quinta-feira, 31 de julho de 2014
"O BURRO MANCO"
"Antes da reunião mediúnica, o problema de Espíritos e médiuns era o tema na conversação dos companheiros.
- Não compreendo – dizia a irmã Fortunata – porque os benfeitores da Vida Maior haveriam de tomar criaturas de má vida para instrumentos de suas manifestações, se a própria Doutrina Espírita é tão clara em maioria de afinidades...
- Meus amigos – atalhava Sidônio Pires, advogado e diretor do grupo -, se o trabalho fôsse confiado pelos Céus apenas aos fortes e aos sábios, que restaria aos fracos e aos ignorantes? A mediunidade não será comparável a uma riqueza de espírito que Deus distribui entre os bons e os menos bons, tendo em conta o progresso e o aperfeiçoamento de todos? Nesse sentido, é claramente compreensível que, em mediunidade, como em qualquer ramo da experiência humana, cada qual receberá pelo que faça...
- De acordo – objetou o irmão Luís de Souza -, mas o problema é muito complexo. Para ilustrar, pergunto: como acreditar que um Espírito culto venha trazer determinada mensagem por medianeiro que se expressa em língua exótica?
A irmã Leopoldina fitou o opositor, de frente, e contradisse:
- E se você fôsse, por exemplo, um médico, longe de casa e incapaz de viajar, com necessidade de transmitir um recado à família, com relação a determinado enfermo? Vamos que você não encontrasse uma pessoa com os seus conhecimentos e modos e tão-só dispusesse de um índio domesticado, que falasse imperfeitamente o idioma? que faria?
- Instruiria o índio, até que ele pudesse reproduzir corretamente as minhas palavras.
- E se o caso estivesse revestido de urgência extrema? – insistiu Dona Leopoldina – um problema de vida ou morte em criatura profundamente ligada ao seu coração?
- Escreveria um bilhete.
- Mas se não houvesse uma folha de papel ao seu dispor?
Observando que Luís de Souza começava a irritar-se, Dona Catarina interferiu, conselheiral:
- Efetivamente, a questão não é simples. Que há muita coisa esquisita, em mediunidade, há mesmo. Por mais se pense no assunto, em toda parte existem problemas sem solução. Devemos estudar cada vez mais. Cá por mim, não estendo gente má, falando por Espíritos bons...
O relógio, porém, marcava o início das tarefas e a palestra foi abandonada.
No transcurso da sessão, os encargos diversos foram atendidos e, no encerramento das atividades gerais, porque o Irmão Gustavo, mentor espiritual da casa, se preparasse para as despedidas, o Dr. Sidônio, diretor da equipe, indagou se ele registrara o entrechoque de opiniões sobre médiuns e Espíritos, ali havido momentos antes, ao que o paciente orientador respondeu:
- Ouvi tudo, meus filhos.
- E pode, por favor, dar-nos o seu ponto de vista?
O guia sorriu pelo rosto do médium e considerou:
- Antes de tudo, todos estamos na escola da vida e cada qual, no setor de aprendizado em que se encontre, deve doar o máximo pelo autoburilamento. Vocês não podem perder a vocação do melhor e precisam intensificar lições e purificar ensinamentos. Aperfeiçoar tudo e elevar sempre. Quanto à prática do bem, honorifiquemos cada trabalhador na sinceridade e no proveito que demonstrem. Vocês falam em instrumentos mediúnicos deficitários, mas não ignoram que os talentos psíquicos são comuns a todos. Não seria justo que vocês, meus filhos, cada qual na pauta dos próprios recursos, tentassem oferecer alguma colaboração aos desencarnados amigos? Que pusessem de lado escrúpulos tolos e diligenciassem servir como intermediários, entre o Socorro Divino e a necessidade humana?
E ante o grupo atento, o Irmão Gustavo narrou, com graça:
- Com respeito a Espíritos e médiuns, quero contar a vocês um episódio simples de minha própria experiência. Eu era médico em São Joaquim da Barra, no interior de S. Paulo, quando fui chamado para assistir um doente, num sítio a vinte e seis quilômetros. Nesse tempo, as viagens de carro eram muito raras e o animal de sela era o nosso melhor veículo. Acontece que, no terceiro dia de minha vigília profissional no referido sítio, o meu cavalo adoeceu, justamente quando recebi por mensageiro que seguia de São Joaquim para Ribeirão Preto o recado de um amigo, solicitando minha presença à cabeceira da esposa, prestes a dar à luz. Conhecia o caso e sabia que minha cliente arrostaria com embaraços que lhe poderiam ser fatais. O enfermo a que prestava concurso acusava melhoras e, por isso, afobei-me. Dei-me pressa e procurei o Coronel Cândido, proprietário de excelentes animais; entretanto, o estimado amigo informou-me que só possuía cavalos árabes, de imenso valor, garanhões de fama, e não podia concordar em colocá-los na estrada com a obrigação de suar para cavaleiros. Busquei o sitiante João Pedro, mas João Pedro alegou que apenas dispunha de Manga-largas puros, de alto preço, e não estava inclinado a prejudicá-los. Corri até à vivenda de Amaro Silva, dono de grande haras; no entanto, ainda aí, somente existiam animais nobres e selecionados, que não me podiam ajudar em coisa alguma. Fui, então, à tapera de Tonico Jenipapo, um pobre cliente nosso, expondo-lhe o meu problema. Tonico não teve dúvida. Desceu ao quintal e trouxe de lá um asno arrepiado, e apresentou: “Doutor, este burro é manso e lerdo, mas, se serve...” Não houve mais conversa. Arreamos o animal e, agüentando espora e taça, tropeçando e manquitolando, o burro me colocou nas ruas de São Joaquim, para o desempenho de meu dever, a que atendi com absoluto êxito.
