"Começaste o dia recebendo a visita de um amigo, a
falar-te da leviandade de um parente que te acusou por faltas que não
cometeste.
Para logo te demandaste na irritação e na
revolta.
*
Em seguida, vieram as compras, segundo
lista de encomendas que formulaste na véspera.
Alguns artigos, no entanto, não chegaram nas condições
esperadas e, sem qualquer hesitação, devolveste o material recebido com ásperas
reclamações.
*
Logo após, observaste que o vizinho, involuntariamente,
provocou pequeno defeito no sistema de esgotos, prejudicando-te o banheiro, por
alguns minutos.
De imediato, chamaste às contas o amigo da vizinhança,
admoestando-o com severidade agressiva, sem ao menos aceitar-lhe o pedido de
desculpas, enunciado com humildade.
*
Não passou muito tempo, notaste que a governanta não
efetuara a limpeza da casa, conforme as minudências de tuas
instruções.
E à frente da senhora que te serve com atenção à vida
familiar, dirigiste a ela um sermão esbrazoado de
exigências.
*
Assim atravessaste as horas, lastimando a vida, gritando
contra determinadas pessoas, maldizendo parentes, criticando, condenando,
ironizando e ferindo aos que te rodeiam.
*
Em sobrevindo a noite, trazias o corpo abatido, como que
vergastado por farpas invisíveis.
Clamaste contra a doença e te declaraste com os nervos
destrambelhados.
*
Por fim, em certo momento, pediste chorando para que
alguém te descobrisse um remédio ou um recurso contra as tuas angústias e
contrariedades, amarguras e desesperações.
É por isso que estamos aqui a rogar-te com
respeito:
— Experimenta o perdão."
(“JÓIA”, Emmanuel/Francisco Cândido
Xavier)
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