"O milagre é
invenção da gramática para efeito linguístico, pois na realidade somos
arquitetos do próprio destino.
Se algum erro
de cálculo existe na construção de nossas existências, o culpado somos nós
mesmos.
Todos
caminhamos suscetíveis de errar, todos já erramos bastante e todos ainda
erraremos necessariamente para aprender a acertar; contudo, nenhum de nós deve
persistir no erro, porquanto incorreríamos na abolição do raciocínio que nos
constitui a maior conquista espiritual.
No
reconhecimento da falibilidade que nos caracteriza, se não é lícito reprovar a
ninguém, não será justo cultivar a indulgência para conosco; e se nos cabe
perdoar incondicionalmente aos outros, não se deve adiar a severidade para com
as próprias faltas.
Portanto,
para acertar, não devemos fugir ao "conhece-te a ti mesmo", que
principia na intimidade da alma, com o esforço da vigilância interior.
Esse trabalho
analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar
com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas
possibilidades em qualquer manifestação.
Autocrítica
sim e sempre...
Podão da
sensatez - apara os supérfluos da fantasia.
Balança do
comportamento - sopesa todos os nossos atos.
Lima da
verdade - dissipa a ilusão.
Metro moral -
define o tamanho de nosso discernimento.
Espelho da
consciência - reflete a fisionomia da alma.
Em todas as
expressões pessoais, é possível errarmos para mais ou para menos.
Quem não
avança na estrada do equilíbrio que somente a autocrítica delimita com
segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no excesso, perdendo a linha
das proporções.
Com a
autocrítica, lisonja e censura, elogio e sarcasmo deixam de ser perigos
destruidores, de vez que a mente provida de semelhante luz, acolhe-se ao bom
senso e à conformidade, evitando a audácia exagerada de quem tenta galgar as
nuvens sem asas e o receio enfermiço de quem não dá um passo, temendo
anular-se, ao mesmo tempo que amplia as correntes de cooperação e simpatia, em
derredor de si mesma, por usar os recursos de que dispõe na medida certa do
bem, sob a qual, a compaixão não piora o necessitado e a caridade não humilha
quem sofre.
Sê fiscal de
ti mesmo para que não te levantes por verdugo dos outros e, reparando os
próprios atos, vive hoje a posição do juiz de ti próprio, a fim de que amanhã,
não amargues a tortura do réu."
("Opinião Espírita", Emmanuel e André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
Sem comentários:
Enviar um comentário