domingo, 31 de maio de 2015

"O LAR TERRENO ENTREVISTO DO ALÉM"

         "Todavia, inexplicavelmente, uma completa amnésia invadiu o meu cérebro espiritual e só pude recordar-me dos laços efetivos, que ainda a vós me prendiam, quando se me apresentou aos olhos a visão dos últimos instantes da minha vida material.
       Busquei, então o lar que eu deixara; mas — oh, torturante surpresa! — meus filhos não me reconheceram e debalde formulei os meus sentidos e carinhosos apelos! Julguei-me alucinada e em vão busquei as antigas amizades.
       — Não me vedes? Não me reconheceis?— bradava eu, desgostosa com a atitude impassível daqueles de quem me aproximava cheia de esperança, numa possível compreensão das minhas palavras; mas a frieza e a insensibilidade constituíam a resposta de sempre.
       A seguir, duplicaram-se as minhas ânsias... contudo,  à medida que me conformava com a nova situação e intimamente desejava a libertação daquelas impressões penosas, parecia-me que a atmosfera se ia aclarando, como se na mente renascesse a memória integral do meu passado, diluindo as trevas que a obscureciam.
       E, certa noite, quando reunidos oráveis segundo o costume que eu sempre cultivara, ouvi que o oferecimento das preces a Deus era feito em intenção de minh’alma."

(“Cartas de uma morta”, Maria João de Deus/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 30 de maio de 2015

"DIVINA BENÇÃO"

"Se procuras no Evangelho
A luz da felicidade,
Exalta quanto puderes
A benção da caridade.

Todo ensino da virtude 
Faltará sempre à verdade,
Se fugimos de exercer
A benção da caridade.

Desse modo, cada dia,
Em toda dificuldade,
Cultiva, seja onde for,
A benção da caridade.

Há gestos nos que mais amas
Que te fira ou desagrade?
Conserva por diretriz
A benção da caridade.

Se és constrangido a sofrer
A alheia agressividade,
Oferece à ignorância
A benção da caridade.

Padeces, caminho afora,
Malicia, intriga, maldade?
Olvida o charco e semeia
A benção da caridade.

Calunia? Maledicência?
Que a treva te não degrade.
Estende na sombra, em torno,
A benção da caridade.

Há quem surja vomitando
Pedra, lodo e crueldade?
Entrega às chagas da injuria
A benção da caridade.

Socorre toda aflição
Que chora na tempestade,
Mas alonga ao próprio crime
A benção da caridade.

Não te esqueças que Jesus
- Sol de amor que nos invade –
Passou no mundo espalhando
A benção da caridade.

E, um dia, depois da morte,
No clima da eternidade,
Brilhará também contigo
A benção da caridade."



("Através do Tempo", Casimiro Cunha/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 29 de maio de 2015

"ORAR E PERDOAR"

“E, quando estiverdes orando,
perdoai...” — (MARCOS, 11:25)

"Como poderá alguém manter a própria consciência tranquila sem intenções sinceras?
De igual modo, poderemos indagar:
— Como sustentar o coração sereno durante a prece, sem análise real de si mesmo?
A oração para surtir resultados essenciais de conforto exige enfrentemos a consciência em todas as circunstâncias.
Intenções estranhas e sentimentos propositalmente viciados não se conciliam com o clima favorável à segurança de espírito.
A coexistência do mal e do bem no íntimo do ser impossibilita o estabelecimento da paz.
Sentimentos odiosos e vindicativos impedem a floração da espiritualidade superior.
A Deus não se ilude.
E a oração exterioriza a nossa emoção real.
Dessa maneira, sem a luz da harmonia e do amor, não perceberemos a resposta celeste às nossas necessidades.
A lei não se dobra às nossas fraquezas, porque a vontade Divina não pode errar com a vontade humana, competindo-nos o dever de adaptarmo-nos aos Excelsos Desígnios.
Atenta, pois, para as diretrizes que imprimes às tuas preces, na certeza de que o perdão deve ter presença invariável em todos os nossos atos para que as nossas petições encontrem livre curso, na direção de Deus."


(Emmanuel, na obra  “Ideal Espírita”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

"SE FORMOS JUSTOS"


       "Deixa que a justiça te clareie a visão para que o egoísmo te não imponha a loucura e a cegueira.
*
       Se formos justos, não nos inclinaremos à censura e à reprovação, ante os erros dos semelhantes, porquanto, conheceremos, de sobra, nossas próprias fraquezas.
*
       Se formos justos, esqueceremos a queixa e a reclamação, porque, notaremos, ao nosso lado, aqueles que caminham no mundo, suportando fardos mais agressivos e mais pesados que o nosso.
*
       Se formos justos, não exigiremos dos outros demonstrações prematuras de bondade e compreensão, de vez que sabemos quanto nos custa o próprio equilíbrio no escabroso acesso às conquistas morais.
*
       Se formos justos, não nos confinaremos ao círculo doméstico, cristalizando-nos nas vantagens particulares, porquanto aprenderemos que as dores do vizinho são iguais às nossas, cultivando, por isso, a fraternidade que nos aquinhoará de alegrias e bênçãos.
*
       Sejamos justos e entenderemos a riqueza dos bens que o Senhor nos empresta, sabendo enxergar a indigência e o infortúnio que nos pedem simpatia e socorro.
*
       Sejamos justos e perceberemos, enfim, que o trabalho infatigável no bem comum é a única fórmula de paz, suscetível de garantir-nos a felicidade e a segurança, porque os cultivadores da justiça, pelo serviço incessante a todos, conhecem o supremo valor do tempo, convertendo o presente na gloriosa preparação do futuro."


