Questão Nr. 260 de “O
Livro dos Espíritos"
"Muitas vezes, na Terra,
na posição de cultores da delinquência, conseguimos escapar das sentinelas da
punição.
Faltas não previstas na legislação terrestre, como
sejam certos atos de crueldade e muitos crimes da ingratidão, muros a dentro de
nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e a perturbação, a
enfermidade e a morte de criaturas que a Divina Bondade nos põe no
caminho.
De outra feita, quando positivamente enodoados com o
ferrete da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas nos exonerar,
subornando consciências dolosas, no recinto dos tribunais.
Todavia, a reta justiça nos espera, infalível, e
além da morte, ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelas de
cultura e benemerência, eis que as marcas de ignomínia se nos destacam do ser,
então expostas à Grande Luz.
Nessa crise inesperada, imploramos nós mesmo retorno
e readmissão nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram a deserção e a
falência, a fim de ressarcirmos os débitos que os homens não conheceram, mas que
vibram, obcecantes, no imo de nossas almas.
É assim que voltamos ao cadinho fervente da
purgação, retomando nos fios da consanguinidade a presença daqueles que mais
ferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrimônios dilapidados,
rearticulando os elos da harmonia que nos ligam a todos, na universalidade da
vida, perante a Lei.
Reverenciemos, desse modo, no lar humano, não apenas
o templo de carinho em que se nos reabastecem as forças, no exercício do bem
eterno, mas igualmente a rude escola da regeneração, em que retomamos o convívio
dos velhos adversários que nós mesmos criamos, a ressurgirem na forma de
aversões instintivas e desafetos ocultos, que nos constrange cada hora à lição
da renúncia e à mensagem do sacrifício.
E por mais inquietante se nos afigure a experiência
no educandário doméstico, guardemos, dentro dele, extrema devoção ao dever,
perdoando e ajudando, compreendendo e amparando sem descansar, pois somente
aquele que se engrandeceu, entre as quatro paredes da própria casa, é que pode,
em verdade, servir à obra de Deus no campo vasto do mundo."
(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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