Questão Nr. 630 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan
Kardec.
"Se já recolheste migalha de luz, diminui a sombra no
outro.
Vê-lo-as, em toda parte, esperando-te
auxílio.
Esse apela para teu pão.
Aquele aguarda a sombra de tua
veste.
Esse esmola bagatela de tua
bolsa.
Aquele roga um minuto de
gentileza.
Entretanto, mais que isso, o outro pede
compreensão.
Estava pressionado e feriu-te.
Falava sem pensar e disse a palavra que te magoou.
Superestimou a si mesmo e rolou no
charco.
Enlouqueceu e tenta arrastar-te ao
desequilíbrio.
Ainda quando te faça perder as últimas forças nas
últimas lágrimas, compadece-te dele e ampara sempre.
Se soubesse o que sabes, não seria
problema.
Se pudesse sustentar-se, não
cairia.
Muitas vezes terá tido o propósito de acertar, mas,
perdido no nevoeiro da ignorância, tomou o erro pela
verdade.
Estimaria, decerto, sentir como sentes; contudo, ainda
não recebeu no caminho as oportunidades que recebeste.
Se te ironiza, oferece-lhe
paciência.
Se te ofende, consagra-lhe paciência
maior.
Ainda mesmo em se mostrando embaraçado no crime, não lhe
roube o testemunho de amizade e esperança, porque amanhã, colhido no esfogueante
tribunal do remorso, lembrará teu consolo como gota de
bênção.
Se és a vítima, compadece-te ainda mais, porque não
desconheces quanta dor há na conta da vida para o verbo que
amaldiçoa e para a mão que apedreja.
O outro é pedaço de nossa história, retratista de nossos
atos, espelho de nossas aquisições, reflexo de nós
mesmos.
Em casa, é quem te comunga a faixa
doméstica.
No mundo, é o companheiro de experiência, seja na taça
da simpatia ou no gral da aversão.
Desse modo, sempre que impelido ao discernimento do bem,
pensa no outro...
Seja quem seja, será sempre a notícia do bem que vibre
em tua alma, porque o bem que lhe ofertes é o bem verdadeiro que a Lei te
credita no livro da consciência.
A árvore é julgada pelos
frutos.
A criatura é vista pelas próprias
obras.
Em todos os sucessos que partilhemos, alguém nos carrega
a imagem.
Aquilo, pois, que fizeste ao outro, a ti mesmo
fizeste."
(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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