domingo, 6 de agosto de 2017

"SEXO E CONSCIÊNCIA"

"O pai da psicanálise Sigmund Freud, após longas reflexões e análises, concluiu que o indivíduo humano é direcionado por dois impulsos básicos que lhe comandam a existência, os quais denominou como eros e tânatos.

O princípio de conservação da vida, eros, impulsiona-o à sua manutenção, expressando-se por meio da libido, em face do impositivo da procriação. Simultaneamente, experimenta a exigência de tânatos, que representa a necessidade da morte, agindo no inconsciente como força dominadora.

Um pequeno exemplo auxilia a compreensão desses dois vigorosos mecanismos psicológicos: a necessidade alimentar para a preservação da vida é essencial para todos os seres vivos, nada obstante, para que seja alcançada a sua finalidade é indispensável a destruição do alimento, numa complementação total para mantê-la.
 
Analistas, ainda mais audaciosos, como a senhora Melanie Klein, que observou algo surpreendente: desde o ato inicial da alimentação o recém-nascido tem também ciúme do peito materno, sua fonte de vida, num comportamento destrutivo, desse modo confirmando a presença das duas pulsões. O seio que sustenta a existência proporciona, ao mesmo tempo, o medo de perdê- lo, num conflito que se poderá prolongar por todo o curso da jornada, gerando-lhe mais tarde, dificuldades de adaptação e de equilíbrio.

Carl Gustav Jung, no entanto, procurando penetrar no mesmo inconsciente humano para encontrar as respostas para a conquista da plenitude, apresenta os arquétipos como as heranças primitivas mais remotas, dos quais resultam os fenômenos conflitivos, as aspirações e lutas pela sobrevivência, a ânsia de libertação, na busca do estado numinoso.

Outras correntes valiosas que estudam o ser humano propõem a predominância dos instintos agressivos, como fundamental, qual ocorreu com Alfred Adler, que estabelecia como fundamentais o meio social e a tensão contínua do indivíduo em alcançar os objetivos essenciais, mediante a conquista do poder, do aparecer, do triunfar. Quando isso não ocorre, segundo ele, surgem os complexos de inferioridade e outros que o maceram.

Variando de autores, o sexo, melhor dizendo, a função sexual é sempre considerada como elemento essencial para a aquisição de uma existência harmônica ou entorpecida pelos desassossegos e transtornos, alguns dos quais se apresentando com caráter neurótico e psicótico.

O Espiritismo, porém, analisando o ser humano no seu aspecto tríplice: Espírito, períspirito e matéria, propõe uma Psicologia baseada nas experiências ancestrais do comportamento desde os primórdios da sua evolução que, de alguma forma, dão lugar ao surgimento de arquétipos que se lhe manifestam como provas e expiações, ensejando os impulsos de vida e de morte, bem como as necessidades de autos superação, quando mantendo relacionamentos saudáveis com as demais pessoas. 

Considerada como fonte de vida pelo milagre da reprodução, é acompanhada pelo prazer no seu exercício saudável, tornando-se, também, fator de desequilíbrio quando alguma dificuldade a inibe, a direciona equivocamente, através da eleição de conduta patológica.
 
A necessidade de uma ética-moral para a função sexual inspirou algumas religiões a estabelecerem regras castradoras e preconceituosas que geraram, através da História, situações embaraçosas que ainda prosseguem como heranças infelizes de que a sociedade padece, empurrando o comportamento, na atualidade, para a liberação excessiva ou libertinagem, para a castração, ou para tormentos de outra natureza...

Fundamentada na ética do amor, a Doutrina Espírita propõe ao comportamento sexual higiene moral e respeito indispensável ao exercício da sua função dentro de padrões equilibrados, de modo que se constitua elemento proporcionador de saúde e de bem-estar, contribuindo seguramente para o desenvolvimento de todos os valores intelectuais e espirituais em que a vida se estrutura triunfante.

Isso, porém, deflui da conquista da consciência, do nobre instrumento da razão e do discernimento, que capacita o indivíduo a viver da função e não exclusivamente para ela ou sem ela...

A aquisição da consciência é, portanto, o grande e inadiável desafio que todos devem enfrentar, por meio do estudo profundo de si mesmo, das próprias possibilidades, das heranças ancestrais e de como aplicá-las, diluindo as perturbadoras e ampliando aquelas que lhe constituem motivação de vida e de realização.

Nesse processo, que se prolonga através das reencarnações, em cada etapa o Espírito imprime na constituição orgânica e emocional necessidades compatíveis com o nível do seu progresso, disciplinando e educando todas as funções e cuidando, especialmente, daquelas que se derivam dos conteúdos psicológicos profundos. O sexo e a sua correspondente finalidade encontram-se insertos
nessa condição.

Pode-se afirmar que a maioria dos conflitos humanos, pessoais e coletivos, tem no sexo, nos seus atributos e manifestações, a gênese essencial que se apresenta mascarada por diversos mecanismos de ocultação e de fuga da realidade, o que se transforma em buscas equivocadas e comportamentos estranhos, esdrúxulos, agressivos, criminosos...

A partir da gestação, quando o Espírito vincula-se ao futuro corpo, as ocorrências do intercâmbio entre a mãe e o futuro filho, as imposições do ambiente, a conduta na vida infantil, a convivência social, influem de maneira inequívoca na construção da sua saudável ou doentia conduta sexual, imprimindo no inconsciente receptivo às informações exteriores, os instrumentos hábeis para o seu desenvolvimento, no que resultam o equilíbrio ou os transtornos graves durante toda a existência.

O conhecimento, portanto, da realidade do ser — Espírito imortal que é em experiência transitória pelo corpo físico — faculta a conquista dos processos educacionais próprios para que se  desenvolva em harmonia, dentro dos padrões de equilíbrio moral e social, logrando o êxito no processo de auto iluminação, que é o objetivo essencial do renascimento material.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Pranto, na Mansão do Caminho, em Salvador. Bahia.

O presente livro, sintetizando observações e estudos, discussões e análises de diferentes comportamentos humanos ao longo de várias décadas, faculta uma visão muito ampla a respeito do sexo e da consciência, narrando experiências humanas diversificadas e apresentando diretrizes de equilíbrio para uma existência saudável, dentro dos padrões ético-morais e espirituais, tendo em vista a imortalidade do Espírito.

Oportunamente, quando por ocasião de algumas das conferências e seminários, entrevistas e diálogos aqui apresentados, estivemos presente, inspirando o médium, de modo a oferecer a visão vigente entre nós outros, os desencarnados, a respeito de tão relevante questão, qual a de natureza sexual ante a consciência lúcida.
 
Fazemos votos que as propostas nele exaradas possam contribuir favoravelmente em benefício dos nossos leitores, ante suas preocupações c condutas, indicando-lhes rumos felizes, todos inspirados no Evangelho de Jesus e nos mais enriquecedores contributos das modernas ciências psicológicas.!"
 
Salvador, 16 de abril de 2013.
Joanna de Ângelis 
 
("Sexo e Consciência", Divaldo Franco)

"Sexo e Consciência" , Divaldo Franco

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