segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"COMBATENDO A SOMBRA"

“E não vos conformei com este mundo, mas transformai-vos...”
– Paulo- (Romanos, 12:2.)


"O aviso evangélico é demasiado eloqüente, todavia é imperioso observar-lhe  expressão profunda.
O apóstolo devidamente inspirado adverte-nos de que em verdade, não nos será possível a tácita conformação com os enganos do mundo do mundo, tanta vez abraçados espontaneamente pela maioria dos homens, no entanto, não nos induz a qualquer atitude
de violência.
Não nos pede rebelião e gritaria.
Não nos aconselha azedume e discussão.
Na palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação.
Não nos cabe, a pretexto de seguir o Mestre, sair de azorrague em punho, golpeando aqui e ali, na pretensão de estender-lhe a influência.
É imprescindível adotar a conduta dele próprio que, em nos conhecendo as viciações e fraquezas, suportou-nos a rijeza de coração, orientando-nos para o bem, cada dia, com o
esforço paciente da caridade que tudo compreende para ajudar.
Não movimentes, desse modo, o impulso da força, constrangendo os semelhantes a determinadas regras de conduta, diante da ilusão em que se comprazem.
Renovemo-nos para o melhor.
Eleva o padrão vibratório das emoções e dos pensamentos.
Cresce para a Vida Superior e revela-te em silêncio, na altura de teus propósitos, convertendo-te em auxiliar precioso da divina iluminação do espírito, na convicção de que a sementeira do exemplo é a mais duradoura plantação no solo da alma.
Não te resignes aos hábitos da treva. Mas, clareia-te por dentro, purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a mensagem persuasiva do amor, para que se estabeleça entre os homens o domínio da eterna luz."
("Palavras da Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 29 de setembro de 2013

"A RESPOSTA CELESTE"

"Solicitando Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas dos homens, respondeu Jesus para elucidação geral:
        — Antigo instrutor dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste, de uma aldeia para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar de um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número de milhas que o separavam do destino.
        Reparando que a solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a proteção do Eterno Pai, e seguiu.
        Noite fechada e sem luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à  margem da trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante, dispôs-se a deitar-se e dormir. Começou a instalar-se, pacientemente, mas espessa nuvem de  moscas vorazes o atacou, de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.
        O ancião continuou a jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num trecho em que a estrada se bifurcava. Ponte rústica oferecia passagem pela via principal, e, além dela, a terra parecia sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna, semelhava-se a extenso lençol branco.
        O santo pregador pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro obediente, quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.
        Sem recursos, agora, para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e, encontrando robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se, convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões longínquos. O vegetal respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco aberto. Dispunha-se ao refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco vigoroso caiu, partido, sem remissão.
        Exposto então à chuva, o peregrino movimentou-se para diante.
        Depois de aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural, mostrando doce luz por dentro, e suspirou aliviado.
        Bateu à porta. O homem ríspido que veio atender foi claro na negativa, alegando que o sítio não recebia visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas estranhas.
        Por mais que chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.
        Acomodou-se, como pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola campestre; no entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.
        O velho, agora sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus e passou a noite ao relento. Alta madrugada, ouviu gritos e palavrões indistintos, sem poder precisar de onde partiam.
        Intrigado, esperou o alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente, ausentou-se do esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que uma quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo, assassinando os moradores.
        Repentina luz espiritual aflorou-lhe na mente.
        Compreendeu que a Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando dele o cão que uivava, lhe garantira a tranqüilidade do pouso.
        Informando-se de que seguia em trilho oposto à localidade do destino, empreendeu a marcha de regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não passava de pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam sucumbido.
        O velho agradeceu o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a árvore tombada, um rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era conhecido covil de lobos.
        Muito grato ao Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde tentara repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.
        Endereçando infinito reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado socorro que não soubera entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para desempenho de sua tarefa.
        Nesse ponto da curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e terminou:
        — O Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las."
("Jesus no Lar", Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 28 de setembro de 2013

"ABRIGO"

"Haja o que houver na estrada,
Deus te protegerá.
Nas horas de alegria,
Pede equilíbrio a Deus.
Nos momentos de prova,
Refugia-te em Deus.
Se alguém te prejudica,
Entrega o assunto a Deus.
Se sofres menosprezo,
Fica firme com Deus.

Tudo parece contra?
Serve e confia em Deus."
("Algo Mais", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)  

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"ABNEGAÇÃO"

"A evolução espiritual é um fenômeno bastante
complexo, que se dá em sucessivas fases.
No começo, predomina a natureza corpórea.
Dominada pelos instintos, a criatura dedica seu
tempo e seu interesse a atividades comezinhas.
Comer, vestir-se, abrigar-se, procriar e cuidar da prole,
eis a que se resumem suas preocupações.
Nesse período, o egoísmo é marcante.
Os instintos de conservação da vida e preservação
da espécie têm absoluta preponderância.
Com o tempo, o ser começa a desvincular-se de sua origem.
A inteligência se desenvolve, o raciocínio se sofistica
e o senso moral desabrocha.
As invenções tornam possível gastar tempo com questões
não diretamente ligadas à sobrevivência.
Viver deixa de ser tão difícil, sob o prisma material.
Em compensação, começam os dilemas morais.
Com a razão desenvolvida, a responsabilidade surge
forte nos caminhos espirituais.
O que antes era admissível passa a ser um escândalo.
A sensibilidade se apura e a criatura aspira
por realizações intelectuais e afetivas.
O próximo é seu semelhante, com igual direito
a ser feliz e realizado. Gradualmente se evidencia
a igualdade básica entre todos os homens.
Malgrado possuidores de talentos e valores
diversos, não se distinguem no essencial.
Uma chama divina os anima e a todos conduzirá
aos maiores cimos da evolução.
Contudo, o abandono dos hábitos toscos das primeiras
vivências não é fácil. Séculos são gastos na árdua tarefa
de domar vícios e paixões. As encarnações se sucedem
enquanto o Espírito luta para ascender.
O maior entrave para a libertação das experiências dolorosas
é o egoísmo, que possui forte vínculo com o apego às coisas corpóreas. Quanto mais se aferra aos bens materiais, mais o homem demonstra pouco compreender sua natureza espiritual.
O Espírito necessita libertar-se do apego a coisas transitórias.
Apenas assim ele adquire condições de viver as experiências
sublimes a que está destinado.
Quem deseja sair do primitivismo deve combater
o gosto pronunciado pelos gozos da matéria.
O melhor meio para isso é praticar a abnegação.
Trata-se de uma virtude que se caracteriza pelo
desprendimento e pelo desinteresse.
A ação abnegada importa na superação das
tendências egoístas do agente.
Age-se em benefício de uma causa, pessoa ou princípio,
sem visar a qualquer vantagem ou interesse pessoal.
Certamente não é uma virtude que se adquire a brincar.
Apenas com disciplina e determinação é que ela se incorpora
ao caráter. Mas como ninguém fará o trabalho alheio,
é preciso principiar em algum momento.
Comece, pois, a praticar a abnegação.
Esforce-se em realizar uma série de atitudes com foco
no próximo. Esqueça a sua personalidade
e pense com interesse no bem alheio.
Esse esforço inicial não tardará a dar frutos.
O gosto pelo transitório lentamente o abandonará.
Ele será substituído pelos prazeres espirituais.
Você descobrirá a ventura de ser bondoso,
de amparar os caídos e de ensinar os ignorantes.
Esses gostos suaves e transcendentes o conduzirão
a esferas de sublimes realizações."
(Redação do Momento Espírita)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

"O "TÊTE À TÊTE" DAS SOMBRAS"