Depois de expressiva pausa, o guia rematou:
- Vocês estudem sempre. Passem a limpo quaisquer fenômenos e exercícios de mediunidade nos cadernos de lições da nossa Renovadora Doutrina; no entanto, em matéria de serviço aos outros, respeitemos cada obreiro no lugar que lhe é próprio. Pensem nisso, porquanto, apesar da era do automóvel e do avião, em que vocês se acham, é possível surja um dia em que venham a precisar de um burro manso, capaz de ser a solução de muita necessidade e amparo de muita gente.
O mentor afastou-se e, terminada a tarefa, a equipe dispersou-se com a promessa de examinar a comunicação e debatê-la na sessão seguinte."
("Estante da Vida", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)
- Não compreendo – dizia a irmã Fortunata – porque os benfeitores da Vida Maior haveriam de tomar criaturas de má vida para instrumentos de suas manifestações, se a própria Doutrina Espírita é tão clara em maioria de afinidades...
- Meus amigos – atalhava Sidônio Pires, advogado e diretor do grupo -, se o trabalho fôsse confiado pelos Céus apenas aos fortes e aos sábios, que restaria aos fracos e aos ignorantes? A mediunidade não será comparável a uma riqueza de espírito que Deus distribui entre os bons e os menos bons, tendo em conta o progresso e o aperfeiçoamento de todos? Nesse sentido, é claramente compreensível que, em mediunidade, como em qualquer ramo da experiência humana, cada qual receberá pelo que faça...
- De acordo – objetou o irmão Luís de Souza -, mas o problema é muito complexo. Para ilustrar, pergunto: como acreditar que um Espírito culto venha trazer determinada mensagem por medianeiro que se expressa em língua exótica?
A irmã Leopoldina fitou o opositor, de frente, e contradisse:
- E se você fôsse, por exemplo, um médico, longe de casa e incapaz de viajar, com necessidade de transmitir um recado à família, com relação a determinado enfermo? Vamos que você não encontrasse uma pessoa com os seus conhecimentos e modos e tão-só dispusesse de um índio domesticado, que falasse imperfeitamente o idioma? que faria?
- Instruiria o índio, até que ele pudesse reproduzir corretamente as minhas palavras.
- E se o caso estivesse revestido de urgência extrema? – insistiu Dona Leopoldina – um problema de vida ou morte em criatura profundamente ligada ao seu coração?
- Escreveria um bilhete.
- Mas se não houvesse uma folha de papel ao seu dispor?
Observando que Luís de Souza começava a irritar-se, Dona Catarina interferiu, conselheiral:
- Efetivamente, a questão não é simples. Que há muita coisa esquisita, em mediunidade, há mesmo. Por mais se pense no assunto, em toda parte existem problemas sem solução. Devemos estudar cada vez mais. Cá por mim, não estendo gente má, falando por Espíritos bons...
O relógio, porém, marcava o início das tarefas e a palestra foi abandonada.
No transcurso da sessão, os encargos diversos foram atendidos e, no encerramento das atividades gerais, porque o Irmão Gustavo, mentor espiritual da casa, se preparasse para as despedidas, o Dr. Sidônio, diretor da equipe, indagou se ele registrara o entrechoque de opiniões sobre médiuns e Espíritos, ali havido momentos antes, ao que o paciente orientador respondeu:
- Ouvi tudo, meus filhos.
- E pode, por favor, dar-nos o seu ponto de vista?
O guia sorriu pelo rosto do médium e considerou:
- Antes de tudo, todos estamos na escola da vida e cada qual, no setor de aprendizado em que se encontre, deve doar o máximo pelo autoburilamento. Vocês não podem perder a vocação do melhor e precisam intensificar lições e purificar ensinamentos. Aperfeiçoar tudo e elevar sempre. Quanto à prática do bem, honorifiquemos cada trabalhador na sinceridade e no proveito que demonstrem. Vocês falam em instrumentos mediúnicos deficitários, mas não ignoram que os talentos psíquicos são comuns a todos. Não seria justo que vocês, meus filhos, cada qual na pauta dos próprios recursos, tentassem oferecer alguma colaboração aos desencarnados amigos? Que pusessem de lado escrúpulos tolos e diligenciassem servir como intermediários, entre o Socorro Divino e a necessidade humana?
