terça-feira, 31 de março de 2015

Como se subtrair da influência dos maus espíritos

" É, sem dúvida possível, dir-se-á, evitar os homens que se saiba mal intencionados, mas como se subtrair da influência dos maus Espíritos que pululam em nossa volta e se deslizam em toda parte sem serem vistos?

O meio é seguramente simples, já que depende da vontade do próprio homem que traz consigo o preservativo necessário. Os fluidos unem-se em razão da similitude de sua natureza; os fluidos antagônicos se repelem; existe uma incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.

Que se faz então quando o ar é viciado? Saneia-se, purifica-o, destruindo o centro dos miasmas combatendo os eflúvios insalubres por correntes de ar salutares mais fortes. À invasão dos maus fluidos é preciso, pois opor-lhes bons fluidos; e como cada qual tem em seu próprio perispírito uma fonte fluídica permanente traz-se o remédio consigo mesmo; basta depurar esta fonte e dar-lhe qualidades tais que sejam para as más influências uma resistência, em lugar de ser uma força atrativa. O perispírito é, assim, uma couraça à qual é preciso dar a melhor têmpera possível; ora, como as qualidades do perispírito são, em razão, qualidades da alma, torna-se necessário trabalhar em sua própria melhoria, porque são as imperfeições da alam que atraem os maus Espíritos.

As moscas vão onde os focos de corrupção as atraiam; destruindo estes focos e as moscas se dispersarão. Do mesmo modo, os maus Espíritos vão aonde o mal os atraia; destruí-vos o mal e eles se afastarão. Os Espíritos realmente bons, encarnados ou desencarnados, nada têm que temer à influência dos maus Espíritos."
("A Génese", Allan Kardec)

segunda-feira, 30 de março de 2015

"BRADO DE FÉ"

"Descerra dentro d’alma a fulgida janela
Da esperança a brilhar, fervorosa e tranquila,
E do escuro portal da Terra que te asila
Contempla a imensidão que de luz se constela.

Plasma teu sonho, além da máscara de argila
Que, da infância à velhice, a ilusão te afivela...
Na miséria ou na glória, a carne por mais bela
É sempre a mesma flor que o sepulcro aniquila.

Inda mesmo que a dor te espreite qual pantera,
Eleva-te e perdoa, aprimora-te e espera
Para que a vida em ti não se ensombre ou degrade.

E hoje, colado ao chão no mundo que te oprime,
Amanhã librarás, em ascensão sublime
Qual falena de amor ao sol da Eternidade!..."

(Francisca Júlia da Silva, na obra  “Doutrina-Escola”, 
Autores Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

domingo, 29 de março de 2015

"SÊ BOM"

"Sê bom sempre.
       Não te exasperes com quem necessita de ti.
       Escuta, com paciência, a queixa de quem costuma se repetir de maneira enfadonha.
       Não há quem meça a angústia da alma que sofre.
       Não te insensibilizes diante de quem se humilha, expondo-te as suas fraquezas.
       Nem tomes à conta de desequilíbrio a atitude daquele que se encoraja a se te revelar.
       Quem não trará estigmas que intenta ocultar à alheia percepção?
       Milhares de criaturas que renteiam contigo choram às escondidas, e é possível que sejas uma delas.
       O que, em ti, não te escandaliza, por que haveria de te escandalizar nos outros?
       Levanta o caído e te levantarás com ele.
       A bondade não formula indagações descabidas e não pede contas a quem auxilia.
       O único juízo que jamais se equivoca em relação ao próximo é o do amor."
(“Dias melhores”, Irmão José/Carlos A. Baccelli)

sábado, 28 de março de 2015

"A MORAL EVANGÉLICA"

"1. Dizem que há muito episódios no Evangelho que não são verdadeiros. Como identificar ali o pensamento de Jesus?
Ao escrever “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Kardec, sabiamente, deteve-se na moral do Cristo, sobrepondo-se aos conflitos exegéticos.
 
2. Semelhante procedimento não limita o entendimento do Evangelho?
A mensagem cristã está toda contida na recomendação basilar de Jesus: “Amai-vos uns aos outros”.
 
3. Não obstante dois mil anos de Cristianismo, o ser humano ainda não conseguiu vivenciar essa orientação. O que está faltando?
Jesus recomendou que devemos amar o semelhante como a nós mesmos. O problema está aí. Falta-nos o parâmetro do amor ao semelhante. Não amamos a nós mesmos.
 
4. Por que não amamos a nós mesmos?
A característica fundamental do ser humano, no estágio de evolução em que nos encontramos, é o egoísmo. Com ele pode haver paixão mas dificilmente sobrará espaço para o amor.
 
5. E qual a diferença?
Paixão é instinto, autoafirmação, prazer a qualquer preço, sem perspectiva além da hora presente. Amor é sentimento, é desejo de doar-se, realizando-se no bem que estenda ao amado.
 
