Galiléia, em marcha tranqüila, passando pela povoações e casarios esquecidos dos administradores, nos quais paravam para adquirir alimentos e conversar com os aldeões. 
Para aquelas gentes simples e sofridas das regiões remotas das cidades grandiosas, o contato com Jesus significava uma primavera formosa explodindo luz e harmonia na acústica das suas almas. Ademais, por onde Ele passava, mesmo que não se fizessem necessárias as curas ostensivas, ou que não ocorressem de forma pujante, permaneciam suaves aragens de paz e todos se sentiam reconfortados, tocados no recessos do ser. 
Quem era Aquele homem que sensibilizava as multidões atraindo crianças ingênuas ao regaço, anciãos ao acolhimento, enfermos à misericórdia, loucos e obsessos à paz e as próprias condições difíceis da Natureza a uma alteração perceptível para melhor? - Interrogavam-se todos quantos lhe sentiam a aura irradiante de amor. 
Inevitavelmente permaneciam atraídos e mesmo quando não O podiam seguir, em razão das circunstâncias do momento, jamais O esqueciam, aguardando que Ele voltasse entre hinos de júbilo interno e esperanças renovadoras. 
A Sua palavra cálida adquiria musicalidade especial de acordo com as ocasiões e ocorrências, tendo modulações próprias para cada momento, penetrando na acústica da alma de forma inesquecível. 
É muito difícil conceber-se, na atualidade tumultuada da sociedade, o significado da presença de Jesus e o convívio com Ele, em razão dos novos padrões comportamentais e dos interesses em jogo de paixões agressivas e asselvajadas. Entretanto, numa pausa para reflexão, numa silenciosa busca interior, num tranqüilo de espera, pode-se ter uma idéia do grandioso significado da convivência pessoal com Ele. 
Isto porque, as motivações sociais e econômicas do momento terrestre são muito tormentosas e as conquistas parecem sem sentido após conseguidas, não preenchendo os vazios do coração, que prosseguem inquieto, aguardando. 
Aqueles eram diferentes, sim. Não obstante, as criaturas eram muito semelhantes às atuais, em razão das suas necessidades espirituais que se apresentavam como angústias para imediato atendimento, face ao desconhecimento das Leis soberanas da vida, que estavam restritas aos impositivos da intolerância e às descabidas exigências políticas. 
 O ser humano sentia-se relativamente feliz quando podia desfrutar dos jogos da ilusória ribalta dos prestígios econômicos, sociais e políticos, cujas vantagens sempre deixavam um gosto azinhavrado de decomposição. 
Sem uma visão profunda do significado da existência, sem uma psicologia pessoal mais lúcida, após as mentirosas vitórias sentia-se frustrado, atirando-se nos fossos da promiscuidade moral ou nas rampas da perversidade guerreira, quando esmagava outros e consumia nas chamas da crueldade seus bens, seus animais, seus descendentes, que eram reduzidos à ínfima condição de escravos. 
A esperança de um libertador pairava em todas as pessoas de Israel, que desejava, por outro lado, tornar-se uma Nação escravizadora, em revanche contra todos aqueles outros povos que a afligiram. Não era um anseio justo e nobre para a conquista da liberdade, mas uma ambição de vingança.
Surge Jesus e os olhos ansiosos das massas voltam-se para Ele com variados anelos que se diversificam desde as necessidades orgânicas, às ambições guerreiras, às alucinadas questões de supremacia de raça e de religião, esses pensamentos permanentes adversários do processo de evolução do espírito humano. 
A Sua, no entretanto, era outra missão: libertar o indivíduo de si mesmo, da inferioridade que lhe predomina no caráter e nos sentimentos. É natural, portanto, que não fosse compreendido, sequer por aqueles que estavam ao Seu lado, já que os interesses em pauta eram tão divergentes. 
A harmonia das Suas lições iam cantando uma sinfonia de esperança nos corações e a música do seu conteúdo lentamente fixava-se na memória dos companheiros de ministério, que ainda não haviam dado conta da magnitude do empreendimento. As revelações faziamse lentamente, e como suave calor amadurece os frutos, assim Ele necessitava preparar os seres para o entendimento.
 Desse modo, após o formidando fenômeno da multiplicação dos pães e dos peixes, e após orar, interrogou os amigos que estavam a Seu lado, sem a presença de estranhos no convívio íntimo:
 - Quem dizem as multidões que sou? 
