"Disse-vos,
não há muito, meus caros filhos, que a caridade, sem a fé, não basta
para manter entre os homens uma ordem social capaz de os tornar felizes.
Pudera ter dito que a caridade é impossível sem a fé. Podereis
encontrar, na verdade, impulsos generosos mesmo em pessoas privadas de
religião; porém, essa caridade austera, que só com abnegação se pratica,
com um constante sacrifício de todo interesse egoísta, somente a fé
pode inspirá-la, pois só ela nos faz carregar com coragem e perseverança
a cruz desta vida.
Sim,
meus filhos, é inútil que o homem ávido de gozos procure iludir-se
sobre o seu destino nesse mundo, pretendendo ser-lhe lícito ocupar-se
unicamente com a sua felicidade. Sem dúvida, Deus nos criou para sermos
felizes na eternidade; entretanto, a vida terrestre deve servir
unicamente ao nosso aperfeiçoamento moral, que mais facilmente se
adquire com o auxílio dos órgãos físicos e do mundo material. Sem levar
em conta as vicissitudes ordinárias da vida, a diversidade dos vossos
gostos, de vossos pendores e de vossas necessidades, é também um meio de
vos aperfeiçoardes, exercitando-vos na caridade. Com efeito, só a poder
de concessões e sacrifícios mútuos podeis manter a harmonia entre
elementos tão diversos.
Tereis,
contudo, razão, se afirmardes que a felicidade está destinada ao homem
nesse mundo, desde que ele a procure, não nos gozos materiais, sim no
bem. A história da cristandade fala de mártires que se encaminhavam
alegres para o suplício. Hoje, na vossa sociedade, para serdes cristãos,
não precisa nem o holocausto do martírio, nem o sacrifício da vida, mas
única e simplesmente o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho e
da vossa vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar e se a fé vos
sustentar. – Espírito protetor. (Cracóvia, 1861.)"
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)
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quinta-feira, 24 de março de 2016
"A FÉ E A CARIDADE"
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