6. Pode dar um exemplo?
O vício é um impulso passional. O viciado deseja momentos de satisfação e prazer, envolvendo-se com o álcool, o fumo, as drogas. Não há nenhuma preocupação com o mal que faz a si mesmo. Cogita da satisfação presente sem pensar nas amarguras do futuro.
 
7. E o indivíduo que tem amor por si mesmo?
Este procurará o melhor para seu corpo, seu espírito, sua vida, sustentando o equilíbrio e a harmonia, tanto física quanto espiritualmente. Constrói o futuro de bênçãos a partir de nobres iniciativas do presente.
 
8. Onde encaixaríamos a recomendação de Jesus — fazer ao semelhante o bem que desejaríamos nos fosse feito?
 
A Regra Áurea é o atalho divino para o amor. Na medida em que procuramos observá-la sufocamos o egoísmo. Sem ele fica fácil amar a nós mesmos e ao semelhante."
 

(“Não pise na bola”, Richard Simonetti)

sexta-feira, 27 de março de 2015

"FÓRMULA DO PROGRESSO"


       "As criaturas humanas autênticas que ainda não atingiram elevados graus de virtudes e nem mais se comprazem nas faixas dos sentimentos primitivistas, frequentemente esbarram com indagações complexas de si para si mesmas.
*
       Como adquirir a tranquilidade perfeita se não são anjos e como evitar a permanência em desequilíbrio se já não querem viver sob o império dos instintos desenfreados?
*
       Aí é forçoso entre em função o nosso próprio senso de aspirantes à Vida Superior.
       Não existe alma que não haja, algum dia, experimentado hesitações, deficiências, enganos ou faltas na escola.
       E toda elevação do aprendiz em qualquer educandário resulta de menos erros e mais acertos nas experiências e lições que lhe cabem, a serem verificados em testes múltiplos que se sucedem uns aos outros.
*
       Nesse critério, não há motivo para qualquer de nós cair em desânimo ou adotar desistência no trabalho da ascensão espiritual.
*
       Hoje teremos colaborado menos no serviço do bem, no entanto, reconhecendo isso, amanhã ser-nos-á possível fazer mais.
*
       Notei que ontem se me fez maior a intemperança mental diante dos outros, mas, observando semelhante deficiência, posso hoje retificar-me e ser menos agressivo, à frente dos meus irmãos de experiência e caminho.
*
       Agora terá sido o momento que menos me decidi a praticar ponderação, entretanto, sabendo isso, devo na primeira oportunidade agir segundo os preceitos do equilíbrio, conforme os princípios do respeito mútuo que me compete observar.
*
       Encerrei a semana passada em condições deficitárias na execução dos meus compromissos de ordem geral, no entanto, anotando essa falha, na semana presente posso aplicar-me muito mais atividade à desincumbência dos meus próprios encargos a meu próprio benefício.
*
       Na senda da evolução, é preciso efetivamente aceitar-nos imperfeitos tais quais somos, mas, é igualmente necessário não parar simplesmente nisso e sim melhorar-nos constantemente, aprendendo e estudando, trabalhando e servindo, sob a fórmula do progresso: — “Errar menos para acertar sempre mais.”
(“Indulgência”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 26 de março de 2015

"SE FORMOS JUSTOS"


       "Deixa que a justiça te clareie a visão para que o egoísmo te não imponha a loucura e a cegueira.
*
       Se formos justos, não nos inclinaremos à censura e à reprovação, ante os erros dos semelhantes, porquanto, conheceremos, de sobra, nossas próprias fraquezas.
*
       Se formos justos, esqueceremos a queixa e a reclamação, porque, notaremos, ao nosso lado, aqueles que caminham no mundo, suportando fardos mais agressivos e mais pesados que o nosso.
*
       Se formos justos, não exigiremos dos outros demonstrações prematuras de bondade e compreensão, de vez que sabemos quanto nos custa o próprio equilíbrio no escabroso acesso às conquistas morais.
*
       Se formos justos, não nos confinaremos ao círculo doméstico, cristalizando-nos nas vantagens particulares, porquanto aprenderemos que as dores do vizinho são iguais às nossas, cultivando, por isso, a fraternidade que nos aquinhoará de alegrias e bênçãos.
*
       Sejamos justos e entenderemos a riqueza dos bens que o Senhor nos empresta, sabendo enxergar a indigência e o infortúnio que nos pedem simpatia e socorro.
*
       Sejamos justos e perceberemos, enfim, que o trabalho infatigável no bem comum é a única fórmula de paz, suscetível de garantir-nos a felicidade e a segurança, porque os cultivadores da justiça, pelo serviço incessante a todos, conhecem o supremo valor do tempo, convertendo o presente na gloriosa preparação do futuro."


