quinta-feira, 30 de junho de 2016

"PÁGINAS"

“Mas  a  sabedoria  que  vem  do  alto  é  primeiramente  pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e  de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” (Tiago, 3:17)  

"Toda página escrita tem alma e o crente necessita auscultar-­lhe a natureza. O exame sincero esclarecerá imediatamente a que esfera pertence, no círculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforços de edificação para a vida espiritual.

Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisar-­lhe-­á as linhas, para ajuizar da pureza do seu conteúdo, compreendendo que, se as suas expressões foram nascidas de fontes superiores, aí encontrará os sinais inequívocos da paz, da moderação, da afabilidade fraternal, da compreensão amorosa e dos bons frutos, enfim. 

Mas, se a página reflete os venenos sutis da parcialidade humana, semelhante mensagem do pensamento não procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ação dos Espíritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que não faça benefício em harmonia e construção fraternal é, apenas, reflexo  de condições inferiores. 

Examina, pois, as páginas de teu  contacto com o pensamento  alheio, diariamente, e faze companhia àquelas que te desejam elevação. Não precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te façam melhor."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

"PRECES INTELIGÍVEIS"

       "16 – Se eu pois não entender o que significam as palavras, serei um bárbaro para aquele a quem falo; e o que fala, sê-lo-á para mim do mesmo modo. Porque se eu orar numa língua estrangeira, verdade é que o meu espírito ora, mas o meu entendimento fica sem fruto. Mas se louvares com o espírito, o que ocupa o lugar do simples povo como dirá Amém sobre a tua benção, visto não entender ele o que tu dizes? Verdade é que tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. (Paulo, I Coríntios, XIV: 11 – 14,  16-17).
            17 – A prece só tem valor pelo pensamento que a informa. Ora, é impossível ligar um pensamento àquilo que não se compreende, pois o que não se compreende não pode tocar o coração. Para a grande maioria, as preces numa língua desconhecida não passam de mistura de palavras que nada dizem ao espírito. Para que a prece toque o coração, é necessário que cada palavra revele uma idéia, e se não a compreendermos, ela não pode revelar nenhuma. Podemos repeti-la como simples fórmula, cuja virtude estará apenas no menor ou maior número das repetições. Muitos oram por dever, alguns, mesmo, para seguir o costume; eis porque eles se julgam quites com o dever, depois de uma prece repetida por certo número de vezes e segundo determinada ordem. Mas Deus lê no íntimo dos corações; perscruta o nosso pensamento e a nossa sinceridade; e considerá-lo mais sensível à forma do que ao fundo seria rebaixá-lo. (Ver cap. XXVIII, nº 2)"

("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)

terça-feira, 28 de junho de 2016

"O DIREITO DE PROPRIEDADE"

"A Doutrina Espírita nos ensina que o direito de viver é “o primeiro de todos
os direitos do homem”, cabendo-lhe, subseqüentemente, também o de
“acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar.”
Se todos os homens fôssem previdentes e, ao invés de malgastar seus
rendimentos no vicio e no luxo, tratassem de formar um pecúlio com que
assegurar a tranquilidade de sua velhice, a Sociedade não teria que arcar,
como hoje acontece, com o pesado ônus da manutenção de tantas criaturas
que chegam ao fim de seus dias na maior indigência, precisadas de teto,
alimento, agasalho, remédio, etc.
O desejo de possuir, com o fim de resguardar-se das incertezas do futuro,
não justifica, entretanto, os meios que certos homens soem empregar para
conseguir bens de fortuna.
Propriedade legítima — di-lo o Espiritismo — só é aquela que foi
conseguida por meio do trabalho honesto, sem prejuízo de ninguém”.
Ora, se se pudesse investigar a origem de muitas fortunas acumuladas nas
mãos de determinadas famílias, verificar-se-ia, com horror, que são frutos de
roubos vergonhosos, traficâncias infames e crimes execráveis.
O tempo, porém, tudo santifica, de sorte que, após algumas gerações, tais
haveres se transformam em “sagrado e inviolável patrimônio”, defendido com
unhas e dentes pelos netos e bisnetos dos ladrões, traficantes e criminosos
que o erigiram.
Não raro, essas fortunas se transferem, por herança, a pessoas que
solicitaram, no plano espiritual, a oportunidade de voltar ao proscênio da Terra
para dar-lhes uma aplicação nobre, proporcionando assim uma reparação
àqueles que inicialmente as adquiriram mal, reparação essa que, se efetuada,
lhes suavizaria os remordimentos de consciência.
Quase sempre, todavia, não resistem ao fascínio das riquezas e, longe de
corresponderem ao que delas se esperava, deixam-se tomar pela cobiça,
tratando de aumentar, egoisticamente, aquilo que receberam.
Dai a afirmação do Mestre, de que “é mais fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (Mat., 19:24).
Neste mundo e no grau evolutivo em que nos encontramos, a aquisição e
a. defesa da propriedade individual devem e precisam ser consagradas, porque
a ambição é, e tão cedo não deixará de sê-lo, um dos mais fortes sentimentos
humanos, constituindo-se, mesmo, em mola propulsora do progresso.
Pretender-se que, a curto prazo, o homem renuncie aos interesses
pessoais em nome de um ideal igualitário, é desconhecer-lhe a natureza e
esperar o impossível.
Tanto assim que a União Soviética, onde essa prerrogativa democrática foi
proscrita, começa a admitir ser isso um erro, um entrave ao seu
desenvolvimento, dispondo-se a uma revisão do assunto, de modo a reinstituir
o direito de propriedade, por ser ele o mais poderoso estímulo à produtividade
do individuo.
O que de melhor se deve fazer não é confiscar os haveres de quem quer
que seja, mas aperfeiçoar nossas leis, criando condições para que aumente o
número de proprietários, mediante uma participação mais equitativa da riqueza.
À medida que se adianta espiritualmente, o homem passa a compreender
que, em última análise, ninguém é dono de nada, pois tudo pertence a Deus,
sendo, todos nós, meros usufrutuários dos bens terrenos, já que eles não poderão
seguir conosco, de forma alguma, além das fronteiras da morte. Por
conseguinte, se a Providência no-los confia, por determinado período, não é
para que os utilizemos em proveito exclusivamente familiar, mas para que
aprendamos a movimentá-los em benefício de todos, dando-lhes uma. função
social.
Filhos que somos do Pai Celestial e portanto co-herdeiros do Universo, dia
virá — se bem que assaz longínquo — quando, libertos, por merecimento, do
ciclo de reencarnações em mundos grosseiros como o nosso, haveremos de
tornar-nos puros espíritos, tendo por morada as suaves e maravilhosas esferas
siderais.
Será, então, com imensa autopiedade que nos recordaremos desta fase de
nossa evolução em que tão grande é o nosso apego a uns pedacinhos de chão
lamacento e tão desesperada a nossa luta por uns papeizinhos coloridos, estampados
na Casa da Moeda..."
("As Leis Morais", Rodolfo Calligaris)

segunda-feira, 27 de junho de 2016

"AMOR E SAÚDE"

"A excelência do amor é a base de segurança para uma existência feliz.

