"Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita"
"4 – O MÉTODO""Se os fenômenos de que nos ocupamos ficassem restritos ao movimento dos objetos, estariam dentro, como dissemos, do domínio das ciências físicas. Mas não foi isso que aconteceu: estavam destinados a nos colocar no caminho de fatos de uma natureza estranha. Acreditou-se descobrir, não sabemos por iniciativa de quem, que a impulsão dada aos objetos não era somente produto de uma força mecânica cega, mas que havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente. Esse caminho, uma vez aberto, revelou um campo totalmente novo de observações: era o véu levantado de sobre muitos mistérios. Há, de fato, um poder inteligente? Essa é a questão. Se esse poder existe, qual é ele, qual é a sua natureza, sua origem? Ele está acima da humanidade? Essas são as outras questões decorrentes da primeira.
As primeiras manifestações inteligentes aconteceram por meio de mesas se levantando e batendo, com um dos pés, um número determinado de pancadas e respondendo desse modo sim ou não, segundo fora convencionado, a uma questão proposta. Até aí, não havia nada de convincente para os céticos, porque se podia acreditar num efeito do acaso. Obtiveram-se, em seguida, respostas mais desenvolvidas por meio das letras do alfabeto: o objeto móvel, batendo um número de vezes correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas. A precisão das respostas e sua correlação com a pergunta causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um Espírito ou gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito. Aqui há um fato muito importante que convém ressaltar: ninguém havia imaginado os Espíritos como um meio de explicar o fenômeno. Foi o próprio fenômeno que se revelou. Muitas vezes, nas ciências exatas, formulam-se hipóteses para se ter uma base de raciocínio, mas isso não ocorreu nesse caso.
Esse conselho foi dado simultaneamente nos Estados Unidos, na França e em diversos países. Eis os termos em que foi dado em Paris, no dia 10 de junho de 1853, a um dos mais fervorosos adeptos da Doutrina, que desde 1849 se ocupava com a evocação dos Espíritos: “Vá pegar no quarto ao lado o pequeno cesto; prenda-lhe um lápis, coloque-o sobre um papel e ponha os dedos sobre a borda”. Alguns instantes depois, o cesto se pôs em movimento, e o lápis escreveu esta frase muito claramente: “O que eu vos digo aqui, eu vos proíbo expressamente de o dizer a alguém. A próxima vez que eu escrever, escreverei melhor”.
O objeto ao qual se adaptava o lápis era apenas um instrumento, sua natureza e forma não tinham importância. Procurou-se sua disposição mais cômoda, por isso muitas pessoas fazem uso de uma pequena prancheta.
O cesto ou a prancheta apenas podem ser colocados em movimento sob a influência de algumas pessoas dotadas, para esse fim, de um poder especial e que são designadas como médiuns, isto é, intermediários entre os Espíritos e os homens. As condições de que se origina esse poder especial têm causas ao mesmo tempo físicas e morais ainda desconhecidas, visto que se encontram médiuns de todas as idades, de ambos os sexos e em todos os graus de desenvolvimento intelectual. Essa faculdade, esse dom, se desenvolve pelo exercício."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)
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