domingo, 30 de novembro de 2014

"USO E ABUSO"

"O uso é o bom-senso da vida e o metro da caridade.
        Vida sem abuso, consciência tranquila.
*
        Uso é moderação em tudo.
        Abuso é desequilíbrio.
*
        O uso exprime alegria.
        Do abuso nasce a dor.
*
        Existem abusos de tempo, conhecimento e emoção.
        Por isso, muitas vezes, o uso chama-se “abstenção”.
*
        O uso cria a reminiscência confortadora.
        O abuso forja a lembrança infeliz.
*
        Saber fazer significa saber usar.
        Todos os objetos ou aparelhos, atitudes ou circunstâncias exigem uso adequado, sem o que surge o erro.
*
        Doença — abuso da saúde.
        Vício — abuso do hábito.
        Supérfluo — abuso do necessário.
        Egoísmo — abuso do direito.
        Todos os aspectos menos bons da existência constituem abusos.
*
        O uso é a lei que constrói.
        O abuso é a exorbitância que desgasta.
        Eis porque progredir é usar bem os empréstimos de Deus."


(André Luiz, na obra  “Estude e Viva”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/ Emmanuel e André Luiz)  

sábado, 29 de novembro de 2014

"INFLUÊNCIAS"

"Queixas-te de influências perniciosas que te desgastam a vida.
       Alegas que espíritos sofredores te vampirizam as horas e que obsessores te viciam os pensamentos.
-o-
       E, muitas vezes, a cada dia, experimentas tensão e desespero, cólera e enfermidade.
-o-
       Para conjurar o perigo, recorres à oração e aos conselhos edificantes.
       Tais medidas, no entanto, não obstante providenciais, podem ser comparadas às receitas médicas que, apesar de preciosas, passam despercebidas, se os recursos indicados não forem usados conforme as prescrições.
-o-
       Isso equivale dizer que os agentes externos são necessários à nossa própria preservação contra os males que nos atormentam, entretanto, se nos propomos realmente a vencê-los, analisemos a nossa posição individual no campo das influências.
-o-
       Se sabemos marcar os que nos ferem, aqueles aos quais ferimos igualmente podem marcar—nos.
-o-
       Aos que nos sugiram algo, algo conseguiremos também sugerir.
-o-
       A solução do problema, em matéria e influências nocivas, será alcançada se criarmos a força e a sugestão do bem no ambiente menos desejável que nos rodeie.
-o-
       Para isso é preciso que o entendimento e a união se façam ingredientes essenciais de nossa própria atitude.
-o-
       Não temos necessidade de recear as influências chamadas perniciosas, porquanto, se outros nos influenciam o caminho, também nós desfrutamos a possibilidade influenciar o caminho alheio.
       E estamos convencidos de que tudo aquilo que doarmos aos nossos irmãos para nós voltará."

(“Neste instante”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"EXAMINA A PRÓPRIA AFLIÇÃO"

Questão Nr. 908 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.

      
"Examina a própria aflição para que não se converta a tua inquietude em arrasadora tempestade emotiva.
       Todas as aflições se caracterizam por tipos e nomes especiais.
       A aflição do egoísmo chama-se egolatria.
       A aflição do vício chama-se delinquência.
       A aflição da agressividade chama-se cólera.
       A aflição do crime chama-se remorso.
       A aflição do fanatismo chama-se intolerância.
       A aflição da fuga chama-se covardia.
       A aflição da inveja chama-se despeito.
       A aflição da leviandade chama-se insensatez.
       A aflição de indisciplina chama-se desordem.
       A aflição da brutalidade chama-se violência.
       A aflição da preguiça chama-se rebeldia.
       A aflição da vaidade chama-se loucura.
       A aflição do relaxamento chama-se evasiva.
       A aflição da indiferença chama-se desânimo.
       A aflição da inutilidade chama-se queixa.
       A aflição do ciúme chama-se desespero.
       A aflição da impaciência chama-se intemperança.
       A aflição da sovinice chama-se miséria.
       A aflição da injustiça chama-se crueldade.
       Cada criatura tem a aflição que lhe é própria.
       A aflição do reino doméstico e da esfera profissional, do raciocínio e do sentimento...
       Os corações unidos ao Sumo Bem, contudo, sabem que suportar as aflições menores a estrada é evitar as aflições maiores da vida e, por isso, apenas eles, anônimos heróis da luta cotidiana, conseguem receber e acumular em si mesmos os talentos de amor e paz reservados por Jesus aos sofredores da Terra, quando pronunciou no monte a divina promessa:
       — “Bem-aventurados os aflitos!”

