domingo, 31 de julho de 2016

"A RIGOR"

Sobre capítulo 1, ítem 7
de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec
 
          "Espírito Santo – falange dos Emissários da Providência que superintende os grandes movimentos da Humanidade na Terra e no Plano Espiritual.
 
          Reino de Deus – estado de sublimação da alma, criado por ela própria, através de reencarnações incessantes.
 
          Céu – esferas espirituais santificadas onde habitam Espíritos Superiores que exteriorizam, do próprio íntimo, a atmosfera de paz e felicidade.
 
          Milagre – designação de fatos naturais cujo mecanismo familiar à Lei Divina ainda se encontra defeso ao entendimento fragmentário da criatura.
 
          Mistério – parte ignorada das Normas Universais que, paulatinamente, é identificada e compreendida pelo espírito humano.
 
          Sobrenatural – definição de fenômenos que ainda não se incorporam aos domínios do hábito.
 
          Santo – atributo dirigido a determinadas pessoas que aparentemente atenderam, na Terra, à execução do próprio dever.
 
          Tentação – posição pessoal de cativeiro interior a vícios instintivos que ainda não conseguimos superar por nós mesmos.
 
          Dia de juízo – oportunidade situada entre dois períodos de existência da alma, que se referem à sementeira de ações e à renovação da própria conduta.
 
          Salvação – libertação e preservação do espírito contra o perigo de maiores males, no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria felicidade nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução.
*
          O Espiritismo tem por missão fundamental, entre os homens, a reforma interior de cada um, fornecendo explicações ao porquê dos destinos, razão pela qual muitos conceitos usuais são por ele restaurados ou corrigidos, para que se faça luz nas consciências e consolo nos corações. Assim como o Cristo não veio destruir a Lei, porém cumprí-la, a Doutrina Espírita não veio desdizer os ensinos do Senhor, mas desenvolvê-los, completá-los e explicá-los “em termos claros e para toda a gente, quando foram ditos sob formas alegóricas”.
          A rigor, a verdade pode caminhar distante da palavra com que aspiramos a traduzi-la.
          Renove, pois, as expressões do seu pensamento e a vida renovar-se-lhe-á inteiramente, nas fainas de cada hora."
 
 
(André Luiz, na obra"O Espírito da Verdade", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

sábado, 30 de julho de 2016

"MORTE DE UM ESPÍRITA"




"O Sr. J..., negociante do departamento de La Sarthe, falecido a 15 de junho de 1859, era, sob todos os pontos de vista, um homem de bem e de uma caridade sem limites. Tinha feito um estudo sério do Espiritismo e era um de seus fervorosos adeptos. Como assinante da Revista Espírita, estava em contato indireto conosco, sem que nos tivéssemos visto. Evocando-o, temos como objetivo não só corresponder ao desejo de seus parentes e amigos, como de lhe dar pessoalmente um testemunho de nossa simpatia e agradecer-lhe as gentilezas que ele dizia e pensava a nosso respeito. Além disso, era para nós motivo de estudo interessante, do ponto de vista da influência que pode ter o conhecimento aprofundado do Espiritismo sobre o estado da alma depois da morte.
1. - (Evocação).
- Aqui estou há muito tempo.

2. - Jamais tive o prazer de ver-vos. Não obstante, vós me reconheceis?
- Reconheço-vos muito bem, visto que frequentemente vos visitei e tive mais de uma conversa convosco, como Espírito, durante a minha vida.

OBSERVAÇÃO: Isto confirma o fato muito importante, do qual temos numerosos exemplos, das comunicações que entre si têm os homens, sem o saberem, durante a vida. Assim, durante o sono do corpo, os Espíritos viajam e se visitam reciprocamente. Despertando, conservam intuição das ideias que adquiriram nessas conversas ocultas, e cuja fonte ignoram. Desta maneira, temos durante a vida uma existência dupla: a corporal, que nos dá a vida de relação exterior, e a espírita, que nos dá a vida de relação oculta.

3. - Sois mais feliz do que na Terra?
- E sois vós que me perguntais?

4. - Compreendo. Entretanto, desfrutáveis de uma fortuna honradamente adquirida, que vos proporcionava os prazeres da vida. Tínheis a estima e a consideração granjeadas pela vossa bondade e vossa beneficência. Poderíeis dizer-nos em que consiste a superioridade de vossa felicidade atual?
- Consiste naturalmente na satisfação que me proporciona a lembrança do pouco bem que fiz, e na certeza do futuro que ele me promete. Além disso, não levais em conta a ausência das inquietudes e dificuldades da vida; dos sofrimentos corporais e de todos esses tormentos que nós criamos para satisfazer às necessidades do corpo? Durante a vida, a agitação, a ansiedade, as angústias incessantes, mesmo em meio à fortuna. Aqui a tranquilidade e o repouso. É a calma depois da tempestade.

5. - Seis semanas antes de morrer, dizíeis ter ainda que viver cinco anos. De onde vinha essa ilusão, quando tantas pessoas pressentem a morte próxima?
- Um Espírito benevolente queria afastar da minha mente esse momento que, sem o confessar, eu tinha a fraqueza de temer, embora soubesse do futuro do Espírito.

