"Muitos,
companheiros, sob a alegação de que todas as religiões são boas e respeitáveis,
julgam que as tarefas espíritas nada perdem por aceitar a enxertia da práticas
estranhas à simplicidade que lhes vige na base, lisonjeando indebitamente
situações e personalidades humanas, supostas capazes de beneficiar as
construções doutrinárias do Espiritismo.
No entanto,
examinemos, sem parcialidade, a expressão contraditória de semelhante atitude,
analisando-a, na lógica da vida.
Criaturas de
todas as plagas dos Universos são filhas do Criador e chegarão, um dia, à
perfeição integral. Mas, no passo evolutivo em que nos achamos, não nos é
lícito estar com todas, conquanto respeitemos a todas, de vez que inúmeras se
encontram em experiências diametralmente opostas aos objetivos que nos propomos
alcançar.
Não existem
caminhos que não sejam viáveis e todos podem conduzir a determinado ponto do
mundo. Contudo, somente os viajores irresponsáveis escolherão perlustrar
atalhos perigosos e desfiladeiros obscuros, espinheiros e charcos, no Dédalo de
aventuras marginais, ao longo da estrada justa.
Indiscriminadamente,
os produtos expostos num mercado são úteis. Mas sob a desculpa do acatamento
que se deve a todos, não nos cabe e sem qualquer consideração para com a
própria saúde.
Águas de
qualquer procedência liquidam a sede. No entanto, com a desculpa de que todas
são valiosas, não é aconselhável se beba qualquer uma, sem qualquer preocupação
d limpeza, a menos que a pessoa esteja nas vascas da sofreguidão, ameaçada de
morte pelo deserto.
Sabemos que a
legislação humana obtida à custa de sofrimento estabelece a segregação dos
irmãos delinquentes para o trabalho reeducativo; sustenta a policia rodoviária
para garanti a ordem da passagem correta; mantém fiscalização adequada para o devido
asseio nos recursos destinados à alimentação pública e cria agentes de
filtragem para que as fontes não se façam veículos de endemias e outras
calamidades que arrasariam populações indefesas.
Reflitamos
nisso e compreenderemos que assegurar a simplicidade dos princípios espíritas,
nas casas doutrinárias, para que as sua atividades atinjam a meta da libertação
espiritual da Humanidade não é fanatismo e nem rigorismo de espécie alguma,
porquanto, agir de outro modo seria o mesmo que devolver um mapa luminoso ao
labirinto das sombras, após séculos de esforço e sacrifício para obtê-lo, como
se também, a pretexto de fraternidade, fôssemos obrigados a desertar do lar
para residir nas penitenciárias; a deixar o caminho certo para seguir pelo
cipoal; a largar o prato saudável para ingerir a refeição deteriorada e
desprezar a água potável por líquidos de salubridade suspeita.
Em Doutrina
Espírita, pois, seja compreensível afirmar que é certo respeitar tudo e
beneficiar sem complicar a cada um de nossos irmãos, onde quer que se
encontrem, mas não podemos aceitar tudo e nem abraçar tudo, a fim de podermos
estar certos."
("Opinião Espírita", Emmanuel e André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
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