(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

"EXAMINANDO A RIQUEZA"


        "Valores corretamente distribuídos definem o bem comum.
-o-
        Recursos aplicados com amor exprimem solidariedade e beneficência.
-o-
        Suor entesourado no templo doméstico, a expressar-se em forma de higiene e sobriedade, elevação e conforto constitui aquela dignidade de viver, acessível a todos os corações que se levantam na consciência reta para o culto do bem a cada dia.
-o-
        Para semelhantes misteres confia o Senhor aos homens variadas tarefas, nos setores da administração e da responsabilidade, seja nos fastos da vida pública ou na comunhão doce do lar.
-o-
        Entretanto, se a propriedade a título precário, segundo as Leis Divinas, que outorgam ao espírito encarnado a condição de usofrutuário dos bens do mundo, é sempre respeitável, tornar-se imperioso considerar que toda a acumulação inútil dos recursos da Terra, sem proveito para as criaturas irmãs, demonstra avareza, a exprimir-se por perigosa enfermidade da alma.
-o-
        Todo valor da vida é precioso, quando em circulação a benefício da própria vida, verdade cristalina que vemos na água pura a converter-se em corrente enfermiça, quando no cárcere do poço, sem utilidade para ninguém, e no sangue robusto que, na parada súbita, determina o desastre orgânico.
-o-
        Façamos do serviço incessante o nosso maior tesouro, de  vez que as calamidades da sovinice são toleradas no mundo para corrigir com amargas desilusões aqueles que a cultivam, de vez que os ricos ociosos e avarentos e os pobres inertes e revoltados, perante a Lei, acusam peso análogo na balança da evolução.
-o-
        Só o trabalho é fonte de riqueza imperecível e somente a educação é luz a nortear-lhe os movimentos para mais altos destinos.
-o-
        Aprendamos a servir, aperfeiçoando-nos, e traremos conosco, no coração, e no cérebro, a paz e o amor que representam, em nossas almas, o incorruptível patrimônio de Deus."

( ”NÓS”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"RENASCIMENTO"

Questão Nr. 169 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, pelo Espírito Emmanuel.

        "Não aguardes o lance da morte para atender, em ti mesmo, à grande renovação.
        Se a chama de tuas esperanças mais caras surge agora reduzida a pó e cinza, aproveita os resíduos dos sonhos mortos por adubo à nova sementeira de fé e caminha para diante, sem descrer da felicidade.
        Muitos desertam do quadro escabroso em que o Céu lhes permite a quitação com as Leis Divinas, deitando-lhe insultos, como se se retirassem de província infernal, mas voltarão a ele, em momento oportuno, com lágrimas de tardio arrependimento, para reajustar suas disposições, quando poupariam larga quota de tempo se lhe buscassem compreender as lições ocultas.
        Outros muitos fogem de entes amados, reprochando-lhes a conduta e anatematizando-lhes a existência, qual se se ausentassem de desapiedados verdugos; no entanto, voltarão, igualmente mais tarde, a tributar-lhes paciência e carinho, a fim de curar-lhes as chagas de ignorância e ajudá-los no pagamento de débito escabrosos, entendendo, por fim, que teriam adquirido enorme tesouro de experiência se lhes houvessem doado apoio e entendimento, perdão e auxílio justo, no instante difícil em que se mostravam desmemoriados e inconscientes.
        Não deixes, assim, para amanhã o trabalho bendito da caridade que te pede ação ainda hoje.
        O caminho de angústia e a mão do insensato despontam do pretérito, cujas dívidas precisamos solver.
        Desse modo, se te não é lícito possuir esse ou aquele patrimônio que te parece adequado à realização do mais alto ideal, faze da tela escura em que estagias a escola da própria sublimação, e, se não podes receber, em determinada condição, a alma que amas, no mundo, consagra-lhe mesmo assim o melhor de teu culto, estendendo-lhe a bondade silenciosa, na bênção da simpatia.
        Não encomendes, pois, embaraços e aversões à loja do  futuro, porque, a favor de nossa própria renovação, concede-nos o Senhor, cada manhã, o Sol renascente de cada dia."