Tomados de surpresa com o inesperado da interrogação, Ele, que jamais indagava, por conhecer a profundeza dos sentimentos humanos e a época em que estava, responderamlhe, quase em uníssono, vários deles:
 - João Batista - ; outros, - Elias - ; outros, - um dos antigos profetas ressuscitados. Houve um silêncio quebrado levemente pela harmonias ambientais. Após alguns instantes, Ele indagou sem rebuços:
 - E vós, quem dizeis que eu sou?  
A pergunta pairava no ar, quando Simão Pedro, tomando de súbita inspiração respondeu, emocionado: 
- O Messias de Deus.
 Cantavam no ar morno da manhã as vibrações da imortalidade, e diáfana caravana de Espíritos iluminados acompanhava esse momento que ficaria imorredouro na orquestração da Boa Nova. 
Ainda não passara a estupefação, quando Ele com o semblante iluminado, proibiu-os de falar sobre o tema, adindo: 
- O Filho do Homem tem que sofrer muito, ser rejeitado pelos anciões, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem que ser morto, e ao terceiro dia ressuscitar... 
Estavam lançados os pilotis do reino de Deus, que o futuro deveria construir. Obra de tal magnitude, num mundo de perversões e conflitos de valores que exigia o sacrifício da própria vida daquele que a iniciasse. O anúncio da paixão e morte, no entanto, fazia-se precedido pela glória da ressurreição, pelo triunfo do Dia sobre a noite, pela fulguração da imortalidade sobre a transitoriedade física. Ademais, a revelação do processo evolutivo era apresentada da maneira sutil com base na crença dos hebreus, o golgue, a reencarnação do Espírito em novas roupagens terrestres. 
Era crença secreta entre os sacerdotes, aquelas que se fundamenta no processo de elevação espiritual através das existências sucessivas, como herança natural da longa vivência no Egito com seus sacerdotes e intérpretes mediúnicos do Mais Além. Vedada ao homem comum, transpirava em forma de aceitação natural a respeito da volta ao corpo físico - reencarnação - e também mediante o aparecimento após a morte - ressurreição. 
Jesus divulgava ambas realidades, ensinando que Ele ressurgiria dos mortos nas roupagens espirituais, condensadas em admiráveis fenômeno de materialização, o que atestava ao assentir ser João, o Batista, que morrera fazia pouco, no caso, reencarnados. 
A sua encarnação trazia como razão precípua e única ensinar o caminho da autolibertação, que o amor iluminado pelo conhecimento proporciona, encorajando os indivíduos ao esforço inadiável pela autoconquista. 
Espírito de escol, mergulhara nas sombras humanas como Estrela de primeira grandeza que vencia a distância imensa do lugar onde irradiava luz e segurança, para que todos se resolvessem por acompanhá-lo ao preço do sacrifício e da doação total. 
Por isso, repetia, agora aos discípulos, o que anteriormente declarara a Nicodemos, em silêncio e discrição: que era necessário nascer de novo. 
A doutrina dos renascimentos era apresentada como o caminho para a Verdade e a Via, que Ele próprio se fez.  
O dia avançava e, substituindo o perfume das flores que emurcheciam, o ar parado aumentando de temperatura impunha a necessidade de avançarem, margeando os caminhos ásperos nos quais algumas árvores frondosas, sicômoros, figueiras, tamareiras exuberantes ofereciam abrigo ao Sol inclemente. 
O processo da reencarnação é o único que se coaduna com a justiça de Deus, oferecendo a todos as mesmas oportunidades de evolução, mediante as quais, enriquece os Espíritos com as conquistas nobres do pensamento e da emoção, depurando-se dos atavismos infelizes que neles predominam como decorrência das experiências primitivas. 
Graças a essa lei de causa e efeito, cada um é responsável pelas ocorrências do seu deambular, tendo a liberdade de agir e a responsabilidade pelas conseqüências da sua escolha. 
O Filho do Homem, porém, iria sofrer sem nenhuma necessidade ou impositivo de evolução, exclusivamente para dar testemunho de que a dor não tem caráter punitivo, mas também funciona nos culpados, culpado que Ele não era, como recurso de autopurificação. 
A Sua, era, portanto, uma dadivosa lição do amor e de encorajamento para todos quantos atravessariam os portais da existência planetária tentando a conquista do infinito."
("Até o fim dos tempos", Amélia Rodrigues/Divaldo Franco)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"ATO DE CONFIANÇA"