E ante o grupo atento, o Irmão Gustavo narrou, com graça:
- Com respeito a Espíritos e médiuns, quero contar a vocês um episódio simples de minha própria experiência. Eu era médico em São Joaquim da Barra, no interior de S. Paulo, quando fui chamado para assistir um doente, num sítio a vinte e seis quilômetros. Nesse tempo, as viagens de carro eram muito raras e o animal de sela era o nosso melhor veículo. Acontece que, no terceiro dia de minha vigília profissional no referido sítio, o meu cavalo adoeceu, justamente quando recebi por mensageiro que seguia de São Joaquim para Ribeirão Preto o recado de um amigo, solicitando minha presença à cabeceira da esposa, prestes a dar à luz. Conhecia o caso e sabia que minha cliente arrostaria com embaraços que lhe poderiam ser fatais. O enfermo a que prestava concurso acusava melhoras e, por isso, afobei-me. Dei-me pressa e procurei o Coronel Cândido, proprietário de excelentes animais; entretanto, o estimado amigo informou-me que só possuía cavalos árabes, de imenso valor, garanhões de fama, e não podia concordar em colocá-los na estrada com a obrigação de suar para cavaleiros. Busquei o sitiante João Pedro, mas João Pedro alegou que apenas dispunha de Manga-largas puros, de alto preço, e não estava inclinado a prejudicá-los. Corri até à vivenda de Amaro Silva, dono de grande haras; no entanto, ainda aí, somente existiam animais nobres e selecionados, que não me podiam ajudar em coisa alguma. Fui, então, à tapera de Tonico Jenipapo, um pobre cliente nosso, expondo-lhe o meu problema. Tonico não teve dúvida. Desceu ao quintal e trouxe de lá um asno arrepiado, e apresentou: “Doutor, este burro é manso e lerdo, mas, se serve...” Não houve mais conversa. Arreamos o animal e, agüentando espora e taça, tropeçando e manquitolando, o burro me colocou nas ruas de São Joaquim, para o desempenho de meu dever, a que atendi com absoluto êxito.
Depois de expressiva pausa, o guia rematou:
- Vocês estudem sempre. Passem a limpo quaisquer fenômenos e exercícios de mediunidade nos cadernos de lições da nossa Renovadora Doutrina; no entanto, em matéria de serviço aos outros, respeitemos cada obreiro no lugar que lhe é próprio. Pensem nisso, porquanto, apesar da era do automóvel e do avião, em que vocês se acham, é possível surja um dia em que venham a precisar de um burro manso, capaz de ser a solução de muita necessidade e amparo de muita gente.
O mentor afastou-se e, terminada a tarefa, a equipe dispersou-se com a promessa de examinar a comunicação e debatê-la na sessão seguinte."
("Estante da Vida", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)
quarta-feira, 30 de julho de 2014
"CALMA PARA O ÊXITO"
"Em todos os
passos da vida, a calma é convidada a estar presente.
Aqui, é uma pessoa tresvariada, que te
agride...
Ali, é uma circunstância infeliz, que gera
dificuldade...
Acolá, é uma ameaça de insucesso na atividade
programada...
Adiante, é uma incompreensão urdindo males contra os
teus esforços...
É necessário ter calma sempre.
A calma é filha dileta da confiança em Deus e na Sua
Justiça, a expressar-se numa conduta reta que responde por uma atitude mental
harmonizada.
*
Quando não se age com incorreção, não há porque temer-se
acontecimento infeliz.
A irritação, alma gêmea da instabilidade emocional, é
responsável por danos, ainda não avaliados, na conduta moral e emocional da
criatura.
A calma inspira a melhor maneira de agir, e sabe
aguardar o momento próprio para atuar, propiciando os meios para a ação
correta.
Não antecipa, nem retarda.
Soluciona os desafios, beneficiando aqueles que se
desequilibram e sofrem.
*
Preserva-te em calma, aconteça o que
acontecer.
Aprendendo a agir com amor e misericórdia em favor do
outro, o teu próximo, ou da circunstância aziaga, possuirás a calma inspiradora
da paz e do êxito."
(“Episódios Diários”, Joanna de Ângelis/Divaldo
Pereira Franco)
terça-feira, 29 de julho de 2014
"A MÁQUINA DIVINA"
"Meu amigo.
O corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos
empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.
Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da
animalidade.
Os maus empregam-na, criando o sofrimento dos
semelhantes.
Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de
prazeres fictícios.
Os orgulhosos isolam-na sem
proveito.
Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para
reclamarem o incenso da multidão.
Os intemperantes destroem-na.
Os levianos mobilizam-na para menosprezar o
tempo.
Os tolos usam-na, inconsideradamente, incentivando as
sombras do mundo.
Os perversos movimentam-lhe as peças, na consecução de
desordens e crimes.
Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o
temporário concurso na manutenção da desventura de si
mesmos.
Os indisciplinados acionam-lhe os valores, estimulando o
ruído inútil em atividades improdutivas.