(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

"CRÊ E SERVE"

"Se sofres, mostra em preces
A tua história a Deus.

Não reclames. Restaura.
Nem grites, auxilia.

A impaciência agita.
A aflição desconforta.

Asserena-te e serve.
Crê, trabalha e confia.

Não acuses ninguém.
A Justiça vê tudo.

Barulho em ti complica
O socorro de Deus."


(“Espera Servindo”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"Difunde a esperança..."

"Difunde a esperança em melhores dias.
       Nunca houve tanta necessidade da verde palma, quanto nestes momentos.
       A esperança dá força aos ideais e coragem às criaturas, que se renovam, mesmo quando tudo parece a ponto de perder-se.
       É ela que sustenta o herói e mantém o santo nos propósitos superiores que abraçam.
       Preservando-a em ti, nunca desfalecerás, nem te sentirás abandonado, quando as circunstâncias te convidarem ao testemunho e à solidão."
("Vida Feliz”, Joanna de Ângelis/ Divaldo P. Franco)

domingo, 23 de novembro de 2014

"DOENÇA E CURA"


       "Se estás doente, não menosprezes a oportunidade de meditação que a doença te oferece.
       Aparta o espírito do corpo e reflete na transitoriedade de tudo que te rodeia.
       Conserva, sim, a esperança de cura, mas não te enganes quanto à fatalidade do teu desenlace que, mais cedo ou mais tarde, ocorrerá.
       Prepara-te para o inevitável confronto com a Verdade.
       Desapega-te do que te retém o espírito no cativeiro da ilusão.
       Desperta da profunda letargia em que viveste até hoje e valoriza o tempo que te resta no corpo perecível.
       Se readquirires o equilíbrio orgânico, não olvides que, mais tarde, voltarás a enfermar.
       A desencarnação é lei natural.
       Não te ocupes de ti mesmo, apenas quando te vejas na iminência de morrer.
       Pior que a doença física é a do espírito, que sobrevive à morte do corpo.
       Cura-te, em profundidade.
       Quase sempre, em quem nada sofre, seja no corpo ou na alma, o processo de cura sequer começou."
(“Dias Melhores”, Irmão José/Carlos A. Baccelli)

sábado, 22 de novembro de 2014

"NÃO TE DESESPERES"

"Perante a provação,
Jamais te desesperes.

Toda dor é convite
À mudança de vida.

Analisa onde erraste
E busca corrigir-te.

Quem persiste na queda
Não se arreda do chão.

Se procuras a luz,
Afasta-te das trevas.

Ninguém sobe uma escada
Sem escalar degraus."

(“Pão da Alma”, Irmão José/ Carlos A. Bacelli)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"CULTO INDIVIDUAL DO EVANGELHO"


"Nem sempre encontrarás a colaboração precisa ao Culto do Evangelho no templo familiar.

         Por vezes, será necessário esperar o amadurecimento dos companheiros que se mostram semelhantes à folhagem viçosa nas robustas frondes da vida, incapazes de perceber a glória da frutificação no futuro.

         Ainda assim, procura a intimidade do Mestre e, sozinho embora, sintoniza-te com Ele, através da leitura divina.

         Realmente, por agora, és parte integrante do grupo consanguíneo, mas, no fundo, és o irmão da Humanidade inteira, com obrigações de seguir para a frente.

         Todos somos peregrinos da eternidade, em trânsito para a vida superior.

         Cada situação no círculo das formas, em que experimentamos e somos experimentados, é simples posição provisória.

         Lembra-te de que o dia será a inevitável arena do testemunho e, ao longo das horas, encontrarás mil alvitres diferentes.

         É a cólera pretendendo insinuar-se através do teu campo emotivo.

         É a dor que tentará subtrair-te o ânimo.

         É a ventania das provas, buscando apagar-te a fé vacilante e humilde.

         É o verbo desvairado que te visitará nas bocas alheias, concitando-te a esquecer as melhores conquistas espirituais.

         É a revolta que projetará fel sobre a tua esperança.

È a insubmissão do próprio “eu” que te criará dificuldades inúmeras.