"Em casa,
Deus te mantenha.
No trabalho,
Deus te inspire.
No trânsito,
Deus te guie.
Nas tentações,
Deus te guarde.
Nas provas da vida,
Deus te dê forças.
Em tudo o que faças,
Deus te abençoe."

(“Neste Instante”, Emmanuel/Francisco
Cândido Xavier)

domingo, 25 de outubro de 2015

"BASES"


       "Todas as preciosidades terrestres apresentam-se em base justa.

      A casa mantém o próprio equilíbrio sobre os alicerces.

      A escola se garante sobre a experiência dos professores.

     O carro para movimentar-se apoia-se no combustível.

      A flor se escora na planta que a produz.

     O mel procede a colmeia.

      A fonte surge do nascedouro.

      Assim também se expressam os sentimentos humanos.
      É imperioso reconhecer que a paciência se baseia na humildade."


(“Luz e Vida”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 24 de outubro de 2015

"NA HORA DO SONO"

"O repouso mediante o sono é indispensável ao equilíbrio psicofísico dos seres, especialmente do homem.
O sono representa um grande tributo à saúde, à harmonia emocional, à lucidez mental, à ação nos diversos cometimentos da existência humana.
Enquanto se processa o entorpecer de determinadas células corticais, responsáveis pelo sono, liberam-se os clichês do inconsciente, que se transforma em catarse valiosa para a manutenção da paisagem mental equilibrada.
Sobrecarregado pelas emoções refreadas, pelas reminiscências dolorosas, pelas frustrações, pressões, ansiedades, que se transformam em conflitos e complexos variados, o inconsciente se desvela nos estados oníricos, que dão origem aos sonhos, de valor inegável aos psicanalistas para o estudo do comportamento e da personalidade.
O sono natural é de relevante significação para a vida e sua preservação durante a existência corporal, na qual o espírito processa a sua evolução.
Com alguma justeza, alguns estudiosos do psiquismo afirmam que “dormir é uma forma de morrer”.
Parecem-se, sem dúvida, os dois fenômenos biológicos, porquanto, no sono, o espírito se desprende parcialmente do corpo, enquanto que, na ocorrência da morte, dá-se o desligamento total dos liames espirituais.
Assim, conforme se durma, ou se morra, isto é, de acordo com as ideias acalentadas e aceitas, manifestam-se as consequências idênticas.
No caso do sono, o espírito ressuma as emoções que lhe são agradáveis, acontecidas ou não, o mesmo sucedendo na morte, o que, por sintonia, propicia vinculação com outras mentes, com outros espíritos, semelhantes.
Sonhos ou pesadelos, desdobramentos de pequeno, médio ou longo porte, são resultados do estado emocional do indivíduo.
                                                     ●●●
Quando busques o repouso, cuida do panorama emocional através da meditação e renova a mente recorrendo à oração.
Repassa as atividades do dia e propõe-te à reabilitação nos incidentes que consideres infelizes, nos quais constates os teus erros.
Não conduzes ao leito de dormir pensamentos depressivos, angustiantes, coléricos, perturbadores...
Os momentos que precedem o sono devem ser de higiene mental, de preparação para atividades outras, que ocorrerão durante o processo de repouso físico e mental.
Outrossim, liberta-te das ideias perniciosas que são cultivadas com intensidade. O hábito de as fixares cria condicionamentos viciosos que atraem entidades semelhantes, que se te acercam e exploram-te as energias, exaurindo-te e dando início a lamentáveis processos de sutis obsessões, que se alongam, normalmente, durante o novo dia, repetindo-se, exaustivamente, até além da morte.
Planeja o bem, vitaliza-o com a mente, vive-o desde antes de dormires, e, tão pronto se dê o fenômeno biológico, amigos devotados do mundo espiritual te conduzirão às Regiões Felizes, a fim de mais te equipares para os tentames, onde ouvirás preciosos ensinamentos, vivendo momentos de arte, beleza e encorajamento, que se poderão refletir nos teus painéis mentais, como sonhos agradáveis, revigoradores, que te deixarão sensações de inefável bem estar.
Da mesma forma, quando arrastado aos recintos licenciosos que o pensamento acalenta, o contato com os seres infelizes se transformará em pesadelos inqualificáveis, desgaste e exaustão, que se manifestarão como irritabilidade, indisposição e enfermidades outras.
Os momentos precedentes ao sono são de vital importância para o período de repouso.
Assim, não te descures da educação da mente, da manutenção dos hábitos saudáveis e dos programas edificantes, a fim de que todas as tuas horas sejam proveitosas para teu crescimento interior e uma existência de paz."


(“Momentos de Harmonia”, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

"CANTIGA DA ESPERANÇA"

"Alma querida,
Por mais que o mundo te atormente
A fé simples e boa,
Por mais te lance gelo na alma crente,
Na sombra que atraiçoa,
Alma sincera,
Escuta!...
Sofre, tolera, aprende, aperfeiçoa,
Por que, de esfera a esfera,
Ninguém consegue a palma da vitória,
Se apoio na luta.

O verme espera o solo para aquecê-lo.

A fonte amiga que se desentranha
Do coração de pedra da montanha,
Enquanto serve, passa e se incorpora
Aos encargos do rio que a devora,
Espera descansar,
Quando chegue escondida
À paz da grande vida
Que há no seio do mar.