O espírito prudente, todavia, recebe essa máquina
valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da
caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de
sua felicidade para sempre na vida eterna."
segunda-feira, 28 de julho de 2014
"RECOMEÇO"
"Quando o teu próprio trabalho te pareça
impossível...
Quando dificuldade e sofrimento te surjam a cada
passo...
Quando te sintas à porta de extremo
cansaço...
Quando a crítica de vários amigos te incitem ao
abatimento e à solidão...
Quando adversários de teus ideais e tarefas te apontem
por vítima do azar...
Quando as sombras em torno se te afigurem mais
densas...
Quando companheiros de ontem te acreditem incapaz a fim
de assumir compromissos novos...
Quando te inclinas à
tristeza...
Levanta-te, trabalha e segue
adiante.
Quando tudo reponte no caminho das horas,
não te
desanimes, porque terás chegado ao dia de mais servir e
recomeçar."
(Emmanuel, na obra “Doutrina-Escola”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)
domingo, 27 de julho de 2014
"INDAGAÇÃO E RESPOSTA"
"Possivelmente, você também será
daqueles companheiros do mundo físico que indagam pela razão dos mentores
desencarnados transmitirem tantas mensagens de essência filosófica, mormente
baseadas nos ensinamentos do Cristo.
-x-
Responderemos que uma pergunta dessas
equivale à inquisição que alguém formulasse sobre o motivo de tantas escolas
para os que vivem na Terra.
-x-
A verdade é que todos os irmãos do
Plano Físico queiram ou não, acreditem ou não acreditem virão ter conosco, mais
hoje ou mais depois de amanhã, e cabe-nos diminuir o trabalho que, porventura,
nos venham a impor, ao abordarem o nosso campo de vivência espiritual, já que
somos todos uma só família, perante Deus.
-x-
Examinem vocês algumas das perguntas
que nos são desfechadas, com absoluta sinceridade, por milhares de companheiros
assim que se conscientizam, quanto à própria
desencarnação.
-x-
Onde se localiza o Céu dos
bem-aventurados.
Onde residem os
anjos.
Porque Deus em pessoa, não se dispôs
a vir recebe-los.
Porque Jesus lhes foge à visão, se
viveram orando confiando no Divino
Mestre.
Porque sofreram
tanto.
Porque não conseguem conversar
imediatamente com os familiares que ficaram à
distância.
Porque são convidados a trabalhar se
tanto esperaram pelo descanso.
Porque não foram avisados sobre o dia
da volta à Verdadeira Vida.
Porque não conseguiram alterar os
testamentos que deixaram no mundo.
Em que lugar estarão os
infernos.
Onde estão encravados os
purgatórios.
Como será o repouso que lhes será
concedido se não enxergam amigo algum que não seja em trabalho
árduo.
Porque as entidades angélicas não
lhes dispensam as atenções de que se julgam
merecedores.
-x-
Para resumir, dir-lhes-ei que, há
dias, um amigo nosso, devotado obreiro do Bem, na Espiritualidade, foi
questionado por um irmão recém-vindo da Terra, dentre aqueles que lhe recebiam
diretrizes, sobre o melhor meio pelo qual conseguiria enxergar alguns
demônios.
Com o melhor humor, o companheiro
apenas respondeu:
— Meu filho, lamento muito, mas não
tenho aqui um espelho para nós dois."
(“Endereços da Paz”, André Luiz/Francisco
Cândido Xavier)
__._,_.___
sábado, 26 de julho de 2014
"REFORMA DE METADE"
"Desde a primeira hora da Doutrina Espírita recomendam os emissários da Esfera Superior uma reforma urgente, inadiável, intransferível: a reforma de cada um de nós, nas bases traçadas pelo Evangelho de Jesus.
Isso porque toda reforma nas linhas da boa intenção será respeitável, mas somente a renovação interior é fundamental.
Tudo o que vise melhorar a vida deve ser feito, no entanto, se não nos melhoramos, todas as aquisições efetuadas são vantagens superficiais.
Qualquer benefício externo para ser benefício externo para ser benefício real depende de nós.
A luz que nos auxilia a escrever uma página de fraternidade pode ser aproveitada pelo companheiro menos feliz para traçar uma carta que favorece o crime.
O dinheiro que nos custeou a movimentação para o estudo das leis morais que nos governam o destino é o mesmo que está sendo despendido pelos que compram a decadência do corpo e da alma nos redutos do álcool.
O automóvel que nos conduz ao cenáculo de oração onde louvamos a Bondade Divina, transporta de igual modo a locais determinados os que se reúnem para a negação da fé.
A morfina que alivia o sofrimento na dose adequada não é diversa da que garante os abusos do entorpecente.
Justo que não se impeça a formação de medidas destinadas ao bem comum.
A higiene é um atestado eloqüente de que ninguém deve e nem pode viver sem a Constante renovação exterior.
O Espiritismo, porém, nos adverte de que todas as modificações por fora, ainda as mais dignas, são reformas de metade, que permanecerão incompletas sem as reformas do homem que lhes manejará os valores.