         É a vaidade que te repetirá velhas fantasias acerca de tua superioridade inexistente.

         É o orgulho que te apartará da fraternidade legítima.

         É a preguiça que te fará acreditar no poder da enfermidade sobre a saúde e do desalento improdutivo sobre a alegria edificante

         É a maldade que te inclinará a palavra ao julgamento leviano ou apressado, no intuito de arrojar-te às trevas.

          Recorda semelhantes inimigos que nos desafiam constantemente, na luta sem quartel da evolução e do aperfeiçoamento, e, no culto individual da Boa-Nova, grava em ti mesmo as observações do Mestre Divino, anotando-lhe os conselhos e avisos e tomando as armas da compreensão e do bem para lutar dignamente, cada dia, na abençoada conquista do futuro glorificado e sem fim."

/"Instrumentos do tempo", Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

"EM VOCÊ"

"O homem traz em si mesmo instrumentos indispensáveis à manutenção da própria paz, no esforço de progredir.
Um alto-falante adaptado à garganta.
Duas máquinas cinematográficas incrustadas nos globos oculares.
Dois gravadores de sons encobertos pelas orelhas.
Um pequeno guindaste preso em cada ombro.
Dois suportes locomotores fixados no tronco.
Tudo isso, afora dezenas de complicados mecanismos que agem, interdependentes, na estrutura da sua máquina orgânica.
O pensamento é a eletricidade que movimenta a maquinaria, e um atestado de garantia estipula prazo fixo ao seu funcionamento normal, quando usado com disciplina constante para fins elevados.
*
Examine a aplicação da máquina pela qual você se manifesta.
Qual ocorre a qualquer construção mecânica, o seu corpo físico pode ser empregado para edificar ou destruir, devendo trabalhar em ritmo uniforme para isentar-se da ferrugem e combater o próprio desgaste.
Em você existem as causas da sua derrota e vibram as forças de seu triunfo."

(André Luiz, na obra “Ideal Espírita”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"TEU CLIMA"

"Queiras ou não, onde estiveres, dás e recebes, conforme as leis do espírito.
       Sentimentos inspiram ideias.
       Ideias suscitam palavras.
       Palavras estabelecem ações.
       Ações criam destinos.
       Tudo o que fazem é plantação, atraindo resultados.
       Daí, a importância das reações que provoques e das impressões que distribuas.
       Cada qual de nós carrega o clima espiritual que lhe é próprio.
-o-
       Considera, assim, a necessidade do otimismo e da paz, no campo íntimo, para que irradies, a benefício dos outros e, consequentemente de ti mesmo, a tranquilidade e a alegria de viver.
       Não te encorajarias a receber criaturas irmãs sobre montes de lixo, nem lhes serviria a mesa com esse ou aquele bolo recheado de espinhos. Por que acolhê-las, entre lamentações e choques, para, em seguida, te afastares delas, deixando-as machucadas e espavoridas do ponto de vista espiritual?
       Processam-se, sob tuas sugestões conscientes ou inconscientes, esperanças e desencantos, levantamentos e quedas, restaurações e depressões.
-o-
       Praticarás a beneficência, não só com a dádiva materializada em tuas mãos, mas principalmente com o amparo invisível de tua influência para que o bem se faça.
       Tua presença — teu clima.
       Teu clima — tua mensagem.
       Se te propões a estudar o problema, da parte dos outros para contigo, examina a questão, partindo de ti para com os outros, e verificarás que do contato de cada pessoal algo te fica, nos caminhos do tempo, a induzir-te para os prejuízos e sombras de ontem ou impelindo-te a aproveitar as possibilidades de hoje, a fim de que a luz do amanhã te encontre melhor."


(Emmanuel, na obra “Passos da Vida”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

"DIANTE DA TERRA"

"Diante da luta humana, o espírito que amadureceu o raciocínio e despertou o coração, sente-se cada vez mais só, mais desajustado e menos compreendido.

Por vagas crescentes de renovação, gerações diferentes surgem no caminho, impondo-lhe conflitos sentimentais e lutas acerbas.

Estranha sede de harmonia invade-lhe a alma.

Habitualmente, identifica-se por estrangeiro na esfera da própria família.

Ilhado pela corrente escura das desilusões, a se sucederem, ininterruptas, confia-se ao tédio infinito, guardando enrijecido o coração.