6. - Havíeis mergulhado profundamente na ciência espírita. Poderíeis dizer-nos se, ao entrar no mundo dos Espíritos, encontrastes as coisas como as imagináveis?
- Quase exatamente iguais, exceto por algumas questões de detalhes que eu havia compreendido mal.

7. - A leitura atenta que fazíeis da Revista Espírita e do Livro dos Espíritos vos ajudaram bastante nisso?
- Incontestavelmente. Foi isso principalmente o que preparou a minha entrada na verdadeira vida.

8. - Sentistes algum espanto quando vos encontrastes no mundo dos Espíritos?
- Impossível que fosse de outro modo. Contudo, espanto não é bem o termo. Melhor seria dizer admiração. Estais muito longe de conceber uma ideia do que significa isto!

OBSERVAÇÃO: Aquele que antes de mudar-se para uma região a estudou nos livros; identificou-se com os costumes dos seus habitantes; verificou sua topologia e seu aspecto por meio de desenhos, de plantas e de descrições, fica sem dúvida menos surpreso do que outro que não tem nenhuma ideia disso. Entretanto, a realidade lhe mostra uma porção de detalhes que não tinha previsto e que o impressionam. Deve-se dar o mesmo no mundo dos Espíritos, cujas maravilhas não podemos compreender totalmente, porque há coisas que ultrapassam o nosso entendimento.

9. - Deixando o corpo, vistes e reconhecestes imediatamente alguns Espíritos junto a vós?
- Sim, e Espíritos queridos.

10. - Que pensais agora do futuro do Espiritismo?
- Um futuro mais belo do que pensais, apesar da vossa fé e do vosso desejo.

11. - Vossos conhecimentos relativos a assuntos espíritas sem dúvida vos permitirão responder com precisão a algumas perguntas. Poderíeis descrever claramente o que se passou convosco no momento em que o corpo deu o último suspiro e o vosso Espírito se achou livre?
- Pessoalmente, acho muito difícil encontrar um meio de vos explicar de maneira diferente da que já foi feita, isto é, comparando a sensação que a gente experimenta ao despertar de um sono profundo. Esse despertar é mais ou menos lento e difícil, na razão direta da situação moral do Espírito, e nunca deixa de ser fortemente influenciado pelas circunstâncias que acompanham a morte.

OBSERVAÇÃO: Isto está de acordo com todas as observações feitas sobre o estado do Espírito no momento de separar-se do corpo. Vimos sempre as circunstâncias morais e materiais que acompanham a morte reagirem poderosamente sobre o estado do Espírito, nos primeiros momentos.

12. - Vosso Espírito conservou a consciência de sua existência até o último momento e a recobrou imediatamente? Houve um momento de falta de lucidez? Qual foi a sua duração?
- Houve um instante de perturbação, quase que imperceptível para mim.

13. - O momento de despertar teve algo de penoso?
- Não, pelo contrário. Eu me sentia, se assim posso falar, alegre e disposto, como se respirasse ar puro ao sair de uma sala cheia de fumaça.

OBSERVAÇÃO: Comparação engenhosa, que só pode ser a pura expressão da verdade.

14. - Lembrai-vos da existência que tivestes antes desta que acabais de deixar? Como foi ela?
- Lembro-me dela da melhor forma possível. Eu era um bom criado junto de um bom senhor que, em companhia de outros, me recebeu, à minha entrada neste mundo bem-aventurado.

15. - Creio que o vosso irmão se ocupa menos das questões espíritas do que vos ocupáveis.
- Sim, eu farei alguma coisa para que ele tenha mais interesse, caso me seja permitido. Se ele soubesse o que a gente ganha com isso, dar-lhe-ia mais importância.

16. - O vosso irmão pediu ao Sr. D... que me comunicasse a vossa morte. Ambos esperam ansiosos o resultado de nossa conversa. Ficarão, entretanto, mais sensibilizados com uma mensagem direta de vossa parte, se quiserdes confiar-me algumas palavras para eles ou para outras pessoas que sentem a vossa falta.
- Por vosso intermédio dir-lhes-ei o que eu mesmo teria dito, mas receio muito não ter mais influência junto a alguns deles, como outrora. Entretanto, em meu nome e no de seus amigos, que bem vejo, concito-os a refletir e estudar seriamente esta grave questão do Espiritismo, ainda que fosse tão somente pelo auxílio que ela traz para passar este momento tão temido pela maior parte das pessoas, e tão pouco temível para aquele que se preparou previamente pelo estudo do futuro e pela prática do bem. Dizei-lhes que sempre estou com eles, em seu meio; que os vejo, e que serei feliz se suas disposições lhes puderem assegurar, no mundo onde me encontro, um lugar do qual não terão senão que se felicitarem. Dizei-o sobretudo ao meu irmão, cuja felicidade é o meu mais profundo desejo, do qual não me esqueço, embora eu seja mais feliz que ele.