(Emmanuel, na obra “Passos da Vida”, Francisco Cândido Xavier/Espíritos diversos)

quarta-feira, 25 de março de 2015

"GUARDE CERTEZA"

"O ato de rebeldia e dureza, antes de manifestar-se em maligna agitação, transforma o templo da alma em foco de lixo vibratório.
*
       A palavra precipitada e ferina antes de ferir o ouvido alheio, entenebrece os processos mentais do seu autor, com a sombra da invigilância.
*
       A queixa, embora aparentemente justa, antes de parasitar o equilíbrio do próximo, vicia as intenções mais íntimas do seu portador.
*
       A oposição estagnada e orgulhosa, antes de acabrunhar o interlocutor, cristaliza as possibilidades de atualização e aperfeiçoamento de quem a manifesta.
*
       O hábito lamentável, superficialmente comum, antes de sugerir a trilha da frustração ao vizinho, aprisiona quem o cultiva em malhas invisíveis de lodo e sombra.
*
       A repetição deliberada de um erro, antes de dilapidar a reputação do delinquente, intoxica-lhe a vontade e solapa-lhe a segurança.
*
       A grande ação delituosa, antes de exteriorizar-se para o conhecimento de todos, é precedida por pequenas ações infelizes, ocultas nos propósitos escusos daquele que a perpetra.
*
       O desculpismo improcedente, antes de ser vão tentativa de iludir os outros, constitui a realização efetiva da ilusão naquele que o promove.
*
       Antes de agirmos, mentalizamos a ação.
       Antes de atuarmos na vida exterior, atuamos em nossa vida profunda.
       Antes de sermos bons ou maus para todos, somos bons ou maus para nós mesmos.
***
       Guarde certeza dessas realidades.
       Antes de colher o sorriso da felicidade que esperamos através dos outros, é preciso vivermos o bem desinteressado e puro que fará felizes aqueles que nos farão felizes por nossa vez."

(André Luiz, na obra “Estude e viva”, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/  Emmanuel e André Luiz)
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terça-feira, 24 de março de 2015

"INIMIGOS QUERIDOS"


       "São muitos, aqueles que surgem, na condição de inimigos, não obstante queridos:
       filhos ingratos, que se comprazem em atormentar pais abnegados e sensíveis;
       companheiros que recebem carinhos e os retribuem mediante agressões e azedumes;
       pais incompreensíveis e exigentes, embora respeitáveis;
       esposos cruéis, que desconsideram o outro consorte e o crivam de censuras injustificáveis;
       conhecidos que desfrutam de bondade, e, todavia, são indiferentes ou irreconhecidos...
       Encontram-se na mesma rota, como adversários que se beneficiam, sem cessar, e não desperdiçam oportunidade para ferir e malsinar.
-0-
       Não te irrites com eles, vencendo a tentação do revide através dos mesmos abomináveis recursos.
       Ninguém surge na tua paisagem evolutiva como resultado do acaso, em instância destituída de finalidade.
       Estes atuais inimigos queridos, ressurgem do teu passado espiritual como bênção, para que treines paciência e aprimores a capacidade de amar.
       Reagem, negativamente, porque ainda têm impressos, nas telas do inconsciente, os males que lhes infligiste.
       É certo que não têm o direito de cobrar-te as dívidas. Todavia, a fase em que estagiam é de desequilíbrio, sentindo-se impelidos aos infelizes desforços a que se entregam.
       Reencarnaram-se em tua família, ao teu lado ou próximos de ti, a fim de que se reajustem programas e compromissos interrompidos, cada qual se recuperando do próprio erro.
       Alguns intentam-se melhorar-se e não o conseguem nos primeiros embates.
       Dá-lhes novas oportunidades.
       Insta com a tua afeição, a ponto de permitir-lhes redescobrir-te, ora em situação melhor, firmados em propósitos superiores quais os que abraças.
-0-
       A vida é uma sucessão de ensejos ditosos, a que deves recorrer para o teu progresso.
       Esses inimigos queridos são afetos que distanciaste e agora retornam, magoados, em desajuste, carentes de amor, que deixaste em sofrimento no caminho já percorrido.
       Se eles, porém, não mudarem de atitude em relação a ti, prossegue, assim mesmo, confiando no tempo e não te deixando abater nunca.
       Os teus inimigos queridos constituem, neste momento, desafio ao amor que deverás dispensar-lhes com crescente demonstração de carinho."
(“Luz da Esperança”, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

segunda-feira, 23 de março de 2015

"NA LEIRA DIVINA"


"No templo do Evangelho, surgem obreiros de variada expressão...

Os oportunistas que se fazem negociantes.
Os ociosos que se fazem discutidores.
Os revoltados que se fazem azedos.
Os tristes que se fazem inoperantes.
Os maledicentes que se fazem inúteis.
Os orgulhosos que se fazem negativistas.
Os desanimados que se fazem estéreis.
Os rebeldes que se fazem doentes.
Os críticos que se fazem inquisidores.
Os vaidosos que se fazem ingratos.

