domingo, 31 de janeiro de 2016

"NA HORA DO DESÂNIMO"

"Desânimo em ação espírita-cristã é francamente injustificável.
Vejamos alguns apontamentos, suscetíveis de confirmar-nos o asserto.
Se fomos ludibriados, na expectativa honesta em torno de pessoas e acontecimentos,
desânimo nos indicaria o propósito de infalibilidade, condição incompatível com qualquer
espírito em evolução; se incorrermos em falta e caímos em desalento, isso mostraria que
andávamos sustentando juízo excessivamente benévolo, acerca de nós mesmos, quando
sabemos que, por agora, somos simples aprendizes na escola da experiência; se
esmorecermos na tarefa que nos cabe, tão só porque outros patenteiam dentro dela
competência que ainda estamos longe de alcançar, nossa tristeza destrutiva apenas nos
revelaria a reduzida disposição de estudar e trabalhar, a fim de crescer, melhorar-nos e
merecer; se nos desnorteamos em amargura pelo fato de algum companheiro nos endereçar advertência determinada, nesse ou naquele passo da vida, tal atitude somente nos evidenciaria o orgulho ferido, inadmissível em criaturas conscientes das próprias
imperfeições; se entrarmos em desencanto porque entes amados estejam tardando em
adquirir as virtudes que lhes desejamos, certamente estamos provisoriamente esquecidos de que também nós estagiamos no passado, em longos trechos de incompreensão e rebeldia.
Claramente, ninguém se rejubila com falhas e logros, abusos e desilusão, mas é preciso
recordar que, por enquanto, nós, os seres vinculados à Terra, somos alunos no educandário a existência e que espíritos bem-aventurados, em níveis muito superiores ao nosso, ainda caminham encontrando desafios da Vida e do Universo, a perseverarem no esforço de aprender.
Regozijemo-nos pela felicidade de já albergar conosco o desejo sadio de educar-nos e, toda vez que o desânimo nos atire ao chão da dificuldade, levantemo-nos, tantas vezes quantas forem necessárias para o serviço do bem, na certeza de que não estamos sozinhos e de que muito antes de nossos desapontamentos e de nossas lágrimas, Deus estava no clima de nossos problemas, providenciando e trabalhando."
("Caminho Espírita", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 30 de janeiro de 2016

"UM PÁLIDO RAIO DE LUZ NA NOITE DO RACIOCÍNIO"

“Toda a existência terrena está calcada nos instrumentos que servem para as manifestações espirituais e, infelizmente, a vossa excessiva dedicação a esses aparelhos viciou o vosso mundo emotivo, circunscrevendo as suas possibilidades ao ambiente terrestre, onde apenas possuíeis pálida réstia de luz na noite de um fraco raciocínio.
       Não soubestes, contudo, dentro da pequenez educacional, que vos foi parcamente ministrada, descerrar o velário augusto que encobre o santuário infinito da vida, acomodando-vos entre as acanhadas concepções, que vos foram impingidas pela ideias religiosas e que amesquinham a grandeza do Criador do Universo, na fase do orbe que vindes de abandonar. Criar um local fantástico de gozo beatífico ou de sofrimento eterno e inelutável, centralizar a vida em globo de sombra, é somente obra da ignorância desconhecedora da onipotência e sabedoria divinas.
       É que a vida não palpita, apenas, no mundo distante, onde abandonastes as vossas derradeiras ilusões: em toda parte ela pulula triunfante e o veículo das suas manifestações é o que se diversifica na multiplicidade dos seus planos. Os mundos são a continuidade dos outros mundos e os céus se sucedem ininterruptamente através dos espaços ilimitados.”
(“Cartas de uma morta”, Maria João de Deus/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"VISITAÇÃO A DOENTES"

       "A visita ao doente pede tato e compreensão.
*
       Abster-se de dar a mão ao enfermo quando a pessoa for admitida à presença dele, com exceção dos casos em que seja ele quem tome a iniciativa.
*
       S o visitante não é chamado espontaneamente para ver o doente, não insistirá nisso, aceitando tacitamente os motivos imanifestos que lhe obstam semelhante contato.
*
       Toda conversa ao pé de um doente exige controle e seleção.
*
       Evitar narrações ao redor de moléstias, sintomas, padecimentos alheios e acontecimentos desagradáveis.
*
       Um cartão fraterno ou algumas flores, substituindo a presença, na hipótese de visitação repetida, em tratamentos prolongados, constituem mananciais de vibrações construtivas.
*
       Conquanto a oração seja bênção providencial, em todas as ocasiões, o tipo de assistência médica, em favor desse ou daquele enfermo, solicita apreço e acatamento.
*
       Nunca usar voz muito alta em hospital ou em quarto de enfermo.
*
       Por mais grave o estado orgânico de um doente, não se lhe impor vaticínios acerca da morte, porquanto ninguém, na Terra, possui recursos para medir a resistência de alguém, e, para cada agonizante que desencarna funciona a misericórdia de Deus, na Vida Maior, através de Espíritos benevolentes e Sábios que dosam a verdade em amor, em benefício dos irmãos que se transferem de plano.
*
       Toda visita a um doente — quando seja simplesmente visita — deve ser curta."
(“Sinal Verde”, André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

"NO BALANÇO DAS PROVAS"