"Quando ainda no mundo, não me era dado avaliar o "tête-à-tête" amigável dos Espíritos, à maneira dos homens, apenas com a diferença de que as suas palestras não se desdobram à
porta dos cafés ou das livrarias.
E é com surpresa que me reúno àqueles que estimo, quando se me apresentam oportunidade: para uns dedos de prosa.
Estávamos nós, quatro almas desencarnadas como se fôssemos no mundo quatro figuras apocalípticas, discutindo ainda as coisas mesquinhas da Terra, e a palestra versava justamente sobre a evolução das idéias espíritas no Brasil.
- "Infelizmente - exclama um do grupo, provecta figura dessas doutrinas, desencarnado há bons anos no Rio de Janeiro - o que infesta o Espiritismo em nossa terra é o mau gosto
pelas discussões estéreis. O nosso trabalho é contínuo para que muitos confrades não se engalfinhem pela imprensa, demonstrando-lhes, com lições indiretas, a inutilidade das suas polêmicas. Mesmo assim, a doutrina tem realizado muito. Suas obras de caridade cristã estão multiplicadas por toda parte, atestando o labor do Evangelho."
Foi lembrada, então, a figura respeitável de Bittencourt Sampaio, no princípio da organização espírita no país, recordando-se igualmente a covardia de alguns companheiros que, guindados a prestigiosas posições na sociedade e na política, depressa esqueceram o seu entusiasmo de crentes, bandeando-se para o oportunismo das ideologias novas.
Ia a conversação nessa altura, quando o Doutor... C..., um dos mais caridosos facultativos do Rio, recentemente desencarnado e cujo nome não deve mencionar, respeitando os preconceitos que se estendem às vezes até aqui, explicou:
- “É pena que venhamos a compreender tão tarde o Espiritismo, reconhecendo a sua lógica e grandeza moral só depois do nosso regresso de mundo”.
"Nós, os médicos, temos sempre o cérebro trabalhado de canseiras, na impossibilidade de resolver o problema da sobrevivência.. É certo que nunca se encontrará o ser na autópsia de um cadáver mas, tudo na vida é uma vibração profunda de espiritualidade. Como, porém, a Ciência vigia as sua: conquistas do Passado, ciosa dos seus domínios ainda que sejamos inclinados às verdades novas, somos obrigados, muitas vezes, a nos retrair, temendo os
Zaratustras da sua infalibilidade.”
"Eu mesmo, nos meus tempos de clínica no Rio de Janeiro, fui testemunha de casos extraordinários, desenrolados sob as minhas vistas. Todavia, fui também presa do comodismo e do preconceito."
E o Dr. C. . ., como se mergulhasse os olhos no abismo das coisas que passaram, continuou pausadamente:
- "Eu já me encontrava com residência na praia de Botafogo, quando lavrou na cidade um surto epidêmico de gripe, aliás com mínima repercussão, comparado à epidemia de após a
guerra. E como sempre contava, entre aqueles que recorriam à minha atividade profissional, diversos amigos pobres dos morros e particularmente da Prainha, foi sem surpresa que, numa noite-fria e. nevoenta, abri a porta para receber a visita de uma garota de seus dez anos, humilde e descalça, que vinha, trêmula e' acanhada, solicitar os meus serviços.
- "Doutor - dizia ela -, a mamãe está muito mal e só o senhor pode salvá-la. . . Quer fazer a caridade de vir comigo?"
"Impressionaram-me a sua graça infantil e o estranho fulgor dos olhos, bem como o sorriso melancólico que lhe brincava na boca miúda.
"Considerei tudo quanto esperava a minha atenção urgente e procurei convencê-la da impossibilidade de a seguir, prometendo atendê-la no dia imediato. Todavia, a minha pequena interlocutora exclamou com os olhos rasos d’água:
- "Oh! doutor, não nos abandone. Ninguém, a não ser a proteção de Deus, vela por nós neste mundo. Se o senhor não nos quiser auxiliar, a mamãe estará perdida e ela não pode morrer
agora. Venha!... o senhor não teve também uma mãe que foi o anjo de sua vida?"
A última frase dessa menina tocou fundo o meu coração e lembrei-me dos tempos longínquos, em que minha mãe embalava os sonhos da minha existência, comprando-me com o suor da sua pobreza honesta os alfarrábios e o pão.
Eu devia auxiliar aquela pequena, fosse onde fosse. A Medicina era o meu sacerdócio e dentro da noite chuvosa que amortalhava todas as coisas, como se o Céu invisível chorasse sobre as trevas do mundo, o táxi rolava conosco, como fantasma barulhento, atravessando as ruas alagadas e desertas. Aquela menina, triste e silenciosa, tinha os olhos brilhantes, perdidos no vácuo. Seu corpo magrinho recostava-se inteiramente nas almofadas, enquanto
os pés minúsculos se escondiam nas franjas do tapete. Lembrando as suas frases significativas, quis reatar Q fio do nosso diálogo: "Há muito tempo que sua mãe se acha
doente?"
- "Não, senhor. Primeiro, fui eu; enquanto estive mal, tanto a mamãe cuidou de mim que até caiu cansada e enferma, também."
- "Que sente a sua mãe?"
- "Muita febre. As noites são passadas sem dormir. Às vezes, grito para os vizinhos, mas parece que não me ouvem, pois estamos sempre as duas isoladas... Costumamos chorar muito com esse abandono; mas, diz à mamãe que a gente precisa sofrer, entregando a Deus o coração."
- "E como soube você onde moro?"
- "Foi a visita de um homem que eu não conhecia. Chegou devagarzinho à nossa porta, chamando-me à rua, dizendo-se amigo que o senhor muito estima; e, ensinando-me a sua casa. Prometeu que o senhor me atenderia, porque também havia tido uma mãe boa e
carinhosa."
"Nosso diálogo foi interrompido. A pequena enigmática mandou parar o carro. Apontou o local de sua residência, estendendo a mão descarnada e miúda e, com poucos passos, batíamos à porta modesta de uma choupana miserável.
- "Espere, doutor - disse ela -, eu lhe abrirei a porta passando pelos fundos."
"E, já inquieta, desembaraçada, desapareceu das minhas vistas. Uma taramela deslizou com cuidado, no meio da noite, e entrei no casebre. Uma lamparina bruxuleante e humilde, que iluminava a saleta com o seu clarão pálido, deixava ver, no catre limpo, um corpo de mulher, desfigurado e disforme. Seu rosto, sulcado de lágrimas, era o atestado vivo das mais cruéis privações e dificuldades. Níobe estava ali petrificada na sua dor. Todos os martírios se concentravam naquele pardieiro abandonado. ÀS minhas primeiras perguntas, respondeu numa voz suave e débil:
- "Não, doutor, não tente arrancar minha alma desesperada das garras da Morte! Nunca precisei tanto, como agora, deixar para sempre o calabouço da Vida."
"E prosseguia, delirando: - "Nada me resta. . .Deixem-me morrer!..."
"Sobrepus, porém, minha voz às suas lamentações e exclamei com energia:
- "Minha senhora, vou tomar todas as providências que o seu caso está exigindo. Hoje mesmo cessará esse desamparo. Urge reanimar-se! Resta-lhe muita coisa no mundo, resta-lhe essa filha afetuosa, que espera o seu carinho de mãe extremosa!. . ."
- "Minha filha? :- retrucou aquela criatura, meio-mulher e meio-cadáver, enquanto duas grossas-lágrimas feriram fundo as suas faces empalidecidas - minha filha está morta desde anteontem!. . . Olhe, doutor, aí no quarto e não procure devolver a saúde a quem tanto necessita morrer!. . .
"Então, espantado, passei ao apartamento contíguo. O corpo de cera daquela criança misteriosa, que me chamara nas sombras da noite, ali estava envolvido em panos pobres e claros. Seu rosto imóvel, de boneca magrinha, era um retrato da privação e da fome.Os grandes olhos fulgurantes estavam agora fechados, e na boca miúda pairava o mesmo sorriso suave das almas resignadas e tristes.
"Eu deslizara nas avenidas com uma sombra dos mortos."
E, cobrindo melancolicamente o painel das suas lembranças, o nosso amigo terminou:
- "Decorridos tantos anos, ainda ouço a voz do fantasma pequenino e gracioso; e, na luta da Vida, muita vez me ocorreu o seu conselho suave, que me ensinou a sofrer, entregando a
Deus o coração. "
("Crónicas de além-túmulo", Humberto de Campos/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

