segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"O ENDEREÇO DE DEUS"


  "Imaginemos que um gênio das Mil e uma Noites lhe concedesse a satisfação de três desejos, amigo leitor.
            O que você pediria?
          Certamente o conhecimento da Doutrina Espírita, luz abençoada de Deus em nosso caminho, inspirar-lhe-ia nobre roteiro de realizações.
            Mas o homem comum, de visão limitada pela ignorância dos valores espirituais, coração sintonizado com o imediatismo terrestre, certamente optaria por riqueza, saúde, fama, poder, prazer, bem-estar...
            Geralmente as pessoas almejam uma existência sem sobressaltos, nem  problemas, com tanta “sombra e água fresca” quanto possível, pois, afinal “ninguém é de ferro”...
            No entanto, se nos concedessem a mesma possibilidade de escolha nos tempos em que vagávamos pelo Continente Espiritual, às vésperas da presente existência, certamente seria diferente.
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            Conversei, certa feita, com um companheiro espírita, desses que chegam cheios de boas intenções e logo se afastam, dispensando explicações.
            — Então, meu caro, por onde anda? Algum problema em nossa casa ou com você e a esposa? Ambos sumiram sem aviso...
            — Não, Richard, não houve nada de grave. Estamos muito bem. Talvez seja esse o problema... Como sabe, quando nos casamos, a vida era difícil. Eu ainda estudava. Ganhava o sustento em emprego precário, ajudado pela esposa que vendia roupas. Logo vieram dois filhos, o primeiro com problemas de saúde. Orçamento apertado, tudo controlado. Nada de gastos supérfluos, passeis, festas ou badalações...
            — Lembro bem... Economizavam até o passe de ônibus! Era uma boa caminhada até o Centro...
            — Isso mesmo! Não obstante as dificuldades ou até por causa delas, encontrávamos tempo e inspiração para o cultivo dos valores espirituais. Orávamos em família, participávamos dos serviços assistenciais no fim de semana, comparecíamos às reuniões doutrinárias. Nossa vida tinha um sentido, um ideal a ser concretizado... Isso tudo nos dava muita força e abençoada tranquilidade.
            Suspirou fundo e concluiu,  melancólico:
            — Depois as coisas melhoraram. Comecei a ganhar dinheiro num promissor empreendimento comercial, meu filho superou os problemas de saúde, mudamos para um bairro de classe abastada. Multiplicaram-se compromissos profissionais e sociais. Atividade intensa, sem espaço para as orações em família, o culto, a atividade espiritual... Prosperamos materialmente, mas, tanto eu quanto minha esposa sentimos que algo precioso, de valor inestimável, ficou perdido...
            — Talvez um sentido para a existência, um objetivo...
            Meu amigo suspirou:
            — Exatamente! Ficou um vazio... Lembro uma expressão popular que define o assunto: Éramos felizes e não sabíamos!
            Lamentavelmente, não obstante o desabafo, meu amigo ainda não encontrou tempo para retomar os ideais negligenciados.
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            Quando o caminho é fácil, esquecemos a bússola do discernimento.
            Acabamos nos desviando dos roteiros celestes que, bem sabemos, estão perfeitamente delineados nas lições de Jesus, reverenciado por Kardec no comentário à questão número 625 de O Livro dos Espíritos:
            Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.
            Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o espírito divino o animava.
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            Mas estejamos certos de que Jesus não se esquece de nós, permitindo que venham dores, lutas e dificuldades em nosso caminho.
            Abençoado propósito inspira o Mestre Supremo:
          Evitar que esqueçamos o endereço de Deus."
(De “O destino em suas mãos”, de Richard Simonetti)

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