Somente através do amor consegue o Espírito a sua plenitude na vilegiatura carnal.

Desenvolver esse nobre sentimento é tarefa a que se deve dedicar até o sacrifício todo aquele que aspira pela autoconquista, pelo reino dos céus no coração e na mente.

Inicialmente, expressa-se como instinto de reprodução nas fases primárias do processo de evolução. A partir daí, ei-lo em forma de libido que o conhecimento moral irá transformando em fraternidade, embora permaneça nas suas raízes para o mister sublime da procriação.

Quando atinge o patamar da paixão superada e se alcandora de ternura, responde pelo bem-estar e harmonia que tomam conta do ser. Enquanto se mantém como força do prazer e de interesse imediatista, é responsável por males incontáveis que afetam a saúde e dão lugar a somatizações lamentáveis.

Necessário aprender-se a amar, para evitar que as paixões do desejo assumam o comando das emoções e o transformem em morbidez.

Em alguns casos em que a pessoa foi vítima de repressões e de outras contingências castradoras, apresenta-se possessivo, ou disfarça-se em ternura asfixiante que leva a resultados nefastos.

Quando experiência a solidão e encontra outrem que inspira desejo, o indivíduo não amadurecido psicologicamente idolatra-o, deixa-se arrebatar por qualidades que lhe são atribuídas, mas que, em verdade, não possui. Tenta fruir ao máximo do relacionamento direto ou não, enquanto experimenta emoções desencontradas de admiração e inveja, de domínio e de competição. Surgem, lentamente, o medo da perda, o receio de sofrer o abandono e começa a entrar em choque e a assumir comportamentos de exigências descabidas.

Podem ocorrer, nessa fase, os terríveis crimes passionais derivados do ciúme injustificável ou da cólera súbita por qualquer mínima contrariedade... Diante de ases e campeões de qualquer teor, a quem não pode dominar, a inveja da sua glória arma o ser imaturo de conflitos, que lhe demonstram, inconscientemente, que o outro é tão humano que, na condição de mortal, pode ser eliminado. E mata-o!

O combustível de manutenção do amor é o respeito pelo outro, o que proporciona bem-estar na relação, aumenta o prazer na convivência e alegria pelo seu progresso e conquistas.

Não aguarda retribuição, nem compete. Porque não se sente solitário, seus valores são oferecidos ao outro de maneira espontânea e confortadora. Com o hábito de superar os impositivos egoicos, nada exigindo, torna-se um centro de irradiação de emoções aprazíveis que a todos felicita. A vivência do amor é dificultada pelo ego ainda primitivo, que sempre espera fruir, beneficiar-se, utilizando-se dos demais, quando, tocado pela sublime chama, faz-se doador com a capacidade de ajudar e fazer felizes todos os que se lhe acercam.

A sua vibração harmônica faz-se tão benéfica e cativante que se doa em clima de paz.

O amor é a alma do universo.

Distúrbios de variada nomenclatura têm raízes na ausência do amor, nos seus antípodas, quais o ressentimento, o rancor, a indiferença, o ódio.

O amor estimula a produção de endorfinas, de leucinas, de imunoglobulinas e outras substâncias geradoras de saúde, enquanto as irradiações que se lhe opõem produzem reações semelhantes que perturbam o equilíbrio psicofísico e propiciam campo para a instalação de doenças, contágios de micróbios nefastos...

Grande número de transtornos neuróticos se origina no ressumar de pensamentos avaros e egoístas, que desenvolvem vibriões energéticos que desarmonizam a mitose celular e as neurocomunicações.

Nada que se equipare, na área das emoções, à contribuição vital do amor em qualquer forma com que se apresente: maternal, filial, paternal, familiar, religioso, social, humanitário, espiritual...

Encontram-se, não poucas vezes, apóstolos do amor excruciados por enfermidades dilaceradoras, por dores vigorosas, que poderiam negar a tese de que é produtor de saúde.

Sucede que, nesses casos, deve-se considerar que o missionário elege o sofrimento em resgate de antigas dívidas morais perante as leis soberanas ou têm por objetivo demonstrar que neles o sofrimento não é imposto, mas solicitado para ensinar, à humanidade devedora, resignação, desprendimento e coragem moral.

A bênção do amor transforma pigmeus em verdadeiros gigantes e são esses que se fazem estímulo e força para a edificação da sociedade feliz.

Quando se ama, alcança-se superior patamar do processo evolutivo e faculta-se a oportunidade de autoiluminação.

O amor é o embaixador vibratório de Deus para que a fé, a esperança e a caridade transformem as pessoas e o mundo, inaugurando na Terra o período de paz que todos anelam.

Ama e burila-te.

Vence os impulsos servis das paixões asselvajadas e das heranças primárias por intermédio da disciplina da mente, dos pensamentos sensuais que deves converter em idealismo e realização enobrecedora.

Renasceste para alcançar a superior conquista do amor sem jaça.

Não postergues o momento de alcançar essa honrosa meta.

Jesus viveu o amor de tal maneira e com tão significativa profundidade que o Seu exemplo tem estimulado legiões de missionários espirituais a vestirem a indumentária carnal para imitá-lO e ajudar os renitentes no egoísmo e nas dissipações vergonhosas.

Ama sem nenhuma exigência e torna-te fonte inexaurível de bondade, acendendo luzes na escuridão enquanto distribuis paz e misericórdia a toda aflição."
 