(Emmanuel, na obra“Passos da Vida”, Autores Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

"NA TAREFA DE AJUDAR"

 “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. Cap. XIII – Item 11.

       "Auxilie a quem lhe procure a presença, mas não se esqueça de socorrer diretamente quem padece a distância.
-o-
       Transfira a cooperação alheia aos lares menos aquinhoados, porém, não se desobrigue de contribuir com a sua quota de ajuda pessoal.
-o-
       Distribua o que lhe sobre à mesa, tanto quanto no guarda-roupa e na bolsa; contudo, siga além, doando a quem sofre os recursos positivos de seu sentimento.
-o-
       Empreste, com justiça, o que lhe peçam; no entanto, não menospreze transformar os seus empréstimos em dádivas fraternais.
-o-
       Colabore indiscriminadamente para o bem de todos aqueles que lhe estejam próximos; todavia, esforce-se por aprimorar os métodos da sua colaboração para ajudar melhor.
-o-
       Organize a sua vida em disciplina rigorosa no dever cumprido, ainda assim, faça o tempo de persistir no trabalho de assistência aos irmãos em luta maior.
-o-
       Atenda ao estômago faminto e o corpo enfermo do companheiro em provação; entretanto, não recuse favorecê-lo com a palavra consoladora e com o livro nobre.
-o-
       Seja o intermediário entre  distribuidores generosos e corações menos felizes, porém, não deixe de convidar, aos que se beneficiam materialmente, a se beneficiarem, do ponto de vista moral, nas visitas de socorro evangélico e solidariedade humana.
-o-
       Dê o máximo de suas possibilidades no amparo aos semelhantes, mas não se satisfaça com os resultados obtidos, buscando enriquecer os seus dotes de eficiência no plantio da caridade.
-o-
       Exemplifique a beneficência, tanto quanto lhe seja possível, em todas as circunstâncias; contudo, prefira a naturalidade e a discrição para revestir as suas mínimas atitudes.
-o-
       Lembre-se que, na tarefa de ajudar, o bem maior é sempre aquele que ainda está por fazer, à espera da nossa disposição."


(André Luiz, na obra “O ESPÍRITO DA VERDADE”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – Autores diversos)

terça-feira, 26 de maio de 2015

"RELACIONAMENTO"


               

                "Se dificuldades e provações te visitam, no relacionamento com o próximo, não te permitas requentar mágoas no coração.

                Deixa que a confiança na Sabedoria Divina te dissipe qualquer sombra do pensamento, lembrando o Sol a desfazer nuvens diariamente para vitalizar e revitalizar os processos da vida.

                Para isso, é imperioso que a compreensão te presida os impulsos. E a compreensão te fará saber que os outros são criaturas autônomas, gravitando sempre na direção de objetivos diferentes dos teus.

                A certeza disso te livrará da solidão negativa, capaz de induzir-te a desânimo e desespero.

                 A verdade nos ensina que ninguém realiza o bem e nem caminha para o bem, sem os outros, mas para que isso aconteça, ninguém pode exigir que os outros lhe carreguem a existência, nas sendas a percorrer.

                Os outros serão nossos cooperadores, intérpretes, associados e companheiros, enquanto isso se lhes faça possível, ocorrendo o mesmo conosco, em relação a eles.

                À vista disso, ama seus amigos sem prendê-los.

                Esse terá sido o sustentáculo de tuas esperanças, por muito tempo; entretanto, é possível surja um dia em que não consiga permanecer inteiramente a teu lado, em face de novas tarefas que lhe despontam na senda.

                Outro te entendia os propósitos, até ontem; no entanto, experiências, que se lhe fizeram necessárias, alteraram-lhe provisoriamente os raciocínios.

                Aceita-os quais se mostram, continuando a agir no exercício do bem e seguindo adiante na construção da vida melhor em ti mesmo.

                Ninguém aprende algo de bom e nem melhora a si mesmo, sem os outros, mas ninguém pode depender totalmente dos outros nas realizações que demande nos momentos de mudança e renovação para aqueles que mais amas, afasta de ti a ideia de separação e não te lastimes.

                Prossegue trabalhando, porque, pelos Desígnios da Vida Superior, outros virão ao teu encontro para a execução das tarefas que o mundo te conferiu e os que se afastam de ti voltarão depois, com mais força de amor, a fim de te auxiliarem ou serem auxiliados.

                A verdade não se deteriora.

