"Tomemos um exemplo: um homem está perdido num deserto,
sofre terrivelmente de sede, sente-se desfalecer. Cai ao chão; pede a
Deus para ampará-lo e espera; nenhum anjo lhe vem dar de beber.
Contudo, um bom Espírito lhe sugere a idéia de levantar-se e seguir
um dos atalhos que vê diante de si. Então, por um impulso instintivo,
reúne suas forças, levanta-se e anda. Chega a uma elevação e descobre,
ao longe, um riacho; nesse momento retoma a coragem. Se tiver
fé, exclamará: “Obrigado, meu Deus, pelo pensamento que me inspirastes
e pela força que me destes”. Se não tiver fé, dirá: “Que boa
idéia eu tive! Que sorte de tomar o atalho da direita e não o da esquerda;
algumas vezes, a sorte realmente nos ajuda! Quanto me felicito
por minha coragem e por não ter me deixado abater!”
Mas, se dirá, por que o bom Espírito não lhe disse claramente:
“Siga este atalho e encontrará o que necessita”? Por que não se mostrou
para guiá-lo e sustentá-lo no seu desfalecimento? Desse modo,
o teria convencido da intervenção da Providência. Foi, antes de mais
nada, para lhe ensinar que é preciso ajudar-se a si mesmo e fazer uso
de suas próprias forças. Depois, pela incerteza, Deus coloca à prova
a confiança que depositamos n'Ele e a nossa submissão à sua vontade.
Aquele homem estava na situação da criança que cai e que, ao
perceber alguém, grita e espera que a levantem. Se não vê ninguém,
faz um esforço e se levanta sozinha."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo")
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