 

Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 23 de abril de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia
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domingo, 26 de junho de 2016

"LACORDAIRE E AS MESAS GIRANTES"

"Extrato de uma carta do abade Lacordaire à Sra. Swetchine, datada de Flavigny, 29 de junho de 1853, tirada de sua correspondência publicada em 1865.

"Vistes girar e ouvistes falar das mesas? - Desdenhei vê-las girar, como uma coisa muito simples, mas ouvi e fiz que elas falassem. Elas me disseram coisas muito admiráveis sobre o passado e sobre o presente. Por mais extraordinário que isto seja, é para um cristão que acredita nos Espíritos um fenômeno muito vulgar e muito pobre. Em todos os tempos houve modos mais ou menos bizarros para se comunicar com os Espíritos; apenas outrora se fazia mistério desses processos, como se fazia mistério da Química. A Justiça, por meio de execuções terríveis, enterrava essas estranhas práticas na sombra. Hoje, graças à liberdade dos cultos e à publicidade universal, o que era um segredo tornou-se uma fórmula popular. Talvez, também, por essa divulgação, Deus queira harmonizar o desenvolvimento das forças espirituais ao desenvolvimento das forças materiais, para que o homem não esqueça, em presença das maravilhas da mecânica, que há dois mundos inseridos um no outro: o mundo dos corpos e o mundo dos Espíritos.
É provável que esse desenvolvimento paralelo continue crescendo até o fim do mundo, o que trará um dia o reino do Anticristo, onde se verá, de um lado e do outro, para o bem e para o mal, o emprego de armas sobrenaturais e prodígios pavorosos. Disto não concluo que o Anticristo esteja próximo, porque as operações que testemunhamos nada têm, salvo a publicidade, de mais extraordinário do que o que se via outrora. Os pobres incrédulos devem estar bastante inquietos com sua razão, mas eles têm o recurso de acreditar em tudo para fugir da verdadeira fé, e não falharão. Ó profundeza dos desígnios de Deus!"
O abade Lacordaire escrevia isto em 1853, isto é, quase no começo das manifestações, numa época em que esses fenômenos eram muito mais um objeto de curiosidade do que assunto de meditações sérias. Embora nessa época eles não se tivessem constituído em ciência nem em corpo de doutrina, ele tinha entrevisto sua importância e, longe de considerá-los como uma coisa efêmera, previa o seu desenvolvimento no futuro. Sua opinião sobre a existência e a manifestação dos Espíritos é categórica. Ora, como ele é tido, geralmente, por todo mundo, como uma das altas inteligências deste século, parece difícil colocá-lo entre os loucos, depois de havê-lo aplaudido como homem de grande senso e de progresso. Pode-se, portanto, ter senso comum e crer nos Espíritos.
Diz ele que as mesas falantes são “um fenômeno muito vulgar e muito pobre”; bem pobre, com efeito, quanto à maneira de comunicar-se com os Espíritos, porque se não se tivessem tido outros, o Espiritismo quase não teria avançado; naquele tempo, mal se conheciam os médiuns escreventes e não se suspeitava o que iria sair desse meio aparentemente tão pueril. Quanto ao reino do Anticristo, Lacordaire parece não se amedrontar muito, porque não o vê chegar tão depressa. Para ele, essas manifestações são providenciais; elas devem perturbar e confundir os incrédulos; nelas ele admira a profundeza dos desígnios de Deus; elas não são, pois, obra do diabo, que deve estimular a renegar Deus e a não reconhecer o seu poder.
O trecho acima, da correspondência de Lacordaire, foi lido na Sociedade de Paris, na sessão de 18 de janeiro; nessa mesma sessão o Sr. Morin, um de seus médiuns escreventes habituais, adormeceu espontaneamente sob a ação magnética dos Espíritos; era a terceira vez que nele se produzia esse fenômeno, pois habitualmente só adormece pela magnetização ordinária. Em seu sono ele falou sobre vários assuntos e de diversos Espíritos presentes, cujo pensamento nos transmitiu. Entre outras coisas disse o seguinte:
“Um Espírito que todos conheceis, e que também reconheço; um Espírito de grande reputação terrena, elevado na escala intelectual dos mundos, está aqui. Espírita antes do Espiritismo, eu o vi ensinando a doutrina, não mais como encarnado, mas como Espírito. Vi-o pregando com a mesma eloquência, com o mesmo sentimento de convicção íntima que quando vivo, o que não teria ousado pregar abertamente do púlpito, mas aquilo a que conduziam os seus ensinamentos. Vi-o pregar a doutrina aos seus, à sua família, a todos os seus amigos. Vi-o desesperar-se, embora em estado espiritual, quando encontrava um cérebro refratário ou uma resistência obstinada às inspirações que ele insuflava, sempre vivo e impetuoso, querendo fazer penetrar a convicção nas inteligências, como se faz penetrar na rocha viva o buril impulsionado por vigorosa martelada. Mas este não entra tão depressa; contudo, sua eloquência converteu vários. Este Espírito é o do abade Lacordaire.
“Ele pede uma coisa, não por orgulho, por um interesse pessoal qualquer, mas no interesse de todos e para o bem da Doutrina: a inserção na Revista do que ele escreveu há treze anos. Se peço tal inserção, diz ele, é por dois motivos: o primeiro porque mostrareis ao mundo que, como dizeis, pode-se não ser tolo e crer nos Espíritos, e o segundo é que a publicação dessa primeira citação permitirá que se descubram em meus escritos outras passagens que serão consideradas como concordes com os princípios do Espiritismo”."

("Revista Espírita", Allan Kardec -  Fevereiro de 1867)

sábado, 25 de junho de 2016

"PADECER"

“Nada temas das coisas que hás de padecer.” — (APOCALIPSE, capítulo 2, versículo 10.) 

Uma das maiores preocupações do Cristo foi alijar os fantasmas do medo das estradas dos discípulos. 
A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendas da vida. Traduz confiança plena. 

Afinal, que significará “padecer”? 

O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. 

Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos. 

A fim de prestar a devida cooperação ao Evangelho, é justo nos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho do encontro com Jesus, compreendendo que o amigo leal é o que não procura contender e está sempre disposto à execução das boas tarefas. 

Participar do espírito de serviço evangélico é partilhar das decisões do Mestre, cumprindo os desígnios divinos do Pai que está nos Céus. Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. 

Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 24 de junho de 2016

"DESTRUIÇÃO E MISÉRIA"

“Em seus caminhos há destruição e miséria”. - Paulo. (Romanos 3:16).

"Quando o discípulo se distancia da confiança no Mestre e se esquiva à
ação nas linhas do exemplo que o seu divino apostolado nos legou,
preferindo a senda vasta de infidelidade à própria consciência, cava,
sem perceber, largos abismos de destruição e miséria por onde passa.
Se cristaliza a mente na ociosidade, elimina o bom ânimo no coração
dos trabalhadores que o cercam e estrangula as suas próprias
oportunidades de servir.
Se desce ao desfiladeiro da negação, destrói as esperanças tenras no
sentimento de quantos se abeiram da fé e tece vasta rede de
sombras para si mesmo.
Se transfere a alma para a residência escura do vício, 
sufoca as virtudes nascentes nos companheiros de jornada 
e adquire débitos pesados para o futuro.
Se asila o desespero, apaga o tênue clarão da confiança na alma do
próximo e chora inutilmente, sob a tormenta de lágrimas destrutivas.
Se busca refúgio na casa fria da tristeza, asfixia o otimismo naqueles que o acompanham e perde a riqueza do tempo, em lamentações improfícuas.
A determinação divina para o aprendiz do Evangelho é seguir adiante,
ajudando, compreendendo e servindo a todos.
Estacionar é imobilizar os outros e congelar-se.
Revoltar-se é chicotear os irmãos e ferir-se.
Fugir ao bem é desorientar os semelhantes e aniquilar-se.
Desventurados aqueles que não seguem o Mestre que encontraram,
porque conhecer Jesus –Cristo em espírito e viver longe dele será
espalhar a destruição, em torno de nossos passos, e conservar a
miséria dentro de nós mesmos."

("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 23 de junho de 2016

"CHEFIA E SUBALTERNIDADE"

"Não olvidar que o chefe é aquela pessoa que se responsabiliza 
pelo trabalho da equipe.
A melhor maneira de reverenciar a quem dirige, será sempre a execução fiel das próprias obrigações.
Quem administra efetivamente precisa da colaboração de quem obedece, mas se quem obedece necessita prestar atenção e respeito a quem administra, quem administra necessita exercer bondade e compreensão para que obedece, a fim de que a máquina do trabalho funcione com segurança.
Orientar e devotar-se.
Aquele que realmente ensina é aquele que mais estuda.
Um chefe não tem obrigação de revelar ao subordinado 
os problemas que lhe ocupam o cérebro, tanto quanto 
o subordinado não tem o dever de revelar ao chefe 
os problemas que porventura carregue no coração."

("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

"A QUEM OBEDECES?"

“E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna  salvação para todos os que lhe obedecem.” Paulo (Hebreus, 5:9)  

"Toda criatura obedece a alguém ou a alguma coisa. 

Ninguém permanece sem objetivo. 

A própria rebeldia está submetida às forças corretoras da vida. 

O homem obedece a toda hora. Entretanto, se ainda não pôde definir  a própria submissão por virtude construtiva, é que, não raro, atende, antes de tudo, aos impulsos baixos da natureza, resistindo ao serviço de auto-­elevação. 

Quase sempre transforma a obediência que o salva em escravidão  que o  condena. O Senhor estabeleceu as gradações do caminho, instituiu a lei do próprio  esforço, na aquisição dos supremos valores da vida, e determinou que o homem lhe aceitasse os desígnios para ser verdadeiramente livre, mas a criatura preferiu atender  à sua condição de inferioridade e organizou  o cativeiro. O discípulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a própria tarefa. 

A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, às vaidades humanas ou às opiniões alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino? 

É justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, é que podemos quebrar a escravidão do  mundo em favor da libertação eterna."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 21 de junho de 2016

"Sois livres para as decisões que vos dizem respeito..."






"A sociedade conseguiu estabelecer leis de respeito aos direitos humanos, de crenças, de raças, de minorias, de opções comportamentais, desde que não atentem contra a ética vigente, e, apesar disso, remanescem o fanatismo, o despeito e o ódio insensato, desejando embaraçar os passos daqueles que também têm direito de seguir Jesus conforme lhes apraz.
Sois livres para as decisões que vos dizem respeito, e todas elas, mesmo as infelizes, que periodicamente recebem culto de cidadania. No entanto, cumpre-nos advertir-vos que os vossos atos serão os juízes que se vos apresentarão no tribunal da consciência mesmo antes da desencarnação e particularmente depois dela. O que decidirdes, o que fizerdes, a vós próprios aplicareis.
Escamotear a verdade, de maneira alguma altera-lhe o conteúdo sublime. Ela sempre ressuma do lixo em que se pretende sepultá-la, dominando os horizontes das vidas.
Tende, portanto, muito tento! "     
("Entre os Dois Mundos", Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

"ESTAÇÕES NECESSÁRIAS"

“Arrependei-­vos,  pois,  e  convertei­-vos,  para  que sejam  apagados  os  vossos  pecados  e  venham  assim  os  tempos  do  refrigério pela presença do Senhor.” (Atos, 3:19)  

"Os crentes inquietos quase sempre admitem que o trabalho de redenção se processa em algumas providências convencionais e que apenas com certa atividade externa já se encontram de posse dos títulos mais elevados, junto aos Mensageiros Divinos.

A maioria dos católicos romanos pretende a isenção das dificuldades com as cerimônias exteriores; muitos protestantes acreditam na plena identificação com o  céu  tão ­só pela enunciação de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espiritistas se crê na intimidade de supremas revelações apenas pelo fato de haver  freqüentado algumas sessões. 

Tudo isto constitui preparação valiosa, mas não é tudo. 

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual homem algum penetrará o santuário da Verdade Divina. 

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial a que toda criatura se submeterá para a felicidade da união  com o Cristo. Há estações indispensáveis para a realização, porquanto ninguém atingirá de vez a eterna claridade da culminância. 

Antes de tudo, é imprescindível que o culpado se arrependa, reconhecendo  a extensão e o volume das próprias faltas e que se converta, a fim de alcançar  a época de refrigério pela presença do Senhor nele próprio. Aí chegado, habilitar­se-­á para a construção do Reino Divino em si mesmo. 

