segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"INCERTEZA E DESCRENÇA"

"Expressiva a diferença entre a dúvida honesta e a incerteza sistemática.
       A primeira desaparece ante a linguagem evidente do fato, constituindo-se segurança desta ou daquela qualidade. A segunda, entranhada na tecelagem íntima do caráter que investiga, transfere-se; muda de situação e insiste, depreciativa.
       A dúvida não anula a fé, antes atesta-lhe a débil presença, enquanto a incerteza mórbida despoja a crença das qualidades que a legitimam.
       Por um natural processo de transferência psicológica, o homem sempre supõe noutro o que lhe é familiar, o de quanto é capaz.
       Desde que lhe pareça factível ludibriar e mentir, em toda parte e em qualquer pessoa vê-se refletido, facultando-lhe atormentar pelo espinho da descrença.
       Tais pessoas, as que descreem por hábito, nas amizades, sentem-se marginalizadas;
       nas afeições, consideram-se traídas;
       nos negócios, supõem-se ludibriadas;
       na vida social, acreditam-se subestimadas;
       na fé religiosa, receiam ser enganadas...
       Fazem-se fiscais do próximo, impenitentes, às vezes sorrindo, sob falsa superioridade com que ferem, , desatentos, todos, por saberem-se em rudes conflitos.
       Também as há nas lides espiritistas.
       Atormentam-se e atormentam.
       Aparentam uma retidão que sabem frágil, banindo a lídima fraternidade, por desejarem impor-se sempre.
       No conceito de tais atribulados espíritos, todos estão em erro, menos eles. Ocorre que consideram o próximo conforme se consideram. No fundo, não encontraram deficiências nos a quem acusam. A contrário, gostariam de descobrir-lhes as imperfeições, a fim de se darem por compensados, ante a própria pequenez.
       Não entres em litígio com eles.
       Descarta-te gentilmente, se não puderes fazer outra coisa. Não te envolvas, porém.
       Nutrindo sentimento de surda animosidade, que, conscientemente, desconhecem, são demolidores, fácil interfone para cruéis perturbadores desencarnados.
-x-
       Judas, que se enganou no torvelinho de contínuas e infelizes incertezas e suspeitas, não era estranho ao Grupo Galileu, antes, fora membro de eleição e amigo de todos.
       Perdoa, de tua parte, aqueles que te duvidam e te desconsideram, descreem-te e amarguram-te as horas, porquanto, da mesma forma como darás “contas da tua administração”, também eles serão examinados e considerados com o mesmo rigor com que se houverem em relação ao próximo.
       De tua parte, ama e confia, porque, em verdade, quem erra, mente ou trai, a si próprio prejudica."
(“Celeiro de Bênçãos”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

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