sábado, 24 de maio de 2014

"ENFERMOS DA ALMA"


          "Suas opiniões primam pela contundência.
        Dizem-se sinceros, expondo o que pensam, conforme pensam, com violência.
        Creem-se possuidores do conhecimento integral.
        Combatem os demais com acrimônia.
        Desejam reformar o mundo, embora tenham dificuldade em melhorar-se.
        Primam-se pelas colocações pessoais, não facultando que outros disponham do mesmo direito.
        Aceitos, fazem-se gentis.
        Não admitidos, tornam-se agressivos, ferrenhos adversários.
        Defendem a liberdade do comportamento franco. Em relação, porém, ao que gostam de expor, não de ouvir.
        Evitam examinar o com que não estão de acordo, porque receiam o contágio da realidade, que lhes contraria os “pontos de vista”.
        Anatematizam com facilidade, mesmo quando não conhecem, satisfatoriamente, o com que discordam.
        Extrovertidos ou silenciosos, não abdicam dos seus conceitos, mesmo que a evidência seja diversa.
        Extenuam os que lhes padecem a algaravia com o excesso de argumentação. Palavras vigorosas e conteúdo frágil.
        Tornam-se extremistas e pressupõem que o Sol apenas brilha para eles.
        Estão enfermos da alma, esses irmãos impetuosos.
        Ignoram que, mesmo a verdade, deve ser lecionada com equilíbrio.
        Atitude excessiva em qualquer cometimento expressa desajuste.
        A gema preciosa arrojada com cólera, fere, provocando reação compatível de ira em quem lhe sofre o golpe.
        Afirmam não necessitar de ajuda, porque são carentes dela.
        Recusam-se a humildade por preferirem o autodeslumbramento em que se alucinam.
-x-
        Respeita-os sem os temer.
        Sê leal para contigo mesmo e gentil para com eles.
        Apesar de os deveres considerar, expressa a sã doutrina, não os valorizando o quanto se atribuem.
        Dá testemunho do Cristo em tuas palavras e obras, quando e onde estejas,  sem te impressionares com o verbalismo fluente e vazio
de que se fazem portadores.
        As cigarras cantam e nada realizam, enquanto zumbem as abelhas e produzem abundância, tornando-se úteis e necessárias à vida.
        Desobriga-te dos teus compromissos de esclarecer consciências e confortar corações sem alarde, porém, sem timidez.
        Quando se faz o que se pode, sempre se faz o melhor e o máximo.
        Assim agindo, estarás, sem dar-te conta, ajudando os irmãos enfermos da alma, que encontrarão em teu verbo e ação, a psicoterapia
e o estímulo para lograrem a cura de que necessitam e não o percebem."

(“Oferenda”,  Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira  Franco)

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