17. - A simpatia que tivestes a bondade de me testemunhar em vida, mesmo sem me conhecer, faz-me esperar que nos encontremos facilmente quando eu estiver em vosso meio. Até lá, serei feliz se quiserdes assistir-me nos trabalhos que me resta fazer para concluir a minha tarefa.
- Julgais-me com muita benevolência. Não obstante, convencei-vos de que, se vos puder ser de alguma utilidade, não deixarei de fazê-lo, talvez mesmo sem que o suspeiteis.

18. - Agradecemos por terdes gentilmente atendido ao nosso apelo, e pelas instrutivas explicações que nos destes.
- À vossa disposição. Estarei muitas vezes convosco.

OBSERVAÇÃO: Esta comunicação é incontestavelmente uma das que descrevem a vida espírita com a maior clareza. Oferece um poderoso ensino relativamente à influência que as ideias espíritas exercem sobre o nosso estado depois da morte.

Esta conversa parece haver deixado algo a desejar ao amigo que nos participou a morte do Sr. J..., pois nos disse: “Ele não conservou na linguagem o cunho de originalidade que tinha conosco. Manteve uma reserva que não observava com pessoa alguma. Seu estilo incorreto, brusco, revelava inspiração; ousava tudo; vencia quem quer que formulasse uma objeção às suas crenças; reduzia-nos a nada para nos converter. Em seu perfil psicológico não revela nenhuma particularidade das numerosas relações que tinha com uma porção de pessoas que frequentava. Todos nós gostaríamos de nos vermos citados por ele, não para satisfazer nossa curiosidade, mas para nossa instrução. Gostaríamos que nos tivesse falado claramente de algumas ideias por nós emitidas em sua presença, nas nossas conversas. A mim, pessoalmente, poderia ter dito se eu tinha ou não tinha razão de insistir em tal ou qual consideração; se aquilo que eu lhe havia dito era verdadeiro ou falso. Absolutamente não falou de sua irmã, ainda viva e tão digna de interesse”.
Depois desta carta evocamos novamente o Sr. J..., e lhe dirigimos as perguntas seguintes:
19. - Tendes conhecimento da carta que recebi em resposta à remessa da vossa evocação?
- Sim, vi quando a escreviam.

20. - Teríeis a bondade de dar algumas explicações sobre certas passagens dessa carta e, como bem compreendeis, com um fim instrutivo, unicamente para me fornecer elementos para uma resposta?
- Se o considerais útil, sim.

21. - Acham estranho que a vossa linguagem não tenha conservado o cunho da originalidade. Parece que em vida éreis esmagador na discussão.
- Sim, mas o Céu e a Terra são muito diferentes e aqui eu encontrei mestres. Que quereis? Eles me impacientavam com suas objeções absurdas. Eu lhes mostrava o Sol e não queriam vê-lo. Como conservar o sangue frio? Aqui não há necessidade de discutir; todos nos entendemos.

22. - Esses senhores admiram-se de que não os tenhais interpelado nominalmente para refutá-los, como fazíeis em vida.
- Que se admirem! Eu os espero. Quando vierem juntar-se a mim, verão qual de nós está com a razão. Será preciso que venham para este lado, quer queiram, quer não queiram, e uns mais cedo do que pensam. Sua jactância cairá como a poeira abatida pela chuva. Sua bazófia... (Aqui o Espírito para e se recusa a concluir a frase).

23. - Eles inferem que não lhes demonstrais todo o interesse que tinham direito a esperar de vós.
- Eu lhes desejo o bem, mas nada farei contra sua própria vontade.

24. - Também se admiram de que nada tenhais dito relativamente à vossa irmã.
- Por acaso eles estão entre mim e ela?

25. - O Sr. B... gostaria que tivésseis dito algo que vos contou na intimidade. Para ele e para outros, isto teria sido um meio de esclarecimento.
- Qual a vantagem de repetir o que ele sabe? Pensa que não tenho outra coisa a fazer? Não têm eles os mesmos meios de esclarecimento que eu tive? Que os aproveitem. Garanto-lhes que se sentirão bem. Quanto a mim, dou graças aos céus por me haverem enviado a luz que me franqueou o caminho da felicidade.

26. - Mas é esta luz que eles desejam e que seriam felizes se a recebessem de vós.
- A luz brilha para todo mundo. Cego é aquele que não quer ver. Esse cairá no precipício e amaldiçoará a sua cegueira.

27. - Vossa linguagem me parece marcada por grande severidade.
- Não me acharam eles muito brando?

28. - Nós vos agradecemos por terdes vindo e pelos esclarecimentos que nos destes.
- Sempre ao vosso serviço, pois sei que é para o bem."