"INSATISFAÇÃO"


"No capítulo da insatisfação, urge considerar que dispomos atualmente,

na Terra, de avançadas ciências psicológicas, ensinando-nos a conhecer
as deficiências e inibições dos outros, entretanto, muito dificilmente reconhecemos com elas o impositivo de estudarmos, não apenas
a fim de entendê-las, mas igualmente com o objetivo de
aceitar-nos tais quais somos.
Admitimos os desajustes e desequilíbrios alheios, todavia, em se tratando dos nossos, muito freqüentemente calmos em aflição e rebeldia, aniquilando, tantas vezes, valiosas possibilidades 
de serviço em nossas mãos.
Cada um de nós se coloca em determinado degrau de trabalho
e de elevação para atender aos Desígnios da Vida Superior,
traçados em auxílio a nós mesmos.
Esse é doente ainda; outro convalesce de longa enfermidade espiritual; aquele carrega as conseqüências de antigos desequilíbrios; 
aquele outro dispõe de reduzida instrução; 
e aquele outro ainda transporta consigo próprio os resultados
graves de inquietantes débitos contraídos.
Todos somos, no entanto, filhos imortais de Deus e, pelos mecanismos 
da Divina Providência, cada qual de nós está situado por si mesmo
nas condições justas, nas quais venhamos a receber novas 
oportunidades de trabalho e aprendizagem, reajustamento
e melhoria, reequilíbrio e renovação.
Ainda assim, se teimamos em não reconhecer a realidade que nos é própria, perderemos tempo precioso e também correremos o risco de comprar à inveja e ao ciúme, ao ódio e ao desespero, sofrimento e problemas de que não temos a menor necessidade. 
Antes as provas e tribulações que nos cerquem, aceitemo-nos como somos, a fim de extrairmos de nós com sinceridade o máximo de bem 
de que sejamos capazes na ampliação do bem geral, porque a vida é um parque de promoções permanente para quem trabalho e serve e todo espírito que se aceita qual é, de modo a fazer de si o melhor que pode, para logo se desvencilhar de qualquer sombra, a fim de engajar-se na jornada bendita do próprio burilamento, partilhando a conquista incessante de luz e mais luz."

("Mãos Unidas", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"IMAGENS"

"Não é somente o homem que escreve, a pessoa capaz de trazer monstruosas criações ao pensamento do povo, assim como não apenas o tribuno pode formar na mente alheia estados alarmantes de ansiedade e loucura.
Quantas vezes, nas tarefas cotidianas, traçamos nos outros destrutivas impressões de revolta e indiferença, com os nossos gestos impensados?
Quantas vezes nossa cólera terá gerado naqueles que nos cercam,
o desânimo e a frustração?
Em quantos pequeninos lances da luta diária, damos pasto à calúnia e a maledicência, plasmando idéias que, hoje vagas e imprecisas, podem ser amanhã, decisivos fatores de perturbação e delinquência?
Longe de ponderar as responsabilidades que nos enriquecem o espírito, freqüentemente descemos a questiúnculas e bagatelas infelizes, sugerindo
a maldade e disseminando a aflição, agravando, assim, nossos débitos, consolidando as forças da ignorância e da crueldade,
em desfavor de nós mesmos.
No altar de nossa fé e no campo da caridade que o Senhor nos deu a lavrar, recorda que responderemos pelas imagens que os nossos pensamentos, palavras e atos estabelecem na alma dos outros, tanto quanto os arquitetos
se incumbem das construções que lhes obedecem aos planos.
E acordando para a luz que nos cabe acender na viagem da vida, não te esqueça da claridade de paz e bom ânimo, confiança e alegria que nos compete estender, na proteção aos que nos cercam, a fim de que possamos avançar livremente ao encontro da harmonia e do progresso, porque todas
as nossas criações de pessimismo e indisciplina, desalento e amargura,
em seus golpes de retorno significarão, para nós mesmos, penúria e dificuldade, infortúnio e provação."
("Mãos Marcadas", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"HUMILDADE"

"A humildade, por força divina, reflete-se, luminosa, em todos os domínios da Natureza, os quais expressam, efetivamente, o Trono de Deus, patrocinando
o progresso e a renovação.
Magnificente, o Sol, cada dia, oscula a face do pântano sem clamar contra o insulto da lama; a flor, sem alarde, incensa a glória do céu. Filtrada na aspereza da rocha, a água se revela mais pura, e, em seguida às grandes calamidades, a colcha de erva cobre o campo, a fim de que o homem recomece a lida.
A carência de humildade, que, no fundo, é reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo, surge na alma humana qual doentio enquistamento de sentimentos, quais sejam o orgulho e a cobiça, o egoísmo e a vaidade, que se responsabilizam pela discórdia e pela delinqüência em todas as direções.
Sem o reflexo da humildade, atributo de Deus no reino do “eu”, a criatura sente-se proprietária exclusiva dos bens que a cercam, despreocupada da sua condição real de espírito em trânsito nos carreiros evolutivos e, apropriando-se da existência em sentido particularista, converte a própria alma em cidadela de ilusão, dentro da qual se recusa ao contato com realidades fundamentais da vida.
Sob o fascínio de semelhante negação, ergue azorragues de revolta contra todos os que lhe inclinem o espírito ao aproveitamento das horas, já que, sem o clima da humildade, não se desvencilha da trama de sombras a que ainda se vincula, no plano da animalidade que todos deixamos para trás, após a auréola da razão.
Possuída pelo espírito da posse exclusivista, a alma acolhe facilmente o desespero e o ciúme, o despeito e a intemperança, que geram a tensão psíquica, da qual se derivam perigosas síndromes na vida orgânica, a se exprimirem na depressão nervosa e no desequilíbrio emotivo, na ulceração e na disfunção celular, para não nos referirmos aos deploráveis sucessos da experiência cotidiana, em que a ausência da humildade comanda o incentivo à loucura,
nos mais dolorosos conflitos passionais.
Quem retrata em si os louros dessa virtude quase desconhecida aceita sem constrangimento a obrigação de trabalhar e servir, a benefício de todos, assimilando, deste modo, a bênção do equilíbrio e substancializando a manifestação das Leis Divinas, que jamais alardeiam as próprias dádivas.
Humildade não é servidão. É, sobretudo, independência, liberdade interior
que nasce das profundezas do espírito, apoiando-lhe
a permanente renovação para o bem.
Cultivá-la é avançar para a frente sem prender-se, é projetar o melhor de si
mesmo sobre os caminhos do mundo, é olvidar todo o mal e recomeçar alegremente a tarefa do amor, cada dia...
Refletindo-a, do Céu para a Terra, em penhor de redenção e beleza,
o Cristo de Deus nasceu na palha da Manjedoura e despediu-se
dos homens pelos braços da Cruz."
("Pensamento e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 22 de setembro de 2013

"HORA VAZIA"