Se, realmente, já compreendes a missão do Evangelho, identificarás a estação em que te encontras e estarás informado quanto aos serviços que deves levar  a efeito para demandar a seguinte."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 19 de junho de 2016

"SIRVAMOS EM PAZ"

"Não estejais inquietos por coisa alguma..." - Paulo. Filipenses, 4:6.

           "Quase que em toda a parte encontramos pessoas agoniadas, sem motivo, ou exaustas, sem razão aparente. 
          Transitam nos consultórios médicos, recorrem a casas religiosas, suplicando prodígios, isolam-se na inutilidade, choram de tédio.
          Confessam desconhecer a causa dos males que as assoberbam; clamam, infundadamente, contra o meio em que vivem...
          É que, via de regra, ao invés de situarem a mente no caminho natural da evolução, atiram-na aos despenhadeiros da margem.
          Que a Terra hospeda multidões de companheiros endividados, tanto quanto nós mesmos, todos sabemos...
          A imprensa vulgar talha colunas e colunas dedicadas à tragédia, certas publicações cultivam o hábito de instilar a delinquência, conflitos explodem insuflando a rebeldia dessa ou daquela camada social, profetas do pessimismo adiantam escuras previsões...
          Isso tudo acontece, isso tudo é inevitável.
          Urge, no entanto, não dar, aos acontecimentos contrários à harmonia da vida, qualquer atenção, além da necessária.
          Basta empregar exageradamente a energia mental, num escândalo ou num crime, para entrar em relação com os agentes destrutivos que os provocaram.
          Ofereçamos ao repouso restaurativo ou à resistência ao mal mais tempo que o tempo indispensável e cairemos na preguiça ou na cólera que nos desgasta as forças.
          Se consumimos alimento deteriorado, rumamos para a doença; se repletamos o cérebro de preocupações descontroladas, inclinamo-nos, de imediato, ao desequilíbrio.
          Imunizando-nos contra semelhantes desajustes, exortou-nos o apóstolo Paulo: - "não estejais inquietos por coisa alguma", como a dizer-nos que compete a nós outros, os que elegemos Jesus por Mestre, a obrigação de andar no mundo, ainda conturbado e sofredor, sem gastar tempo e vida em questões supérfluas, prosseguindo, firmes, na estrada de entendimento e serviço que o Senhor nos traçou."
("Palavras de Vida Eterna",  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 18 de junho de 2016

"ESMOLA E CARIDADE" (Parte 2)

"Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade
de bens, como se a caridade se reduzisse a. dar de comer aos famintos, dar de
beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.
Além dessa caridade, de ordem material, outra existe — a moral, que não
implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser
praticada.
Exemplos? Eis alguns: Seríamos caridosos se, fazendo bom uso dê
nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de
quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir
aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.
Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos
intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto
desprezivo de quem se julgue superior a nós.
Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos
capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas
íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão
dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.
Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos
momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e
de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.
Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao
que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias
que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a
reputação alheia.
Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem,
não suspeitàssemoe mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender
qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.
Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o
aconselhássemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo-o de o
levar a efeito.
Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um
programa radiofônico ou de T. V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente
aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada
doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.
Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso
interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a
prepotência do forte e a usura do rico.
Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de
proceder sereno e otimista, procurássems criar em torno de nós uma atmosfera
de paz, tranqüilidade e bom humor.
Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de
aplauso e de estímulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário,
matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.
Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou
vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a
serem atendidos em primeiro lugar.
Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam
inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.
Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má
vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes
estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.
Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos
deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição,
sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos
tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na
paisagem social.
Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos
com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.
Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que
nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a
nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.
Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós
mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeiçôes
daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na
sociedade.
E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser
lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples
demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas
as virtudes.
Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se
nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.
Porquê?
É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo
interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.
Nós traímos, empregamos a violência, tratamos os outros com leviandade,
desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da
fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças,
fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas
nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios,
exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares,
desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os
preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos
sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do
amor ao próximo; via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a
nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.
Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!
Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidos
do espírito de renúncia para praticá-la...
Mister se faz, porém, que a. exercitemos, que aprendamos a dar ou
sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque «a
caridade é o cumprimento da Lei”.

("As Leis Morais", Rodolfo Calligaris)

sexta-feira, 17 de junho de 2016

"Filhos e filhas do coração..."

"Filhos e filhas do coração, guarde-nos na sua paz o Mestre incomparável.

Os ciclos da evolução sucedem-se invariavelmente obedecendo à planificação superior. Períodos de ascendência evolutiva caracterizados pelo conhecimento, períodos outros de maturidade para fixação dos postulados apreendidos. É inevitável que vivamos as crises existenciais decorrentes da situação moral em que se encontra o nosso planeta.

Reencarnastes-vos para contribuir com o momento da mudança de paradigmas do planeta de provas e de expiações para o mundo de regeneração. Assumistes o compromisso de divulgar Jesus Cristo conforme as lições insuperáveis do seu Evangelho.

A ciência e a tecnologia, a partir do século XVII, vêm realizando mister para o qual foram criadas pela Divindade esses paradigmas, mas o amor, experiência nova no mapa evolutivo das criaturas terrestres, não pode acompanhar esse desenvolvimento fascinante que, de um lado, proporciona comodidade, diminuição de aflições, facilidades no intercâmbio, aproximação dos sentimentos na construção do bem, mas sob outro aspecto, utilizados por mentes enfermas e corações aturdidos, têm sido os instrumentos da degradação das massas, da apropriação indébita das consciências, da vulgarização das propostas nobres do bem.

Alucinam-se aqueles que desejam controlar as inteligências humanas e proclamam o niilismo, assumindo a responsabilidade grave de diluir a fé nas almas já enfraquecidas, contribuindo para que se estabeleça o caos, através da perda de valores morais e de sentimentos de engrandecimento da alma. É necessário vigiar para depois orar em tranquilidade ante os recursos que se intrometem com objetivos nefandos na sementeira luminosa do conhecimento.

Olhamos uma sociedade que se degrada na luta infeliz do egocentrismo, do individualismo, da consumpção dos valores herdados da divina Providência e, não poucas vezes, a dúvida interroga as mentes mais saudáveis, “quando a sociedade será melhor?”, porque a grande mídia prefere a divulgação daquelas condições canhestras, exageradamente perniciosas, como as que devem ser vivenciadas pelas massas. Surgem comportamentos esdrúxulos, atitudes que chocam, e lentamente o desencanto e o medo passam a residir nos sentimentos antes audazes com a deserção de muitos lutadores empenhados na construção do reino de Deus.