Sociedade de Paris, 8 de julho de 1859


("Revista Espírita", Setembro de 1859 - Conversas familiares de além-túmulo)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

"LUTA"


"Dentro da Vida, todas as coisas e todos os seres lutam para progredir.
Luta a semente que germina, o verme que se arrasta, o pássaro que voa, o homem que caminha.
A semente luta para exteriorizar as suas potencialidades íntimas; o animal luta exteriormente para sobreviver.
Dentro do homem, um Anjo encontra-se em gestação; por isto, atualmente, a sua luta maior é na intimidade de si mesmo.
No princípio da evolução, o homem lutava para sobreviver aos perigos e às intempéries; agora deve lutar para espiritualizar-se, construindo em si o Reino Divino.
Disse-nos Jesus: - "Vós sois deuses"!
O homem só deixará de lutar quando houver alcançado as culminâncias do seu progresso espiritual.
Abençoemos, portanto, as nossas lutas e não nos furtemos a elas, candidatando-nos a lutas maiores ainda...
Assim como a mulher sofre as dores do parto para "dar a luz", o espírito sofre para iluminar-se em suas próprias entranhas.
Enfrentemos as nossas provas com coragem e aplicação, qual o aluno que se debruça sobre o livro que lhe conferirá acesso a estágios superiores do conhecimento.
Seja qual for o tamanho de nossa luta, convençamo-nos de que ela é do tamanho exato de nossas necessidades.

("Lições da Vida", Irmão José/Carlos A. Baccelli)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

"FAZER PARA SER"

 
       "Acordaste para as realidades da Vida Imperecível e, provavelmente, anseias partilhar as iniciativas que se relacionam com as grandes realizações.
*
       E porque não possa isso se te oferecer, de imediato, recolhes-te, habitualmente, à omissão, marginalizando os melhores ideais.
*
       Entretanto, vale refletir no valor do tempo e na importância da iniciação, tocando mãos à obra.
*
       Nem sempre disporás de assembleias atenciosas ou de palavra experiente a fim de veicular os princípios que abraças, no entanto, sempre possuis no recinto doméstico ou no grupo de trabalho alguns corações para os quais a tua compreensão estimulante e consoladora se te fará uma bênção.
*
       Não obterás a fundação instantânea de um hospital a que se abriguem numerosos enfermos, mas, sem dificuldade, consegues ser a visita reconfortante para algum doente esquecido.
*
       Não instituirás de improviso o apostolado da tristeza, promovendo círculos de ação curativa, contudo, é provável contes com alguém no campo afetivo, em dificuldades da alma, pedindo-te a tolerância e paciência para que se lhe recuperem a segurança e o equilíbrio.
*
       Não estabelecerás de repente esta ou aquela obra assistencial com que alivies o sofrimento de quantos te procuram em condições de necessidade, todavia, nada te impede de repartir o próprio pão com aqueles que esmorecem na carência de recursos materiais.
*
       Lembra-te da semente que se conforma com o próprio esforço no tempo  e se transforma na árvore carregada de frutos; da fonte que exemplifica humildade e se transfigura na represa de força; no fio simples que se esquece em disciplina para servir e se converte em mensageiro da luz.
*
       Para que te incorpores à construção do bem de todos, estuda e raciocina, de vez que não avançarás sem discernimento, mas não te confies à expectação inoperante suscetível de arrojar-te à inutilidade.
*
       Fazer o melhor ao nosso alcance, a fim de sermos capazes de realizar o melhor em favor dos outros.
*
       No levantamento do Reino de Deus, a começar de nós próprios, o Senhor não nos pede o impossível, mas é natural que espere de nós o melhor que possamos fazer."

(“Mentores e Seareiros”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

"DA OBSESSÃO" (2)

"242. A obsessão, como dissemos, é um dos maiores escolhos da mediunidade. É também um dos mais frequentes. Assim, nunca serão demais as providências para combatê-la. Mesmo porque, além dos prejuízos pessoais que dela resultam, constitui um obstáculo absoluto à pureza a veracidade das comunicações. A obsessão, em qualquer dos seus graus, sendo sempre o resultado de um constrangimento, e não podendo jamais esse constrangimento ser exercido por um Espírito bom, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsedado é de origem suspeita e não merece nenhuma confiança. Se, por vezes, se encontrar nela algo de bom, é necessário restringir-se a isso e rejeitar tudo o que apresentar o menor motivo de dúvida.
 
243. Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:
 
1) Insistência de um Espírito em comunicar-se queria ou não o médium, pela escrita, pela audição, pela tiptologia etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam.
 
2) Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas.
 
3) Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem falsidades ou absurdos.
 
4) Aceitação pelo médium dos elogios que lhe fazem os Espíritos que se comunicam por seu intermédio.
 
5) Disposição para se afastar das pessoas que podem esclarecê-lo.
 
6) Levar a mal a crítica das comunicações que recebe.
 
7) Necessidade incessante e inoportuna de escrever.
 
8) Qualquer forma de constrangimento físico, dominando-lhe à vontade e forçando-o a agir ou falar sem querer.
 
9) Ruídos e transtornos em redor do médium, causados por ele ou tendo-o por alvo.
 
244. Em face do perigo da obsessão, ocorre perguntar se não é inconveniente ser médium, se não é essa faculdade que a provoca, enfim, se não é isso uma prova da inconveniência das comunicações espíritas. Nossa resposta é fácil e pedimos que a meditem cuidadosamente.
 
