"Em matéria de educação a nós mesmos, existe, comumente,
um adversativo, em nossas melhores definições.
Via de regra, afirmamos, a cada trecho de nossa marcha
espiritual:
Sei que a morte é apenas mudança e devo corrigir-me para
a Vida Maior, entretanto, estou sob o cativeiro de inúmeras imperfeições, à
maneira de árvore asfixiada pela erva-de-passarinho, e não consigo
renovar-me;
sei que é necessário praticar o bem para que o mal não
me ensombre as horas, todavia, por mais me esforce, não chego a vencer a
preguiça que me entorpece;
sei que é urgente estudar, melhorando conhecimentos, a
fim de entender os desafios do mundo e solucioná-los com segurança, contudo, não
tenho tempo;
sei que é minha obrigação abraçar as boas obras, que as
circunstâncias me indicam, em proveito de minha felicidade, mas receio entrar em
choque com as alheias opiniões.
Sei que é preciso... — é a nossa frase trivial, diante
do serviço que nos compete, no entanto, habitualmente falha o motor da vontade,
no momento da ação.
Quase sempre, perdemos tempo precioso, empenhando-nos em
saber o que ainda estamos muito longe de aprender; numa atitude, aliás muito
compreensível, porquanto, desejando saber dignamente, a curiosidade respeitável
alenta o progresso; mas, se fizéssemos o melhor do que já conhecemos,
transferindo ideais e planos superiores das linhas teóricas para o terreno a
realização e da prática, desde muito, estaríamos guindados à posição de numes
apostolares das doutrinas redentoras que apregoamos, adiantando o relógio da
evolução terrestre.
Como é fácil de notar, nós todos, coletivamente
examinados, criamos muitas dificuldades na Terra, pela ânsia de fazer sem saber,
mas agravamos, consideravelmente, essas mesmas dificuldades pelo atraso de saber
e não fazer."
(“Intervalos”, Emmanuel/Francisco
Cândido Xavier)
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