Essa, porém, não é a hora da desistência ou do desânimo.

O fruto amadurecido é a riqueza do futuro.

Quem se equilibra no conhecimento é o apoio daquele que oscila na ignorância.

Que será da escola quando o aluno, guindando à condição de mestre, fugir do educandário, a pretexto de não suportar a insipiência e a rudeza dos novos aprendizes? E quem estará assim tão habilitado, perante o Infinito, ao ponto de menoscabar a oportunidade de prosseguir na aquisição da Sabedoria?

A Terra é a venerável instituição onde encontramos os recursos indispensáveis para atender ao nosso próprio burilamento.

Milhões de vidas formam o pedestal em que nos erigimos e, alcançando o grande entendimento, cabe-nos auxiliar as vidas iniciantes, por nossa vez.

Por isso, na plenitude do discernimento, reclamamos uma fé que nos reaqueça a alma e nos soerga a visão, a fim de que a madureza de espírito seja reconhecida por nós como o mais belo e o mais valioso período de nossa romagem no mundo, ensinando-nos a agir sem apego e a servir sem recompensa.

Situados no cimo da grande compreensão, não prescindimos da grande serenidade.

Se, com o decurso do tempo, registramos o nosso isolamento íntimo, quando alimentados pelo ideal superior, depressa observamos a nossa profunda ligação com a Humanidade inteira.

Informamo-nos, pouco a pouco, de que ninguém é tão indigente que não possa concorrer para o progresso comum e tomamos, com firmeza, o lugar que nos compete no edifício da harmonia geral, distribuindo fragmentos de nós mesmos, no culto da fraternidade bem vivida.

Valendo-nos da ressurreição de hoje para combater a morte de ontem, encontramos na luta o esmeril que polirá o espelho de nossa consciência, a fim de nos convertermos em fiéis refletores da beleza divina.

O mundo, por mais áspero, representará para o nosso espírito a escola de perfeição, cujos instrumentos corretivos bendiremos, um dia. Os companheiros de jornada que o habitam, conosco, por mais ingratos e impassíveis, são as nossas oportunidades de materialização do bem, recursos de nossa melhoria e de nossa redenção, e que, bem aproveitados por nosso esforço, podem transformar-nos em heróis.

Não há medida para o homem, fora da sociedade em que ele vive. Se é indubitável que somente o nosso trabalho coletivo pode engrandecer ou destruir o organismo social, só o organismo social pode tornar-nos individualmente grandes ou miseráveis.

A comunidade julgar-nos-á sempre pela nossa atitude dentro dela, conduzindo-nos ao altar do reconhecimento, ao tribunal da justiça ou à sombra do esquecimento.

O Espiritismo, sob a luz do Cristianismo, vem ao mundo para acordar-nos.

A Terra é o nosso temporário domicílio.

A Humanidade é a nossa família real.

Todos estamos destinados por Deus a gloriosa destinação.

Em razão disso, Jesus, o Divino Emissário do Amor para todos os séculos, proclamou com a realidade irretorquível: _ “Das ovelhas que o Pai me confiou nenhuma se perderá.”


("Roteiro", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"INTRIGAS E ACUSAÇÕES"

       "Quanto possível, abstém-te de assuntos infelizes.
*
       Muitas vezes, quem te fala contra os outros pode trazer a imaginação doente ou superexcitada.
*
       Quando alguém, porventura, se te faça veículo de alguma intriga, tanto é digna de compaixão a pessoa que te trouxe essa bomba verbal, quanto a outra que a teria criado.
*
       Uma frase imperfeitamente ouvida será sempre uma frase mal interpretada.
*
       A criatura que se precipita em julgamentos errôneos, a teu respeito, talvez seja vítima de lastimável engano.
*
       Muitas pessoas de hábitos cristalizados em comentários descaridosos, em torno da vida alheia, estão a caminho de tratamentos médicos, dos mais graves.
*
       Se trazes a consciência tranquila, as opiniões negativas efetivamente não te alcançam.
*
       Diante de críticas recebidas, observa até que ponto são verídicas e aceitáveis, para que venhamos a retificar em nós aquilo que nos desagrada nos outros.
*
       Conhecendo algum desequilíbrio em andamento, auxilia em silêncio naquilo em que possas cooperar sem alarde, sem referir a ninguém, quanto ao esforço de reajuste que sejas capaz de desenvolver.
*
       Compadece-te dos acusadores e ora, em favor deles, rogando a Deus para que sejam favorecidos com a bênção de paz que desejamos para nós."
***

(“Calma”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 16 de novembro de 2014

"NO REINO EM CONSTRUÇÃO"

"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.” JESUS – JOÃO, 14: 2.
“Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação.” — E.S.E., Cap. III, 14.