Não tendo sido os médiuns nem os espíritas que criaram os Espíritos, mas sim os Espíritos que deram origem aos espíritas e aos médiuns, e sendo os Espíritos simplesmente as almas dos homens, é evidente que sempre exerceram sua influência benéfica ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica é para eles apenas um meio de se comunicarem, e na falta dessa faculdade eles se comunicam por mil outras maneiras mais ou menos ocultas. Seria errôneo, pois, acreditar que os Espíritos só exercem sua influência através das comunicações escritas ou verbais. Essa influência é permanente e os que não se preocupam com os Espíritos, ou nem mesmo crêem na sua existência, estão expostos a ela como os outros, e até mais do que os outros, por não disporem de meios de defesa. É pela mediunidade que o Espírito se dá a conhecer. Se ele for mau, sempre se trai, por mais hipócrita que seja. Pode-se dizer, portanto, que a mediunidade permite ao homem ver o seu inimigo face a face, se assim se pode dizer, e combatê-lo com suas próprias armas. Sem essa faculdade ele age na sombra,e contando com a invisibilidade pode fazer e faz realmente muito mal.
 
A quantos atos não é o homem impelido, para sua desgraça, e que seriam evitados se ele tivesse um meio de se esclarecer. Os incrédulos não supõem dizer uma verdade quando afirmam de um homem que se obstina no erro. “É o seu mau gênio que o impele a perder-se”. É assim que o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o domínio dos maus Espíritos, deve ter como resultado, num tempo mais ou menos próximo, quando se achar divulgado, destruir esse domínio, dando a cada um os meios de se manter vigilante contra as suas sugestões. E aquele que então sucumbir só poderá queixar-se de si mesmo.
 
Regra geral: quem quer que receba más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, quer escreva ou não, isto é, seja ou não médium, creia ou não creia. A escrita oferece-lhe um meio de assegurar da natureza dos Espíritos em ação e de os combater, se forem maus, os que se consegue com maior êxito quando se chega a conhecer os motivos da sua atividade. Se a sua cegueira é bastante para não lhe permitir a compreensão, outros poderão lhe abrir os olhos.
 
Em resumo: o perigo não está no Espiritismo, desde que este pode, pelo contrário, servir-nos de controle e preservar-nos do risco incessante a que nos expomos sem saber. Ele está na orgulhosa propensão de certos médiuns a se considerarem muito levianamente instrumentos exclusivos dos Espíritos superiores, e na espécie de fascinação que não lhes permite compreender as tolices de que são intérpretes. Mas mesmo os que não são médiuns podem se deixar envolver.
 
Façamos uma comparação. Um homem tem um inimigo secreto que ele não conhece e que espalha contra ele, às ocultas, a calúnia e tudo o que a mais negra maldade possa engendrar. Vê a sua fortuna se perder, os amigos se afastarem, perturbar-se a sua tranqüilidade interior. Não podendo descobrir a mão que o fere, não pode se defender e acaba vencido. Mas um dia o inimigo secreto lhe escreve e se trai, apesar da sua astúcia. Eis descoberto o inimigo que ele agora pode fazer calar e com isso se reabilitar. Esse o papel dos maus Espíritos, que o Espiritismo nos dá a possibilidade de descobrir e anular."

("O Livro dos Médiuns", Allan Kardec)

terça-feira, 26 de julho de 2016

"DA OBSESSÃO" (1)