Todavia, o Celeste Semeador, no santuário de sua bênção, conta com os servos infatigáveis do amor puro que, a distância da discórdia e da sombra, se Consagram à construção da mente melhor para a Vida Melhor.

São esses os obreiros que não se fazem isso ou aquilo, mas que fazem a Vontade Divina, para que o Senhor se faça em todos, plasmando a verdadeira felicidade de cada um."


("Correio Fraterno", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 22 de março de 2015

"PROVAS IRREVELADAS"


       "Do ponto de vista moral, há bastante infortúnio escondido em toda parte.
       Nos ambientes mais diversos, nos momentos em que menos se espera, com as pessoas fisionomicamente mais seguras de si, a aflição desponta inesperada e o pranto pode estar surgindo às ocultas.
       Desilusão, moléstia, revolta e desalento em muitos casos não afluem à face das circunstâncias exteriores.
       Familiar decepcionado com o noticiário desairoso que vem a saber com respeito ao parente querido.
       Jovem agoniada na frustração de projetos matrimoniais.
       Pai fustigado pela doença incurável de um filho.
       Mãe ansiosa pela reconciliação impraticável com o pai de sua prole.
       Cavalheiro bem posto, mas absolutamente inconformado com a deficiência física de que se sabe portador, sem que os outros percebam.
       Viúva atormentada pela falta de garantias no lar.
       Cônjuge que não mais confia na companheira de vinte anos.
       Homem ferido pela consciência na fase de transição entre um passado recente de erros e um futuro de maiores acertos.
       Chefe enfermo de família numerosa, repentinamente desempregado.
       Criatura robusta e aparentemente normal, envolvida em tramas de obsessão.
       Aprendamos com a Doutrina Espírita que o pretérito se reflete no presente e que a lei de causa e efeito funciona em qualquer paisagem social, em qualquer pessoa, em todos os bastidores profissionais e todos os dias.
       Ponderemos nisso, a fim de não faltarmos com o apoio devido à harmonia que nos cabe manter nos domínios da vida.
       Se alguém lhe respondeu asperamente, se um amigo aparece incompreensivo, se aquele companheiro passou de súbito a dedicar-lhe antipatia gratuita, se aquele outro lhe abalroa as edificações espirituais, e se muitos não lhe correspondem, de leve, às esperanças, suponha semelhantes irmãos presos mentalmente a problemas irrevelados de angústia e coloque-se na posição deles, com as provas e desvantagens que experimentam, e decerto você se compadecerá de cada um, dispondo-se a auxiliá-los.
       Nem sempre a voz corrente fala tudo o que vai nas almas.
       Repitamos para nós que a verdadeira caridade se resume na compreensão para além das aparências dos espíritos com os quais se convive, perdoando e ajudando silenciosa e desinteressadamente, de nossa parte, onde estejamos, como se faça necessário e tanto quanto seja possível."

(André Luiz, na obra “Estude e viva”,  Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/Emmanuel e André Luiz)

sábado, 21 de março de 2015

"LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL"

"A solução do problema da libertação espiritual, considerado originalmente, é questão de foro íntimo, qual acontece ao homem na vida comum.

Uma criatura poderá ter renascido em lastimáveis condições de penúria e acordar para as responsabilidades da reencarnação em ambiente vicioso, seja na família consangüínea ou na esfera de relações sociais em que foi levada a conviver, atravessando, por isso, largo trecho da existência em perigoso arrastamento ao mal; entretanto, se determina a si mesma o dever de elevar-se, acendendo no raciocínio a lâmpada do estudo e abraçando a trilha correta do trabalho, a breve tempo começa a receber o amparo daqueles a quem se faz útil, conquistando mais alto nível, do qual consegue estender braços fraternos, em socorro dos irmãos que ficaram na retaguarda.

Ocorre o mesmo nos domínios do espírito.

Determinada pessoa pode encontrar-se às súbitas, debaixo da influência de entidades perturbadoras, seja por haver atraído-as por pensamentos infelizes ou porque sejam elas aqueles companheiros que lhe constituem a equipe de sócios das existências passadas; conseqüentemente é capaz de sofrer induções à delinqüência, em atormentados processos obsessivos, mas, se delibera emancipar-se, procurando a luz do conhecimento e situando o caminho no serviço aos semelhantes, passa a recolher, de imediato, o concurso daquele a quem auxilia, alcançando mais alto nível, do qual pode enviar apoio amigo àqueles mesmos Espíritos que se lhe erigiram à condição de perseguidores.

Fácil de compreender que toda criatura está vinculada ao grupo de inteligências e corações que lhe são afins, sejam em nos referindo a companheiros encarnados ou desencarnados, diante das avenidas da renovação e do progresso, descerradas, indiscriminadamente, a nós todos.

À frente, pois, dessa verdade, toda vez que estivermos inclinados à queda nas sombras da obsessão, quando na estância física, será possível receber a cooperação salvacionista de numerosos benfeitores; reconhecendo, porém, aquela outra realidade da lei de sintonia, pela qual sabemos que o ímã de atração das nossas companhias está no campo de nossa própria alma, não será lícito esquecer que o trabalho de nossa libertação e reequilíbrio depende positivamente de nós."