       "Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as deficiências da Humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas agressivas do mármore de obra-prima inacabada e costumas dizer que a Terra está perdida.
       Observa, porém, as multidões que se esforçam silenciosamente pela santificação do porvir.
*
       Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do autor de homicídio lamentável e, sob extrema revolta, trouxeste ao labirinto das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando que estamos todos no teatro do crime.
       Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de abnegação e heroísmo, que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a delinquência desapareça.
       Conheceis jovens que se transviaram na leviandade, desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente, admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de desagregação do caráter.
       Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas, debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem dignamente a legião do progresso.
       Sabes que há companheiros habituados aos prazeres noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a preço de ouro, acreditas que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício.
       Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que atravessam a noite, no recinto das fábricas e juntos dos linotipos, em hospitais e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância, de modo a que a produção e a cultura, a saúde e a tranquilidade do povo sejam asseguradas.
       Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos, na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são modelos completos de avareza e crueldade.
       Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver.
*
       Não condenes a Terra pelo desequilíbrio de alguns.
       Medita em todos os que se encontram suando e sofrendo, lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti."
(“Livro da Esperança”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 15 de novembro de 2014

"ANTE A FAMÍLIA MAIOR"



       "Se podes transportar as dificuldades que te afligem num corpo robusto e razoavelmente nutrido, reflete naqueles nossos irmãos da família maior que a penúria vergasta.
       Diante deles, não permitas que considerações da natureza inferior te cerrem as portas do sentimento.
       Se algo possuis para dar, não atrases a obra do bem e nem te baseies nas aparências para sonegar-lhes cooperação.
       Aceitemo-los como sendo tutores paternais ou filhos inesquecíveis largados no mar alto da experiência terrestre e que a maré da provação nos devolve, qual se fossemos para eles o cais da esperança.
       Muitos chegam agressivos; entretanto, não julgues sejam eles especuladores da violência. Impacientaram-se na expectativa de um socorro que se lhes afigurava impossível e deixaram que a exasperação os enceguecesse.
       Outros se apresentam marcados por hábitos lastimáveis; todavia, não admitas estejam na posição de escravos irresgatáveis do vício. Atravessaram longas trilhas de sombra, e, desenganados quanto à chegada de alguém que lhes fizesse luz no caminho, tombaram desprevenidos nos precipícios da margem.
       Surpreendemos os que aparecem exteriormente bem-postos e aqueles que dão a ideia de criaturas destituídas de qualquer noção de higiene, mas não creias, por isso, vivam acomodados à impostura e ao relaxamento. Um a um, carregam desdita e enfermidade, tristeza e desilusão.
       Não duvidamos que  existam, em alguns raros deles, orgulho e sovinice; no entanto, isso nunca sucede no tamanho e na extensão da avareza e da vaidade que se ocultam em nós, os companheiros indicados a estender-lhes as mãos.
       Se rogam auxílio não poderiam ostentar maior credencial de necessidade que a dor de pedir.
       Sobretudo, convém acrescentar que nenhum deles espera possamos resolver-lhes todos os problemas cruciais do destino. Solicitam somente essa ou aquela migalha de amor, à feição do peregrino sedento que suplica um copo d’água para ganhar energia e seguir adiante.
       Esse pede uma frase de bênção, aquele um sorriso de apoio, outro mendiga um gesto de brandura ou um pedaço de pão...
       Abençoa-os e faze, em favor deles, quanto possas, se te esqueceres de que o Eterno Amigo nos segue os passos, em divino silêncio, após haver dito  cada um de nós, na acústica dos séculos:
       — “Em verdade, tudo aquilo que fizerdes ao menor dos pequeninos é a mim que o fizestes.”