                Somente perde os seres queridos aquele que possessivamente os procura, quando se fazem distantes, porquanto quem ama, ama sempre, e de tal modo que, ainda mesmo quando os corações amados se distanciam, o coração que ama prossegue amando-os e abençoando-os, sabendo conscientemente que, pelas forças do espírito, jamais deles se afastará."

                (“Calma”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

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segunda-feira, 25 de maio de 2015

"MEDIUNIDADE MENTAL"

"Um dos nossos correspondentes nos escreve de Milianah (Argélia):


 “...A propósito do desprendimento do Espírito, que se opera em todo o mundo durante o sono, meu guia espiritual me exercita em vigília. Enquanto o corpo está entorpecido, o Espírito se transporta para longe, visita as pessoas e os locais que aprecia, e a seguir volta sem esforço. O que me parece mais surpreendente é que, enquanto estou como em catalepsia, tenho consciência desse desprendimento. Exercito-me também no recolhimento, o que me proporciona a agradável visita de Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados. Este último estudo só ocorre durante a noite, cerca de duas ou três horas e quando o corpo, repousado, desperta. Fico alguns instantes à espera, como depois de uma evocação. Então sinto a presença do Espírito por uma impressão física e logo surge em meu pensamento uma imagem que me faz reconhecê-lo. Estabelece-se um diálogo mental, como na comunicação intuitiva, e esse gênero de conversa tem algo de adoravelmente íntimo. Muitas vezes meu irmão e minha irmã encarnados me visitam, às vezes acompanhados por meu pai e minha mãe, do mundo dos Espíritos.

 “Há poucos dias tive a vossa visita, caro mestre, e pela doçura do fluido que me penetrava, eu julgava que fosse um dos nossos bons protetores celestes. Imaginai a minha alegria ao reconhecer em meu pensamento, ou, antes, em meu cérebro, como o próprio timbre de vossa voz. Lamennais nos deu uma comunicação a esse respeito e deve encorajar os meus esforços. Eu não vos poderia dizer do encanto que dá esse gênero de mediunidade. Se tiverdes junto a vós alguns médiuns intuitivos, habituados ao recolhimento e à tensão de espírito, eles podem ensaiar também. Evoca-se e, em vez de escrever, conversa-se, exprimindo bem as idéias, sem verborragia. 



 “Muitas vezes meu guia me fez a observação de que eu tinha um Espírito sofredor, um amigo que vem instruir-se ou buscar consolações. Sim, o Espiritismo é um benefício inapreciável; abre vasto campo à caridade, e aquele que está inspirado de bons sentimentos, se não pode vir em socorro de seu irmão materialmente, sempre o pode espiritualmente.

” Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, por certo não é própria para convencer os incrédulos, porque nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que chocam os sentidos; é toda para a satisfação íntima de quem a possui. Mas também é preciso reconhecer que ela se presta muito à ilusão e que é o caso de desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, não se poderia pô-la em dúvida; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente, porque é considerável o número das pessoas que, em estado de vigília, sofrem a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento, que sentem não ser o seu. A impressão agradável ou penosa que por vezes se sente à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento são outros tantos efeitos que se prendem à mesma causa e constituem uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, pois cada um lhe possui, ao menos, os rudimentos. Mas para experimentar seus efeitos marcantes é necessário uma aptidão especial ou, melhor, um grau de sensibilidade mais ou menos desenvolvido conforme os indivíduos. A esse título, como temos dito desde longo tempo, todos são médiuns, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber os salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes. Mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo o mundo obter efeitos idênticos e ostensivos. 

Tendo sido discutida esta questão na Sociedade de Paris, foram dadas as seguintes instruções sobre o assunto, por diversos Espíritos: 
O sentido espiritual pode ser desenvolvido, como diariamente se vê desenvolver-se uma aptidão por um trabalho constante. Ora, sabeis que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante; ela se dá a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. Que os encarnados ousem negar aqui uma lei da própria Natureza! 

Acabam de dizer-vos que os Espíritos se vêem e se visitam uns aos outros durante o sono, e disto tendes muitas provas. Por que quereríeis que isto não ocorresse em vigília? Os Espíritos não têm noite. Não; constantemente estão ao vosso lado; eles vos vigiam; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; falam-vos e vos exortam; protegem os vossos trabalhos, ajudam-vos a elaborar os vossos desígnios formados pela metade, vossos sonhos ainda indecisos; tomam nota de vossas boas resoluções, lutam quando lutais. Lá estão esses bons amigos, no começo de vossa encarnação; eles vos riem no berço, vos esclarecem nos estudos; depois se imiscuem em todos os atos de vossa passagem aqui na Terra; oram quando vos vêem em preparo para ir encontrá-los. 

Oh! não, jamais negueis vossa assistência diária! jamais negueis vossa mediunidade espiritual, porque blasfemais Deus e sereis tachados de ingratidão pelos Espíritos que vos amam. 