 "Não raro deitamos a culpa de nossos fracassos e aflições sobre os outros, todavia, acautelemo-nos contra semelhante atitude.
 Fixemo-nos, ao revés disso, em nossas infinitas possibilidades de ação e renovação.
 Provavelmente, em nossas fraquezas, teremos sido alguma vez defrontados pela tentação de acusar amigos ou adversários, quanto aos acontecimentos desagradáveis que nos ocorrem, no entanto, basta investigar o intimo para reconhecermos que as nossas falhas e erros pertencem às opiniões e decisões que formamos por nós próprios. Todos estamos entrosados uns com os outros, através de vastas cadeias de relações e reações, no intercâmbio espiritual e as experiências que nos são necessárias decorrem de nossa vinculação com o próximo.
 Urge, porém, reconhecer que, seja endereçando sugestões a alguém ou recolhendo as sugestões de alguém, responderemos por nossas resoluções. Na oferta ou no aceite de idéias e emoções, formulamos compromissos, porquanto, os princípios de causa e efeito funcionam igualmente nos domínios da palavra empenhada.
 Abstenhamo-nos de atirar culpas e reprovações nos ombros alheios, quando se faz inarredável nossa quota pessoal de débitos na conta dos obstáculos e dificuldades que nos povoem a vida.
 Cada qual de nós rodeia inelutavelmente pelos resultados das próprias obras.
 Verifiquemos a nossa parte de responsabilidade nas atribulações do caminho e, Abraçando com resignação e serenidade as conseqüências de nossos gestos menos felizes, refaçamos escolhas e diretrizes sem necessidade de apontar as possíveis faltas alheias.
 Pacifiquemos e aperfeiçoemos a nossa área de ação e estejamos convencidos de que se dermos o melhor de nós, realizando o melhor que se nos faça acessível ao esforço individual, no campo da vida, o senhor complementar-nos-á o trabalho, fazendo o resto."
 

("Mãos Unidas", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

"PARA MELHORAR"

"Conserva a fé em Deus e em ti mesmo.
Age servindo.
Constrói o bem que se nos mostre ao alcance.
Recusa qualquer ideia de desânimo e trabalha sempre.
Aceita o fracasso por base de recomeço.
Admite os outros, tais quais são.
Não exijas de alguém aquilo que esse alguém ainda não te pode dar.
Auxilia aos companheiros de experiência, tanto quanto puderes.
Hoje, é possível que esse ou aquele amigo necessite de ti, entretanto, amanhã, é provável sejamos nós os necessitados.
Não te aconselhes com a irritação, nem hospedes a tristeza que termine habitualmente no nevoeiro da inércia.
Respeita as idéias dos outros para que as tuas se façam respeitadas,
Sorri, ainda quando as dificuldades nos sitiem por todos os lados.
Esforça-te em descobrir o lado útil das situações e das pessoas.
Não guardes ressentimentos.
Não te queixes de ninguém, nem te lastimes.
Valoriza o tempo e não te concedas o luxo das horas vazias.
Enumera as bênçãos que o Senhor já te permite usufruir e serve.
Usa a paciência e a tolerância.
Vive a própria vida e deixa que os outros vivam a existência que o Céu lhes concedeu.
E se nos dispusermos realmente a melhorar-nos e a melhorar o nosso próprio caminho, estejamos na certeza de que a Divina Providência nos fará sempre o melhor."

(“Paciência”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

"O EXEMPLO DA FONTE"


 
"Um estudante da sabedoria, rogando ao seu instrutor lhe explicasse qual a melhor maneira de livrar-se do mal, foi por ele conduzido a uma fonte que deslizava, calma e cristalina, e, seguindo lhe o curso, observou:
- Veja o exemplo da fonte, que auxilia a todos, sem perguntar, e que nunca se detém até alcançar a grande comunhão com o oceano.
Junto dela crescem as plantas de toda a sorte, e em suas águas dessedentam-se animais de todos os tipos e feitios.
Enquanto caminhavam, um pequeno atirou duas pedras a corrente e as águas as engoliram em silêncio, prosseguindo para diante.
- Reparou? - disse o mentor amigo - a fonte não se insurgiu contra as pedradas. Recebeu-as com paciência e seguiu trabalhando.
Mais à frente, viram grosso canal de esgoto arremessando detritos no corpo alvo das águas, mas a corrente absorvia o lodo escuro, sem reclamações, e avançava sempre.
O professor comentou para o aprendiz:
- A fonte não se revolta contra a lama que lhe atiram a face. Recolhe-a sem gritos e transforma-a em benefícios para a terra necessitada de adubo.
Adiante ainda, notaram que, enquanto andorinhas se banhavam, lépidas, feios sapos penetravam também a corrente e pareciam felizes em alegres mergulhos.
As águas amparavam a todos sem a mínima queixa.
O bondoso mentor indicou o lindo quadro ao discípulo e terminou:

- Assinalemos o exemplo da fonte e aprenderemos a libertar-nos de qualquer cativeiro, porque, em verdade, só aqueles que marcham para diante, com o trabalho que Deus lhes confia, sem se ligarem às sugestões do mal, conseguem vencer dignamente na vida, garantindo, em favor de todos, as alegrias do Bem Eterno."
(" Ideias e Ilustrações",  Meimei/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

"CULPA E REENCARNAÇÃO"

"Espíritos culpados!
        Somos quase todos.
        Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes...
        Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação.
        Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência...
        Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros.
        Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem, para sempre de nós, depois da morte...
        Mas tornamos a encontrá-las no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas.
        Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência...
        No entanto, regressamos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as gravosas obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios.
-o-o-
        Espíritos culpados!
        Somos quase todos.
        A Perfeita Justiça, porém, nunca se expressa sem a Perfeita Misericórdia, e abre-nos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão.
        Atendamos às boas obras quanto nos seja possível.
        Cada migalha de bem que faças é luz contigo, clareando os que amas.
        E assim é porque, de conformidade com as Leis Divinas, o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós."
(“Justiça Divina”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

 

domingo, 24 de janeiro de 2016

"COMPAIXÃO E AUXÍLIO"