Reflitamos nisso, observando o caminho e a meta. Sem estrada não alcançarmos o alvo, entretanto, a estrada é o meio e o alvo é o fim.
Para sermos mais precisos, resumamos o assunto com a lógica espírita, num raciocínio ligeiro e claro: todos nós, os ignorante e os sábios, os justos e os injustos, podemos fazer o bem e devemos fazer o bem, acima de tudo, é preciso ser bom..."
(" Opinião Espírita", André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
sexta-feira, 25 de julho de 2014
"COMO LÊS?"
“E Ele lhe disse:- Que está escrito na Lei? Como lês?” – Lucas, 10:26.
"A interrogação do Mestre ao doutor de Jerusalém dá ideia do interesse de Jesus pela nossa maneira de penetração da leitura.
*
Sem nos referirmos ao círculo vasto de pessoas ainda indiferentes às lições do Evangelho, podemos reconhecer, mesmo entre os aprendizes, as mais diversas tendências no que se refere ao problema dos livros.
*
Os leitores distanciam-se uns dos outros pelas expressões mais heterogêneas.
Uns pedem consolação, outros procuram recreio.
*
Há os que buscam motivos tristes por cultivar a dor, tanto quanto os que se arvoram em caçadores de gargalhadas.
*
Surgem os que reclamam tóxicos intelectuais, os que andam em busca de fantasias, os que insistem por incentivos à polêmica envenenada.
*
Raros leitores pedem iluminação.
*
Sem isto, entretanto, podem ler muito, saturando o pensamento de teorias as mais estranhas. Chega o dia em que reconhecem a pouca substancialidade de seus esforços, porque, sem luz, o conforto pode induzir à preguiça, ao entretenimento, à ventura menos digna, à tristeza, ao isolamento, ao riso e ao deboche.
*
Com a iluminação espiritual, todavia, cada cousa permanece em seu lugar, orientada no sentido próprio de utilidade justa.
*
Lembra que quando te aproximes de um livro estás sempre pedindo alguma cousa. Repara, com atenção, o que fazes.
*
Que procuras? Emoções, consolo, entretenimento? Não olvides que o Mestre pode também interrogar-te:- “Como lês?”
(“Alma e Luz”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)
quinta-feira, 24 de julho de 2014
"O LAR DE UMA FAMÍLIA ESPÍRITA"
(Revista Espírita, setembro de 1859)
"Há três anos a Sra. G... ficou viúva, com quatro crianças. O filho mais velho é um rapaz amável, de dezessete anos, e a filha mais moça uma encantadora menina de seis. Desde muito tempo essa família se dedica ao Espiritismo, e antes mesmo que esta crença se tivesse tornado tão popular como hoje, marido e mulher tinham uma espécie de intuição que diversas circunstâncias haviam desenvolvido. O pai do Sr. G... havia aparecido para ele várias vezes, na mocidade, sempre para preveni-lo de coisas importantes ou para lhe dar conselhos úteis. Fatos semelhantes também se haviam passado entre os seus amigos, de sorte que para eles a existência de além-túmulo não era objeto da menor dúvida, assim como não o era a possibilidade de nos comunicarmos com nossos entes queridos.
Quando o Espiritismo surgiu, foi apenas a confirmação de uma ideia bem assentada e santificada pelo sentimento de uma religião esclarecida, pois aquela família é um modelo de piedade e de caridade evangélica. Na nova ciência aprenderam os meios mais diretos de comunicação. A mãe e um dos filhos tornaram-se excelentes médiuns. Mas, longe de empregar essa faculdade em questões fúteis, todos consideravam-na precioso dom da Providência, do qual não era permitido servir-se senão para coisas sérias. Assim, jamais a praticavam sem recolhimento e respeito, e longe das vistas dos importunos e curiosos.
Nesse meio tempo o pai adoeceu. Pressentindo seu fim próximo, reuniu os filhos e lhes disse: “Meus caros filhos e minha amada mulher. Deus me chama para Ele. Sinto que vou deixar-vos daqui a pouco, mas também sinto que por vossa fé na imortalidade encontrareis força para suportar esta separação com coragem, assim como eu levo o consolo de que poderei sempre estar entre vós e vos ajudar com os meus conselhos. Assim, chamai-me quando eu não estiver mais na Terra. Virei sentar-me ao vosso lado e conversar convosco, como o fazem os nossos antepassados. Na verdade, estaremos menos separados do que se eu partisse para uma terra distante.
Minha cara esposa, deixo-te uma grande tarefa, mas quanto mais pesada for, mais gloriosa será. Tenho certeza de que os nossos filhos te ajudarão a suportá-la. Não é, meus filhos? Auxiliareis a vossa mãe; evitareis tudo quanto possa fazê-la sofrer; sereis sempre bons e benevolentes para com todos; estendereis a mão aos vossos irmãos infelizes, porque não haveis de querer estendê-la um dia pedindo em vão para vós. Que a paz, a concórdia e a união reinem entre vós. Que jamais o interesse vos separe, porque o interesse material é a maior barreira entre a Terra e o Céu. Pensai que estarei sempre junto a vós; que vos verei como vos vejo neste momento, e ainda melhor, pois verei o vosso pensamento. Não queirais, assim, entristecer-me depois da morte, do mesmo modo que não o fizestes durante a minha vida”.