H. Dozon (Médium: Sr. Delanne)


 II Sim, esse gênero de comunicação espiritual é mesmo uma mediunidade, como, aliás, tendes ainda outros a constatar, no curso de vossos estudos espíritas. É uma espécie de estado cataléptico, muito agradável para quem lhe é objeto; proporciona todas as alegrias da vida espiritual à alma prisioneira, que aí encontra um encanto indefinível, que gostaria de experimentar sempre. Mas é preciso voltar de qualquer modo; e, semelhante ao prisioneiro ao qual permitem tomar ar num pátio, a alma entra constrangida na célula humana. 

É uma mediunidade muito agradável está que permite a um Espírito encarnado ver seus velhos amigos, poder conversar com eles, comunicar-lhes suas impressões terrestres e poder expandir o coração no seio de amigos discretos, que não buscam o ridículo no que lhes confiais, mas antes vos dar bons conselhos, se vos forem úteis. Esses conselhos, dados assim, têm mais peso para os médiuns que os recebe, pois o Espírito que lhos dá, a ele se mostrando, deixou uma impressão profunda em seu cérebro e, por este meio, gravou melhor em seu coração a sinceridade e o valor desses conselhos. 

Esta mediunidade existe em estado inconsciente em muitas pessoas. Sabeis que há sempre perto de vós um amigo sincero, sempre pronto a sustentar e a encorajar aquele cuja direção lhe é confiada pelo Todo-Poderoso. Não, meus amigos, este apoio jamais vos faltará. Cabe a vós saber distinguir as boas inspirações entre todas as que se chocam no labirinto de vossas consciências. Sabendo compreender o que vem do vosso guia, não vos podeis afastar do reto caminho que deve seguir toda alma que aspira à perfeição. 

Espírito protetor (Médium: Sra. Causse) 

III Já vos foi dito que a mediunidade se revelaria por diferentes formas. Esta que o vosso Presidente qualificou de mental está bem designada. É o primeiro grau da mediunidade vidente e falante. 

O médium falante entra em comunicação com os Espíritos que o assistem; fala com eles; seu espírito os vê, ou melhor, os adivinha; apenas não faz senão transmitir o que lhe dizem, ao passo que o médium mental pode, se for bem formado, dirigir perguntas e receber repostas, sem intermédio da pena ou do lápis, mais facilmente que o médium intuitivo, pois aqui o Espírito do médium, estando mais desprendido, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é necessário um ardente desejo de ser útil, trabalhar em vista do bem com um sentimento puro de todo pensamento de amor-próprio e de interesse. De todas as faculdades mediúnicas, é a mais sutil e a mais delicada: basta o menor sopro impuro para a manchar. Só nestas condições é que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. Em pouco vereis surgir entre vós médiuns falantes que vos surpreenderão por sua eloqüência e por sua lógica. 

Esperai, pioneiros que tendes pressa de ver vossos trabalhos crescendo; novos obreiros virão reforçar vossas fileiras e este ano verá terminar-se a primeira grande fase do Espiritismo e começar outra não menos importante. 

E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos; que vos sustente e nos conserve o favor especial que nos concedeu, permitindo-nos vos guiar e vos sustentar em vossa tarefa, que é também a nossa. Como Presidente Espiritual da Sociedade de Paris, velo por ela e por cada um de seus membros em particular, rogando ao Senhor que espalhe sobre vós todas as suas graças e as suas bênçãos. 

São Luís (Médium: Sra. Delanne) 

 IV Seguramente, meus amigos, a mediunidade, que consiste em conversar com os Espíritos, como pessoas que vivem a vida material, desenvolver-se-á mais à medida que o desprendimento do Espírito se efetuar com mais facilidade, pelo hábito do recolhimento. Quanto mais avançados moralmente forem os Espíritos encarnados, maior será esta facilidade de comunicações. Assim como dizeis, ela não será de uma importância muito grande do ponto de vista da convicção a dar aos incrédulos, mas tem para aquele que lhe é objeto uma grande doçura e o ajuda a desmaterializar-se cada vez mais. O recolhimento, a prece, este ímpeto da alma junto ao seu Autor, para lhe exprimir seu amor e seu reconhecimento, e também reclamar o seu auxílio, são os dois elementos da vida espiritual; são eles que derramam na alma esse orvalho celeste que ajuda o desenvolvimento das faculdades que aí estão em estado latente. Então, como são infelizes os que dizem que a prece é inútil porque não muda os desígnios de Deus! Sem dúvida, as leis que regem as diversas ordens de fenômenos não serão perturbadas ao bel-prazer deste ou daquele, mas a prece não terá por efeito senão melhorar o indivíduo que, por esse ato, eleva o pensamento acima das preocupações materiais; por isso ele não deve negligenciá-la. 

É pela renovação parcial dos indivíduos que a sociedade acabará por ser regenerada, e Deus sabe se ela o necessita! 

Ficais revoltados quando pensais nos vícios da sociedade pagã, ao tempo em que o Cristo veio trazer sua reforma humanitária; mas em vossos dias os vícios, por serem velados sob formas mais marcadas de polidez e de urbanidade, não deixam de existir menos. Não têm magníficos templos como os da Grécia antiga, mas, aí! têm o coração da maior parte dos homens e causam entre eles os mesmos danos que ocasionavam entre os que  precederam a era cristã. Não é, pois, sem grande utilidade que os Espíritos vieram lembrar os ensinamentos dados há dezoito séculos, porquanto, os tendo esquecido ou mal compreendido, não os podeis aproveitar e os espalhar segundo a vontade do divino crucificado. 