       "Existem criaturas na Terra tão extremamente agarradas à ideia de posse dos bens de que dispõem no mundo e das pessoas a que se destinam, que, frequentemente, em favor de nossa própria paz, necessitamos praticar, mais amplamente, os princípios da compaixão.
*
       Esse companheiro foi indicado pela Divina Providência para exercer a justiça, temperada de misericórdia; entretanto, apesar da autoridade de que disponha, precisará da compaixão alheia, traduzida em atitudes e palavras, para que o poder não se lhe converta nas mãos em bastão de tirania.
*
       Aquele recebeu do Senhor o dom de falar com desembaraço, de maneira a conduzir multidões para o caminho do bem: no entanto, em pleno fastígio do verbo, necessitará da compaixão dos semelhantes, a fim de não desmandar-se em paixões violentas.
*
       Outro, em nome do Mais Alto, guarda o depósito de grande fortuna, de modo a administrá-la, criteriosamente, criando trabalho, em benefício dos irmãos do mundo, chamados à sustentação própria; contudo, não prescindirá da compaixão dos outros para que não venha a aniquilar o patrimônio que a vida lhe confiou.
*
       Aquele outro ainda recolheu da Divina Bondade grande ciclo de provações, a fim de lecionar com elas paciência e humildade, fé e coragem, no auxílio espiritual aos companheiros do mundo; entretanto, não dispensará o apoio da compaixão de quantos o assistem para que o sofrimento não se lhe faça veneno ou desespero, nos recessos da alma.
*
       Seja diante de quem seja, compadece-te e auxilia para o bem.
       E sempre que o teu passo cruze com o passo de alguém que se comporta como se Deus não existisse, tratando criatura e bens, qual se lhes fosse o proprietário exclusivo, coloca a imagem desse alguém na tua enfermaria de oração, porque estarás renteando com uma dessas criaturas que ignoram a Paternidade de Deus, desconhecendo igualmente que todos os dons e vantagens que estejamos usufruindo nos foram emprestados pelos institutos da Divina Providência e dos quais daremos conta na Administração da Vida em momento exato."


 (“Inspiração”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 23 de janeiro de 2016

"MEDIUNIDADE"

“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão sonhos.” — (ATOS, capítulo 2, versículo 17.) 

"No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmía, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular. 
Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral. 
Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne. 
Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente. 
Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor. 
O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas. 
Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos. 
Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as construções espirituais de todas as comunidades sinceras da Doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

"PROPRIEDADES"

 
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. – Jesus.
(Mateus, 6:21)
 
“O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo”.
(ESE, Cap. 16, 9.)
 
"Em tudo o que se refira à propriedade, enumera, acima de tudo, aquelas que partilhas, por dons inexprimíveis da Infinita Bondade, e que, por se haverem incorporado tranquilamente ao teu modo de ser, quase sempre delas não fazes conta.
Diariamente, recolhes, com absoluta indiferença, as cintilações da coroa solar a se derramarem, por forças divinas, no regaço da terra, transfigurando-se em calor e pão, no entanto, basta pequeno rebanho de nuvens na atmosfera para que te revoltes contra o frio.
Dispões das águas circulantes que, em mananciais e poços, rios e chuvas, te felicitam a existência, sem que te lembres disso, e, ante o breve empecilho do encanamento no recinto doméstico, entregas-te sem defesa a pensamentos de irritação.
Flores aos milhares, na estrada e no campo, convidam-te a meditar na grandeza da Inteligência Divina, conversando contigo pelo idioma particular do perfume e, em muitas circunstâncias, não hesitas esfacelá-las sob os pés, deitando reclamações se pequenino seixo te penetra o sapato.
Correntes aéreas trazem de longe princípios nutrientes, sustentando-te a vida e lhes consomes as energias, à feição da criança que se rejubila inconsciente e feliz no seio materno e se o vento agita leve camada de pó, costumas acusar desagrado e intemperança.
Possuis no corpo todo um castelo de faculdades prodigiosas que te enseja pelas ogivas dos sentidos a contemplação e a análise do Universo, permitindo-te ver e ouvir, falar e orientar, aprender e discernir, sem que lhe percebas, de pronto, o ilimitado valor, e dificilmente deixas de clamar contra os excedentes que assinalas no caminho dos semelhantes, sem refletir nos aborrecimentos e nas provas que a posse efêmera disso ou daquilo lhes acarreta à existência.
Não invejes a propriedade transitória dos outros.
Ignoras por que motivo a fortuna amoedada lhes aumenta a responsabilidade e requeima a cabeça.
Sobretudo, nunca relaciones a ausência do supérfluo.
Considera os talentos imperecíveis que já reténs na intimidade da própria alma e lembra-te de que transportas no coração e nas mãos os recursos inefáveis de estender, infinitamente, os tesouros do trabalho e as riquezas do amor."
 

("Livro da Esperança", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

"IMPEDIMENTOS"

"Pondo de lado todo o impedimento... corramos com perseverança a
carreira que nos está proposta". - Paulo. (Hebreus, 12:1.)


"Por onde transites, na Terra, transportando o vaso de tua fé a
derramar-se em boas obras, encontrarás sempre impedimentos a
granel, dificultando-te a ação.
Hoje, é o fracasso nas tentativas iniciais de progresso.
Amanhã, é o companheiro que falha.
Depois, é a perseguição descaridosa ao teu ideal.
Afligir-te-ás com o fel de muitos lábios que te merecem apreço.
Sofrerás, de quando em quando, a incompreensão dos outros.
Periodicamente encontrarás na vanguarda obstáculos mil, induzindote
à inércia ou à negação.
A carreira que nos está proposta, no entanto, deve desdobrar-se no
roteiro do bem incessante...
Que fazer com as pessoas e circunstâncias que nos compelem ao
retardamento e à imobilidade?
O apóstolo dos gentios responde, categórico:
"Pondo de lado todo o impedimento".
Colocar a dificuldade à margem, porém, não e desprezar as opiniões
alheias quando respeitáveis ou fugir à luta vulgar. É respeitar cada
individualidade, na posição que lhe é própria, é partilhar o ângulo
mais nobre do bom combate, com a nossa melhor colaboração pelo
aperfeiçoamento geral. E, por dentro, na intimidade do coração,
prosseguir com Jesus, hoje, amanhã e sempre, agindo e servindo,
aprendendo e amando, até que a luz divina brilhe em nossa consciência, tanto quanto inconscientemente já nos achamos dentro dela."

(Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

"CORRESPONDÊNCIA SOBRE O LIVRO DOS ESPÍRITOS"

"Roma, 2 de março de 1861
 
Senhor,
 
Há cerca de quatro anos ocupo-me aqui das manifestações espíritas, e tenho a felicidade de ter na família um bom médium, que nos dá comunicações de ordem superior. Temos lido e relido o vosso Livro dos Espíritos, que constitui nossa alegria e nossa consolação, dando-nos as mais sublimes e admissíveis noções da vida futura. Se dela podia duvidar, as provas que tenho agora são mais que suficientes para firmar a minha fé. Perdi pessoas que me eram muito queridas e tenho a inapreciável felicidade de sabê-las felizes e de poder corresponder-me com elas. Dizer da alegria que assim experimentei é inexprimível. A primeira vez que me deram sinais manifestos de sua presença, exclamei: Então é verdade que nem tudo morre com o corpo! Eu vos devo, senhor, o ter-me dado essa confiança. Crede em minha eterna gratidão pelo bem que me fizestes, porque, malgrado meu, o futuro me atormentava. A ideia do nada era horrível, e fora do nada só encontrava uma incerteza acabrunhadora. Agora não mais duvido. Parece que renasci para a vida. Todas as minhas apreensões se dissiparam, e minha confiança em Deus voltou mais forte do que nunca. Espero muito que, graças a vós, meus filhos não tenham os mesmos tormentos, pois são alimentados com essas verdades, de maneira que a razão neles crescente só pode fortalecer-se.
Contudo, faltava-nos um guia seguro para a prática. Se não temesse importunar-vos, desde muito vos teria pedido conselhos da vossa experiência. Felizmente vosso Livro dos Médiuns veio preencher essa lacuna, e agora marchamos a passo mais firme, pois estamos prevenidos contra os escolhos que se podem encontrar.
Remeto, senhor, algumas cópias das comunicações que recebemos recentemente. Foram escritas em italiano e sem dúvida sofreram perdas na tradução. Apesar disto serei muito grato se me disserdes o que pensais delas; se me favorecerdes com uma resposta. Será um encorajamento para nós.
Desculpai-me, eu vos peço, senhor, esta longa carta e crede no testemunho de simpatia do vosso dedicado
 
CONDE X...
 
NOTA: O volume da matéria força-nos a adiar a publicação das comunicações transmitidas pelo Sr. Conde X..., em cujo número há algumas muito notáveis. Extraímos apenas as respostas seguintes, dadas por um dos Espíritos que a ele se manifestaram:
 
1. Conheceis o Livro dos Espíritos?
- Como os Espíritos não conheceriam sua obra? Todos a conhecem.
 
2. É muito natural em relação aos que nela trabalharam. Mas os outros?
- Há entre os Espíritos uma comunhão de pensamentos e uma solidariedade que não podeis compreender, homens que vos nutris no egoísmo e só vedes pelas estreitas janelas de vossa prisão.
 
3. Trabalhastes nela?
- Não, não pessoalmente, mas sabia que devia ser feita e que outros Espíritos, muito acima de mim, estavam encarregados dessa missão.
 
4. Que resultados produzirá ela?
- É uma árvore que já lançou sementes fecundas por toda a Terra. Essas sementes germinam; em breve amadurecerão e logo mais serão colhidos os frutos.
 
5. Não é de temer a oposição dos detratores?
- Quando se dissipam as nuvens que encobrem o sol, este tem brilho mais vivo.
 
6. Então as nuvens serão dissipadas?
- Basta um sopro de Deus.
 
7. Assim, em vossa opinião, o Espiritismo tornar-se-á uma crença geral?
- Dizei universal.
 
8. Contudo há homens que parecem muito difíceis de convencer.
- Há os que jamais o serão nesta vida, mas diariamente a morte os recolhe.
 
9. Não virão outros em seu lugar, que se tornarão incrédulos como eles?
- Deus quer a vitória do bem sobre o mal, e da verdade sobre o erro, como anunciou. É preciso que venha o seu reino. Seus desígnios são impenetráveis, mas crede que o que ele quer, o pode.
 
10. O Espiritismo será para sempre aceito aqui?
- Será aceito e florescerá. (Nesse momento o Espírito leva o lápis sobre a penúltima resposta e a sublinha com força).
 
11. Qual pode ser a utilidade do Espiritismo para a vitória do bem sobre o mal? Para isto não basta a lei do Cristo?
- Certamente essa lei bastaria, se fosse praticada, mas quantos a praticam? Quantos há que apenas têm a aparência da fé? Assim, vendo Deus que a sua lei era ignorada e incompreendida e que, malgrado essa lei, o homem vai se precipitando cada vez mais no abismo da incredulidade, quis dar-lhe uma nova demonstração de sua bondade infinita, multiplicando aos seus olhos as provas do futuro pelas manifestações brilhantes de que é testemunha, fazendo que seja advertido de todos os lados por esses mesmos que deixaram a Terra e que lhe vêm dizer: Nós vivemos. Em presença desses testemunhos, os que resistirem não terão escusa. Expiarão sua cegueira e seu orgulho por novas existências mais penosas em mundos inferiores, até que, enfim, abram os olhos à luz. Crede que entre os que sofrem na Terra, há muitos que expiam as existências passadas.
 
12. Pode o Espiritismo ser considerado como uma lei nova?

- Não, não é uma lei nova. As interpretações que os homens deram da lei do Cristo geraram lutas que são contrárias ao seu espírito. Deus não quer mais que a lei de amor seja um pretexto de desordem e de lutas fratricidas. Exprimindo-se sem rodeios e sem alegorias, o Espiritismo está destinado a restabelecer a unidade da crença. Ele é, pois, a confirmação e o esclarecimento do Cristianismo, que é e será sempre a lei divina, a que deve reinar em toda a Terra e cuja propagação vai tornar-se mais fácil por este poderoso auxiliar."

