"Se não admites a
sobrevivência, depois de morte, interroga aqueles que viram partir os entes mais
caros.
Inquire os que afagaram as mãos geladas de pais
afetuosos, nos últimos instantes do corpo físico; sonda a opinião das viúvas que
abraçaram os esposos, na longa despedida, derramando as agonias do coração, no
silêncio das lágrimas; informa-te com os homens sensíveis que sustentaram nos
braços as companheiras emudecidas, tentando, em vão, renovar-lhes o hálito na
hora extrema; procura palavra das mães que fecharam os olhos dos
próprios filhos, tombados inertes nas primaveras da juventude ou nos brincos da
infância... Pergunta aos que carregaram um esquife como quem sepulta sonhos e
aspirações no gelo do desalento, e indaga dos que choram sozinhos, junto às
cinzas de um túmulo, perguntando por quê...
Eles sabem, por intuição, que os mortos vivem, e
reconhecem que, apenas por amor deles, continuam igualmente a
viver.
Sentem-lhes a presença, no caminho solitário em que
jornadeiam, escutam-lhes a voz inarticulada com os ouvidos do pensamento e
prosseguem lutando e trabalhando, simplesmente por esperarem os supremos
regozijos do reencontro.
-+-
Se um dia tiveres fome de maior esperança, não temas,
assim, rogar a inspiração e a assistência dos corações amados que te precederam
na grande viagem. Estarão contigo, a sustentarem-te as energias, nas tarefas
humanas, quais estrelas no céu noturno da saudade, a fim de que saibas aguardar,
pacientemente, as luzes da alva.
Busca-lhes o clarão de amor, nas asas da prece, e, se
nos templos veneráveis do Cristianismo, alguém te fala de Moisés, reprimindo as
invocações abusivas de um povo desesperado, lembra-te de Jesus, ao regressar do
sepulcro para a intimidade dos amigos desfalecentes, exclamando, em transportes
de júbilo: "A paz seja convosco.”
(“Justiça Divina”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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