Seja o que for
Que venhas a sofrer,
Abraça o lema regenerador
Do perdão por dever.

Leva pacientemente o fardo que te leva,
Entre o rugir do vento e o praguejar da treva...
Abençoa em caminho
Os açoites da angústia em torvo redemoinho;
Onde não possas, coração,
Entretecer a alegria de louvar,
Cala-te em oração
E segue sem parar,
Amando, restaurando, redimindo...

Edificando, em suma,
Não te revoltes contra coisa alguma!...

Ao vir a tarde mansa,
Na doce quietação crepuscular,
Quando a graça do corpo tomba e finda,
Verás como foi alta, nobre e linda
A ventura de esperar.

E, enquanto a noite avança
Para dar-te as visões de uma alvorada nova,
Nas asas da esperança,
Bendirás a amargura, a dor e a prova,
Agradecendo à Terra a bênção de entendê-las.
Subirás, subirás
Para o ninho da luz nas estâncias da paz,
Que te aguarda, tecido em radiações de estrelas!...

Então, compreenderás
Que, além do Mais Além —
No Coração da Altura —,
Deus trabalha, Deus sonha, Deus procura,
Deus espera também!..."

(“Antologia da Espiritualidade”, Maria Dolores/ Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"LIBERDADE E PROVEITO"

"São muitos os companheiros que requisitam liberdade e mais liberdade.
Entretanto, a maioria se esquece de que a independência de alguém vale pela disciplina que esse alguém apresenta na execução dos deveres que a vida lhe preceitue.
A Natureza mostra isso em lições claras e simples.
O Sol é um gigante de força no Espaço Cósmico, no entanto, se não aceitasse os impositivos da gravitação, não sustentaria a sua imensa colmeia de mundos.
A cachoeira assemelha-se a uma explosão de energias desatadas, mas sem a represa que lhe condiciona o poder das águas, o homem não usufruiria muitos dos valiosos benefícios da Civilização.
Sem controle dos implementos que lhe são próprios, o avião não se levantaria.
Sem leis que presidam o relacionamento entre as criaturas, a ordem seria uma ilusão.
Reflitamos nisso e saibamos cumprir as obrigações que nos cabem.
A criatura se destaca pelo que saiba, mas vale pelo bem que se decida a fazer."

("Convivência", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"CRITÉRIO DE JULGAMENTO"

         "Há uma tendência muito grande para o indivíduo supervalorizar ou desconsiderar as tarefas que executa.
*
        Pelo processo de autoafirmação, um grande número de criaturas se crê a razão pela qual o Sol se movimenta nos espaços, superestimando-se, em prosaico processo de engrandecimento pessoal.
        Não se dão conta de que todos possuem critérios de avaliação e de julgamento, derrapando-se no ridículo que poderiam evitar.
        Tornam-se, assim, desagradáveis no trato e na convivência, evitados por uns e antipatizados por outros.
*
        Da mesma forma, encontramos larga faixa de pessoas que se subestimam e não concedem o valor que merecem  às suas realizações.
        Creem-se incapazes para qualquer atividade e supõem-se dispensáveis em toda parte.
        Pessimistas, por índole, fazem-se desestimulantes e arredios, caindo em frustrações desnecessárias.
*
        Dá o valor real aos teus atos.
        Se poderias fazer melhor o que te parece imperfeito, logra-o da próxima vez.
        Se consideras insignificante o teu feito, menor seria sem ele.
        Se outros realizam com mais eficiência qualquer coisa, exercita-te e chegarás à mesma posição dele.
        Todas as ações positivas são importantes no contexto social da vida.
        Até mesmo o erro tem o sentido de ensinar como se não deve fazer o que ora resulta prejudicial.
        Esforça-te um pouco mais, quando estiveres produzindo algo, e mediante o teu critério de julgamento, valoriza sem excesso nem depreciamento o que faças, pensando na finalidade para que se destina."

(“Episódios Diários”, Joanna de Ângelis/ Divaldo Pereira Franco)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

"O TEMPO É SEU GRANDE ALIADO"

"É da essência do tempo a marcha para a perfeição.
A árvore renova os frutos.
A terra torna a produzir.
A saúde volta ao corpo.
A flor desabrocha no galho.

A vida marcha impertubável e vitoriosa.
Acredite que tudo se transforma a seu benefício.
Não despreze o valor do tempo nem
se detenha em coisas fúteis.

Espere com confiança.
Aperfeiçoe-se, também.
Na renovação de cada dia,  você cresce na
direção de Deus."


("Sementes de Felicidade", Lourival Lopes)


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"A ORAÇÃO EM FAMÍLIA"

"Luz inapagável passa a brilhar sobre o lar, onde perduram as vibrações da prece.