"Quando as mãos repousam, a mente é defrontada pelo problema
da hora vazia... Se você procura a integração com o Divino Mestre,
aprenda a utilizá-la.
- Pense no irmão enfermo que reclama socorro espiritual e auxilie-o
com as suas vibrações de carinho, se as circunstâncias lhe não
favorecem a visita pessoal.
- Plante uma árvore benfeitora.
- Busque a companhia do livro edificante e tente fixar-lhe as lições.
- Tome um lápis e faça anotações que lhe sirvam à memória
ou escreva alguma frase consoladora que possa contribuir na
sementeira de reconforto e bom ânimo.
- Aproveite o ensejo para uma palestra em que você coopere
na ressurreição do companheiro que caiu em desalento.
- Comente a grandeza do bem, evitando, no entanto, o diapasão
do discurso solene, a fim de que você alcance a intimidade
dos ouvintes e consiga renová-los.
- Medite, à frente da Natureza que oferece espetáculos prodigiosos
da Sabedoria Divina, desde a casa minúscula da formiga até o
firmamento cravejado de estrelas, recolhendo no imo do ser a
essência imperceptível da instrução celestial.
Enfim, fixe a atenção em tudo o que seja útil e nobre, bom e belo,
e não se desvie, porque no repouso dos braços, quando chega o problema da hora vazia, os semeadores do mal encontram larga oportunidade ao plantio da discórdia e da incompreensão, junto do qual, você, imperceptivelmente, começará perdendo o tempo, complicando as
próprias lutas e sombreando o caminho terrestre, para depois perder inutilmente a própria vida."
("Irmãos Unidos", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 21 de setembro de 2013

"HOJE E SEMPRE"

"Nunca te imagines sem esperança.
Para todas as portas trancadas existem chaves.
Não há problema sem solução.
No tempo, todos os impasses se resolvem.
Às vezes, no fundo do abismo escuro é que se pode ver as estrelas.
Não te entregues ao desespero.
Existem dificuldades que acabam sendo equacionadas por si mesmas.
Se te encontras diante de uma encruzilhada e não sabes
que direção tomar, espera mais um pouco.
A precipitação é má conselheira.
Para que certos nós se desfaçam,
não adianta a tesoura, que corta e dilacera.
Onde a atitude rápida se mostra ineficiente,
a paciência é a opção mais sensata.
A lição só termina quando cumpre o papel de ensinar."

("Vigiai e Orai", Irmão José/Carlos A. Baccelli)


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

"GRATIDÃO"

"Chico levantara-se cedo e, ao sair de charrete para a fazenda, encontra-se no caminho com o Flaviano que lhe diz: - Sabe quem morreu?
- Não!...
- O Juca, seu ex-patrão. Morreu na miséria, Chico,
sem ter nem o que comer...
- Coitado! E Chico tira do bolso o lenço e enxuga os olhos.
- A que horas é o enterro?
- Creio que vão enterrá-lo a qualquer hora, como indigente,
no caixão da Prefeitura, isto é, no rabecão...
Chico medita, emocionado, e pede: - Flaviano, faça-me um favor:
vá a casa onde ele desencarnou e peça para esperarem um pouco.
Vou ver se lhe arranjo um caixão, mesmo barato.
Flaviano despede-se e parte.
Chico desce da charrete. Manda um recado para seu chefe.
Recorda seu ex-patrão, figura humilde de bom servidor, que tanto
bem lhe fizera. E ali mesmo, no caminho, envia uma prece a Jesus:
"Senhor, trata-se do meu ex-patrão, a quem tanto devo; que me socorreu nos momentos mais angustiosos, que me deu emprego com o qual socorri minha família; que tanto sofreu por minha causa.
Que eu lhe pague, em parte, a gratidão que lhe devo.
Ajude-me, Senhor".
E, tirando o chapéu da cabeça e virando-o de copa para baixo,
à guisa de sacola, foi bater de porta em porta, pedindo uma
esmola para comprar um caixão para enterrar o extinto amigo.
Daí a pouco, toda Pedro Leopoldo sabia do sucedido e estava perplexa, senão comovida com o ato do Chico.
Seu pai soube e veio ao seu encontro,
tentando demovê-lo daquele peditório...
- Não, meu pai, não posso deixar de pagar tão grande dívida
a quem tanto colaborou conosco.
Um pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo, é inteirado
da nobre ação do Chico, a quem estima. Esbarra com ele:
- Por que tanta pressa, Chico?
- Meu Nego, estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.
- Seu Juca!? Já soube. Coitado, tão bom! Espere aí, Chico. Tenho aqui algum dinheiro que me deram de esmolas ontem e hoje.
E despejou no chapéu do Chico tudo o que havia arrecadado...
Chico olhou-lhe os olhos mortos e sem luz.
Viu-os cheios de lágrimas. Comoveu-se mais.
- Obrigado, meu Nego! Que Jesus lhe pague o sacrifício.
Comprou, com o dinheiro esmolado, o caixão.
Providenciou o enterro. Acompanhou-o até o cemitério.
E, já tarde, regressou à casa. Tinha vivido um grande dia.
Sentou-se à entrada da porta. Lá dentro,
os irmãos e o pai observam-no comovidos.
Em prece muda, agradeceu a Jesus.
Emmanuel lhe aparece e lhe sorri. O sorriso do seu bondoso
guia lhe diz tudo. Chico o entende.
Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de si um testemunho
de humildade, de gratidão e de amor ao Divino Mestre."

("Lindos Casos de Chico Xavier", Ramiro Gama)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

"EMBAIXADORES DO CRISTO"

"De sorte que somos embaixadores da parte do Cristo"
- Paulo (II Coríntios, 5:20)

"Na catalogação dos valores sociais, todo homem de trabalho honesto
é portador de determinada delegação.
Se os políticos e administradores guardam responsabilidade do Estado, os operários recebem encargos naturais das oficinas a que emprestam seus esforços.
Cada homem de bem é mensageiro do centro de realizações onde atende
ao movimento da vida, em atividade enobrecedora.
As ruas estão cheias de emissários das repartições, das fábricas, dos institutos,
dos órgãos de fiscalização, produção, amparo e ensino, cujos interesses conjugados operam a composição da harmonia social.
É necessário, contudo, não esquecermos que os valores da vida eterna
não permaneceriam no mundo sem representantes.
Cristo possui embaixadores permanentes em seus discípulos sinceros.
Importa considerar que na presente afirmativa de Paulo de Tarso
não vemos alusão ao sacerdócio presunçoso.
Todos os colaboradores leais de Jesus, em qualquer situação da vida e no lugar mais longínquo da Terra, são conhecidos na sede espiritual dos Serviços Divinos.
É com eles, cooperadores devotados e muita vez desconhecidos dos
beneficiários do mundo, que se movimenta o Mestre, cada dia, estendendo
o Evangelho aplicado entre criaturas terrestres, até à vitória final.
Entendendo esta verdade, consulta as próprias tendências, atos e pensamentos.
Repara a quem serves, porque, se já recebeste a Boa Nova da Redenção,
é tempo de te tornares embaixador de sua Luz."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

"DA SEGURANÇA ÍNTIMA"

"Ora, quem é que vos há de maltratar se fordes zelosos do que é bom?" (I Pedro, 3:13)

"Se te fazes modesto sem a preocupação de exibir humildade...
Se executas as próprias obrigações sem invadir a seara alheia...
Se auxilias sem pedir retribuição...
Se retificas teu erro sem culpar os outros

de participação na falta que te é própria...
Se colaboras no levantamento do bem sem exigir o concurso alheio...
Se te desincumbes das responsabilidades
pessoais sem reprovar a conduta do próximo...
Se sofres com paciência, sem reclamar que
os semelhantes te partilhem os obstáculos...
Se toleras serenamente aqueles que te combatem,
sem desconhecer-lhes as qualidades nobres...
Se carregas a cruz do aprimoramento próprio sem querer
amarrá-la aos ombros dos companheiros...
Se cumpres com o teu dever e não aspiras a outro prêmio
que não seja a consciência tranquila...
Quem te poderá fazer mal, se procuras somente o bem?
Pensa nisso, atendendo a isso, e verificarás que a segurança íntima
reside em ti mesmo, qual acontece à paz da alma,
que vem a ser patrimônio de cada um."
("Benção de Paz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

"Caridade é..."