É um espetáculo realmente edificante a vida dessa piedosa família. Alimentadas nas ideias espíritas, essas crianças não se consideram separadas do pai. Para elas, ele está presente. Temem praticar a menor ação que possa desagradá-lo. Uma noite por semana, e às vezes mais, é consagrada a conversar com ele. Existem, porém, as necessidades da vida, que devem ser providas, pois a família não é rica. É por isso que um dia certo é marcado para essas conversas piedosas e sempre esperadas com impaciência. Muitas vezes pergunta a pequenina: “É hoje que papai vem?” Esse dia transcorre entre conversas familiares e instruções proporcionadas à inteligência, algumas vezes infantis, outras vezes graves e sublimes. São conselhos dados a propósito de pequenas travessuras que ele assinala. Se faz elogios, também não poupa críticas, e o culpado baixa os olhos, como se o pai estivesse diante dele; pede-lhe perdão, que por vezes só é concedido depois de algumas semanas de prova. Sua sentença é esperada com febril ansiedade. Então, que alegria, quando o pai diz: “Estou contente contigo!” Entretanto, a mais terrível sentença é: “Não virei na próxima semana.”
A festa anual não é esquecida. É sempre um dia solene, para o qual convidam os avós e demais mortos da família, sem esquecer um irmãozinho, falecido há alguns anos. Os retratos são enfeitados de flores e cada criança prepara um pequeno trabalho, por vezes apenas uma saudação tradicional. O mais velho faz uma dissertação sobre assunto grave; uma das meninas toca um trecho de música; a menor conta uma fábula. É o dia das grandes comunicações, e cada convidado recebe uma lembrança dos amigos que deixou na Terra.
Como são belas essas reuniões, na sua tocante simplicidade! Como tudo, ali, fala ao coração! Como é possível sair delas sem estar impregnado do amor ao bem? Nenhum olhar de mofa, nenhum sorriso cético vem perturbar o piedoso recolhimento. Alguns amigos que partilham das mesmas convicções e que são devotos da religião da família, são os únicos admitidos a participar desse banquete do sentimento.
Ride quanto quiserdes, vós que zombais das coisas mais santas. Por mais soberbos e endurecidos que sejais, não vos faço a injúria de acreditar que o vosso orgulho possa ficar impassível e frio ante tal espetáculo.
Um dia, entretanto, foi de luto para a família, dia de verdadeiro pesar: o pai havia anunciado que durante algum tempo, longo tempo mesmo, não poderia vir. Ele havia sido chamado para uma importante missão longe da Terra. A festa anual não deixou de ser celebrada, mas foi triste, pois o pai lá não estava. Ao partir, ele havia dito: “Meus filhos, que ao meu retorno eu vos encontre todos dignos de mim”, e cada um se esforça por tornar-se digno dele. Eles ainda estão esperando."
ALLAN KARDEC
quarta-feira, 23 de julho de 2014
"IMPEDIMENTOS"
“Pondo de lado todo o impedimento... corramos com perseverança a carreira que nos está proposta.” – Paulo. (Hebreus, 12:1.)
"Por onde transites, na Terra, transportando o vaso de tua fé a derramar-se em boas obras, encontrarás sempre impedimentos a granel, dificultando-te a ação.
Hoje, é o fracasso nas tentativas iniciais de progresso.
Amanhã, é o companheiro que falha.
Depois, é a perseguição descaridosa ao teu ideal.
Afligir-te-ás com o fel de muitos lábios que te merecem apreço.
Sofrerás, de quando em quando, a incompreensão dos outros.
Periodicamente encontrarás na vanguarda obstáculos mil, induzindo-te à inércia ou à negação.
A carreira que nos está proposta, no entanto, deve desdobrar-se no roteiro do bem incessante...
Que fazer com as pessoas e circunstâncias que nos compelem ao retardamento e à imobilidade?
O apóstolo dos gentios responde, categórico:
“Pondo de lado todo o impedimento.”
Colocar a dificuldade à margem, porém, não é desprezar as opiniões alheias, quando respeitáveis, ou fugir à luta vulgar. É respeitar cada individualidade, na posição que lhe é própria, é partilhar o ângulo mais nobre do bom combate, com a nossa melhor colaboração pelo aperfeiçoamento geral. E, por dentro, na intimidade do coração, prosseguir com Jesus, hoje, amanhã e sempre, agindo e servindo, aprendendo e amando, até que a luz divina brilhe em nossa consciência, tanto quanto inconscientemente já nos achamos dentro dela."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
terça-feira, 22 de julho de 2014
"AUTO-CRÍTICA"
"O milagre é invenção da gramática para efeito lingüístico, pois na realidade somos arquitetos do próprio destino.
Se algum erro de cálculo existe na construção de nossas existências, o culpado somos nós mesmos.