Ondas permanentes de harmonia envolvem o ambiente familiar que instala o hábito salutar da oração.

Saúde espiritual inarredável costuma penetrar as almas que, no reduto doméstico, se aliam aos benefícios da prece.
***
É lamentável o olvido a que é relegada a oração, em grande número de lares pela Terra inteira.

Mesmo em grupos familiais que envergam a rotulagem cristã, falta o aconchego maior com as Fontes Fecundas de paz em que se converte a oração.

Mais do que pode supor a pessoa que ora, a alma que se liga às faixas luminosas do diálogo com Deus absorve desse estuário bendito do Mundo Invisível as mais profundas messes de recursos aptos a sustentá-la, nas lides em que se movimenta no planeta.

Esse salutar costume de abrir-se para dizer ao Senhor o que se sente, mesmo sabendo que o Senhor sabe de todas as coisas, converte-se em exercício maduro de autoconhecimento gradual, em exercício de humildade, que eleva e bendiz a criatura.

No campo doméstico, pois, ensine a seus filhos, desde pequeninos, tão logo consigam acompanhar os pais, a entoar as palavras da prece, que, com o tempo irão compreendendo, adicionando seus próprios sentimentos, valendo-se, ao mesmo tempo, dessa norma feliz, como fuga das tormentas em si ou em torno de si, ou como bálsamo medicamentoso em face dos padecimentos físicos e morais que, acaso, lhes esbarre a caminhada terrestre.

Ensine-lhes a não fazer da prece um conjunto de palavras inócuas, das quais a sincera compenetração não faça parte.

Mostra-lhes que, por ser valiosa, a prece deve ser entoada ou emitida, em regime de função íntima, fazendo silêncio no aposento do coração, para que aprenda a ouvir as respostas das Alturas, que podem ser imediatas ou encontrar-nos pelos caminhos.
***
Afervore-se à oração em seu lar, seja na estação feliz das alegrias domésticas, seja nos momentos ou nas quadras de testemunhos difíceis.

Evite demonstrar aos seus familiares qualquer ansiedade, injustificável para quem ora.

Entregue-se, incondicionalmente, ao Pai Criador, realizando a parte que lhe cabe, nos cenários de sua vida, certo de que aquilo que, pedindo na oração, não obtiver, é que você não está no momento ideal de perceber as bênçãos que busca.
***
Ensine aos seus que a prece não é um instrumento para barganhar com a Divindade, num regime de trocas infantil. A prece é uma forma de comunicação. Quanto mais honesta, mais alta. Quanto mais alta, melhores os seus resultados.

Independentemente de sua oração diária e íntima, aproveite o encontro de sua família, uma vez que seja por semana, em qualquer dia, em qualquer horário que possam estabelecer para a prece em conjunto.

Diante da mesa posta do Evangelho de Jesus, recolherão você e os seus os mais sublimes e valiosos recursos da Divindade, para que consigam dar conta dos múltiplos compromissos da presente reencarnação, sem perda de tempo.

Orar é nobre condicionamento, harmonizando-nos com o Infinito.

Orar em família é ver derramar-se sobre ela o cálice aurífico dos Céus, acondicionando-nos nesse imenso bojo de ventura que o Cristo traz ao nos visitar.

Ensine aos seus entes queridos a se utilizarem das formidáveis bênçãos que movimentamos para o equilíbrio e para a presença da luz em nosso cenário doméstico."

("Vereda Familiar", Thereza de Brito/Raul Teixeira)
 


domingo, 18 de outubro de 2015

"AMOR E FÉ"

"Quando te vejas, coração amigo, 
Sob o clima violento 
Das crises de tristeza e sofrimento 
Não te deixes vencer... 

Nos momentos de sombra ou de perigo 
Mantém-te na esperança em que te elevas, 
Cada noite, conquanto envolta em trevas, 
É o prelúdio de novo amanhecer. 

Procura meditar e ver mais longe 
O apoio natural em que te escudas 
É tecido no amor de forças mudas, 
Desde os astros ao chão... 

A Terra não discute, o Sol não fala 
Nada te pede à vida a floresta opulenta 
E a riqueza do ar que te alimenta 
Dá-se, de todo, sem reclamação. 

A flor que te perfuma é silêncio e beleza; 
A fonte não opina, apenas canta; 
Não tem forma verbal a força agreste e santa 
Que assimilas do mar; 

As bênçãos que te cercam, dia-a-dia, 
Proteção, segurança, alegria e defesa 
Nascem da Natureza, 
Fonte viva de Amor que não cessa de amar. 

Trabalha, regozija-te e perdoa, 
Ampara sem cobrança e auxilia a qualquer, 
"Não saiba a mão esquerda o que a direita der,"
 Esta é a lição de Cristo, ante crentes e ateus. 

