"Quando estiveres à bica de maldizer as provações que a
Terra te ofereça por lições beneméritas, pensa na estagnação em que se nos
erigiria o caminho, se não houvesse a mudança, que tantas vezes se nos expressa
à custa de sofrimento.
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Se a semente não aceitasse a solidão, no claustro da
gleba, flor e fruto não surgiriam no enriquecimento da
vida.
Se a fonte recusasse passar por sobre lodo e pedra, o
campo estaria reduzido à esterilidade.
E a lâmpada se negasse a suportar a carga de força que
gradativamente a consome, não se faria luz dissolvendo as
trevas.
Se a criança não se desenvolvesse, transformando-se em
adulto, a ingenuidade jamais daria lugar à
experiência.
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Assim, em todos os distritos da edificação e do
sentimento.
Se a cultura não crescesse, não haveria
progresso.
Se a teoria não avançasse para a realização, nunca
passaria de um montão de palavras.
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Transposição, atrito, provas e desafios são condições de
melhoria e aperfeiçoamento, ajuste e elevação. À vista disso, aceitemos em paz
as tribulações que a existência nos imponha.
Se lutas e empeços, conflitos e lágrimas não nos
visitassem os corações, nosso espírito se deteria gradeado na ilusão e na
insipiência, ensombrado de ignorância e primitivismo.
Agradeçamos os obstáculos que nos chegam em forma de
alteração ou mudança, quebrando-nos a inércia e renovando-nos a
vida.
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Recordemos a águia nascitura.
Não fosse o rompimento do invólucro que a constringe,
não desenvolverias as próprias asas para ganhar as
alturas.
Não existisse o sofrimento que nos estilhaça a crosta da
personalidade egoística, não encontraríamos caminho para elevar-nos à felicidade
da vida eterna."
(“Rumo certo”, Emmanuel/Francisco
Cândido Xavier)