Não temais o mal, nem os maus. As suas artimanhas têm a durabilidade da sua própria facécia, logo desaparecem assim que são arrebatados pelo túmulo os idealistas que despertam no Além com a consciência atormentada e o coração estiolado.

Perseverai no bem.

Unidos seremos resistência, fragmentados seremos vencidos em nossos objetivos essenciais. Temos o direito de discrepar, de pensar de maneira diversa e o dever de discutir, de expor, mas não de dissentir. Evocando o encontro de Jerusalém, quando as duas figuras exponenciais do Evangelho de Jesus, Pedro e Paulo, enfrentaram-se para debater paradigmas de alta relevância na divulgação do Evangelho límpido e cristalino que Jesus trouxe para todos, sem privilégios nem preconceitos, relembramos que foi o amor que venceu as opiniões divergentes e que em lágrimas fez que o primeiro concílio dos cristãos se transformasse na pedra angular da divulgação da verdade, depois que o Mestre retornou aos páramos divinos.

Mantende-vos coesos com a Codificação Espírita, que um dia influenciará o comportamento da sociedade terrestre. O Espiritismo não é uma filosofia para determinado número de criaturas, é uma mensagem de vida eterna para todos os seres humanos. E, ante a interrogação dos desafios que parecem apresentar uma humanidade em decadência, ponde a certeza de que a Barca terrestre continua sob o comando do nauta Jesus, e na sua marcha inexorável irá aportar no país da regeneração.

Dai-vos as mãos em qualquer circunstância.

Que a sensibilidade exacerbada, nascida na presunção ou nos dispositivos egóicos, não vos constitua impedimento ao trabalho de iluminar consciências.

Existem, filhas e filhos amados, mais relevantes ações do bem do que degradação e decadência. Sucede que o erro e o vício trombeteiam as suas ações, enquanto a virtude discreta e silenciosa aproveita das noites sem estrelas para se tornarem as lâmpadas divinas guiando para o momento supremo da libertação.

Sabemos das vossas lutas, dos vossos testemunhos silenciosos, das lágrimas vertidas ante o que desejais realizar e o que lograis fazer. Não poucas vezes, com os vossos guias espirituais, enxugamo-vos o pranto e apontamo-vos o rumo no oceano bravio a ser conquistado para serem encontradas as terras da promissão.

Não vacileis!

Utilizai-vos dos sublimes recursos da Doutrina, especialmente as reuniões mediúnicas para, através dessa ponte sublime, que liga um ao outro plano da vida, deslindardes os aranzéis das forças negativas que muitas vezes vos envolvem, disseminando nos sentimentos amarguras e decepções.

Não creiais que aquilo que não lograis seja negativa do Senhor; antes considerai que a dificuldade de agora é a melhor solução para as necessidades vigentes. Amanhã entendereis melhor o que hoje vos constitui incógnita.

Saudamo-vos, filhas e filhos da união, pelos resultados do nosso encontro anual, pela serenidade com que discutistes os temas em pauta.

Agradecemos a Deus a compreensão das necessidades locais, na Pátria do Cruzeiro, neste país continental, que deve restaurar o pensamento de Jesus e enviá-lo para a humanidade.

À Europa e aos Estados Unidos da América do Norte cabem as investigações mais profundas em quase todas as áreas do conhecimento. À nova Sulamérica, marcada pela dor, pelo sofrimento do irmão de África e do indígena ingênuo e nativo, compete o surgimento do bem com a contribuição da Europa e da Ásia, caracterizado pelo sentimento de amor. Seremos a demonstração viva de que a mais pulsante força do universo é o amor, porque Deus é amor, e através desse amor que vige em toda parte e em nós, podemos tolerar-nos e dar-nos as mãos para os objetivos que nos levarão à plenitude.

Exultai, porque o Senhor vigia e os seus embaixadores, os cocriadores do planeta que lhe têm a direção estão alertas e a programação em pauta está sendo executada mesmo que, por enquanto, não seja visível quanto gostaríamos.

Contribuí, pois, filhas e filhos da alma, com a vossa ternura, burilando as imperfeições do período primário da evolução e, transformando-as em sentimentos de entrega em nome da caridade fraternal que, em breve, se expandirá pela Terra toda, sem que haja a diferença dos superdesenvolvidos e dos miseráveis, quando então o lobo feroz estará na mesma fonte sorvendo a água ao lado do cordeiro pacífico.

Nesses dias que se aproximam, e de que fazeis parte, exultai com os corações voltados para Jesus e cantai hosanas.

Tendes o nome escrito no livro do reino dos Céus e esforçai-vos para que seja mantido diante da misericórdia inefável daquele que é o caminho para a verdade, que é o caminho para a vida: nosso Senhor Jesus Cristo!

Os Espíritos-espíritas trabalhadores da Casa de Ismael, mantenedora do lema Deus, Cristo e Caridade, aqui conosco, solicitam-nos para que lhes sejamos a voz pedindo: avante, anônimos seareiros da verdade, e amai até as últimas forças da vossa jornada no planeta abençoado!

Muita paz, filhas e filhos, são os votos do servidor e amigo de sempre,

Bezerra"


Mensagem psicofônica de Espírito Bezerra de Menezes pelo médium Divaldo Pereira Franco no encerramento da reunião ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizada em Brasília, entre os dias 6 e 8 de novembro de 2015.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

"MEDIUNIDADE MENTAL"

"Um dos nossos correspondentes escreve de Milianah, Argélia:
 