Não temas caminhar, serve e prossegue... 
Resguarda-te na fé alta e sublime, 
Segue fazendo o bem, nada te desanime, 
Porque trazes contigo a Presença de Deus."

 (Maria Dolores, na obra "Tesouro de Alegria", Espíritos Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

sábado, 17 de outubro de 2015

"ROGATIVA DO SERVO"

"Senhor! 

Dá-nos a força, mas não nos deixes humilhar os mais fracos. 

Dá-nos a luz da inteligência, no entanto, ensina-nos a auxiliar aos irmãos que jazem nas sombras. 

Dá-nos a calma, contudo, não nos consistas viver na condição das águas paradas. 

Dá-nos a paciência, entretanto, não nos relegues à inércia. 

Dá-nos a fé, mas não nos permitas o cultivo da intolerância. 

Dá-nos a coragem, no entanto, livra-nos da imprudência. 

Concede-nos, por fim, o conhecimento da harmonia e da perfeição que devemos buscar; não nos deixes, porém, na posição da Vênus de Milo, sempre maravilhosamente bela, diante do Mundo, mas sem braços para servir a ninguém."

(André Luiz, na obra “Tempo de Luz”, Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"EM TI"

"Porque te acontecem coisas desagradáveis e nem tudo corre conforme gostarias que sucedesse, não te creias fora do auxílio de Deus.
       Ninguém que siga ao desamparo divino.
       O que ocorre de prejudicial, neste momento, bendirás depois.
       O insucesso de agora se transformará em bênção mais tarde, se souberes esperar superando este momento.
       Deu está em toda parte e, obviamente, em ti e contigo também.
       Procura encontrá-Lo, não somente nas ocorrências ditosas, senão em todos os fatos e lugares.
       O desafio da evolução é proposta de vida a ser conquistada por cada um em particular, e por todos em geral.
*
       Intenta retirar o melhor proveito do aparente insucesso, que se converterá em lição preciosa em teu favor, quando de outros cometimentos.
       O homem é templo de Deus, qual ocorre com a Natureza.
       Reserva-te a satisfação de ser cada dia melhor do que no anterior, de forma que Ele em ti habite e, sentindo-O, conscientemente, facultes que outros indivíduos também O encontrem.
       Assim, não te concedas ideias perniciosas, nem te proponhas frustrações ou amarguras dispensáveis, no teu programa de redenção."

(“Episódios Diários”, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

"IDEIA FIXA"

    "Combate a ideia fixa do mal na tua mente.
       Não ofereças sintonia às trevas.
       Escolhe o alimento espiritual de que te nutres.
       Fuja do que possa influenciar-te negativamente.
       A obsessão é uma indução, espécie de hipnose de outras mentes sobre a tua.
       Não convertas os teus pensamentos em pasto para os espíritos vampirizadores.
       A tua vida é o barco; o pensamento é o leme.
       A ideia infeliz que se demora contigo é sinal de desajuste interior.
       Ora e ocupa as tuas mãos na tarefa benfazeja.
       Ideia fixa que incomoda atrai doença, sofrimento e lágrimas."

(“Vigiai e Orai”, Irmão José/Carlos A. Baccelli)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"INEXORAVELMENTE"

"É da lei o axioma que “cada um evolui com o esforço próprio” e que “a colheita é a resposta da sementeira.”
        Fadado à perfeição, o Espírito adquire sabedoria mediante as experiências que vive, conquistando palmo a palmo, os espaços da evolução.
        Quando erra, repete o tentame até acertá-lo.
        Quando prejudica, volve a reparar, auxiliando a quem afligiu.
        Desse modo, o trabalho é pessoal e intransferível.
        Embora receba ajuda, orientação e estímulo, a ação é de cada um.
        Semeado sempre, porque a cada ação corresponde uma equivalente reação, seguirás adiante conforme te proponhas e te empenhes por executá-lo.
        Ocorrendo injunções afligentes que te levem à dor, conscientiza-se de que são necessárias para mais valiosas conquistas morais, e esparze bondade, embora as circunstâncias dolorosas.
        O que hoje te chega, foi arrojado ontem.
        Da mesma forma, o que ora aciones, reencontrarás mais tarde.
        Não desperdices este momento recorrendo a queixas e a lamentações que somente perturbam e geram mal-estar.
        Uma atitude otimista e uma realização fecunda fomentam resultados positivos que se transformam em conquistas libertadoras."