("Revista Espírita" Abril de 1861)

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"APATIA ESPIRITUAL"

    "Se te sentes envolver por um processo de apatia espiritual que te consome as melhores energias, fazendo-te desalentar diante das obrigações cotidianas, não te entregues a semelhante estado d’alma na expectativa de que alguém possa subtrair-te a ele sem contar com o teu esforço.
       Quem se rende à depressão sem lutar contra ela,  dificilmente conseguirá libertar-se de seus tentáculos.
       Para que uma força se anule, é necessário que se lhe oponha uma força contrária, da mesma intensidade.
       Se desejas combater a tristeza, alegra-te.
       Se queres vencer os pensamentos sombrios que te povoam a mente, ocupa o teu cérebro com ideias nobres.
       O único remédio de prescrição eficaz contra a apatia espiritual é o trabalho, especialmente o trabalho desinteressado em favor dos semelhantes.
       Não esperes pelo fortalecimento físico a fim de te fortaleceres moralmente, porque, não raro, o abatimento orgânico é consequência de tua prostração espiritual diante da vida.
       Levanta-te em espírito e, contigo, o teu corpo haverá de soerguer-se.
       Os outros poderão sempre orientar-te e estender-te as mãos, mas, se não manejares a tua própria vontade no âmago do ser, permanecerás no chão a que, voluntariamente, te arrojaste, vencido pelo peso imaginário de tuas aflições.
       Ora e confia em Deus mas, sobretudo, derrama o suor do trabalho digno, desentorpecendo a alma na alegria de ser útil à vida que espera, em toda parte, pelo concurso de tuas mãos."


(“IRMÃOS DO CAMINHO”, Irmão José/Carlos A. Baccelli)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"A CAPA DE SANTO"

 "Certo discípulo, extremamente aplicado ao Infinito Bem, depois de largo tempo ao lado do Divino Mestre recebeu a incumbência de servi-lo entre os homens da Terra.
 Desceu da Esfera Superior em que se demorava e nasceu entre as criaturas para ser carpinteiro.
 Operário digno e leal, muita vez experimentou conflitos amargurosos, mas, fervoroso, apegava-se à proteção dos santos e terminou a primeira missão admiravelmente. 
 Tornou ao céu, jubiloso, e recebeu encargos de marinheiro. 
 Regressou à carne e trabalhou assíduo, em viagens inúmeras, espalhando benefícios em nome do Senhor.
 Momentos houve em que a tempestade o defrontou ameaçador, mas o aprendiz, nas lides do mar, recorria aos Heróis Bem-Aventurados e entesourou forças para vencer. 
 Rematou o serviço de maneira louvável e voltou à Casa Celeste, de onde retornou ao mundo para ser copista. 
 Exercitaram-se, então, pacientemente, nos trabalhos de escrita, gravando luminosos ensinamentos dos sábios; e, quando a aflição ou o enigma lhe visitaram a alma, lembrava-se dos Benfeitores Consagrados e nunca permaneceu sem o alívio esperado. 
 Novamente restituído ao Domicílio do Alto, sempre louvado pela conduta irrepreensível, desceu aos círculos de luta comum para ser lavrador. 
 Serviu com inexprimível abnegação à gleba em que renascera e, se as dores lhe buscavam o coração ou o lar, suplicava os bons ofícios dos Advogados dos Pecadores e jamais ficou desamparado. 
 Depois de precioso descanso, ressurgiu no campo humano para exercitar-se no domínio das ciências e das artes. 
 Foi aluno de filosofia e encontrou numerosas tentações contra a fé espontânea que lhe sustentava a alma simples e estudiosa; todavia em todos os percalços do caminho, implorava a cooperação dos Grandes Instrutores da Perfeição, que haviam conquistado a láurea da santidade, nas mais diversas nações, e atravessaram ilesas, as provas difíceis. 
 Logo após, foi médico e surpreendeu padecimentos que nunca imaginara. Afligiram-se milhares de vezes ante as agruras de muitos destinos lamentáveis; refugiou-se na paciência, pediu socorro dos Protetores da Humanidade e, com o patrocínio deles, venceu, mais uma vez. 
 Tamanha devoção adquiriu que não sabia mais trabalhar sem recurso imediato ao concurso dos Espíritos Glorificados na própria sublimação.
 Para ela, semelhantes benfeitores seriam campeões da graça, privilegiados do Pai Supremo ou súdito favorecidos do Trono Eterno. E, por isso, prossegui trabalhando, agarrando-se-lhes à colaboração. 
 Foi alfaiate, escultor, poeta, músico, escritor, professor, administrador, condutor, legislador e sempre se retirou da Terra com distinção. 
 Vitorioso em tantos encargos foi chamado pelo Mestre, que lhe falou, conciso: 
 - Tens vencido em todas as provas que te confiei e, agora, podes escolher a própria tarefa. 
 O discípulo, embriagado de ventura, considerou sem detença:
 - Senhor, tantas graças tenho recebido dos Benfeitores Divinos, que, doravante, desejaria ser um deles, junto da Humanidade...
 - Pretenderias, porventura, ser um santo?- indagou o Celeste Instrutor, sorrindo.
 - Sim... - confirmou o aprendiz extasiado. 
 O senhor, em tom grave, considerou:
 - O fruto que alimenta deve estar suficientemente amadurecido... Até hoje, na forma de operário, de artista, de administrador e orientador, tens estado a meu serviço, junto dos homens, junto de mim. Há muita diferença... 
Mas, o interlocutor insistiu, humilde, e o mestre não lhe negou a concessão. 
 Renasceu, desse modo, muito esperançoso, e, aos vinte anos de corpo físico, recebeu do Alto o manto resplandecente da santidade. 
 Manifestaram-se nele dons sublimes. 
 Adivinhava, curava, esclarecia, consolava. 
 A inteligência, a intuição e a ternura nele eram diferentes e fascinantes. 
 E o povo, reconhecendo-lhe a condição, buscou-lhe, em massa, as bênçãos e diretrizes. Bons e maus, justos e injustos, ignorantes e instruídos, jovens e velhos, exigiram-lhe, sem consideração por suas necessidades naturais, a saúde, o tempo, a paz e a vida. 
 Na categoria de santo, não podia subtrair-se à luta, nem desesperar, e por mais que fosse rodeado de manjares e flores, por parte dos devotos e beneficiários reconhecidos, não podia comer, nem dormir, nem pensar, nem lavar-se. Devia dar, sem reclamação, as próprias forças, à maneira da vela, mantendo a chama por duas pontas. 
 Não valiam escusas, lágrimas, cansaço e serviço feito. 
 O povo exigia sempre. 
 Depois de dois anos de amargosa batalha espiritual, atormentado e desgostoso, dirigiu-se em preces ao Senhor e alegou que a capa de santo era por demais espinhosa e pesava excessivamente. Reparando-lhe o pranto sincero, o Mestre ouviu-o, compadecido, e explicou: 
 - Olvidaste que, até agora, agiste no comando. Na posição de carpinteiro, modelavas a madeira; lavrador determinava o solo; médico, ordenavas aos enfermos; filósofo arregimentava idéias; músico. Tangias o instrumento; escultor cinzelava a pedra; escritor dispunha sobre as letras; professor instruía os menos sábios que tu mesmo; administrador e legislador interferiam nos destinos alheios. Sempre te emprestei autoridade e recurso para os trabalhos de determinação... Para envergares a capa de santo, porém, é necessário aprender a servir... 
 A fim de alcançares esse glorioso fim, serás, de ora em diante, modelado, brunido, aprimorado e educado pela vida. 
 E enquanto o Mestre sorria complacente e bondoso, o discípulo em pranto, mas reconfortado, esperava novas ordenações para ingressar no precioso curso de obediência."
("Contos e Apólogos", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 17 de janeiro de 2016