Agradecei, pois, ao Senhor, vós todos que fostes chamados a cooperar na obra dos Espíritos, e que vosso desinteresse e vossa caridade jamais enfraqueçam, porque é nisto que se reconhecem entre vós os verdadeiros espíritas."

Luís de França (Médium: Sra. Breul)

(Revista Espírita - Março de 1866)

domingo, 24 de maio de 2015

"PRECEITOS DE TODA A HORA"

"Caminhe com firmeza. Quem se acomoda com a precipitação tropeça a cada instante.
*
       Examine a você mesmo. Na vigilância constante, educará você os próprios impulsos.
*
       Higienize a própria mente, trabalhando no bem sem desânimo. O cérebro preguiçoso acumula resíduos indesejáveis.
*
       Escute seu irmão sem reproches. A caridade real começa na atenção generosa e amiga.
*
       Aperfeiçoe o procedimento. Hoje melhorado é amanhã mais feliz.
*
       Ampare o coração combalido. Ninguém pode prever a saúde próxima do próprio coração.
*
       Faça luz com a sua palavra. Se hoje pode você orientar é possível que amanhã esteja você rogando conselhos.
*
       Sofra com paciência e serenidade. No braseiro da revolta, ninguém consegue aproveitar a dor.
*
       Melhore o vocabulário. Há palavras que, excessivamente repetidas, perdem a significação que lhes é própria.
*
       Cultive a simplicidade. Embora não pareça, o Universo é imponente conjunto de leis claras e cousas simples.
*
       Sirva sempre. O tédio é o salário de quem vive reclamando o serviço dos outros.
*
       Improvise o bem onde você estiver. A sombra do mal é assim como o detrito que invade tudo, quando a limpeza está ausente."
(André  Luiz, na obra “Ideal Espírita”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/Autores Diversos)

sábado, 23 de maio de 2015

"ESPIRITISMO PRATICADO"

"Irmãos, recordando Allan Kardec, na prática espiritista, lembremo-nos de que, no Espiritismo praticado, é necessário:
       Colocar os interesses divinos acima dos caprichos humanos.
       Negar-se a si mesmo, tomar a cruz da elevação e seguir com o Senhor.
       Reformar-se em Cristo, antes de reclamar a reforma dos outros.
       Exemplificar o bem antes de ensiná-lo.
       Servir sem propósitos de recompensa.
       Consolar, antes de procurar consolações.
       Amar sem exigências.
       Usar os bens do Pai, sem os desvarios da posse.
       Compreender, antes de reclamar compreensão alheia.
       Agradecer, antes de pedir.
       Confiar sem angústias.
       Cumprir todos os deveres da cooperação, sem as trevas da incompreensão e da queixa. Jesus é Caminho, Verdade e Vida.
       Kardec é Trabalho, Solidariedade e Tolerância.
       O Caminho da realização não dispensa o trabalho.
       O templo da Verdade não exclui a solidariedade legítima.
       A Vida eterna pede a luz da tolerância construtiva.
       O Espiritismo em seu tríplice aspecto, científico, filosófico, religioso, é movimento libertador das consciências, mas só o Espiritismo praticado liberta a consciência de cada um.
       Lembrando o grande Missionário, não vos esqueçais de que o Espiritismo prático pode ser o Espiritismo do eu e que só o Espiritismo praticado é o Espiritismo de Deus."
(Emmanuel, na obra “Nosso Livro”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier) 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

"ESPÍRITOS BENFEITORES"

        "Encontrarás espíritos benfeitores que te instruirão no dever a cumprir.
       Imperioso, porém, compreendas que se eles te oferecem o rumo, a ti pertence a caminhada.
       A luz que te amplia a visão não te furta o sérvio dos pés.
       Faze-te, sobretudo, instrumento deles para que em te auxiliando possam igualmente agir em auxílio de outros.
       Prepara-te a ser mais útil.
       Se percebes a luz da Nova Revelação podes efetivamente estendê-la.
       Serás apoiado na medida que prestes apoio.
       Dá e receberás.
       Aprende sem delonga que os Emissários do Senhor, quanto mais perto do Senhor mais compreendem e mais amam.
       Deixa que a caridade constante e ardente se te irradie do coração.
       O amor e a felicidade são herança de todos os filhos de Deus, mas se o remédio é particularmente endereçado ao enfermo, a maior proteção é devida ao mais fraco.
       Os Enviados da Providência concedem-te as Bênçãos da Providência, no entanto, esperam que saibas distribuí-las. Eles querem abençoar com os teus sentimentos e operar com as tuas mãos. Acolhem-te no regaço, à feição dos pais amorosos que almejam retratar-se nos filhos. Anseiam de tal modo pela edificação do Reino de Deus no mundo, que se esforçam para que estejas neles, tanto quanto estejam eles em ti.
       À vista disso, não te digas inútil.
       Melhora-te e serve.
       Felicidade é troca.
       Amor é fusão.
       Os Mensageiros Divinos aspiram a permutar as forças deles com as tuas, na recíproca transfusão de ideias e esperanças, a fim de que os Céus desçam à Terra e a Terra se eleve aos Céus."
(“No portal da Luz”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