"237 - No número das dificuldades que a prática do Espiritismo apresenta é necessário colocar a da obsessão em primeira linha. Trata-se do domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre os Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. Os bons aconselham, combatem a influência dos maus, e se não os escutam preferem retirar-se. Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. Se chegarem a dominar alguém, identifica-se com o Espírito da vítima e a conduzem como se faz com uma criança.
A obsessão apresenta característica diversas que precisamos distinguir com precisão, resultantes do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que este produz. A palavra obsessão é portanto um termo genérico pelo qual se designa o conjunto desses fenômenos, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
238. A obsessão simples verifica-se quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se contra a sua vontade nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e substitui os que são evocados.
Não se está obsedado pelos simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso, pois o melhor médium está sujeito a isso, sobretudo no início, quando ainda lhe falta a experiência necessária, como entre nós as pessoas mais honestas podem ser enganadas por trapaceiros. Pode-se, pois, ser enganado sem estar obsedado. A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito do qual não se consegue desembaraçar.
Na obsessão simples o médium sabe perfeitamente que está lidando com um Espírito mistificador, que não se disfarça e nem mesmo dissimula de maneira alguma as suas más intenções e o seu desejo de contrariar. O médium reconhece facilmente a mistificação, e como se mantém vigilante raramente é enganado. Assim, esta forma de obsessão é apenas desagradável e só tem o inconveniente de dificultar as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição.
Podemos incluir nesta categoria os casos de obsessão física, que consistem nas manifestações barulhentas e obstinadas de certos Espíritos que espontaneamente produzem pancadas e outros ruídos. Quanto a este fenômeno, remetemos o leitor ao capítulo Das manifestações físicas espontâneas, nº 82.
239. A fascinação tem consequências muito mais graves. Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga.
Dissemos que as consequências da fascinação são muito mais graves. Com efeito, graças a essa ilusão que lhe é consequente o Espírito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas como sendo as únicas expressões da verdade. Além disso, pode arrastá-lo a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas.
Compreende-se facilmente toda a diferença entre obsessão simples e a fascinação. Compreende-se também que os Espíritos provocadores de ambas devem ser diferentes quanto ao caráter. Na primeira, o Espírito que se apega ao médium é apenas um importuno pela sua insistência, do qual ele procura livrar-se. Na segunda, é muito diferente, pois para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude.
As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza. Sua tática é quase sempre a de inspirar ao seu intérprete afastamento de quem quer que possa abrir-lhe os olhos. Evitando, por esse meio, qualquer contradição, está certo de ter sempre razão.
240. A subjugação é um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado seu. Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo.
A subjugação pode ser moral ou corpórea. No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões freqüentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão considera sensatas: é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o Espírito age sobre os órgãos materiais, provocando movimentos involuntários. No médium escrevente produz uma necessidade incessante de escrever, mesmo nos momentos mais inoportunos. Vimos subjugados que, na falta de caneta ou lápis, fingiam escrever com o dedo, onde quer que se encontre, mesmo nas ruas, escrevendo em portas e paredes.
A subjugação corpórea vai às vezes mais longe, podendo levar a vítima aos atos mais ridículos. Conhecemos um homem que, não sendo jovem nem belo, dominado por uma obsessão dessa natureza, foi constrangido por uma força irrestível a cair de joelhos diante de uma jovem que não lhe interessava e pedi-la em casamento. De outras vezes sentia nas costas e nas curvas das pernas uma forte pressão que obrigava, apesar de sua resistência, a ajoelhar-se e beijar a terra nos lugares públicos, diante da multidão. Para os seus conhecidos passava por louco, mas estamos convencidos de que absolutamente não o era, pois tinha plena consciência do ridículo que praticava contra a própria vontade e sofria com isso horrivelmente.
241. Dava-se antigamente o nome de possessão ao domínio exercido pelos maus Espíritos, quando a sua influência chegava a produzir a aberração das faculdades humanas. A possessão corresponderia, para nós, à subjugação. Se não adotamos esse termo, é por dois motivos: primeiro, por implicar a crença na existência de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, quando só existem seres mais ou menos imperfeitos e todos eles suscetíveis de se melhorarem; segundo, por implicar também a idéia de tomada do corpo por um Espírito estranho, numa espécie de coabitação, quando só existe constrangimento. A palavra subjugação exprime perfeitamente a idéia. Assim, para nós, não existem possessos, no sentido vulgar do termo, mas apenas obsedados, subjugados e fascinados."

"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec

segunda-feira, 25 de julho de 2016

"LUZ NO LAR"


"Se a tempestade nos devasta as plantações, não nos esqueçamos do Espaço Divino do Lar, onde o canteiro de nossa boa vontade, na vinha do Senhor, deve e pode florir para a frutificação, a benefício de todos.
Organizemos o nosso Agrupamento doméstico do Evangelho.
O Lar é o coração do organismo social.
Em Casa, começa nossa missão no mundo.
Entre as Paredes do templo familiar, preparamo-nos para a vida com todos.
Seremos, Lá Fora, no grande campo da experiência pública, o prosseguimento daquilo que já somos na intimidade de nós mesmos.
Fujamos à frustração espiritual e busquemos no relicário doméstico o sublime cultivo dos nossos ideais com Jesus.
O Evangelho foi iniciado na Manjedoura e demorou-se na casa humilde e operosa de Nazaré, antes de espraiar-se pelo mundo.
Não há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do coração.
Se possível, continuemos trabalhando sob a tormenta, removendo os espinheiros da discórdia ou transformando as pedras do mal em flores de compreensão, suportando, com heroísmo, o clima do sacrifício, mas, se a ventania nos compele a pausas de repouso, não admitamos o bolor do desânimo nos serviços iniciados.
Sustentemos em Casa a chama de nossa esperança, estudando a Revelação Divina, praticando a fraternidade e crescendo em amor e sabedoria, porque, segundo a promessa do Evangelho Redentor, - "onde estiverem dois ou três corações em Seu Nome", aí estará Jesus, amparando-nos para a ascensão à Luz Celestial, Hoje, Amanhã e Sempre."

("Luz no Lar", Scheilla/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 24 de julho de 2016

"SOMBRA"

"Não é o ouro que avilta.
       É a sobra do egoísmo em forma de avareza.
       
       Não é a propriedade que encarcera.
       É a sombra do egoísmo em forma de ambição.

       Não é o poder que perturba.
       É a sombra do egoísmo em forma de tirania.

       Não é a afeição que degrada.
É a sombra do egoísmo em forma de violência.

       Não é a autoridade que envilece.
       É a forma de egoísmo em forma de opressão.