"Caridade é, sobretudo, amizade.
Para o faminto é o prato de sopa fraterna.
Para o triste é a palavra consoladora.
Para o mau é a paciência com que
nos compete auxiliá-lo.
Para o desesperado é o auxílio do coração.
Para o ignorante é o ensino despretensioso.
Para o ingrato é o esquecimento.
Para o enfermo é a visita pessoal.
Para o estudante é o concurso no aprendizado.
Para a criança é a proteção construtiva.
Para o velho é o braço irmão.
Para o inimigo é o silêncio.
Para o amigo é o estímulo.
Para o transviado é o entendimento.
Para o orgulhoso é a humildade.
Para o colérico é a calma.
Para o preguiçoso é o trabalho.
Para o impulsivo é a serenidade.
Para o leviano é a tolerância.
Para o deserdado da Terra
é a expressão de carinho.
Caridade é o Amor,
em manifestação incessante e crescente.
É o sol de mil faces brilhando para todos;
é o gênio de mil mãos, amparando,
indistintamente, na obra do bem,
onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes,
porque, onde estiver o Espírito do Senhor
aí se derrama a claridade constante dela,
a benefício do mundo inteiro."
("Viajor", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

"BENÇÃO DO SOL"

"Nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, nos perturbe, e,
por meio dela, muitos sejam contaminados". Paulo (Hebreus, 12:15)


"É razoável estejamos sempre cautelosos a fim de não estendermos
o mal ao caminho alheio.
Os outros colhem os frutos de nossas ações a oferecem-nos,
de volta, as reações consequentes.
Daí, o cuidado instintivo em não ferirmos a própria consciência, seja policiando atitudes ou selecionando palavras, para que vivamos em paz
à frente dos semelhantes, assegurando tranquilidade a nós mesmos.
Em muitas circunstâncias, contudo, não nos imunizamos contra os agentes tóxicos da queixa. Superestimamos nossos problemas, supomos nossas dores maiores e mais complexas que as dos vizinhos e, amimalhando o próprio egoísmo, cultivamos indesejável
raiz de amargura no solo do coração.
Daí brotam espinheiros mentais, suscetíveis de golpear quantos
renteiam conosco, na atividade cotidiana, envenenando-lhes a vida.
Quantas sugestões infelizes teremos coagulado no cérebro dos entes amados predispondo-os à enfermidade ou à delinquência
com as nossas frases irrefletidas!
Quantos gestos lamentáveis terão vindo à luz, arrancados da
sombra por nossas observações milagrosas.
Precatemo-nos contra semelhantes calamidades que se nos instalam nas tarefas do dia-a-dia, quase sempre sem que venhamos a perceber.
Esqueçamos ofensas, discórdias, angústias e trevas, para que a raiz da amargura não encontre clima propício no campo em que atuamos.
Todos necessitamos de felicidade e paz; entretanto, felicidade e paz solicitam amor e renovação, tanto quanto o progresso e a vida pedem trabalho harmonioso e bênção de Sol."

("Segue-me", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 15 de setembro de 2013

"ALGEMAS"

"Indiscutivelmente, em todas as paisagens da Terra,
observamos fardos e prisões que atormentam a vida...
Algemas de ódio, cristalizando a treva em torno das almas...
Algemas de egoísmo, enregelando corações...
Algemas de vingança, estabelecendo perturbações e discórdia...
Algemas do azedume, provocando amargura e enfermidade...
Algemas da ignorância, gerando chagas de penúria...
Na vida social, permanece a criatura encadeada a deveres que lhe martirizam a existência, tanto quanto no lar, antigos companheiros que ontem se acumpliciavam na crueldade, hoje se prendem uns
aos outros em tremendos conflitos expiatórios...
Cada espírito renasce no berço com as algemas que forjou para si mesmo no passado próximo ou remoto, a fim de realizar a caminhada regeneradora através de lutas e problemas edificantes até o túmulo, para que o túmulo seja preciosa emancipação.
Recorda o Cristo, o grande libertador, e apresenta-lhe, cada dia,
com o suor do próprio trabalho, os grilhões que porventura te releguem à inibição.
E, seguindo-lhe os passos na senda de amor que serve e perdoa sempre, compreenderás que, se a Terra em muitos casos ainda é a penitenciária do sofrimento, podes romper os cárceres que te guardam na sombra, deles fazendo a escola do reajuste
e a escada da ascensão desde hoje."

("Instrumentos do Tempo", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 14 de setembro de 2013

"Um abraço..."

"Bezerra de Menezes acabava de presidir a uma das sessões públicas da Casa de Ismael, na Avenida Passos-RJ.
Era uma noite de terça-feira do mês de junho de 1896.
Sua palavra esclarecida e carinhosa, à moda de uma chuva fina e criadeira, no dizer de M. Quintão, penetrava as almas de quantos encarnados e desencarnados, lhe ouviam a evangélica dissertação sobre uma
lição do “Livro da Vida”.
Os olhos estavam marejados de lágrimas, tanto de ouvintes como os do próprio orador. Acabada a sessão, descera Bezerra com passos tardos, ainda emocionado, as escadas da Federação Espírita Brasileira.
E ia, humildemente, indagando dos mais íntimos, se ferira alguém com
sua palavra, que lhe perdoassem o descuido e ia descendo e afagando
a todos que o esperavam ávidos dos seus conselhos, dos seus sorrisos,
do seu olhar manso e bom.
No sucedâneo da escada, localizou um irmão, de seus 45 anos,
cabelos em desalinho, com a roupa suja e amarrotada.
Os dois se olharam. Bezerra compreendeu logo que ali estava
um caso, todo particular, para ele resolver.
Oh! Benditos os que têm olhos no coração!
E Bezerra os tinha e os tem!
E levou o desconhecido para um canto e lhe ouviu,
com atenção, o desabafo, o pedido:
- Dr. Bezerra, estou sem emprego, com a mulher e dois filhos doentes e famintos... E eu mesmo, como vê, estou sem alimento e febril!
Bezerra, apiedado, verificou se ainda tinha algum dinheiro.
Nada encontrou nos bolsos. Apenas a passagem do bonde...
Tornou-se mais apiedado e apreensivo.
Levantou os olhos já molhados de pranto para o Alto e, numa prece muda, pediu inspiração a seu anjo tutelar e solucionador de seus problemas.
Depois, virando-se para o irmão: -Meu filho, você tem fé em Deus?
- Tenho e muita Dr. Bezerra!
- Pois, então, em seu santíssimo nome, receba este abraço.
E abraçou o desesperado irmão, envolvente e demoradamente.
E, despedindo-se: - Vá, meu filho, na paz de Jesus e sob a proteção do Anjo da Humanidade. E, em seu lar, faça o mesmo com todos
os seus familiares, abraçando-os, afagando-os.
E confie no amor de Deus, que seu caso há de ser resolvido.
Bezerra partira. A caminho do lar, meditava: teria cumprido seu dever,
será que possibilitara ajuda ao irmão em prova, faminto e doente?
E arrependia-se por não lhe haver dado senão um abraço.
Não possuía nenhum dinheiro. O próprio anel de grau já não estava nos seus dedos. Tudo havia dado. Não tendo dinheiro, dera algo de si mesmo, vibrações, bom ânimo, moeda da alma, ao irmão sofredor e não tinha certeza de que isso lhe bastara... E, neste estado de espírito, preocupado pela sorte de um seu semelhante, chegou ao lar.
Uma semana se passara. Bezerra não se recordava mais do sucedido. Muitos eram os problemas alheios. Após a sessão de outra terça-feira, descia as escadas da Federação.
Alguém, no mesmo lugar da escada, trazendo na fisionomia
toda a emoção do agradecimento, toca-lhe o braço e lhe diz:
- Venho agradecer-lhe, Dr. Bezerra, o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste local e nesta mesma hora. Daqui saí logo sentindo-me melhor. Em casa, cumpri seu pedido e abracei minha mulher e meus filhos. Na linguagem do coração, oramos todos a Deus. Na água que bebemos e demos aos familiares, parece, continha alimento.
Pois dormimos todos bem.
No dia seguinte, estávamos sem febre e como que alimentados...
E veio-me uma inspiração, guiando-me a uma porta que se abriu e alguém por ela saiu, ouviu meu problema, condoeu-se de mim e me deu um emprego, no qual estou até hoje.
E venho lhe agradecer a grande dádiva que o senhor me deu, arrancada de si mesmo, maior e melhor do que dinheiro!
O ambiente era tocante! Lágrimas caíam tanto dos olhos de Bezerra
como do irmão beneficiado e desconhecido.
E uma prece muda, de dois corações unidos, numa mesma força gratulatória, subiu aos céus, louvando aquele que é, em verdade, a porta de nossas esperanças, o advogado querido de todas as nossas causas!
Louvado seja o nome de Deus!
E abençoado seja o nome de quem, em seu nome, num abraço,
faz maravilhas, a verdadeira caridade desconhecida!"
("Lindos casos de Bezerra de Menezes", Ramiro Gama)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