"REENCARNAÇÃO"



        "Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição
        Suor na oficina é acesso à competência.
        Esforço na escola é aquisição de cultura.
        Porque alguém se consagre hoje à medicina, não quer isso dizer que haja ontem semeado moléstias e sofrimentos.
        Muitas vezes, o Espírito, para senhorear o domínio das ciências que tratam do corpo, voluntariamente lhes busca o trato difícil, no rumo de mais elevada ascensão.
        Porque um homem se dedique presentemente às atividades da engenharia, não exprime semelhante escolha essa ou aquela dívida do passado na destruição dos recursos da Terra.
        Em muitas ocasiões, o Espírito elege esse gênero de trabalho, tentando crescer no conhecimento das leis que regem o plano material, em marcha para mais altos postos na Vida Superior.
        Entretanto, se o médico ou o engenheiro sofrem golpes mortais no exercício da profissão a que se devotam, decerto nela possuem serviço reparador que é preciso atender na pauta das corrigendas necessárias e justas.
        Toda restauração exige dificuldades equivalentes.
        Todo valor evolutivo reclama serviço próprio.
        Não existe sem preço.
        Por esse motivo, se as paixões gritam jungidas aos flagelos que lhes extinguem a sombra, as tarefas sublimes fulgem ligadas às renunciações que lhes acendem a luz.
        À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério da expiação, porque, quase sempre, almas heroicas que suportam o fogo constantes das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, a fim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança de Deus.
        Recorda que, se fosses arrebatado ao Céu, não tolerarias o gozo estanque, sabendo que os teus filhos se agitam no torvelinho infernal. De imediato, solicitarias a descida aos tormentos da treva para ajudá-los na travessia da angústia...
        Lembra-te disso e compreenderás, por fim, a grandeza do Cristo que, sem débito algum, condicionou-se às nossas deficiências, aceitando, para ajudar-nos, a cruz dos ladrões, para que todos consigamos, na glória de seu amor, soerguer-nos da morte no erro à bênção da Vida Eterna."

(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

"EM VERDADE"


       "O santo não condena o pecador. Ampara-o sem presunção.
*
       O sábio não satiriza o ignorante. Esclarece-o fraternalmente.
*
       O iluminado não insulta o que anda em trevas. Aclara-lhe a senda.
*
       O orientador não acusa o aprendiz tateante. A ovelha insegura é a que mais reclama o pastor.
*
       O bom não persegue o mau. Ajuda-o a melhorar-se.
*
       O forte não malsina o fraco. Auxilia-o a erguer-se.
*
       O humilde não foge ao orgulhoso. Coopera silenciosamente, em favor dele.
*
       O sincero a ninguém perturba. Harmoniza a todos.
*
       O simples não critica o vaidoso. Socorre-o, sem alarde, sempre que necessário.
*
       O cristão não odeia, nem fere. Segue ao Cristo, servindo ao mundo.
*
       De outro modo, os títulos de virtude são meras capas exteriores que o tempo desfaz."

(“Agenda Cristã”, André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 19 de maio de 2015

"NÓS E O MUNDO"


“Dai e ser-vos-á dado”. – Jesus.
(Lucas, 6:38.)

“Vós, porém, que vos retirais do mundo, para evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra? Onde a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais ao combate?”.
(ESE, Cap. 5, 26.)

"Muitos religiosos afirmam que o mundo é poço de tentações e culpas, procurando o deserto para acobertar a pureza. Entretanto, mesmo aí, no silencioso retiro em que se entregam a perigoso ócio da alma, por mais humildes se façam, comem os frutos e vestem a estamenha que o mundo lhes oferece.
Muitos escritores alegam que o mundo é vasto arsenal de incompreensão e discórdia, viciação e delinquência, como quem se vê diante de um serpentário. Contudo, é no mundo que recolhem o precioso material em que gravam as próprias ideias e encontram os leitores que lhes compram os livros.
Muitos pregadores clamam que o mundo é vale de malícia e perversidade, qual se as criaturas humanas vivessem mergulhadas em piscina de lodo. Todavia, é no mundo que adquirem os conhecimentos com que ornam o próprio verbo e acham os ouvintes que lhes registram respeitosamente a palavra.
Muitas pessoas dizem que o mundo é antro de perdição em que as trevas do mal senhoreiam a vida. No entanto, é no mundo que receberam o regaço materno para tomarem o arado da experiência e é no mundo que se nutrem confortavelmente a fim de demandarem mais altos planos evolutivos.
O mundo, porém, obra-prima da Criação, indiferente às acusações gratuitas que lhe são desfechadas, prossegue florindo e renovando, guiando o progresso e sustentando as esperanças da Humanidade.
Fugir de trabalhar e sofrer no mundo, a título de resguardar a virtude, é abraçar o egoísmo mascarado de santidade.
O aluno diplomado em curso superior não pode criticar a bisonhice das mentes infantis, reunidas nas linhas primárias da escola.
Os bons são realmente bons se amparam os menos bons.
Os sábios fazem jus à verdadeira sabedoria se buscam dissipar a névoa da ignorância.
O Espírita, na essência, é o cristão chamado a entender e auxiliar.
Doemos, pois, ao mundo ainda que seja o mínimo do máximo que recebemos dele, compreendendo e servindo aos outros, sem atribuir ao mundo os erros e desajustes que estão em nós."