Todos caminhamos suscetíveis de errar, todos já erramos bastante e todos ainda erraremos necessariamente para aprender a acertar; contudo, nenhum de nós deve persistir no erro, porquanto incorreríamos na abolição do raciocínio que nos constitui a maior conquista espiritual.
No reconhecimento da falibilidade que nos caracteriza, se não é lícito reprovar a ninguém, não será justo cultivar a indulgência para conosco; e se nos cabe perdoar incondicionalmente aos outros, não se deve adiar a severidade para com as próprias faltas.
Portanto, para acertar, não devemos fugir ao "conhece-te a ti mesmo", que principia na intimidade da alma, com o esforço da vigilância interior.
Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação.
Autocrítica sim e sempre...
Podão da sensatez - apara os supérfluos da fantasia.
Balança do comportamento - sopesa todos os nossos atos.
Lima da verdade - dissipa a ilusão.
Metro moral - define o tamanho de nosso discernimento.
Espelho da consciência - reflete a fisionomia da alma.
Em todas as expressões pessoais, é possível errarmos para mais ou para menos.
Quem não avança na estrada do equilíbrio que somente a autocrítica delimita com segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no excesso, perdendo a linha das proporções.
Com a autocrítica, lisonja e censura, elogio e sarcasmo deixam de ser perigos destruidores, de vez que a mente provida de semelhante luz, acolhe-se ao bom senso e à conformidade, evitando a audácia exagerada de quem tenta galgar as nuvens sem asas e o receio enfermiço de quem não dá um passo, temendo anular-se, ao mesmo tempo que amplia as correntes de cooperação e simpatia, em derredor de si mesma, por usar os recursos de que dispõe na medida certa do bem, sob a qual, a compaixão não piora o necessitado e a caridade não humilha quem sofre.
Sê fiscal de ti mesmo para que não te levantes por verdugo dos outros e, reparando os próprios atos, vive hoje a posição do juiz de ti próprio, a fim de que amanhã, não amargues a tortura do réu."
(André Luiz, na obra "Opinião Espírita", Emmanuel e André Luiz/ Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
segunda-feira, 21 de julho de 2014
"O PENSAMENTO"
"O que se pensa sempre responde pelo clima emocional onde se vive. Mede-se, pois, a psicosfera de alguém pela incidência freqüente do seu pensamento, no que elege.
A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade".
("Entre os Dois Mundos", Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Pereira Franco)
A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade".
("Entre os Dois Mundos", Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Pereira Franco)
domingo, 20 de julho de 2014
"AGRADEÇO, SENHOR"
"Agradeço, Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.
Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.
De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...
Existem privilégios que desejo,
Reclamando-te o “sim”,
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.
Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.
Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.
Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir meu dever.
Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, Senhor!...
( “Antologia da Espiritualidade”, Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)
sábado, 19 de julho de 2014
"EM TORNO DA PRECE"
"No Templo do Socorro¹, o Ministro Clarêncio comentava a sublimidade da prece, e nós o ouvíamos com a melhor atenção.
— Todo desejo — dizia, convincente — é manancial de poder. A planta que se eleva para o alto, convertendo a própria energia em fruto que alimenta a vida, é um ser que ansiou por multiplicar-se...
— Mas todo petitório reclama quem ouça —interferiu um dos companheiros. — Quem teria respondido aos rogos, sem palavras, da planta?
O venerando orientador respondeu, tranqüilo:
— A Lei, como representação de nosso Pai Celestial, manifesta-se a tudo e a todos, através dos múltiplos agentes que a servem. No caso a que nos reportamos, o Sol sustentou o vegetal, conferindo-lhe recursos para alcançar os objetivos que se propunha atingir.
E, imprimindo significativa entonação à voz, continuou:
— Em nome de Deus, as criaturas, tanto quanto possível, atendem às criaturas. Assim como possuímos em eletricidade os transformadores de energia para o adequado aproveitamento da força, temos igualmente, em todos os domínios do Universo, os transformadores da bênção, do socorro, do esclarecimento... As correntes centrais da vida partem do Todo-Poderoso e descem a fluxo, transubstanciadas de maneira infinita. Da luz suprema à treva total, e vice-versa, temos o fluxo e o refluxo do sopro do Criador, através de seres incontáveis, escalonados em todos os tons do instinto, da inteligência, da razão, da humanidade e da angelitude, que modificam a energia divina, de acordo com a graduação do trabalho evolutivo, no meio em que se encontram. Cada degrau da vida está superlotado por milhões de criaturas... O caminho da ascensão espiritual é bem aquela escada milagrosa da visão de Jacob, que passava pela Terra e se perdia nos céus... A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram realização próxima na própria esfera em que surgem. Impulsos de expressão algo mais nobre são amparados pelas almas que se enobreceram. Ideais e petições de significação profunda na imortalidade remontam às alturas...