“... A propósito do desprendimento do Espírito, que se opera em todos durante o sono, meu guia espiritual exercita-me em vigília. Enquanto o corpo está entorpecido, o Espírito se transporta para longe, visita as pessoas e os lugares de que gosta e a seguir volta sem esforço. O que me parece mais surpreendente é que, enquanto estou como que em catalepsia, tenho consciência desse desprendimento. Exercito-me também no recolhimento, o que me proporciona a agradável visita de Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados. Este último estudo só ocorre durante a noite, pelas duas ou três horas, e quando o corpo, repousado, desperta. Fico alguns instantes à espera, como depois de uma evocação. Então sinto a presença do Espírito por uma impressão física, e logo surge em meu pensamento uma imagem que me faz reconhecê-lo. Estabelece-se a conversa mental, como na comunicação intuitiva, e esse gênero de conversa tem algo de adoravelmente íntimo. Muitas vezes meu irmão e minha irmã, encarnados, me visitam, às vezes acompanhados por meu pai e minha mãe, do mundo dos Espíritos.
“Há bem poucos dias recebi vossa visita, caro mestre, e pela suavidade do fluido que me penetrava, eu julgava que fosse um dos nossos bons protetores celestes; imaginai a minha alegria ao reconhecer, em meu pensamento, ou melhor, no meu cérebro, como que o próprio timbre de vossa voz. Lamennais nos deu uma comunicação a esse respeito e deve encorajar os meus esforços. Eu não poderia dizer-vos do encanto que dá esse gênero de mediunidade. Se tiverdes junto de vós alguns médiuns intuitivos, habituados ao recolhimento e à tensão de espírito, eles podem tentar também. Evoca-se e, em vez de escrever, conversa-se, exprimindo bem as ideias, sem prolixidade.
“Meu guia muitas vezes me fez a observação de que eu tinha um Espírito sofredor, um amigo que vem instruir-se ou buscar consolações. Sim, o Espiritismo é um benefício precioso: abre um vasto campo à caridade, e aquele que está inspirado por bons sentimentos, se não puder vir em socorro de seu irmão materialmente, sempre o pode espiritualmente.”
 
Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é adequada para convencer os incrédulos, porque nada tem de ostensivo, nem desses efeitos que ferem os sentidos. É toda para a satisfação íntima de quem a possui. Mas também é preciso reconhecer que se presta muito à ilusão e que é o caso de desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, não se poderia duvidar. Pensamos mesmo que deve ser a mais frequente, porque é considerável o número das pessoas que, no estado de vigília, sofrem a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser seu. A impressão agradável ou penosa que por vezes se sente à vista de alguém que se encontra pela primeira vez; o pressentimento da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são outros tantos efeitos devidos à mesma causa e que constituem uma espécie demediunidade, que se pode dizer universal, pois todos possuem pelo menos os seus rudimentos. Mas, para experimentar seus efeitos marcantes é necessária uma aptidão especial, ou melhor, um grau de sensibilidade mais ou menos desenvolvido, conforme os indivíduos. Sob esse ponto de vista, como temos dito há muito tempo, todos são médiuns, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber os salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil e uma maneiras diferentes. Mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todos receber efeitos idênticos e ostensivos.
Tendo sido discutida esta questão na Sociedade de Paris, as instruções seguintes foram dadas a respeito, por diversos Espíritos.
 
I
 
É possível desenvolver o sentido espiritual, como diariamente se vê desenvolver-se uma aptidão por um trabalho constante. Ora, sabei que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante: ela se dá a toda hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. Que os encarnados ousem aqui negar uma lei da própria Natureza!
Acabam de dizer-vos que os Espíritos se veem e se visitam uns aos outros durante o sono: tendes muitas provas. Por que quereríeis que isto não ocorresse em vigília? Os Espíritos não têm noite. Não. Eles estão constantemente ao vosso lado; eles vos vigiam; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; eles vos falam e vos exortam; eles protegem os vossos trabalhos, ajudam-vos a elaborar os vossos desígnios formados pela metade e os vossos sonhos ainda vacilantes; anotam vossas boas resoluções; lutam quando lutais. Eles estão aí, esses bons amigos, no fim de vossa encarnação; eles vos riem no berço, vos esclarecem nos estudos; depois se envolvem em todos os atos de vossa passagem aqui na Terra; oram quando vos veem preparando-vos para irdes encontrá-los.
Oh! não, jamais negueis vossa assistência diária; jamais negueis vossa mediunidade espiritual, porque blasfemais contra Deus, e seríeis taxados de ingratidão pelos Espíritos que vos amam.
H. DOZON
(Médium: Sr. Delanne.)
 
II
Sim, esse gênero de comunicação espiritual é mesmo uma mediunidade, como, aliás, tendes ainda outros a constatar no curso de vossos estudos espíritas. É uma espécie de estado cataléptico muito agradável para quem o experimenta. Ele proporciona todas as alegrias da vida espiritual à alma prisioneira, que aí encontra um encanto indefinível, que gostaria de experimentar sempre. Mas é preciso voltar de qualquer modo, e, semelhante ao prisioneiro ao qual permitem tomar ar num prado, a alma entra constrangida na célula humana.
É uma mediunidade muito agradável esta que permite a um Espírito encarnado ver os velhos amigos, poder conversar com eles, comunicar-lhes suas impressões terrenas e poder expandir o coração no seio de amigos discretos que não procuram achar ridículo o que lhes confiais, mas antes vos dar bons conselhos, se vos forem úteis. Esses conselhos, dados assim, têm mais peso para o médium que os recebe, porque o Espírito que lhos dá, a ele se mostrando, deixou uma impressão profunda em seu cérebro, e, por este meio, gravou melhor em seu coração a sinceridade e o valor desses conselhos.
Essa mediunidade existe no estado inconsciente em muitas pessoas. Sabei que há sempre perto de vós um amigo sincero, sempre pronto a sustentar e a encorajar aquele cuja direção lhe é confiada pelo Todo-Poderoso. Não, meus amigos, esse apoio não vos faltará jamais; cabe-vos saber distinguir as boas inspirações entre todas as que se chocam no labirinto de vossas consciências. Sabendo compreender o que vem do vosso guia, não vos podeis afastar do reto caminho que toda alma que aspira à perfeição deve seguir.
 
Espírito Protetor
(Médium: Sra. Causse).
 
