"Estudo necessário da paciência: observar cada um de nós à frente da própria
conduta nas relações humanas e no reduto doméstico.
*
Sabemos compreender habitualmente os
assaltos morais de inimigos gratuitos, obrigando-nos a refletir, quanto à melhor
forma de auxiliá-los para que se renovem construtivamente em seus pontos de
vista, e, em muitos casos, esbravejamos contra o desagrado de uma criança que a
doença incomoda.
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Aprendemos a suportar, com
serenidade e entendimento, prejuízos enormes da parte de amigos, nos quais
depositávamos confiança e carinho, buscando encontrar o modo mais seguro de
ajudá-los para o resgate preciso e, muitas vezes, condenamos asperamente
pequenas despesas naturais de entes queridos, credores insofismáveis de nosso
reconhecimento e ternura.
*
A tolerância para com superiores e
subalternos, colegas e associados, familiares e amigos íntimos é realmente o
recurso da vida em que se nos erige o metro do burilamento moral. Isso porque,
conquanto a beneficência se mostre sempre sublime e respeitável, em todas as
suas manifestações e atributos, é sempre muito mais fácil colaborar em campanhas
públicas em auxílio da Humanidade ou prestigiar pessoas com as quais não
estejamos ligados por vínculos de compromisso e obrigação, que tolerar com calma
e compreensão os contratempos mínimos e as diminutas humilhações no ambiente
individual.
Paciência, por isso mesmo, em sua
luminosa autenticidade há de ser aprendida, sentida, sofrida, exercitada e
consolidada junto daqueles que nos povoam as áreas do dia-a-dia, se quisermos
esculpi-la por realização imorredoura no mundo da própria alma.
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Proclamemos e ensinemos quanto nos
seja possível os méritos da paciência; no entanto, examinemos as próprias
reações da experiência íntima à frente de quantos nos compartilham a luta
cotidiana, na condição de sócios da parentela e do trabalho, do ideal e das
tarefas de cada dia, e perguntemos com sinceridade a nós próprios se estamos
usando de paciência para com eles e para com todos os outros companheiros da
Humanidade, assim como estamos sendo incessantemente tolerados e amparados pela
paciência de Deus."
(“Rumo Certo”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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