"NO RECINTO DOMÉSTICO"

"Bondade no campo doméstico é a caridade começando de casa.
Nunca fale aos gritos, abusando da intimidade com os entes queridos.
Utilize os pertences caseiros sem barulho, poupando o lar a desequilíbrio e perturbação.
Aprenda a servir-se, tanto quanto possível, de modo a não agravar as preocupações da família.
Colabore na solução do problema que surja, sem alterar-se na queixa.
A sós ou em grupo, tome a sua refeição sem alarme.
É sempre possível achar a porta do entendimento mútuo, quando nos dispomos a ceder, de nós mesmos, em pequeninas demonstrações de renúncia a pontos de vista.
Quantas vezes um problema aparentemente insolúvel pede tão somente uma palavra calmante para ser absorvido?
Abstenha-se de comentar assuntos escandalosos ou inconvenientes.
Em matéria de doenças, fale o estritamente necessário.
Procure algum detalhe caseiro para louvar o trabalho e o carinho daqueles que lhe compartilham a existência.
Não se aproveite da conversação para entretecer apontamentos de crítica ou censura, seja a quem seja.
Se você tem pressa de sair, atenda ao seu regime de urgência com serenidade e respeito, sem estragar a tranquilidade dos outros."


(Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 16 de janeiro de 2016

"MEDIUNIDADE"

"Para compreendermos onde reside a mediunidade, lembremo-nos de que
somos compostos de três elementos:
o espírito, o perispírito e o corpo.
O espírito somos nós mesmos. É a nossa individualidade. É a parte de nós que pensa e sente. É o nosso EU imortal.
O perispírito é um véu fluídico que envolve o espírito e o liga ao corpo durante o tempo da encarnação. É inseparável do espírito e é tanto mais luminoso quanto maior for o adiantamento moral do espírito a que reveste.
É invisível para nós no estado normal; porém, pode tornar-se visível, como no caso das materializações e das aparições.
O corpo é o instrumento com o qual o espírito atua no mundo terreno.
Por conseguinte, agora que estamos encarnados possuímos o espírito, o perispírito e o corpo; quando estivermos desencarnados possuiremos o espírito, e o perispírito.
O perispírito é o receptor das sensações e o transmissor delas ao espírito.
As sensações físicas são recebidas pelo perispírito através do sistema nervoso de que é dotado nosso corpo. As sensações espirituais recebem-se diretamente pelo perispírito que se irradia através de nosso corpo e o contorna como uma névoa.
Há dois gêneros de mediunidade: a mediunidade de efeitos físicos e a
mediunidade de efeitos intelectuais.
A mediunidade de efeitos físicos é a que produz manifestações materiais, tais como: barulhos, deslocamentos de objetos, materializações, transportes, trabalhos manuais, voz direta, etc. Conquanto a voz direta seja uma manifestação intelectual, incluímo-la na classificação de efeitos físicos, porque só por um médium deste gênero ela pode produzir-se.
A mediunidade de efeitos intelectuais produz manifestações inteligentes, a saber: a palavra, a escrita, a inspiração, a intuição, etc.
O mecanismo da mediunidade de efeitos físicos é o seguinte: o perispírito do médium projeta para o exterior uma emissão fluídica-nervosa; os espíritos se apropriam dessa emissão e a combinam com os seus fluidos magnéticos; adquirem desse modo a força com a qual produzem os fenômenos.
O mecanismo da mediunidade de efeitos intelectuais é o seguinte: o espírito que se quer comunicar liga seu perispírito ao perispírito do médium e assim influencia o médium que lhe reproduz os pensamentos pela palavra ou pela escrita.
Na mediunidade de efeitos físicos há uma emissão luídica-nervosa da qual os espíritos se utilizam. Na mediunidade de efeitos intelectuais o organismo do médium diretamente influenciado pelo perispírito do espírito manifestante. À foça nervosa projetada pelo médium é utilizada pelos espíritos, nas manifestações e efeitos físicos, deu-se o nome de ectoplasma.
A causa que produz a mediunidade é orgânica-espiritual.
É orgânica porque o sistema nervoso do médium vibra muito facilmente
irradiando pelo perispírito intensa emissão fluídica-nervosa que, combinada com os fluidos magnéticos do espírito
manifestante, serve para a produção dos fenômenos de efeitos físicos.
Graças também à rapidez essas vibrações, o perispírito do médium ganha certa liberdade que lhe permite ligar-se ao perispírito do espírito manifestante e, assim, produzir os fenômenos de efeitos intelectuais.
É espiritual porque sem o concurso dos espíritos a mediunidade seria inútil, como seriam inúteis os olhos se não houvesse a luz."
("A mediunidade sem lágrimas", Eliseu Rigonatti)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

"PAZ E AMOR"

"Escuta, coração!...
Se buscas atingir a vitória do bem,
Se desejas que a paz se te instale nas horas,
O programa é servir sem desprezar ninguém...