       Não é o ponto de vista que isola.
       É a sombra do egoísmo em forma de intolerância.

       Não é o descanso que prejudica.
       É a sombra do egoísmo em forma de ociosidade.

       Não é a despesa que arruína.
       É a sombra do egoísmo em forma de excesso.

       Lícita é a lei do uso, em todas as províncias da vida, mas,
em todas as províncias da vida, a lei do uso pede simplicidade e
ponderação.

       A árvore que produz milhares de frutos absorve da gleba
tão-somente o indispensável à própria existência.
       O rio, que fecunda o solo, transpondo léguas e léguas para
atingir o oceano, satisfaz-se com a faixa de terra em que se lhe
demarca o leito preciso.
       Na sustentação da própria felicidade, aprendamos a tomar do
mundo apenas o necessário à paz da consciência tranquila, no
cumprimento exato o dever que as circunstâncias nos assinalam,
porque, se o amor desinteressado é a luz de Deus a envolver-nos,
em toda a parte, o egoísmo, seja onde for, é a sombra de nosso
espírito endividado, enquistando-nos  alma e sonho na carapaça do “eu”."

(“Passos da Vida”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 23 de julho de 2016

"ANTE O INFINITO"

"Amadurecida a compreensão na maioridade mental, percebe o homem a sua própria pequenez, à frente do infinito. Reconhece que a vida divina palpita soberana, desde que os princípios magnético do mundo subatômico até as mais remotas constelações. Observa que o Planeta, grande e sublime pelas oportunidades de elevação que nos oferece, é simples grão de areia, quando comparado ao imenso universo. Cercado por sóis e mundos incontáveis, ergue-se, dentro de si mesmo, para indagar, quanto aos problemas da morte, do destino, da dor... Suas perguntas silenciosas atravessam o Espaço incomensurável, em busca das eternas revelações...
       Para o coração alimentado pela fé e elevado à glória do ideal superior, o Espiritismo com Jesus traz a sua mensagem iluminada de esperança.
       Interrogando o infinito, que se estende triunfante, no Espaço e no Tempo, os homens ouvem as palavras dos vivos que os antecederam, na grande viagem do túmulo, afirmando com imponente beleza:
       — Irmãos, a vida não cessa!...
       Tudo é renovação e eternidade.
       Tanto quanto as leis cósmicas nos governam a experiência física, indefectíveis leis morais nos dirigem o espírito.
       Abstende-vos do mal.
       Os compromissos da almas com os planos inferiores constituem aumento de densidade em seu veículo de manifestação.
       Nosso corpo espiritual, em qualquer parte, refletirá a luz ou a treva, o céu ou o inferno que trazemos em nós mesmos.
       Cultivai a fraternidade e o bem, porque, hoje e amanhã, colheremos da própria sementeira.
       Além das fronteiras de sombra e cinza, onde se esfriam e desintegram os derradeiros farrapos da carne, a vida continua, impondo-nos o resultado de nossas próprias ações.
       Amai o trabalho e engrandecei-o! É por ele que a civilização se levanta, que a educação se realiza e que a nossa felicidade s perpetua. Na Pátria das Almas, chora amargamente o espírito que lhe esqueceu a riqueza oculta, olvidando que somente pelo serviço conseguimos desenvolver as nossas possibilidades de crescimento interior para a imortalidade.
       Aceitai o ato de servir e ajudar, não como castigo, mas sim como preciosa honra que o Divino Poder nos confere.
       Não vos inquietem no mundo o orgulho coroado de louros e o vício com a iniquidade, aparentemente vitoriosos!...
       A Justiça reina, imperecível.
       Quem humilha os outros será humilhado pela própria consciência e o instituto universal das reencarnações funciona igualmente para todos, premiando os justos e corrigindo os culpados.
       Cada falta exige reparação.
       Cada desequilíbrio reclama reajuste.
       Os padecimentos coletivos da sociedade humana constituem a redenção de séculos ensanguentados pela guerra e pela violência. As aflições individuais são remédios proveitosos à cura e refazimento das almas.
       Anexai os desejos do reino de vosso “eu” aos sábios desígnios do Reino de Deus.
       O egoísmo e a vaidade nos encarceram na lama da Terra.
       Lede as páginas vivas da Natureza e buscai a vida sã e pura, usando a boa-vontade para com todos.
       Simplificai vossos hábitos e reduzi as vossas necessidades.
       Tende confiança, sede benevolentes, instrui-vos, amai e esperai!... Crescei no conhecimento e na virtude para serdes mais fortes e mais úteis
       Além dos horizontes que o nosso olhar pode abranger, outros mundos e outras humanidades evolvem no rumo da perfeição!...
       Todos somos irmãos, filhos de um só Pai, que nos aguarda sempre, de braços abertos, para a suprema felicidade no eterno bem!...
       E, ouvindo os sagrados apelos de Cima, o coração que desperta para a vida superior compreende, enfim, que Deus é a Verdade Soberana, que o trabalho é a nossa bênção, que o amor e a sabedoria representam a nossa destinação e que a alma é imortal."
( “Roteiro”,  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