(Emmanuel, na obra “Estude e Viva”, Emmanuel e André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"SEMENTES DO CAMINHO"


"Tem cuidado, estrada afora,
Sofrendo, sorrindo, amando...
Enquanto a galinha dorme,
A raposa está velando.

Entre as maldades da Terra,
Não te percas, meu amigo ;
Se fores ver algum lobo,
Conduze algum cão contigo.

Vigia sobre ti mesmo
Se queres a própria cura,
Que os erros da Medicina
Não saem da sepultura.

Não te afastes do equilíbrio:
Sobriedade nunca é pouca.
Quando é fácil a receita,
A despesa é sempre louca.

Em teus hábitos no mundo,
Não permaneças dormindo.
A loucura inventa as modas
E a tolice vai seguindo.

Se um dia fores bigorna,
Seja a calma o teu segredo;
Mas quando fores martelo,
Rebate forte e sem medo.

Teme apenas a ti mesmo
Na esfera de teu dever.
Quem se amedronta consigo
Nada mais tem a temer.

Fala pouco e pensa muito.
Não gastes verbo ilusório.
De palavras em palavras,
Caímos no purgatório.

Procura a simplicidade,
Não gastes a própria sorte;
Por enquanto, não chegaste
À grave questão da morte.

Buscas a paz do infinito
E a claridade sem véu?
Trabalha e auxilia o mundo,
Guardando a visão do céu."


("Gotas de Luz", Casimiro Cunha/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

"MISERICÓRDIA"

"Não aguardes a queda espetacular do próximo, nos despenhadeiros do crime ou do sofrimento, para exercer o dom da misericórdia que o Senhor cultivou em nossa fé.

Mais vale o amparo previdente na preservação do equilíbrio, que o remédio de efeito problemático no reajuste.

Não desperdices teus minutos, na expectação inoperante, exclamando à frente dos problemas difíceis:

-Amanhã farei alguma coisa.

-Depois, tentarei realizar.

-Um dia chegará...

-Quando a oportunidade surgir...

Ataca, hoje mesmo, o serviço da fraternidade, para que a compaixão não seja em teu espírito um ornamento inútil.

Sê misericordioso para com os que te cercam.

Inicia a obra de benemerência, em tua própria casa, distribuindo algumas palavras de incentivo com quem te comunga o cálice de luta.

Ajuda aos mentores de teu caminho com algum sorriso de compreensão, restaura a coragem na alma da esposa, restabelece o bom ânimo do companheiro, auxilia os irmãos, usando a chave milagrosa do carinho, e não te esqueças do apoio que os corações juvenis reclamam de tua boa vontade e de tua experiência que o Cristo enriqueceu.

Há mil meios de praticar a misericórdia a cada dia.

Não olvides o silêncio para a calúnia, a bondade para com todos, a gentileza incessante, a frase amiga que reconforta, a roupa que se fez inútil para o corpo, suscetível de ser aproveitada pelo irmão mais necessitado, o pão dividido, a prece em comum, a conversação edificante, o gesto espontâneo de solidariedade...

Ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa aos semelhantes, e aquele que se compadece e ajuda cede ao próximo algo de si mesmo.

Não te detenhas, portanto.

Não admitas que a incerteza ou o temor te imobilizem o passo.

Vale-te das horas e auxilia sempre, sem ostentação de virtude, sem reclamação, sem alarde, e a vida entesourará as tuas migalhas de amor, delas formando a tua riqueza imperecível na bem-aventurança espiritual."


("Instrumentos do tempo", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"CONFIDÊNCIA DE MÃE"

"Dei-te um berço de rendas e de flores,
Adorei-te por nume excelso e amigo
E inclinei-te, meu filho, a ser comigo
Soberano de sonhos tentadores.

Ordenava no orgulho que maldigo:
— “Não te curves nem sirvas, aonde fores...”
Entreguei-te mentiras por louvores
E enganosa fortuna por abrigo.

Hoje, de alma surpresa, torno à casa!
Tremo ao ver-te no luxo que te arrasa,
Como quem dorme em trágico veneno!

E choro, filho meu, choro vencida,
Por guardar-te entre os grandes toda a vida,
Sem jamais ensinar-te a ser pequeno."

               (Andradina  de  Oliveira, na obra “Luz no Lar”, de Francisco Cândido Xavier – Diversos Espíritos)