Contempla a terra em derredor
E reconhecerás com nitidez
Que sem base de ação e tolerância,
Nada de bom se fez!...

 O chão que suportou enxada e golpe
É sempre aquele chão
Onde a vida se dá e depois se retoma,
Em láureas de verdura e tesouros de pão...
                                                    
A fonte que te ampara não se oculta,
Em descanso vulgar,
É aquela que não teme pedra e lodo
E cede apoio ao rio à procura do mar.

Observa mais longe:
No anseio de progresso a que o tempo te induz,
Sem força ou combustível que se gastam,
Pereceria a Terra, ante a morte da luz.

 Se sonhas mundo novo, serve e segue,
Não pares, nem de deixes combalir,
O trabalho presente aproveita o passado
Para tornar mais alta a bênção do porvir!...

Não te prendas à sombra da tristeza,
Nem te entregues à queixa amarga e vã.
Auxilia, perdoa e releva hoje
E encontrarás mais bela a vida de amanhã!...

Examina conosco, alma querida:
Seja onde seja e seja com quem for,
Deus, em tudo, é a presença da bondade
Que a tudo envolve e guarda, em cascatas de amor!... "



Maria Dolores, na obra "Seguindo Juntos", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"UM MÉDIUM PINTOR CEGO"

"Um de nossos correspondentes de Maine-et-Loire, o Dr. C..., transmitiu-nos o seguinte facto:
“Eis um curioso exemplo da faculdade mediúnica aplicada ao desenho, e que se manifestou vários anos antes que fosse conhecido o Espiritismo, e mesmo antes das mesas girantes.
Três semanas atrás, estando em Bressuire, explicava o Espiritismo e as relações dos homens com o mundo invisível a um advogado amigo meu, que dele não conhecia patavina. Ora, eis o facto que ele me contou como tendo grande relação com o que eu lhe dizia. Em 1849, disse ele, fui com um amigo visitar o vilarejo de Saint-Laurent-sur-Sèvres e seus dois conventos, um de homens, outro de mulheres. Fomos recebidos da maneira mais cordial possível pelo Padre Dallain, superior do primeiro e que também tinha autoridade sobre o segundo. Depois de ter visitado os dois conventos, ele nos disse: ‘Agora, senhores, quero vos mostrar uma das coisas mais curiosas do convento das mulheres.’ Mandou trazer um álbum onde, com efeito, admiramos aquarelas de grande perfeição. Eram flores, paisagens e marinhas. ‘Esses desenhos, tão bem reunidos’, disse-nos ele, ‘foram feitos por uma de nossas jovens religiosas que é cega.’ E eis o que nos contou de um encantador buquê de rosas, La Rochejaquelein e de vários outros visitantes, chamei a religiosa cega e pedi-lhe que se pusesse a uma mesa para desenhar alguma coisa. Diluíram as tintas, deram-lhe papel, lápis, pincéis, e ela imediatamente começou a pintar o buquê que vedes. Durante o trabalho colocaram várias vezes um corpo opaco, ora um papelão, ora uma prancheta, entre seus olhos e o papel, mas o pincel continuou a trabalhar com a mesma calma e a mesma regularidade.
À observação de que o buquê estava um pouco franzino, ela disse:
‘Pois bem! vou fazer sair um botão da haste deste ramo.’ Enquanto trabalhava nessa correção, substituíram o carmim de que se servia pelo azul; ela não percebeu a mudança e é por isso que vedes um botão azul.
“O abade Dallain”, acrescenta o narrador, “era tão notável por sua ciência e sua grande inteligência quanto por sua elevada piedade. Não encontrei ninguém que me tivesse inspirado mais simpatia e veneração.”
Em nossa opinião este facto não prova, de modo evidente, uma ação mediúnica. Pela linguagem da jovem cega, é certo que via, do contrário não teria dito: “Vou fazer sair um botão da haste deste ramo.” Mas o que não é menos certo é que ela não via pelos olhos, já que continuava seu trabalho, malgrado o obstáculo que interpunham à sua frente. Agia com conhecimento de causa e não maquinalmente, como um médium. Parece, pois, evidente que fosse dirigida pela segunda vista; via pelos olhos da alma, abstração feita dos do corpo; talvez até mesmo estivesse, de maneira permanente, num estado de sonambulismo desperto.
Fenómenos análogos foram observados muitas vezes, mas as pessoas se contentavam em os achar surpreendentes. Sua causa não podia ser descoberta, porque, ligados essencialmente à alma, fazia-se necessário, primeiro, reconhecer a existência da alma.
Mas, mesmo admitido, este ponto ainda não era suficiente: faltava o conhecimento das propriedades da alma e o das leis que regem suas relações com a matéria. O Espiritismo, ao nos revelar a existência do perispírito, deu-nos a conhecer, se assim nos podemos exprimir, a fisiologia dos Espíritos. Por aí nos foi dada a chave de uma imensidão de fenômenos incompreendidos, qualificados, em falta de melhores razões, de sobrenaturais por uns, e de bizarrias da Natureza por outros. Pode a Natureza ter bizarrias? Não, porque bizarrias são caprichos. Ora, sendo a Natureza obra de Deus, Deus não pode ter caprichos, sem o que nada seria estável no Universo. Se há uma regra sem exceção, certamente é a que rege as obras do Criador; as exceções seriam a destruição da harmonia universal. Todos os fenômenos se ligam a uma lei geral e uma coisa não nos parece bizarra senão porque só observamos de um único ponto, ao passo que, se considerássemos o conjunto, reconheceríamos que a irregularidade daquele ponto é apenas aparente e depende de nosso limitado ponto de vista.
Isto posto, diremos que o fenômeno de que se trata não é maravilhoso nem excepcional. É o que vamos tentar explicar.
No estado actual dos nossos conhecimentos, não podemos conceber a alma sem o seu invólucro fluídico, perispiritual. O princípio inteligente escapa completamente à nossa análise; só o conhecemos por suas manifestações, que se dão com o auxílio do perispírito. É pelo perispírito que a alma age, percebe e transmite. Desprendida do envoltório corporal, a alma ou Espírito ainda é um ser complexo. Ensina-nos a teoria, de acordo com a experiência, que a visão da alma, assim como todas as outras percepções, é um atributo do ser inteiro. No corpo é circunscrita ao órgão da visão, sendo-lhe preciso o concurso da luz; tudo quanto se acha no trajeto do raio luminoso o intercepta. Não é assim com o Espírito, para o qual não há obscuridade nem corpos opacos. A seguinte comparação pode ajudar a compreender esta diferença.
A céu aberto, o homem recebe a luz por todos os lados; mergulhado no fluido luminoso, o horizonte visual se estende por toda a volta. Se estiver encerrado numa caixa, na qual for feita uma pequena abertura, em seu redor tudo estará na obscuridade, salvo o ponto por onde lhe chega o raio luminoso. A visão do Espírito encarnado está neste último caso; a do Espírito desencarnado está no primeiro. Esta comparação é justa quanto ao efeito, mas não o é quanto à causa, porque a fonte de luz não é a mesma para o homem e para o Espírito, ou, melhor dizendo, não é a mesma luz que lhe dá a faculdade de ver.
Assim, a cega de que se trata via pela alma e não pelos olhos. Eis por que o anteparo colocado à frente do desenho não a incomodava mais do que incomodaria um vidente, ante os olhos do qual tivessem posto um cristal transparente. É também por isto que tanto podia desenhar de noite quanto de dia. Irradiando em torno dela, tudo penetrando, o fluido perispiritual levava a imagem, não à retina, mas à sua alma. Nesse estado, a visão abarca tudo? Não; ela pode ser geral ou especial, conforme a vontade do Espírito; pode ser limitada ao ponto onde ele concentra a sua atenção.
Mas, então, irão perguntar: por que ela não percebeu a substituição da cor? Primeiro pode ser que a atenção voltada para o lugar onde queria pôr a flor a tenha desviado da cor; aliás, é preciso considerar que a visão da alma não se opera pelo mesmo mecanismo que a visão corporal, e que, assim, há efeitos de que não nos poderíamos dar conta; depois, ainda é preciso notar que nossas cores são produzidas pela refração de nossa luz. Ora, sendo as propriedades do perispírito diferentes das de nossos fluidos ambientes, é provável que a refração aí não produza os mesmos efeitos; que as cores não tenham, para os Espíritos, as mesmas causas que para o encarnado. Assim ela podia, pelo pensamento, ver rosa o que nos parece azul. Sabe-se que o fenômeno da substituição das cores é muito frequente na visão ordinária. O facto principal é o da visão bem constatada sem o concurso dos órgãos da visão. Como se vê, esse facto não implica ação mediúnica, mas, também, não exclui, em certos casos, a assistência de um Espírito estranho. Essa jovem, pois, podia ou não ser médium, o que só um estudo mais atento teria podido revelar.
Uma pessoa cega que gozasse dessa faculdade seria um precioso objeto de observação. Mas, para tanto, teria sido necessário conhecer a fundo a teoria da alma, a do perispírito e, por conseguinte, o sonambulismo e o Espiritismo. Naquela época não se conheciam essas coisas; mesmo hoje, não seria nos meios onde as consideram como diabólicas que poderiam entregar-se a tais estudos. Também não é naqueles onde se nega a existência da alma que podem fazê-lo. Dia virá, sem dúvida, em que reconhecerão a existência de uma física espiritual, como começam a reconhecer a existência da medicina espiritual."
("Revista Espírita", Março 1864)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"DECISÃO E ATITUDE"