O mentor generoso fez pequeno intervalo, como a dar-nos tempo para refletir e acentuou:
— Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras. Sabemos que a Humanidade Universal, nos infinitos mundos da grandeza cósmica, está constituída pelas criaturas de Deus, em diversas idades e posições... No Reino Espiritual, compete-nos considerar igualmente os princípios da herança. Cada consciência, à medida que se aperfeiçoa e se santifica, aprimora em si qualidades do Pai Celestial, harmonizando-se, gradativamente, com a Lei. Quanto mais elevada a percentagem dessas qualidades num espírito, mais amplo é o seu poder de cooperar na execução do Plano Divino, respondendo às solicitações da vida, em nome de Deus, que nos criou a todos para o Infinito Amor e para a Infinita Sabedoria...
Quebrando o silêncio que se fizera natural para a nossa reflexão, o irmão Hilário perguntou:
— Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos à frente de propósitos malignos? Um homem que deseja cometer um crime estará também no serviço da prece?
— Abstenhamo-nos de empregar a palavra "prece", quando se trate do desequilíbrio — aduziu Clarêncio, bondoso —, digamos "invocação".
E acrescentou:
— Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos recebido.
O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou:
— Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir.
Nesse instante, uma jovem de semblante calmo penetrou no recinto e, dirigindo-se ao nosso orientador, falou algo aflita:
— Irmão Clarêncio, uma de nossas pupilas do quadro de reencarnações sob suas diretrizes pede socorro com insistência...
— É um apelo individual urgente? — indagou o Ministro, preocupado.
— É assunto inquietante, mas numa prece refratada.
O prestimoso instrutor convidou-nos a acompanhá-lo e seguimo-lo, atentamente."
(1) Instituição da cidade espiritual em que se encontra o Autor. — Nota do Autor espiritual.
(" Entre a Terra e o Céu", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)
sexta-feira, 18 de julho de 2014
"LEGENDAS DO TRIBUNO ESPÍRITA"
“... Porque pelas tuas palavras serás justificado...”JESUS (Mateus, 12:37)"Cultuar a beleza verbalista nas alocuções ou explicações que profira, alicerçando, porém, a palavra nas lições de Jesus.-0-Confiar na segurança própria, mas atrair a inspiração de ordem superior, através da prece.-0-Atualizar-se constantemente, examinando, todavia, as novidades antes de veiculá-las.-0-Reverenciar a verdade; contudo, buscar o “lado bom” das situações e das pessoas, para o destaque preciso.-0-Formar observações próprias, conduzindo, porém, as opiniões para o bem de todos.-0-Aprender com as experiências passadas, estimulando, simultaneamente, as iniciativas edificantes na direção do futuro.-0-Enaltecer ideias e emoções, sem desprezar a linguagem compreensível e simples.-0-Instruir o cérebro dos ouvintes, acordando neles, ao mesmo tempo, o desejo de cooperar no levantamento do bem.-0-Falar construtivamente, mas ouvir os outros, a fim de lhes entender os problemas.-0-Enriquecer a cultura dos companheiros de Humanidade, manejando a palavra digna; entretanto, estudar, quantopossível, de modo a ser sempre mais útil no aprimoramento geral."(“Ceifa de Luz”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
quinta-feira, 17 de julho de 2014
"CORAGEM NO CAMINHO"
"Se chegaste aos dias anuviados de pranto, à vista de ocorrências infelizes, acende a luz da esperança e caminha adiante, olvidando na retaguarda o que te possa parecer aflição e desengano.
Outro dia, com novas emoções, espera-te amanhã, renovando-te a vida.
Circunstâncias inesperadas te deslocaram da segurança em que
vivias, arrojando-te nas dificuldades do começo da existência...
Esquece quantos te surgiram por instrumentos de inquietação e lembra -te de que as oportunidades de trabalho continuam brilhando para os que não se deixam vencer pelo desânimo.
Pessoas queridas talvez se te hajam transformado em obstáculos à
paz, compelindo-te à travessia de espessas nuvens de lágrimas...
Esquece os que se acomodaram com atitudes irrefletidas e pensa nas dedicações sinceras que te felicitam as horas.
Alguém a quem amas, enternecidamente, haverá falhado nos
compromissos assumidos, relegando-te ao abandono...
Esquece o menosprezo de que terás sido objeto e conserva a imagem
desse alguém no tesouro de tua gratidão pela felicidade que te deu e prossegue em frente, na certeza de que a vida te ofertará estradas novas para a aquisição de alegrias diferentes.
Acontecimentos calamitosos te impeliram a vacilar nos fundamentos
da fé, ainda insegura...
Esquece, porém, os fatos amargos e adianta-te na jornada para diante, valorizando os recursos espirituais de que dispões, recordando que o Céu continua alentando a última planta das últimas faixas do deserto e revigorando o verme da mais oculta reentrância de abismo.
Seja qual seja o tipo de provocação que te incline ao desalento, vence o torpor da tristeza e segue para a vanguarda de tuas próprias aspirações.
Da imensidão da noite, nascerá sempre o fulgor de novo dia.
Não te permitas qualquer parada nas sombras da inércia.
Trabalha e prossegue em frente, porque a bênção de Deus te espera em cada alvorecer."
(“Palavras do Coração”, Meimei/Francisco Cândido Xavier)
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