"Não aguardes a queda espetacular do próximo, nos
despenhadeiros do crime ou do sofrimento, para exercer o dom da misericórdia que
o Senhor cultivou em nossa fé.
Mais vale o amparo previdente na preservação do equilíbrio,
que o remédio de efeito problemático no reajuste.
Não desperdices teus minutos, na expectação inoperante,
exclamando à frente dos problemas difíceis:
-Amanhã farei alguma coisa.
-Depois, tentarei realizar.
-Um dia chegará...
-Quando a oportunidade surgir...
Ataca, hoje mesmo, o serviço da fraternidade, para que a
compaixão não seja em teu espírito um ornamento inútil.
Sê misericordioso para com os que te
cercam.
Inicia a obra de benemerência, em tua própria casa,
distribuindo algumas palavras de incentivo com quem te comunga o cálice de
luta.
Ajuda aos mentores de teu caminho com algum sorriso de
compreensão, restaura a coragem na alma da esposa, restabelece o bom ânimo do
companheiro, auxilia os irmãos, usando a chave milagrosa do carinho, e não te
esqueças do apoio que os corações juvenis reclamam de tua boa vontade e de tua
experiência que o Cristo enriqueceu.
Há mil meios de praticar a misericórdia a cada
dia.
Não olvides o silêncio para a calúnia, a bondade para com
todos, a gentileza incessante, a frase amiga que reconforta, a roupa que se fez
inútil para o corpo, suscetível de ser aproveitada pelo irmão mais necessitado,
o pão dividido, a prece em comum, a conversação edificante, o gesto espontâneo
de solidariedade...
Ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa aos
semelhantes, e aquele que se compadece e ajuda cede ao próximo algo de si
mesmo.
Não te detenhas, portanto.
Não admitas que a incerteza ou o temor te imobilizem o
passo.
Vale-te das horas e auxilia sempre, sem ostentação de
virtude, sem reclamação, sem alarde, e a vida entesourará as tuas migalhas de
amor, delas formando a tua riqueza imperecível na bem-aventurança
espiritual."
("Instrumentos do tempo", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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