("Encontro Marcado", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

 

sexta-feira, 20 de março de 2015

"LIVRE-ARBÍTRIO"

"O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”. Pv. 16, v. 9.

       "A livre iniciativa é operação fundamental na existência da Alma, porém, em todas as atitudes que tomamos, na dimensão que nos é própria, somos orientados por DEUS.
       Quem quer esquecer a Mão Divina, que nos ajuda a viver, cai no materialismo e tenta desconhecer a Fonte de onde veio, dando ambiente às falsas interpretações da vida, sofrendo, com isso, a inquietação destinada ao egoísmo.
*
       A Inteligência Universal interpenetra tudo com o mesmo amor. A Alma, todavia, multiplica esse suprimento maior de acordo com a sua própria elevação espiritual, de sorte a existirem quantidades diferentes em cada criatura. São, pois, os filhos participando da operação do Pai, na vida infinita da criação.
*
       Tu és inteiramente livre, mas, para fazeres a vontade do Pai Celestial.
       Eis que os nossos sentimentos nos mostram turbilhões de ideias para realizarmos, porém, convém notarmos outra participação, além da nossa, na escolha do que iremos fazer.
*
       Eis que a nossa inteligência favorece-nos um clima grandioso, formulando-nos os pensamentos, estruturando-nos teorias. Por vezes executamos muitas delas. Não obstante, mãos espirituais, em nome de Todo-Poderoso, nos assistem, em todas as seleções.
*
       É bom que repitamos as palavras de Salomão, que muito nos inspira: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”.
*
       Quem se julga capaz de empreender, sozinho, a viagem do progresso, desmerece a ajuda que lhes vem, de todas as direções, e passa a integrar o grupo dos que desconhece a verdade e não querem perder a condição de filhos da IGNORÂNCIA.
       Pulsa em todos nós, o entusiasmo pela liberdade, até nos animais; pois, no fundo, o que a consciência nos pede é o cumprimento dos deveres, que a Mão Divina escreveu em nós, quando nos fez.
       Libertação é livre-arbítrio, é fazermos a vontade do amor e da justiça que foram implantados no centro da vida.
*
       Viver livre é viver feliz, e não há felicidade sem Deus mais visível em nossos caminhos."

(“Tuas Mãos”, Carlos/ João Nunes Maia)

quinta-feira, 19 de março de 2015

"MEMORANDO"


"- A balança do bem não tem cópias.

- A vontade adoece, mas nunca morre.

- Quem compensa mal com mal, atinge males maiores.

- O amor real transpira imparcialidade.

- O sofrimento acorda o dever.

- O remédio excessivo faz-se veneno.

- Somos todos familiares de Jesus.

- Nenhum enfeite disfarça a culpa.

- A vida não cansa o coração humilde.

- Toda convicção merece respeito.

- Só a consciência tranqüila dá sono calmo.

- Emoções e idéias não existem a sós.

- O tempo não desfigura a beleza espiritual.

- Mediunidade, na essência, é cooperação mútua.

- Para o cristão não existem dores alheias, porque as dores da coletividade pertencem a ele próprio.

- Do erro nasce a correção.

- Lábios vigilantes não alardeiam vantagens.

- A caridade é o pensamento vivo do Evangelho."

(André Luiz, na obra "Estude e Viva", Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

quarta-feira, 18 de março de 2015

"A PAIXÃO DE JESUS"



"O Espiritismo não nos abre o caminho da deserção do mundo.

Se é justo evitar os abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele. Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas irmãs.

Para seguir a própria consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a santidade ilusória.

Não sejamos sombras vivas, nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por filigranas de adoração.

Nossa fé não é campo fechado à espontaneidade.

Encarnados e desencarnados precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir expansões sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não impõe restrições ao bem.

Assim como a virtude jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é ilusão semelhante às demais.

Não façamos da vida particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores, ou estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.

A convicção espírita não é insensível ou impertinente.

A inflexibilidade, no dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante, mas nem por isso cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.

Se o papel de vítima é sempre o melhor e o mais confortável, nem por isso, a título de representá-lo, podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à força, as criaturas que nos rodeiam.

Não sejamos policiais do Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.

Nem caridade vaidosa que agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a alegria de viver.

Quem transpira gelo, dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.

A crença aferrolhada no orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados pelo materialismo.

Não sejamos companhias entediantes.

Um sorriso de bondade não compromete a ninguém.

A fé espírita reside no justo meio-termo do bem e da virtude.

Nem o silêncio perpétuo da meia-morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da inibição a beirar o ridículo.

Nem olhos baixos de santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.

Nem cumplicidade no erro, na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente elevação.

Fé espírita é libertação espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a comunicabilidade, constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos que esteriliza a vida simples. Nem tristeza sistemática, nem entusiasmo pueril.