“...Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Paulo — Gálatas — 6:7)

       "Sua decisão num momento responderá pelos seus dias futuros.
       Não se precipite.
       A meditação o ajudará a discernir com clareza e segurança.
*
       A indecisão prolongada ante uma posição a assumir gera a complicação do problema que deverá ser enfrentado, por mais adiado permaneça.
Não cultive receios.
       Ore e consulte o Evangelho, após o que não tarde em demasia a indefinição.
*
       Aja com elegância mesmo quando diante de circunstâncias perturbadoras.
       Não reaja movido pelas paixões inferiores.
       Todos somos chamados, inevitavelmente, a testemunhos que aferem os valores individuais, na pauta da evolução de cada um.
*
       Quando não tenha conhecimento pessoal de uma ocorrência desagradável, ouvindo a narração sem a necessária calma, você não estará em condições de assumir responsabilidade.
       O desequilíbrio dos outros contamina também os que participam emocionalmente do problema, obnubilando-lhes a lucidez.
       Harmonize-se antes e não se envolva, para ajudar com elevação.
*
       Pudor e escândalo dependem de quem cultiva honorabilidade e insensatez.
       O que você cultiva, rebeldia ou serenidade, exterioriza-se, quando você for testado, no momento de sua posição real perante a vida.
       Resguarde-se da ira, fuja dos momentos da rebeldia, liberte-se do mal que teima residir no seu íntimo.
       Não avinagre suas horas, mediante a sustentação do clima pessimista, em decorrência de amigos, situações e atitudes.
       Faça sol interiormente, e quando se decidir pelo bem, não recue, não se arrependa, não reclame.
       Não exija santificação dos outros.
       Melhore-se primeiro e aprenda a decidir e agir com Jesus em qualquer conjuntura."

(“Momentos de Decisão”, Marco Prisco/Divaldo Pereira Franco)