Questão nº 938
"À medida que avances, montanha acima, nas trilhas da evolução, é
possível que muitos de teus amigos se transformem, porque não possam ver o
que vês.
É qual se o vinho capitoso surgisse transfigurado em resíduo de fel, ou
como se o brilhante longamente acariciado se metamorfoseasse em pedra
falsa.
Consagras-te agora à luz.
Dormitam muitos na sombra.
Escolhes hoje servir.
Demoram-se muitos reclamando o serviço alheio.
Buscas presentemente a verdade.
Afeiçoam-se muitos à máscara da ilusão. Desapegas-te de prazeres
inferiores e posses materiais.
Algemam-se muitos à egolatria.
Estranhando-te a nova atitude, quase sempre te classificam os anseios de
elevação com adjetivos injuriosos.
Porque não mais te acomodas nas trevas, há entre eles quem te chame
orgulhoso.
Porque conservas a humildade na luz da abnegação, há entre eles quem te
chame covarde.
Porque não mais te relaciones com a mentira, há entre eles quem te chame
fanático.
Porque esqueces a ti mesmo no culto do amparo a outrem, há entre eles
quem te chame idiota.
Entretanto, ama-os, mesmo assim, sem exigir que te amem, cultivando o
trabalho que a vida te confiou.
O serviço sustentado nas tuas mãos falará, sem palavras, de teus bons
propósitos a criaturas diferentes que, tangidas pelo divino amor, chegarão de
outros campos em teu auxilio.
Para isso, porém, é indispensável não entres no labirinto das lamentações
vinagrosas.
Censurar é ferir, e queixar-se é perder tempo.
Renuncia, pois, à satisfação da convivência com aqueles que, embora
continuem amados em teu coração, não mais te comunguem as esperanças.
Se te esquecerem, perdoa.
Se te desprezarem, perdoa mais uma vez.
Se te insultarem, perdoa novamente.
Se te atacarem, perdoa sempre.
Seja qual for a maneira pela qual te apareçam, nos dias da incompreensão,
ajuda-os quanto puderes.
O silêncio em serviço é uma prece que fala.
Deus que concede à semente o refúgio da terra e a bênção da chuva para
que germine, em louvor do pão, dar-te-á também outras almas, com as quais te
associes para a glória do bem."
("Religião dos Espíritos", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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