(“Episódios Diários”, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"NÃO RETARDES O BEM"

         "A dádiva tem força de lei, em todos os domínios da Criação.
       A flor dá naturalmente do seu perfume, e o animal, em sistema de compulsória, oferece cooperação ao homem, através do suor em que se consome. A criatura generosa dá concurso fraterno, pelos recursos da caridade, sem esperar petição alguma,  e o usurário desencarnado cede, constrangido pelos mecanismos da herança, todas as posses que acumulou.
       Isso ocorre porque, no fundo, todos os bens da vida pertencem a Deus, que no-los empresta visando ao nosso próprio enriquecimento.
-o-o-
       Desenvolve, quanto possível, a tua capacidade de auxiliar, porquanto, no tamanho de teu sentimento, podes ser o amparo material, ainda que ligeiro, no labor da beneficência; a palavra que esclarece e consola no combate da luz contra o assalto das trevas,; a presença amiga que insufla a esperança ou o braço acolhedor que sustenta o companheiro atormentado pela exaustão.
       Recorda, porém, que existe o momento perfeito de auxiliar, seja ele conhecido como sendo a ocasião da necessidade, a sugestão do trabalho, o propósito de ajudar ou o impulso da intuição.
       Aproveita o ensejo de ser útil, com a inteligência de quem sabe que é preciso plantar hoje para colher amanhã.
       Para isso, no entanto, é imperioso te desfaças de todas as exigências. Não temas farpas de censura, em torno de tua dádiva, e nem taxes a tua bondade com impostos de gratidão. O amor não cobra pedágio seja a quem for que passe por ele recebendo serviço.
       Ajuda com a alegria de quem se honra com a faculdade de acrescentar as alegrias de que Deus dotou o Universo; sobretudo, não permitas que a oportunidade de auxiliar se deteriore em tuas mãos. A dádiva retardada tem gosto de recusa, tanto quanto a refeição inaproveitada fere o equilíbrio do paladar.
       Auxilia quanto, como, onde e sempre que possas para o erguimento do bem comum. Não esperes que a desencarnação obrigue outros a distribuir aquilo que podes dar hoje, no amparo aos semelhantes, para a construção de tua própria felicidade, de vez que tudo aquilo que damos à vida, na pessoa do próximo, é justamente aquilo que a vida nos restitui."


(“Estude e Viva”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

"EM TODA A LINHA"

       "Por entre as aflições e inquietudes que definem os quadros da vida atual, inçada de inseguranças e incertezas, surge a Revelação Espírita como fanal grandioso e humilde a clarear os caminhos.
       Tu, meu amigo, tangido pela dor ou assediado pelo desencanto, nas garras do medo ou nas teias do tédio, vais haurir nas fontes dessa revelação os elementos de reconforto e esclarecimento, apoio e bênção, imprescindíveis à tua sustentação e equilíbrio.
       Usufruindo os benefícios de uma consolação estimulante, bendizes a Boa Nova como Mensagem do Cristo às tuas necessidades mais íntimas.
-o-
       Refazes-te de abalos morais; fortaleces-te em concepções mais seguras e amplas; jubilas-te com as curas alcançadas; nutres a tua mente com o pão da verdade simples e bela.
       Mas, meu amigo, preocupado com o que te convém, esqueces do que te cabe. Satisfazendo tuas necessidades imediatas, deténs-te nos benefícios recebidos com esquecimento das obrigações e deveres que te dizem respeito.
       Qual beneficiado ingrato, negas fidelidade à própria fonte que curou teus males e ao próprio luzeiro que iluminou com amora tua vida.
-o-
       Em suma, recebes com a mão espalmada da necessidade, recolhendo-a, com as bênçãos recebidas, ao bolso da inatividade e do egoísmo. Recebes e foges. Melhoras e te escondes, reformado e retraído. Por que não enfrentares os apupos ao Espiritismo, se o reconheces salvador?
       Por que fugires ao testemunho de fidelidade à Doutrina dos Espíritos, se ela está impressa em teu íntimo?
       Por que te negares à atividade cotidiana dos quadros da Doutrina Espírita, se és endividado dela?
       Por que te retraíres e esquivares, embaíres e acovardares, se queres a vitória dos princípios com que te identificaste?
       Não, meu amigo, não culpes os ambientes, não critiques os companheiros, não teças restrições a este ou aquele grupo de trabalho, não te furtes à demonstração da Verdade pela identificação do erro. Não te preocupes em localizares as falhas e sim em exemplificar os acertos.
       Não te justifiques com esta ou aquela desculpa. O imperativo é claro. Recebeste e deves transmitir. Não te isoles na condição do beneficiado egoísta, do crente desfibrado e do idealista inoperante.
       Não te envergonhes da doutrina que te foi refrigério, não lhe negues filiação; não te importem as perdas temporárias no mundo, pelas crenças nos ganhos do além.
-o-
       Se ela te deu nova vida, não te negues a vivê-la... E assim encontrarás, na crença e no trabalho, as alegrias dulcificantes que o Mestre Jesus reserva, pela Revelação Nova, aos servos fiéis em toda a linha.