("Livro da Esperança", Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 18 de maio de 2015

"EM MATÉRIA AFETIVA"

       "Sempre é forçoso muito cuidado no trato com os problemas afetivos dos outros, porque muitas vezes os outros, nem de leve, pensam naquilo que possamos pensar.
*
       Os espíritos adultos sabem que, por enquanto, na Terra, ninguém pode, em sã consciência, traçar a fronteira entre normalidade e anormalidade, nas questões afetivas de sentido profundo.
*
       Os pregadores de moral rigorista, em assuntos de amor, raramente não caem nas situações que condenam.
*
       Toda pessoa que lesa outra, nos compromissos do coração, está fatalmente lesando a si própria.
*
       Respeite as ligações e as separações, entre as pessoas do seu mundo particular, sem estranheza ou censura, de vez que você não lhes conhece as razões e processos de origem.
*
       As suas necessidades de alma, na essência, são muito diversas das necessidades alheias.
*
       No que tange a sofrimentos do amor, só Deus sabe onde estão a queda ou a vitória.
*
       Jamais brinque com os sentimentos de próximo.
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       Não assuma deveres afetivos que você não possa ou não queira sustentar.
*
       Amor, em sua existência, será aquilo que você fizer dele.
*
       Você receberá, de retorno, tudo o que der aos outros, segundo  lei que nos rege os destinos.
*
       Ante os erros do amor, se você nunca errou por emoção, imaginação, intenção ou ação, atire a primeira pedra, conforme recomenda Jesus."

(“Sinal Verde”, André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 17 de maio de 2015

"Jesus ensinou a orar e vigiar"

"Jesus ensinou a orar e vigiar, recomendou o amor e a bondade, pregou a humanidade, mas jamais aconselhou a viver de orações e lamúrias , santidade fingida, disfarçada em vãs aparências de humildade, que são sempre desmentidas pelas ambições e a arrogância incontroláveis do homem terreno. Para restabelecemos a verdade espírita entre nós e reconduzirmos o nosso movimento a uma posição doutrinária digna e coerente, é preciso compreender que a Doutrina Espírita é um chamado viril à dignidade humana, à consciência do homem para deveres e compromissos no plano social e no plano espiritual, ambos conjugados em face das exigências da lei superior da Evolução Humana. Só nos aproximaremos da Angelitude, o plano superior da Espiritualidade, depois de nos havermos tornado Homens."
("O Centro Espírita", José Herculano Pires)

sábado, 16 de maio de 2015

"NINGUÉM É PROFETA EM SUA TERRA"

" Enunciou Jesus  uma verdade que se tornou provérbio, que é de todos os tempos e à qual se poderia dar maior amplitude, dizendo que ninguém é profeta em vida. 

Na linguagem usual, essa máxima se aplica ao crédito de que alguém goza entre os seus e entre aqueles em cujo seio vive, à confiança que lhes inspira pela superioridade do saber e da inteligência. Se ela sofre exceções, são raras estas e, em nenhum caso, absolutas. O princípio de tal verdade reside numa conseqüência natural da fraqueza humana e pode explicar-se deste modo:

O hábito de se verem desde a infância, em todas as circunstâncias ordinárias da vida, estabelece entre os homens uma espécie de igualdade material que, muitas vezes, faz que a maioria deles se negue a reconhecer superioridade moral num de quem foram companheiros ou comensais, que saiu do mesmo meio que eles e cujas primeiras fraquezas todos testemunharam. Sofre-lhes o orgulho com o terem de reconhecer o ascendente do outro. Quem quer que se eleve acima do nível comum está sempre em luta com o ciúme e a inveja. Os que se sentem incapazes de chegar à altura em que aquele se encontra esforçam-se para rebaixá-lo, por meio da difamação, da maledicência e da calúnia; tanto mais forte gritam, quanto menores se acham, crendo que se engrandecem e o eclipsam pelo arruído que
promovem. Tal foi e será a História da Humanidade, enquanto os homens não houverem compreendido a sua natureza espiritual e alargado seu horizonte moral. Por aí se vê que semelhante preconceito é próprio dos espíritos acanhados e vulgares, que tomam suas personalidades por ponto de aferição de tudo."

("A Génese", Allan Kardec)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

"A MÃE DE MIL FILHOS"



"Maria Inês não teve filhos.

