quarta-feira, 7 de maio de 2014

"DIVINA SURPRESA"

"Alma  fraterna  e  boa,
Se  o  impulso  da  prece  te  abençoa,
Quando  queiras  orar,
Buscando  segurança  no  Senhor,
Faze  em  qualquer  lugar
O  teu  louvor ou  a  tua  petição!...

A  terra  inteira  é  um  templo
Aberto  à  inspiração
Que  verte  das  Alturas,
Mas  se  queres  encontrar
O  Mestre  que  procuras,
Atende,  alma  querida!...
Desce  ao  vale  de  lágrimas  da  vida,
À  imensa  retaguarda
Onde  o  consolo  tarda...
Onde  a  dor da  penúria  e  o  pranto  da  viuvez,
Volve  à  sombra  das  margens  do  caminho
E  estende  o  braço  forte
Aos  que  vagam  sem  norte,
Na  saudade  do  lar  que  se  desfez!...

Escuta  os  que  se  vão
À  noite,  ao  frio  e  ao  vento,
Sem  poderem  contar  o  próprio  sofrimento,
Famintos  de  carinho  e  compreensão...


Pára  e  abraça  a  criança
Que  o  desprezo  consome
E  a  doença  extermina,
Pára  e  ausculta  a nudez,  a  febre  e  a  fome
Dessa  flor  pequenina!

Ouve  o  choro  do  enfermo  que  não  tem
Senão  pó,  lama  e  lágrimas  por  leito
E,  à  guisa  de  aposento,  um  canto  estreito
Na  terra  de  ninguém.

Atentamente,  anota  em  torno  os  brados
De  quem  conhece  a  mágoa  no  apogeu,
Os  tristes  corações  despedaçados
Que  a  calúnia  venceu...

Vai  onde  exista  aflição,
Oferecendo  a  cada  sofredor
Uma  bênção  de  amor,
E, aí,  surpreenderás  um  divino  clarão
Que,  dúlcido,  irradia
Paz,  bondade,  alegria ...
Em  meio  dessa  luz,
Escutarás  Jesus,
Enternecidamente,
A  dizer-te,  no  fundo  da  alma  crente:

— Alma  querida,  vem!...
Ouço-te  a  voz  na  prece,  em  qualquer  parte;
Devo,  entanto,  esperar-te
Na  seara  do  bem.
Chamaste-me,  decerto,
Para saber que Deus ama e compreende  em ti!...
Buscavas-me tão longe e  aguardo-te  tão  perto...
Alma  boa,  eis-me  aqui!..."
(“Antologia da Espiritualidade”, Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

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