(“Luz e Vida”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 11 de outubro de 2015

"JOÃO BATISTA"

"1. Naqueles dias pois veio João Batista pregando no deserto da Judéia.
2.  E dizendo: Fazei penitência; porque está próximo o reino dos céus.
3.  Porque este é de quem falou o Profeta Isaías, dizendo:
Voz do que clama no deserto; aparelhai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
4.  Ora o mesmo João tinha um vestido de peles de camelo e uma cinta de couro em roda de seus rins; e a sua comida era gafanhotos e mel
silvestre.
5.  Então vinha a ele Jerusalém e toda a Judéia e toda a terra da comarca do Jordão.
6.  E confessando os seus pecados, eram por ele batizados no Jordão.
7.  Mas vendo que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu
batismo, lhes disse: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
8.  Fazei pois dignos frutos de penitência.
9.  E não queirais dizer dentro de vós mesmos: Nós temos por pai a
Abrahão; porque eu vos digo que poderoso é Deus para fazer que nasçam destas pedras filhos a Abrahão.
10.  Porque já o machado está posto à raiz das árvores. Toda a árvore pois que não dá bom fruto será cortada e lançada no fogo.
11. Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer d penitência; porém o que há de vir depois de mim émais poderoso do que eu; e eu não sou digno de lhe ministrar o calçado; ele vos batizará no Espírito Santo: e no fogo.
12.  A sua pá na sua mão se acha; e ele a limpará muito bem a sua eira; e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará as palhas num fogo que jamais se apagará."


"A figura máscula de João Batista inicia a idade evangélica, na qual
estamos. Pregador rude, homem de um viver austerissimo, desprezou as
comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de se vestir com a pele de animais. Assim impressionou fortemente o povo, que acorria a ouvi-lO e a pedir-lhe conselhos. Poderoso médium inspirado, foi o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da humanidade.
A todos os que queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João
aconselhava que fizessem penitência.
Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus?
Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as
peregrinações aos lugares santos nem as construções de capelas; nem os jejuns nem os votos nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas.
A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado.
De que valem formalidades exteriores se o íntimo de cada qual permanece
o mesmo? As práticas exteriores podem enganar os homens, mas não
enganam a Deus, nosso Pai.
Qual o valor da confissão de erros a um homem, que, geralmente, erra
tanto quanto seus irmãos?
Permanecendo o erro de pé, pode haver justificativa diante de Deus,
nosso Pai?
A verdadeira confissão se faz quando se procura a pessoa a quem se
ofendeu e com ela se conserta o erro.
Roubaste teu irmão? Restitui-lhe o que lhe roubaste.
Defraudaste alguém? Entrega-lhe o que lhe pertence.
Cometeste adultério? Purifica-te por um viver honesto. Tens vícios?
Abandona-os.
És mau, vingativo, rancoroso? Torna-te bom, perdoas sê indulgente.
És rico? Ajuda o pobre.
És pobre? Não murmures contra tua situação.
És sábio? Instrui o ignorante.
És forte? Ampara o fraco.
És empregado Obedece diligentemente.
És patrão? Sê humano para com teus subalternos.
Sois pais? Encaminhai  vossos filhos pelas veredas do bem.
Sois esposos? Tratai-vos com carinho, amor e amizade,
fazendo do lar um santuário de virtudes, de abnegação e de devotamento.
Sois filhos? Respeitai vossos pais.
Estes são alguns dos dignos frutos de penitência que João ordenava que se fizessem.
Já o machado está posto à raiz das árvores é uma das mais belas,
sugestivas e vigorosas das figuras usadas por João, para demonstrar-nos o que sucederá depois de a Terra ter recebido o Evangelho.
O Evangelho é a lei eterna de Deus, reguladora dos atos de cada um de nós, não só no plano terreno, como em qualquer outro plano do Universo. O Pai promulgou uma só lei para seus filhos, não importa em que plano habitem.
O Evangelho é o Regulamento Moral que cumpre observar. Ora,
acontecerá que serão banidos da Terra os espíritos que não se conformarem com a lei evangélica. Os endurecidos no mal e nos vícios e sem vontade de se reformarem, desencarnarão. Depois de desencarnados não se reencarnarão mais na terra; emigrarão da terra para planos do Universo que estiverem de acordo com seus caracteres.
E Jesus terá limpa sua eira, isto é, a terra será habitada somente pelos espíritos evangelizados. E a palha, isto é, os espíritos que não aceitarem o Evangelho, em novos ambientes sofrerão as transformações que os levarão, futuramente, a caminho do Bem."
("O Evangelho dos Humildes", Eliseu Rigonatti)