"ACEITA"

"Aceita a própria vida,
Buscando melhorá-la.

Abraça os que te cercam,
Doando-lhes auxílio.

Nada exijas. Trabalha.
Não condenes. Constrói.

Se a provação chegou,
Acata-lhes os ensinos.

Sê fiel a ti mesmo.
Serve, segue e não temas.

Se te aceitas como és,
Deus te fará feliz."
("Luz Bendita", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"PROMETER"

“Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção.”
(I PEDRO, 2: 19)


"É indispensável desconfiar de todas as promessas de facilidades sobre o mundo. Jesus, que podia abrir os mais vastos horizontes aos olhos assombrados da criatura, prometeu-lhe a cruz sem a qual não poderia afastar-se da Terra para colocar-se ao seu encontro.Em toda parte, existem discípulos descuidados que aceitam o logro de aventureiros inconscientes. É que ainda não aprenderam a lição viva do trabalho próprio a que foram chamados para desenvolver atividade particular.

Os fazedores de revoluções e os donos de projetos absurdos prometem maravilhas. Mas, se são vítimas da ambição, servos de propósitos inferiores,
escravos de terríveis enganos, como poderão realizar para os outros a liberdade ou anelevação de que se conservam distantes?

Não creias em salvadores que não demonstrem ações que confirmem a salvação de si mesmos.

Deves saber que foste criado para gloriosa ascensão, mas que só é fácil descer. Subir exige trabalho, paciência, perseverança, condições essenciais para o encontro do amor e da sabedoria.

Se alguém te fala em valor das facilidades, não acredites; é possível que o aventureiro esteja descendo.

Mas quando te façam ver perspectivas consoladoras, através do suor e do esforço pessoal, aceita os alvitres com alegria. Aquele que compreende o tesouro oculto nos obstáculos, e dele se vale para enriquecer a vida, está subindo e é digno de ser seguido."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

"Nos momentos difíceis da vida..."

"Nos momentos difíceis da vida, na hora das provações, quando
perderdes um ente amado, ou quando esperanças de há
muito acariciadas vierem a desfazer-se, quando ficardes sem
saúde e sentirdes que a vida se vai enfraquecendo aos poucos
e aproximando-se o derradeiro minuto, aquele em que tereis
de deixar a Terra; se, nesses instantes, a incerteza ou a angústia vos constrangerem o coração, lembrai-vos da voz que
hoje vos clama: Sim, há um Além! sim, há outras vidas! Dos
nossos sofrimentos, trabalhos e lágrimas nada se perde.
Nenhuma provação é inútil, nenhum labor sem proveito,
nenhuma dor sem compensação... Tende confiança em vós
mesmos, confiança nas forças interiores que possuís, confiança
no futuro sem-fim que vos está reservado. Tende a
certeza de que há no Universo uma Potência soberana e
paternal, que tudo dispôs com ordem, justiça, sabedoria e
amor. Essas idéias vos inspirarão mais segurança na vida,
mais coragem na prova, mais fé em vossos destinos. E avançareis
como passo firme pela estrada infinita que se abre
diante de vós."
("O Além e a Sobrevivência do Ser", Léon Denis)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Todas as almas que se amam..."

"Todas as almas que se amam tornam a encontrar-se, a
fim de prosseguirem juntas na sua evolução ascendente, de vida em vida, de mundo em mundo, e subirem para a perfeição, para Deus, banhadas de uma luz cada vez mais viva, ao seio de harmonias sempre e sempre mais grandiosas. A revelação dos Espíritos, feita em inúmeras mensagens faladas e escritas, recebidas em todos os pontos do globo, vem mostrar-nos o supremo alvo da vida, de todas as nossas vidas.

Essa meta é a liberação pelo trabalho, pelo esforço, pelo estudo, pelo sofrimento, pela lenta educação da alma através de todas as condições da vida social, que lhe cumpre suportar alternativamente; a liberação do mal, do erro, da paixão, da ignorância; é a arte de aprender a pensar por si mesmo, de julgar, de compreender todas as harmonias, todas as leis do sublime Universo. É a conquista da beleza, da liberdade, da bondade: a beleza da forma fluídica, do corpo etéreo que se transforma, ilumina e expande, à medida que o espírito se aclara, purifica e eleva; a beleza da alma que se enriquece de qualidades morais, de forças e de faculdades novas.

Assim, de ascensão em ascensão, de mundo em mundo a princípio, depois de sol em sol, no ciclo imenso de sua evolução, a alma vê aumentar seu poder de irradiação, sua luminosidade. Pela elevação gradual de seus pensamentos e pela pureza de seus atos chega a pôr em harmonia suas próprias vibrações com as vibrações do pensamento divino e daí lhe decorre uma fonte abundante de sensações, de percepções, de gozos, que a palavra humana é impotente para descrever.

Tal a missão a desempenhar! Mas isto ainda não basta.
Trabalhando para si mesma, corre-lhe o dever de trabalhar para os outros, para a elevação de todos, para a marcha progressiva das Humanidades, para a unificação dos pensamentos, das crenças, das aspirações. Orientando para um ideal grandioso de porvir, de progresso moral, de luz, na vida
sempre renovada, pela qual todos os seres se encontram
unidos numa íntima solidariedade, numa comunhão de verdade e de amor, o homem chegará a melhor conhecer, a melhor compreender, a melhor servir a Deus."
("O Além e a Sobrevivência  do Ser", Léon Denis)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"INCERTEZA E DESCRENÇA"

