Um Espírito Protetor - Cracóvia, 1861
"12. Quando considero a brevidade da vida, causa-me dolorosa
impressão o fato de terdes como objetivo incessante a conquista do
bem-estar material, ao passo que dedicais tão pouca importância e
consagrais apenas pouco ou nenhum tempo ao vosso aperfeiçoamento
moral, que vos será levado em conta por toda eternidade. Diante
da atividade que desenvolveis, seria de se acreditar tratar-se de uma
questão do mais elevado interesse para a Humanidade, mas ela, quase
sempre, é para atender aos vossos exageros, às vaidades e ao vosso
gosto pelos excessos. Quantas penas, quantos cuidados e tormentos,
quantas noites em claro para aumentar uma fortuna muitas
das vezes já mais do que suficiente! O cúmulo do absurdo é ver, não
raro, aqueles que têm um amor imoderado pela fortuna e pelos prazeres
que ela proporciona sujeitarem-se a um trabalho árduo,
vangloriarem-se de uma existência dita de sacrifício e mérito, como se
trabalhassem para os outros e não para si mesmos. Insensatos! Acreditais,
então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e
os esforços que fazeis movidos pelo egoísmo, a vaidade e o orgulho,
enquanto esqueceis o cuidado com o vosso futuro, assim como dos
deveres de solidariedade fraterna, obrigatórios a todos os que desfrutam
das vantagens da vida social? Pensastes apenas em vosso corpo;
seu bem-estar, seus prazeres, foram o objetivo único de vossa preocupação
egoísta; pelo corpo que morre, vos esqueceis do Espírito que
viverá eternamente. Assim, esse senhor tão estimado e acariciado tornou-
se o vosso tirano; comanda vosso Espírito, que se fez escravo dele.
Seria essa a finalidade da existência que Deus vos concedeu?"
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XVI - "Não se pode servir a Deus e a Mamon")
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