III
 
Já vos foi dito que a mediunidade se revelaria por diferentes formas. A que vosso Presidente qualificou de mental está bem definida. É o primeiro degrau da mediunidade vidente e falante.
O médium falante entra em comunicação com os Espíritos que o assistem, fala com eles; seu Espírito os vê, ou melhor, os adivinha; nada mais faz senão transmitir o que lhe dizem, enquanto o médium mental pode, se for bem formado, dirigir perguntas e receber respostas, sem a intermediação da pena ou do lápis, mais facilmente que o médium intuitivo, porque aqui o Espírito do médium, estando mais desprendido, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é necessário um ardente desejo de ser útil, trabalhar com vistas ao bem, com um sentimento puro, isento de todo pensamento de amor-próprio e de interesse. De todas as faculdades mediúnicas é a mais sutil e a mais delicada. O menor sopro impuro basta para manchá-la. É apenas nessas condições que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. Logo vereis surgir entre vós médiuns falantes que vos surpreenderão por sua eloquência e por sua lógica.
Esperai, pioneiros que tendes pressa de ver vossos trabalhos crescerem; novos obreiros virão reforçar vossas fileiras, e este ano verá concluir-se a primeira grande fase do Espiritismo e começar outra não menos importante.
E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos; que ele vos sustente e nos conserve o favor especial que nos concedeu, permitindo-nos guiar-vos e sustentar-vos em vossa tarefa, que é também a nossa.
Como Presidente Espiritual da Sociedade de Paris, velo por ela e por cada membro em particular, e rogo ao Senhor que espalhe sobre vós todas as suas graças e as suas bênçãos.
 
S. LUÍS
(Médium: Sra. Dellane).
 
IV
 
Seguramente, meus amigos, a mediunidade, que consiste em conversar com os Espíritos, como com pessoas que vivem a vida material, desenvolver-se-á mais à medida que o desprendimento do Espírito se efetuar com mais facilidade, pelo hábito do recolhimento. Quanto mais avançados moralmente forem os Espíritos encarnados, maior será essa facilidade das comunicações. Assim como dizeis, ela não será de uma importância muito grande do ponto de vista da convicção a dar aos incrédulos, mas tem para aquele que lhe é objeto uma grande doçura, e o ajuda a desmaterializar-se cada vez mais. O recolhimento, a prece, este impulso da alma junto ao seu Autor, para lhe exprimir seu amor e seu reconhecimento, solicitando ainda o seu socorro, são os dois elementos da vida espiritual; são eles que derramam na alma esse orvalho celeste que ajuda o desenvolvimento das faculdades que aí estão em estado latente. Como são infelizes os que dizem que a prece é inútil porque não modifica os desígnios de Deus! Sem dúvida as leis que regem as diversas ordens de fenômenos não serão perturbadas ao bel-prazer deste ou daquele, mas a prece não tem por efeito senão melhorar o indivíduo que, por esse ato, eleva seu pensamento acima das preocupações materiais, motivo pelo qual ele não deve negligenciá-la.
É pela renovação parcial dos indivíduos que a Sociedade acabará por regenerar-se, e Deus sabe se ela precisa disso!
Ficais revoltados quando pensais nos vícios da sociedade pagã, ao tempo em que o Cristo veio trazer sua reforma humanitária; mas em vossos dias, os vícios, por serem velados sob formas mais marcantes de polidez e de educação, não deixam de existir. Eles não têm magníficos templos, como os da Grécia Antiga, mas ah! Eles os têm no coração da maior parte dos homens e causam entre eles as mesmas devastações que ocasionavam entre os que precederam a era cristã. Não é, pois, sem uma grande utilidade que os Espíritos vieram lembrar os ensinamentos dados há dezoito séculos, porquanto, tendo-os esquecido ou mal compreendido, vós não podeis aproveitá-los e espalhá-los segundo a vontade do divino crucificado.
Agradecei, pois, ao Senhor, vós todos que fostes chamados a cooperar na obra dos Espíritos, e que o vosso desinteresse e vossa caridade jamais enfraqueçam, porque é nisto que se conhecem entre vós os verdadeiros espíritas.
LUÍS DE FRANÇA

(Médium: Sra. Breul)

("Revista Espírita", Allan Kardec - Março de 1866)

quarta-feira, 15 de junho de 2016

"O TESOURO ENFERRUJADO"

“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.” — (TIAGO, capítulo 5, versículo 3.) ´

"Os sentimentos do homem, nas suas próprias idéias apaixonadas, se dirigidos para o bem, produziriam sempre, em conseqüência, os mais substanciosos frutos para a obra de Deus. Em quase toda parte, porém, desenvolvem-se ao contrário, impedindo a concretização dos propósitos divinos, com respeito à redenção das criaturas. 

De modo geral, vemos o amor interpretado tão-somente à conta de emoção transitória dos sentidos materiais, a beneficência produzindo perturbação entre dezenas de pessoas para atender a três ou quatro doentes, a fé organizando guerras sectárias, o zelo sagrado da existência criando egoísmo fulminante. Aqui, o perdão fala de dificuldades para expressar-se; ali, a humildade pede a admiração dos outros. 

Todos os sentimentos que nos foram conferidos por Deus são sagrados. Constituem o ouro e a prata de nossa herança, mas como assevera o apóstolo, deixamos que as dádivas se enferrujassem, no transcurso do tempo. 

Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a “ferrugem” que nos atacou os tesouros do espírito. Para isso, é indispensável compreendamos no Evangelho a história da renúncia perfeita e do perdão sem obstáculos, a fim de que estejamos caminhando, verdadeiramente, ao encontro do Cristo."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 14 de junho de 2016

"OBREIROS SEM FÉ"

“... e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. (Tiago, 2:18).

"Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, 
espalhando inquietação e desânimo.
Devota-se a determinado empreendimento de caridade e abandonao,
de início, murmurando: –"Para quê? O mundo não presta."
Compromete-se em deveres comuns e, sem qualquer mostra de
persistência, se faz demissionário de obrigações edificantes,
alegando: - “Não nasci para o servilismo desonroso”.
Aproxima-se da fé religiosa, para desfrutar-lhe os benefícios,
entretanto, logo após, relega-a ao esquecimento, asseverando: -
"Tudo isto é mentira e complicação."
Se convidado a posição de evidência, repete o velho estribilho:
- "Não mereço! Sou indigno!..."
Se trazido a testemunhos de humildade, afirma sob manifesta
revolta: - “Quem me ofende assim”?
E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina,
com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado.
Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço por que se
responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente,
sem jamais aprender a lição.
Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez
perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder
Divino e em teu próprio esforço.
O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os
patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso,
passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem
incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe
competem, sem enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem
escravizar-se às criações de que terá sido venturoso instrumento.
Revelemos a nossa fé, através das nossas obras na felicidade comum
e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e
sabedoria, de beleza e poder."


("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)