"Expressiva a diferença entre a dúvida honesta e a incerteza sistemática.
       A primeira desaparece ante a linguagem evidente do fato, constituindo-se segurança desta ou daquela qualidade. A segunda, entranhada na tecelagem íntima do caráter que investiga, transfere-se; muda de situação e insiste, depreciativa.
       A dúvida não anula a fé, antes atesta-lhe a débil presença, enquanto a incerteza mórbida despoja a crença das qualidades que a legitimam.
       Por um natural processo de transferência psicológica, o homem sempre supõe noutro o que lhe é familiar, o de quanto é capaz.
       Desde que lhe pareça factível ludibriar e mentir, em toda parte e em qualquer pessoa vê-se refletido, facultando-lhe atormentar pelo espinho da descrença.
       Tais pessoas, as que descreem por hábito, nas amizades, sentem-se marginalizadas;
       nas afeições, consideram-se traídas;
       nos negócios, supõem-se ludibriadas;
       na vida social, acreditam-se subestimadas;
       na fé religiosa, receiam ser enganadas...
       Fazem-se fiscais do próximo, impenitentes, às vezes sorrindo, sob falsa superioridade com que ferem, , desatentos, todos, por saberem-se em rudes conflitos.
       Também as há nas lides espiritistas.
       Atormentam-se e atormentam.
       Aparentam uma retidão que sabem frágil, banindo a lídima fraternidade, por desejarem impor-se sempre.
       No conceito de tais atribulados espíritos, todos estão em erro, menos eles. Ocorre que consideram o próximo conforme se consideram. No fundo, não encontraram deficiências nos a quem acusam. A contrário, gostariam de descobrir-lhes as imperfeições, a fim de se darem por compensados, ante a própria pequenez.
       Não entres em litígio com eles.
       Descarta-te gentilmente, se não puderes fazer outra coisa. Não te envolvas, porém.
       Nutrindo sentimento de surda animosidade, que, conscientemente, desconhecem, são demolidores, fácil interfone para cruéis perturbadores desencarnados.
-x-
       Judas, que se enganou no torvelinho de contínuas e infelizes incertezas e suspeitas, não era estranho ao Grupo Galileu, antes, fora membro de eleição e amigo de todos.
       Perdoa, de tua parte, aqueles que te duvidam e te desconsideram, descreem-te e amarguram-te as horas, porquanto, da mesma forma como darás “contas da tua administração”, também eles serão examinados e considerados com o mesmo rigor com que se houverem em relação ao próximo.
       De tua parte, ama e confia, porque, em verdade, quem erra, mente ou trai, a si próprio prejudica."
(“Celeiro de Bênçãos”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

domingo, 8 de setembro de 2013

"ORAI PELOS QUE VOS PERSEGUEM"

"Compadecei-vos de quantos se consagram a instilar a peçonha da crueldade nos corações alheios, porque toda perseguição nasce da alma desventurada que a invigilância entenebreceu.

Monstro invisível, senhoreando idéias e sentimentos, é qual fera à solta, transpirando veneno, a partir das próprias vítimas que transforma em carrascos.

Quase sempre, surge naqueles que vascolejam o lixo da maledicência, buscando o lodo da calúnia para as telas do crime, quando não se levanta do charco ignominioso da inveja para depredar ou ferir.

De qualquer modo, gera alienação e infortúnio naqueles que lhes albergam as sugestões, escurecendo-lhes o raciocínio, para arrebata-los com segurança ao cárcere da agonia moral no inferno do desespero.

Ventania de lama, espalha corrente miasmáticas com o seu hálito de morte, agregando elementos de corrosão em todos os que lhe ofertam guarida.

É por isso que, ante os nossos perseguidores, é preciso acender a flama da caridade, a fim de que se nos não desvairem os pensamentos espancados de chofre.

Olhos e ouvidos empenhados à sombra dessa espécie; são rendições ao desânimo e à delinqüência, à deserção e à enfermidade.

Eis porque, Jesus, em Seu Amor e Sabedoria, não nos inclinou à lutar contra semelhante fantasma, induzindo-nos à bênção da compaixão, qual se fôssemos defrontados pela peste contagiante.
Perseguidos no mundo; mantenhamo-nos constante no trabalho do bem a realizar, e, ao invés do gládio da reação ou do choro inútil da queixa, aprendamos, cada dia, entre o perdão e o silêncio, a orar e esperar."



("Trilha De Luz",  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 7 de setembro de 2013

"EM LOUVOR DA ALEGRIA"

"Bem aventurados, vós, que agora chorais, porque rireis.” JESUS — LUCAS, 6:21.
O
        “Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na  Terra, tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitas, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou.” — Cap. V, 25. ESE.

        "Nos dias em que a experiência terrestre se faça, amargosa e difícil, não convertas a depressão em veneno.
        Quando a aflição te ronda o caminho, anuncias trazer o espírito carregado de sombra, como quem se encontra ausente do lar, ansiando regresso, entretanto, isso não é motivo para que te precipites no desânimo arrasador.
*
        Acusas-te em trevas e podes mentalizar com a própria cabeça luminosos pensamentos de otimismo e fraternidade ou retratar nas pupilas o fulgor do sol e a beleza das flores.
        Entregas-te à mudez, proclamando não suportar os conflitos que te rodeiam e nada te impede abrir a boca, a fim de pronunciar a frase de reconforto e apaziguamento.
        Asseveras que o mundo é imenso vale de lágrimas, cruzando os braços para chorar os infortúnios da Terra e possuis duas mãos por antenas de amor capazes de improvisar canções de felicidade e esperança, no trabalho pessoal em favor dos que sofrem.
        Trancas-te em aposento solitário para a cultura da irritação, alegando que os melhores amigos te não entendem e perdes horas inteiras de pranto inútil e senhoreias dois pé, à maneira de alavancas preciosas, prontas a te transportarem na direção dos que atravessam provações muito mais dolorosas que as tuas, junto dos quais um minuto de tua conversação ou leve migalha do que te sobra te granjeiariam a compreensão e a simpatia de enorme família espiritual.
*
        Em verdade, existe a melancolia edificante, expressando saudade da Vida Superior, contudo aqueles que a registram no âmago do próprio ser, consagram-se com redobrado fervor ao serviço do bem, preparando no próprio coração a nesga de céu, suscetível de identificá-los ao plano celestial que esperam, ansiosos, suspirando pelo reencontro com os entes que mais amam. Ainda assim, é imperioso arredar de nós o hábito da tristeza destrutiva, como quem guerreia o culto do entorpecente.
        Espíritos vinculados às diretrizes do Cristo, não podemos olvidar que o Evangelho, considerado em todos os tempos, como sendo um livro de dor, por descrever obstáculos e perseguições, dificuldades e martírios sem conta, começa exalçando a grandeza de Deus e a boa vontade entre os homens através de cânticos jubilosos e termina com a sublime visão da Humanidade futura, na Jerusalém libertada, assentando-se, gloriosa, na alegria sem fim."
(“Livro da Esperança”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

"ESTADOS DE ESPÍRITO"


Agradeço esta reflexão à amiga e seguidora deste blog Regina Silva.

