"Imaginemos
que um gênio das Mil e uma Noites lhe
concedesse a satisfação de três desejos, amigo
leitor.
O que você
pediria?
Certamente
o conhecimento da Doutrina Espírita, luz abençoada de Deus em nosso caminho,
inspirar-lhe-ia nobre roteiro de realizações.
Mas o homem
comum, de visão limitada pela ignorância dos valores espirituais, coração
sintonizado com o imediatismo terrestre, certamente optaria por riqueza, saúde, fama, poder, prazer,
bem-estar...
Geralmente
as pessoas almejam uma existência sem sobressaltos, nem problemas, com tanta “sombra e água fresca”
quanto possível, pois, afinal “ninguém é de
ferro”...
No entanto, se
nos concedessem a mesma possibilidade de escolha nos tempos em que vagávamos
pelo Continente Espiritual, às vésperas da presente existência, certamente seria
diferente.
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Conversei, certa
feita, com um companheiro espírita, desses que chegam cheios de boas intenções e
logo se afastam, dispensando explicações.
— Então, meu
caro, por onde anda? Algum problema em nossa casa ou com você e a esposa? Ambos
sumiram sem aviso...
— Não, Richard,
não houve nada de grave. Estamos muito bem. Talvez seja esse o problema... Como
sabe, quando nos casamos, a vida era difícil. Eu ainda estudava. Ganhava o
sustento em emprego precário, ajudado pela esposa que vendia roupas. Logo vieram
dois filhos, o primeiro com problemas de saúde. Orçamento apertado, tudo
controlado. Nada de gastos supérfluos, passeis, festas ou
badalações...
— Lembro bem...
Economizavam até o passe de ônibus! Era uma boa caminhada até o
Centro...
— Isso mesmo!
Não obstante as dificuldades ou até por causa delas, encontrávamos tempo e
inspiração para o cultivo dos valores espirituais. Orávamos em família,
participávamos dos serviços assistenciais no fim de semana, comparecíamos às
reuniões doutrinárias. Nossa vida tinha um sentido, um ideal a ser
concretizado... Isso tudo nos dava muita força e abençoada
tranquilidade.
Suspirou fundo e
concluiu,
melancólico:
— Depois as
coisas melhoraram. Comecei a ganhar dinheiro num promissor empreendimento
comercial, meu filho superou os problemas de saúde, mudamos para um bairro de
classe abastada. Multiplicaram-se compromissos profissionais e sociais.
Atividade intensa, sem espaço para as orações em família, o culto, a atividade
espiritual... Prosperamos materialmente, mas, tanto eu quanto minha esposa
sentimos que algo precioso, de valor inestimável, ficou
perdido...
— Talvez um
sentido para a existência, um objetivo...
Meu amigo
suspirou:
— Exatamente!
Ficou um vazio... Lembro uma expressão popular que define o assunto: Éramos felizes e não
sabíamos!
Lamentavelmente,
não obstante o desabafo, meu amigo ainda
não encontrou tempo para retomar os ideais
negligenciados.
***
Quando o caminho
é fácil, esquecemos a bússola do discernimento.
Acabamos nos
desviando dos roteiros celestes que, bem sabemos, estão perfeitamente delineados
nas lições de Jesus, reverenciado por Kardec no comentário à questão número 625
de O Livro dos
Espíritos:
Para o homem,
Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na
Terra.
Deus no-lo
oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais
pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na
Terra, o espírito divino o animava.
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Mas estejamos
certos de que Jesus não se esquece de nós, permitindo que venham dores, lutas e
dificuldades em nosso caminho.
Abençoado
propósito inspira o Mestre Supremo:
Evitar que
esqueçamos o endereço de Deus."
(De “O destino em suas mãos”, de Richard
Simonetti)
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