Abstenhamo-nos da falsa ideia religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências anteriores, nas quais vivemos em misticismo acabrunhante.

Desfaçamos os tabus da superioridade mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho de parecer humilde.

O Espiritismo nos oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as ideias ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.

Busquemos o povo – a verdadeira paixão de Jesus –, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e servindo-o sem intenções secundárias, conforme o “amai-vos uns aos outros” – a senda maior de nossa emancipação."

 (Ewerton Quadros, na obra "O Espírito da Verdade", Autores Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 17 de março de 2015

"NA EXTENSÃO DO SERVIÇO"

 "Que seria do Espiritismo se não guardasse finalidades de aperfeiçoamento da própria Terra, onde se expressa por movimento libertador doas consciências?

Seria louvável subtrair o homem do campo à função laboriosa da sementeira, distraindo-o com narrativas brilhantes e induzindo-o à inércia?

Seria aconselhável a imposição do êxtase ao esforço ativo, congelando-se preciosas oportunidades de realização para o bem?

Mas, se nos abeirarmos do trabalhador, com o intuito de estimulá-lo ao serviço, auxiliando-lhe o entendimento, para que a tarefa se lhe faça menos sacrificial, e favorecendo-o a fim de que descubra, por si mesmo, os degraus da própria elevação, estaremos edificando o bem legítimo, no aprimoramento da vida e da coletividade.

De que valeria a intimidade do homem com os Espíritos domiciliados em outras esferas, sem proveito para a existência que lhe é peculiar? Não será deplorável perda de tempo informarmo-nos, sem propósito honesto, quanto aos regulamentos que regem a casa alheia? Se a criatura humana ainda não pode dispensar o suprimento de proteínas e carboidratados, de oxigênio e vitaminas, se não pode prescindir do banho e da leitura, por que induzi-la ao ocioso prazer das indagações sem elevação de vistas?

Atendamos, acima de tudo, ao essencial.

É curioso notar que o próprio Cristo, em sua imersão nos fluidos terrestres, não cogitou de qualquer problema inoportuno ou inadequado.

Não se sentou na praça pública para explicar a natureza de Deus e, sim, chamou-lhe simplesmente “Nosso Pai”, indicando os deveres de amor e reverência com que nos cabe contribuir na extensão e no aperfeiçoamento da Obra Divina. Embora asseverasse que “na casa do Senhor há muitas moradas”, não se deteve a destacar pormenores quanto aos habitantes que as povoam.

Não obstante exaltar o Reino Celeste, nele situando a glória do futuro, não olvidou o Reino da Terra, que procurou ajudar com todas as possibilidades de que dispunha. Curando cegos e leprosos, loucos e paralíticos, deu a entender que vinha não somente regenerar as almas e sem também socorrer os corpos enfermos, na recuperação do homem integral.

Não se contentou, porém, com isso.

Em todas as ocasiões, exaltou nossos deveres de amor para com a vida comum.

Recorre à semente de mostarda e à dracma perdida para alinhar preciosos ensinamentos.

Compara o mundo a vinha imensa, onde cada servidor recebe determinada quota de obrigações.

Consagra especial atenção as criancinhas, salientando o amparo que devemos às gerações renascentes.

Nessa mesma esfera de realizações, os princípios do Espiritismo Evangélico se estenderão em favor da Humanidade.

Os desencarnados testemunham a sobrevivência individual, depois da morte, provam que a alma se transfere de habitação sem alterar-se, de imediato, mas, preconizando o estudo e a fraternidade, a cultura e a santificação, o trabalho e a análise, em obediência e ditames superiores, objetivam, acima de tudo, a melhoria da vida na Terra, a fim de que os homens se façam, efetivamente, irmãos uns dos outros no mundo porvindouro que será, indiscutivelmente, iluminada seção do Reino Infinito de Deus."


("Roteiro", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 16 de março de 2015

"MENSAGEM DO CORAÇÃO"


"Chamas por Cristo em rogativa ardente
E, não longe, a servir, brando e discreto,
Acenando-te ao ninho predileto,
Eis o Mestre a chamar-te docemente...

Enquanto choras em repouso, à frente
Ele sangra de dor, no imenso afeto
Aos que vivem sem luz, sem pão, sem teto,
Na longa retaguarda padecente.

Se procuras ouvir o Grande Apelo,
Para exaltar-lhe as bênçãos e estendê-lo,
Vem e ajuda a aflição gritante e nua...

E encontrarás em Cristo, que te espera,
A alegria da Eterna Primavera,
Reconfortando a dor, maior que a tua... "
 
 
("Auta de Souza", Auta de Souza/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 15 de março de 2015

"A PREGAÇÃO FUNDAMENTAL"

"Um aprendiz de Nosso Senhor Jesus-Cristo entusiasmou-se com os ensinamentos do Evangelho e decidiu propagá-los, enquanto vivesse. Leu, atencioso, as lições do Mestre e começou a comentá-las por toda parte, gastando dias e noites nesse mister.