"Em nosso esforço coletivo para vivenciar virtudes temos optado por desenvolver “estados de espírito”.
Entendemos que é muito mais fácil evoluir desenvolvendo determinados estados de espírito, do que ficar policiando cada pensamento, palavra, gesto, etc..
Então, já faz algum tempo que estamos procurando cultivar a PACIÊNCIA, a AMOROSIDADE, o PERDÃO e a HUMILDADE...
Mas o que é exatamente humildade? É fazermo-nos pequenos, menores do que somos na realidade? É minimizar nossos valores?
Certamente, não.
A humildade é uma percepção clara da nossa real condição. Nem para mais, nem para menos.
Se for para mais nos levará ao orgulho, porque a idéia de sermos mais evoluídos do que nossa realidade acarreta envaidecimento, já que, pela nossa pouca evolução, estamos ainda muito predispostos a cair nessa ilusão.
Se forçarmos nossa percepção para menos, isto nos levará a uma situação irreal e à diminuição da nossa auto-estima, o que é prejudicial para nossa vida e evolução.
Mas como podemos encontrar nossa real condição? Aprofundando o auto-conhecimento.
Mas é preciso ter cuidado porque geralmente ao mergulharmos em nossa intimidade nessa busca, temos como foco, mesmo inconsciente, encontrar valores ainda não descobertos.
Hoje, pela manhã, ao fazer a caminhada diária, tive ocasião de entender essa questão por um ângulo diferente.
Numa prece pedi a Deus e aos espíritos benfeitores que me ajudassem a me tornar humilde, a conhecer minha realidade mais íntima, a fim de que esse conhecimento me ajudasse nesse desiderato.
Pus-me então a refletir, percebendo que um amigo espiritual conduzia minhas reflexões e, assim, na busca à minha realidade, comecei por fazer um questionamento.
Se nunca tivesse tido orientação, assistência e participação espiritual em minhas ações e na condução da minha vida, como eu seria ou estaria agora?
Era uma questão difícil, mas importante. E como entremostrava um universo excessivamente vasto, achei melhor fixar-me apenas na minha vida como espírita.
Voltei então atrás no tempo, desde os primeiros passos neste caminho, perguntando-me sempre como teria sido se os espíritos não me tivessem auxiliado, orientado e conduzido?
Dessas perguntas restou um saldo que certamente estava bem abaixo do esperado.
Percebi então que não seria, na minha realidade, o que hoje “estou”, e nesse caminhar rememorativo cheguei ao momento em que comecei a atuar na divulgação do Espiritismo ao público externo: coluna no jornal, programas em rádios, peças teatrais, livros, vídeos e muitas outras atividades que se foram desdobrando ante meu olhar interior. Mas esse olhar já era diferente. Ao perguntar-me como teria sido se não tivesse recebido assistência espiritual em cada etapa, em cada momento... só encontrava o vazio. Não havia respostas.
Fui trazendo à memória a forma como todas essas ações começaram e percebi com absoluta clareza que mãos invisíveis sempre conduziram absolutamente tudo.
Tudo que tenho escrito, todas as iniciativas, tudo sempre começou e continuou pela ação deles. Até mesmo isto que estou escrevendo agora, foi-me intuído por eles. Nada do que fiz e faço é de minha exclusiva lavra. Na verdade, sou apenas a mão que executa.
Como segundo passo, comecei a imaginar como eu seria hoje, não tivesse sido “levada” para este caminho. Talvez fosse uma dona-de-casa unicamente preocupada com os afazeres domésticos e as conversas com as vizinhas, dissecando a vida dos outros, ou detalhando os acidentes, crimes e fofocas ocorridos mais recentemente. Talvez fosse uma profissional inteiramente tomada pelas atividades e a luta pela sobrevivência. Provavelmente estaria enfrentado situações as mais amargurosas e sofridas, em difíceis resgates, sem poder contar com o apoio e amparo dos amigos espirituais. Em qualquer dessas situações eu me via como uma pessoa absolutamente insignificante. Pior ainda, ao pensar que sem a assistência dos amigos espirituais, quem sabe poderia ter-me tornado alguém de presença negativa, maléfica.
Que terrível “virada”!
Já olhava os transeuntes percebendo-me abaixo de todos, sem qualquer valor. Senti então, não exatamente humildade, mas uma terrível sensação de inferioridade e de impotência, e o desânimo começou a se instalar.
Mas antes que se instalasse e, certamente com ajuda do benfeitor espiritual, lembrei-me de um dos pontos desta Agenda, o equilíbrio.
Se analisasse com equilíbrio, entenderia que em todo esse andamento da minha vida como espírita houve também minha participação, embora mínima:
a) deixei que me conduzissem, agindo com o valor da “boa vontade”;
b) assumi o compromisso firmado antes da minha reencarnação, procurando fazer a minha parte;
c) esforcei-me por me conectar com o “mais alto” através da prece, das atitudes e ações, dentro da minha limitada evolução e, apesar das quedas e tropeços, não desisti;
d) tenho procurado ser a “mão que executa”, mesmo sem ter sempre executado da melhor maneira.
Com essas observações já deu para respirar mais aliviada, mas a “queda na realidade” foi extremamente marcante.
Acredito que daqui em diante, se meus pensamentos convergirem para o que “estou”, olharei para mim mesma procurando imaginar como seria e como estaria, não fosse a assistência e ajuda dos benfeitores espirituais. Assim poderei ver a minha realidade, a minha verdadeira condição, e isto me ajudará a caminhar no rumo da humildade e, no lugar do orgulho, começar a construir um espaço para a gratidão, com profunda admiração pelo grandioso valor, o amor, que leva tantos a acolherem e a ajudarem tantos outros de forma absolutamente desinteressada. (A referência é aos espíritos benfeitores.)
Quando “caímos na realidade” percebemos que não há razões para nos sentirmos engrandecidos por nossas constatações distorcidas, pelos elogios recebidos ou por quaisquer outras razões. Tudo em nossas vidas será motivo de gratidão àqueles que nos assistem e motivação para buscarmos cada vez mais nosso crescimento interior.”
(Extraído do opúsculo ‘Agenda Mínima para Evoluir”. Pode ser baixado, na íntegra, pelo link:
http://www.mundoespiritual.com.br/download/agenda.doc

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"ACUSAÇÃO INDÉBITA"

"No capítulo da censura, comumente chega em nossa vida um momento de perplexidade, à frente do qual muito companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo.
Não se trata da ocasião em que somos induzidos a reprovar os outros e nem mesmo daquela em que somos repreendidos, em razão de nossas quedas.
Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por faltas que não perpetramos e por intenções que nos afloram à mente.
Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados por falsas aparências, dando lugar a comentários depreciativos em torno de nós mesmos.
* * *
Teremos agido no bem de todos e, em seguida, analisados sob prisma diferente, qual se estivéssemos diligenciando gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas melhores energias, e tivemos nossas palavras ou providências, sob interpretação infeliz, atraindo-nos à crítica desapiedada, até
mesmo naqueles amigos a quem oferecemos o coração.
Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te permitas o mentiroso descanso no esmorecimento.
Se trazes a consciência tranqüila, entre os limites naturais de tuas obrigações ante as obrigações alheias, ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue centralizando a própria atenção no desempenho dos encargos que o senhor te confiou, de vez que o tempo é o juiz silencioso de cada um de nós.
* * *
Ouve a todos, trabalhando e trabalhando.
Responde a tudo, servindo e servindo.
* * *
Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao redor de teus passos, converte
Toda tendência à lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas palavras de autojustificação, que desejarias dizer, em mais serviço, conversando com os outros através do idioma inarticulado do dever retamente cumprido, porquanto se, em verdade, não temos o coração claramente aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a
todo instante, a justiça nos segue e em toda parte Deus nos vê."
("Rumo Certo", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

"FALANDO, AGES"

"Se grandes problemas te assinalam a vida, não consideres por infantilidade o sofrimento dos outros.
Falando, ages.
Onde possas auxiliar, oferece o apoio da oração.
No trato de terra em que não se te faça possível o cultivo do bem, não plantes o mal.
Não destruas, onde mão consegues reconstruir.
Guardas talvez com simpatia as alegações dos acusadores, mas não te esqueças de que Deus ouve o choro dos acusados que são também seus irmãos.
Se fostes mutilado e já te movimentas com o apoio de pernas mecânicas ou sem elas, não menosprezes a mágoa de alguém que se queixa de uma unha encravada.
Toda dificuldade é importante.
Qualquer dor se reveste de significação que precisamos compreender.
Ouve os cansados e os tristes, os desorientados e os doentes, erguendo-lhes a fé com a força da bondade e da esperança.
Ainda mesmo para aquele companheiro que te pareça tresmalhado ou perdido, endereça as tuas melhores palavras de paz e amor porque talvez seja esse que pelas experiências sofri-das, no dia de tua provação ou de tua dor, com mais segurança, te abençoará e te auxiliará."
(Meimei, na obra "Momentos de Ouro", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)