Maria Inês é enfermeira de uma UTI neonatal há vinte e quatro anos.

Ela é mãe de uma forma toda especial pois, por suas mãos, por seus cuidados, já passou mais de um milhar de crianças.

O vídeo preparado por uma agência de publicidade para homenageá-la ultrapassou cinco milhões de visualizações e o número continua subindo.

Nele, a técnica de enfermagem narra, com detalhes, o trabalho delicado e gratificante que faz, cuidando dos bebês como se fossem seus filhos.

O bebê prematuro é um bebê que fica muito tempo internado no hospital, e a gente acaba criando um vínculo muito grande com o bebê e com a família. – Diz ela.

Eu me lembro, um por um daqueles bebês. - Afirma com segurança, folhando um álbum recheado de fotografias dela junto com seus filhos temporários, e dizendo o nome de cada um.

Alguns deles, ela chegou a acompanhar durante as cirurgias delicadíssimas às quais se submeteram, permanecendo ao seu lado nesses momentos críticos do início de suas existências.

Folhando a coleção de fotos e memórias ela se pergunta: Como foi a primeira noite deles em casa? Como foi a infância deles? Será que é médico, engenheiro, professor? A gente sente saudade deles...

A agência fez uma grande surpresa para Maria Inês: na cobertura de um prédio, projetou diversas fotos em tamanho gigante. Fotos dela com seus inúmeros filhos. Algumas fotos de seu álbum.

E quando ela menos esperava, através de um portão começaram a entrar diversas pessoas, vindo em sua direção.

Vinham para abraçá-la.

E cada uma foi se apresentando. Ela foi reconhecendo, um a um, muitos daqueles que cuidou com tanto amor em seus primeiros segundos de vida, na UTI neonatal do hospital.

Um momento de extrema beleza e emoção. Um momento que simboliza o mundo novo, o mundo que irá celebrar muito mais o nascimento do que a morte, a criação do que a destruição.

Quando aprendermos a dar mais valor a enfermeiras do que a pop stars ou falsas celebridades que, muitas vezes, sem mérito algum, ganham a atenção e o respeito de muitos, demonstraremos que estamos começando a amadurecer como humanidade.

Por enquanto, ainda estamos na infância, ou numa pré-adolescência sofrida, de conflitos, de revoltas, de guerras tolas e sem sentido.

Por enquanto, buscamos sair deste lamaçal que nós mesmos criamos, através de tantos séculos de comportamentos individualistas e materialistas.

Histórias como a dessa enfermeira nos emocionam, nos envolvem, pois mostram uma nova relação da profissão com o ganho material.

Exemplos como esse são muitos. São os que já estão crescidos e vêm estender as mãos à maioria cambaleante, oferecendo mais uma oportunidade.

Aproveitemos as chances que a vida nos dá. Aprendamos com as almas nobres. Não desperdicemos uma existência em buscas inúteis e estéreis como fizemos de outras vezes.

O amor é o convite mais suave e mais poderoso que recebemos diariamente. Aceitemo-lo. Entreguemo-nos a ele."

 (Momento Espírita)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

"PALAVRAS DE ESPERANÇA"



        "Se não admites a sobrevivência, depois de morte, interroga aqueles que viram partir os entes mais caros.
       Inquire os que afagaram as mãos geladas de pais afetuosos, nos últimos instantes do corpo físico; sonda a opinião das viúvas que abraçaram os esposos, na longa despedida, derramando as agonias do coração, no silêncio das lágrimas; informa-te com os homens sensíveis que sustentaram nos braços as companheiras emudecidas, tentando, em vão, renovar-lhes o hálito na hora extrema; procura  palavra das mães que fecharam os olhos dos próprios filhos, tombados inertes nas primaveras da juventude ou nos brincos da infância... Pergunta aos que carregaram um esquife como quem sepulta sonhos e aspirações no gelo do desalento, e indaga dos que choram sozinhos, junto às cinzas de um túmulo, perguntando por quê...
       Eles sabem, por intuição, que os mortos vivem, e reconhecem que, apenas por amor deles, continuam igualmente a viver.
       Sentem-lhes a presença, no caminho solitário em que jornadeiam, escutam-lhes a voz inarticulada com os ouvidos do pensamento e prosseguem lutando e trabalhando, simplesmente por esperarem os supremos regozijos do reencontro.
-+-
       Se um dia tiveres fome de maior esperança, não temas, assim, rogar a inspiração e a assistência dos corações amados que te precederam na grande viagem. Estarão contigo, a sustentarem-te as energias, nas tarefas humanas, quais estrelas no céu noturno da saudade, a fim de que saibas aguardar, pacientemente, as luzes da alva.
       Busca-lhes o clarão de amor, nas asas da prece, e, se nos templos veneráveis do Cristianismo, alguém te fala de Moisés, reprimindo as invocações abusivas de um povo desesperado, lembra-te de Jesus, ao regressar do sepulcro para a intimidade dos amigos desfalecentes, exclamando, em transportes de júbilo: "A paz seja convosco.”

(“Justiça Divina”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)