Chegou, porém, o momento em que precisou pagar as próprias despesas e foi compelido a trabalhar.

Empregou-se sob as ordens de um orientador que lhe não agradou. Esse diretor de serviço achava-se muito distante da fé e, por isto, contrariava-lhe as tendências religiosas. Controlava-lhe as horas com rigor e observava-o com apontamentos acrimoniosos e rudes.

O pregador do Crucificado não mais se movimentava com a liberdade de outro tempo. Era obrigado a consagrar largos dias a trabalhos difíceis que lhe consumiam todas as forças. Prosseguia, ensinando a boa doutrina, quanto lhe era possível; porém, não mais podia agir e falar, como queria ou quando pretendia. Tinha os minutos contados, as oportunidades divididas, as semanas tabeladas e, porque se julgasse vítima das ordenações de sua chefia, procurou o diretor do serviço e despediu-se.

O proprietário que o empregara indagou do motivo que o levava a semelhante resolução.

Um tanto irônico, o rapaz explicou-se:

— Quero ser livre para melhor servir a Jesus. Não posso, pois, aceitar o cativeiro de sua casa.

Nesse dia de folga absoluta, sentiu-se tão independente e tão satisfeito que discorreu, animadamente, sobre a doutrina cristã, até depois de meia-noite, em várias casas religiosas.

Repousando, feliz, alta madrugada sonhou que o Mestre vinha encontrá-lo.

Reparou-lhe a beleza celeste e ajoelhou-se para beijar-lhe a túnica resplandecente.

Jesus, porém, estampava na fisionomia dolorosa e indisfarçável tristeza.

O discípulo inquietou-se e interrogou:

- Senhor, porque te sentes amargurado?

O Cristo, respondeu, melancolicamente:

— Porque desprezaste, meu filho, a pregação que te confiei?

— Como assim, Senhor? — replicou o jovem — ainda hoje abandonei um homem tirânico para melhor ensinar a tua palavra. Tenho discursado em vários templos e comentado a Boa-Nova por onde passo.

— Sim — exclamou o Mestre —, esta é a pregação que me ofereces e que desejo continues fervorosamente; todavia, confiei ao teu espírito a pregação fundamental da verdade a um homem que administra os meus interesses na Terra e não soubeste executá-la. Classificaste-o de ignorante e cruel; entretanto, olvidas que ele ignora o que sabes. E pretendes, acaso, desconhecer que o orientador humano que te dei somente poderia abordar-me os ensinos, nesta hora, através de teu exemplo? Tua humildade construtiva, no espírito de serviço, modificar-lhe-ia o coração... Se lhe desses cinco anos consecutivos de demonstrações evangélicas, estaria preparado a caminhar, por si mesmo, na direção do Reino Divino!... E ele, que determina sobre o tempo de duzentos homens, se faria melhor, mais humano e mais nobre, sem prejuízo da energia e da eficiência... Poderás ensinar o caminho celestial a cem mil ouvidos, mas a pregação do exemplo, que converta um só coração ao Infinito Bem, estabelece com mais presteza a redenção do mundo!...

O aprendiz desejou perguntar alguma coisa; entretanto, o Cristo afastou-se num turbilhão de luminosa neblina.

Acordou, sobressaltado, e não mais dormiu naquela noite.

De manhã, pôs-se a caminho do estabelecimento em que trabalhara, procurou o diretor de quem se despedira e pediu humildemente:

— Senhor, rogo-lhe desculpas pelo meu gesto impensado e, caso seja possível, readmita-me nesta casa! aceitarei qualquer gênero de tarefa.

O chefe, admirado, indagou:

— Quem te induziu a esta modificação?

— Foi Jesus — respondeu o rapaz —; não podemos servi-lo por intermédio da indisciplina ou do orgulho pessoal.

O diretor concordou sem vacilação, exclamando:

— Entre! Estamos ao seu dispor.

Anotou a boa vontade e o sincero desejo de servir de que o empregado dava agora vivo testemunho e passou a refletir na grandeza da doutrina que assim orientava os passos de um homem no aperfeiçoamento moral. E o aprendiz do Evangelho que retomou o trabalho comum, intensamente feliz, compreendeu, afinal, que poderia prosseguir na propaganda verbal que desejava e na pregação básica do exemplo que Jesus esperava dele."


("Alvorada Cristã", Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 14 de março de 2015

"INFLUÊNCIA ESPÍRITA"

"Ninguém dá unicamente aquilo que entrega ou cede, a benefício dos semelhantes. Cada criatura, através de leis inalienáveis que governam a vida, é obrigada a dar de si própria, nas situações essenciais do cotidiano, como sejam:

no pensamento;
na palavra;
no gesto;
no lar;
na comunidade;
na profissão;
no trabalho;
na tarefa;
no negócio;
na saúde;
na doença;
na administração;
na subalternidade.