"AMOR SEMPRE"

 "Que faremos da caridade, quando todas as questões económicas forem resolvidas?
       Esta é a indagação que assinalamos, todos nós, muitas vezes.
       Muitos acreditam que a solução de semelhantes problemas autorizaria a demissão da sublime virtude das empresas e encargos pelos quais se responsabiliza ela no mundo.
       Entretanto, a  cooperação do dinheiro sempre indispensável no sustento das boas obras, é apenas um ângulo de beneficência na Terra.
*
       A mais alta percentagem dos nossos companheiros menos felizes não se encontra nos vales da penúria de ordem material.
       Pergunte-se aos povos mais industrializados e mais ricos na cultura da inteligência se conseguiram unicamente com isso erguer a felicidade integral de seus filhos.
       Consulte-se-lhes as estatísticas de suicídio e loucura, na maioria dos casos com vinculação na patologia da alma, e em todos os recantos do Orbe Terrestre indaguemos das classes situadas na frente do conforte e da instrução universitária se com esses tesouros, — aliás necessários e legítimos para todos os filhos da Terra, — lograram consolidar a segurança e a paz de que se reconhecem carecedores.
*
       Ouçamos os companheiros relegados à solidão em refúgios dourados; os que a desilusão alcançou, estirando-os em desânimo, apesar das alavancas amoedadas que lhes sustentam a vida; os quase loucos de sofrimento moral, diante de provas ou doenças irreversíveis; as criaturas geniais que não puderam aguentar as dificuldades educativas, indispensáveis ao burilamento do Espírito, e derivaram para os tóxicos que lhes consomem as forças; os que foram abafados pela superproteção no campo do excesso e não mais souberam suportar os problemas da estrada evolutiva; e aqueles outros, semimortos de angústia que tateiam a lousa indagando pelos entes queridos e que dariam, de pronto, a fortuna em que se lhes valoriza a existência em troca de fé na imortalidade.
*
       Anotamos os irmãos caídos em desprezo, abandono, desequilíbrio, enfermidade, desalento ou perturbação e, embora louvando o apostolado bendito do dinheiro, a serviço do bem, verificaremos que a caridade em si é sempre amor e que a missão do amor, em todos os mundos e em todas as circunstâncias, é tão infinita quanto infinita em tudo e com todos, é a Bondade de Deus."

(“Encontro de Paz”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 21 de julho de 2016

"AUXILIANDO-TE, AUXILIARÁS"


          "Indispensável não esquecer que podes auxiliar a ti mesmo, através do amparo que dispenses aos outros.
*
        Ocasiões aparecem, nas quais um simples grito ou uma queixa velada podem ser os dispositivos abertos a tumultos e sofrimentos sem conta.
*
        Se a nossa agressividade é suscetível de exageros, aprendamos a corrigi-la para que não venhamos a desencadear explosões de azedume ou de cólera naqueles que amamos.
*
        Se consegues suportar a moléstia que te aflige, não lhe dramatizes os sintomas para que a paz não se perca no ambiente em que vives.
*
        Todo estado mental é contagioso, através da palavra em que se expressa.
        Comunicamos o que sentimos tanto quanto nos é possível doar do que somos e temos.
*
        Muitas vezes, a criatura na Terra implora o Socorro Divino, derrubando os apoios humanos que a Divina Providência lhe ergueu no caminho para que lhe sirvam de escora em momentos justos.
*
        Auxilia a ti mesmo para que os outros te possam auxiliar.
*
        Em nossa condição evolutiva, ainda não sabemos medir a resistência, uns dos outros.
        Em razão disso, guardemos a nossa dor ou a emenda que é positivamente nossa e exportemos alegria e esperança onde estivermos.
*
        Quantos te estimem a presença, compartilham-te o modo de ser.
        Falam do que dizes, conduzem para a frente os sentimentos que nutres e reagem aos teus impulsos, conforme as tuas próprias ações.
*
        Quando pedires a Deus determinado tipo de amparo, não te esqueças de que Deus se manifestará por aqueles com os quais te cercou as trilhas da existência.
*
        Conservas os corações amigos por bênçãos do Céu, seguindo-te os passos.
        Não lhes cries problemas para que não se perturbem, nem lhes imponhas inquietações capazes de induzi-los ao desespero.
*
        “Ajuda-te e Deus te ajudará” — ensina a antiga sabedoria, mas, na maioria de nossas petições e requerimentos, é imperioso ajudar aos outros, em nome de Deus, para que, em nome de Deus, também os outros nos possam auxiliar."
(De “Inspiração”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

"O AMIGO INFALÍVEL"







"Viste  calamidades
Que  jamais  esperaste.
Cultivaste  afeições
Que  te  armaram  ciladas.
Carinho  que  plantaste
Produziu  menosprezo.
Não  permitas,  porém,
Que  a  tristeza  te  arrase.
Trabalha,  espera  e  serve.
Não  desistas  do  bem.
Tens  um  amigo  infalível.
Conta  com  Ele.  É  Deus."

(“O Essencial”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)