Em ação espírita, somos compreensivelmente chamados a dar todo o apoio material e socorro moral aos irmãos em necessidade, conforme os recursos que usufruímos. Acima de tudo, porém, o espírita é convocado a melhorar a Vida e o Planeta pela cooperação da influência.

Revisemos, pois, dia-a-dia, nossas atitudes pessoais, observando como distribuímos as parcelas espirituais de nós mesmos, seja no que fazemos ou no que somos. Espiritismo é orientação certa e orientação certa se define como sendo o caminho certo de auxiliar e o jeito certo de viver."

("Caminho Espírita", Albino Teixeira/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 13 de março de 2015

"DESPEDIDA DE VITAL"


"Lua cheia... Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.

Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.

Suando, enxerga um moço na soleira,
- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,
mas diz o moço, envolto em luz dourada:

- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada."

( Casimiro Cunha, na obra "Antologia Mediúnica do Natal", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 12 de março de 2015

"CAMINHO ALTO"

 "Além da morte, as alegrias são fulgurações crescentes do Espírito, na liberação das forças emotivas que se descartaram da matéria mais densa, entretanto, no mesmo princípio, as dores da consciência atingem o superlativo da angústia.
 À vista disso, o remorso em nós é qual fulcro de agonias morais reavivando a lembrança dos nossos erros, com espantoso poder de repetição.
 Carregamos, desse modo, além-túmulo, o fardo de nossas culpas, a exibir constantemente o espetáculo das próprias fraquezas, e imploramos a reencarnação como quem sabe que o corpo físico é o instrumento capaz de reabilitar-nos.
 Nessas circunstâncias, não poupamos súplicas, não regateamos promessas, não medimos votos, não subestimamos sacrifícios… Encomendamos serviço e luta, assinalando a inquietude do sedento que pede água.
 Aspiramos a apaziguar paixões, purificar sentimentos, resgatar débitos, santificar ligações e elevar experiências, na conquista da própria renovação.
 E, quase sempre, renascemos em duras dificuldades, a fim de redimir-nos, à maneira do aluno internado na escola para educar-se.
 Não recuses, assim, a provação ou o problema que o mundo te impõe, nas horas breves da passagem sob a neblina da carne. A moléstia, a inibição, o sonho torturado, o parente difícil, a separação temporária ou o infortúnio doméstico representam cursos rápidos de regeneração pessoal, em que somos chamados ao próprio burilamento.
 Recorda que voltarás, amanhã, para o lar da luz de onde vieste. Não impeças que o suor do trabalho ou o pranto do sofrimento te dissolvam as sombras do coração.
 Todo mal de ontem ressurge ao mal de agora para que o bem apareça e retome a governança da vida.
 O erro desajusta.
 A dor restaura.
 É por isso que, entre a ilusão que obscurece e a verdade que ilumina, a reencarnação será sempre o alto caminho do recomeço."
 
(Emmanuel, na obra "Ideal Espírita", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 11 de março de 2015

"CONVITE AO OTIMISMO"

 “... Estou cheio de conforto, transborda-me o gozo em toda a nossa tribulação.”
(II Coríntios: 7-4.)

       "Não vitalizes tristezas nem desencantos, apesar das configurações de sofrimentos que surjam e se avolumem pela senda que percorres.
       Quando tudo parece perdido, invariavelmente uma solução surge, inesperada, providencial. E se não se materializa a resposta almejada, diretriz melhor conduzirá o problema de maneira salutar para ti mesmo, se te dispuseres esperar.
       Sombras não se modificam com sombras.
       O pântano não renascerá drenado com a condenação da lama.
       Mister esparzir luz e fazer canais providenciais.
       Para tanto, o homem deve impor-se a tarefa de abrir janelas de otimismo nas salas onde dominam tristezas e arejar escaninhos pestilenciais de pessimismo mediante o aroma da esperança.
       Pessimismo é enfermidade que engendra processo de psicose grave por antecipação de um mal que, talvez não ocorrerá.
       A cada instante as circunstâncias geram circunstâncias outras, fatores atuais compõem fatores futuros, dependendo da direção que lhes imponhas.
       Não te canses, desse modo, exageradamente sob o peso da nostalgia ou te entorpeças asfixiado pelos tóxicos das frustrações que todos experimentam.
       Entrega-te a Deus e deixa-te conduzir tranquilamente.
       Otimismo é estímulo para o trabalho, vigor para a luta, saúde para a doença das paisagens espirituais e luz para as densas trevas que se demoram em vitória momentânea.
       Nas duas traves da Cruz, quando tudo pareceria perdido, o Justo, em excelente lição de otimismo, descerrou os painéis da Vida Verdadeira, morrendo para surgir em gloriosa madrugada de Imortalidade, que até hoje é o canto sublime e a rota segura, plena de alegrias para todos nós."
(“Convites da Vida”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)