segunda-feira, 31 de março de 2014

"DENTRO DA LUTA"

"Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal."
- Jesus. (João, 17:15).

"Não peças o afastamento de tua dor.
Roga forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de
que lhe não percas as vantagens do contacto.
Não solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não exijas a expulsão do adversário.
Pede recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe
transformes os sentimentos.
Não supliques a extinção das dificuldades.
Procura meios de superá-las, assimilando-lhes lições.
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza física.
A árvore, desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.
O corpo da criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.
Aceitemos o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade
Sábia do Senhor.
Apresentando os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: - "Não
peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal."
A Terra tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera em nós próprios e receber-lhe-emos o amparo sublime, convertendo-nos junto dela em agentes vivos do Abençoado Reino de Deus."

("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 30 de março de 2014

"PRUDÊNCIA"

"Recorre à prudência sempre que a dificuldade te aponte os tormentosos roteiros.
Dificuldade não é apenas obstáculo à frente, impedindo o avanço.
Há muito problema difícil que se manifesta como ambição portadora de loucura, ou desejo de triunfo intermediário do desregramento.
Encontrarás homens em problemas, movimentando largas disponibilidades bancárias, como aqueles em tormento voluntário, por escassearem os recursos para a subsistência.

A prudência te dirá que todos os que retêm, sucumbem dominados pelos valores parados e mortos,  a que se escravizaram infelizes e te lembrarás que muitos crimes são filhos da agressão desalmada e da insânia mental, porque supunham estar no dinheiro a solução dos problemas.

Resguarda-te, pois, na verdadeira posição de quem deseja acertar nas decisões.
Não amado, ama pelo prazer de amar.
Impossibilitado de atender aos anseios íntimos, contenta-te como estás.
Não te chegando auxílio dos outros, auxilia como possas.
Aproveita todas as lições com que a vida honra as tuas horas.

Atirar-se à primeira ideia, seguindo-a inquietado, seria como colocar espinhos na própria senda, por onde passarás.
Resolver o problema ao impacto da emoção desvairada, é comparável a derramar ácido de efeito demorado sobre a ferida aberta em chaga.

Aconselha-te com prudência, antes que teu passo te leve à delinquência.

Amanhã devolverás à vida os empréstimos com que a vida te brindou, em forma de recursos passageiros ou provações retificadoras em nome do Nosso Pai, porquanto os únicos valores contáveis, após a morte, a seguirem conosco, são as ações que nos identificarão no grande amanhecer, após o demorado sono."

(“Messe de Amor”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

sábado, 29 de março de 2014

"NO RETOQUE DA PALAVRA"

Cap. XI — item 7 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.”

       "Seja onde for, não afirme:— Detesto esse lugar!
       Cada criatura vive na terra dos seus credores.
*
       Ouvindo a frase infeliz não grite: — “É um desaforo!”
       Invigilância alheia pede a nossa vigilância maior.
*
       Atravessando a madureza, não se lamente: — “Já estou cansado.”
       Sintoma de exaustão, vontade enferma.
*
       Sentindo a mocidade, não assevere: “Preciso gozar a vida!”
       Romagem terrestre não é excursão turística.
*
       À frente do amigo endividado, não ameace: — Hoje ou nunca!”
       Agora alguém se compromete, amanhã seremos nós.
*
       Ao companheiro menos categorizado, não ordene: — Faça isso!”
       Indelicadeza no trabalho, ditadura ridícula.
*
       Perante o doente, não exclame: “Pobre coitado!”
       Compaixão desatenta, crueldade indireta.
*
       Ao vizinho faltoso, nunca diga:  — “Dispenso-lhe a amizade.”
       Todos somos interdependentes.
*
       Sob o clima da provação, não se queixe: — “Não suporto mais!”
       O fardo do espírito gravita na órbita das suas forças.
*
       No cumprimento do dever, não clame: — “Estou sozinho!”
Ninguém vive desamparado.
*
       Colhido pelo desapontamento, não reclame: — “Que azar!”
       A Lei Divina não chancela imprevistos.
*
       À face do ideal, não se lastime: — “Ninguém me ajuda.”
       No Espiritismo temos responsabilidade pessoal com o Cristo."

(André Luiz, na obra  “O Espírito da Verdade”, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – Autores diversos)

sexta-feira, 28 de março de 2014

"NA ESCOLA DA VIDA"

1ª Parte, cap. VII, Parag. 23, de “O CÉU E O INFERNO”, de Allan Kardec.

       "De alma confrangida, observas os semelhantes, considerados na Terra em faltas e  culpas maiores que as tuas.
       De muitos deles, tens notícias que assombram, e sabes de outros muitos positivamente estirados na delinquência.
       Agitam-se alguns, por ignorância, sob as tenazes do crime.
       Vários conhecem que amargas consequências recolherão, mais tarde, e, apesar disso, rendem-se, inermes, às garras da tentação.
       Declararam-se outros adeptos da virtude e rolam na crueldade.
       E outros, ainda, que te animavam a fé, permanecem na retaguarda, entregues ao desespero...
       Junto deles, há quem diga: “são almas empedernidas”.
       E há quem reforce: “são feras em forma humana”.
       Entretanto, ainda mesmo te arroles entre as vítimas, carregando o peito dilacerado, não ergas a voz para persegui-los. Estão marcados em si mesmos pelo remorso que trazem no seio.
       Não é necessário que te aproximes com vergastas para zurzir-lhes a carne. Além de sitiados na dor do arrependimento, quase sempre transitam em cárceres de amargura ou respiram exilados do carinho doméstico, sorvendo lágrimas de aflição.
       Em lugar de fel e desprezo, dá-lhes amor e esperança, a fim de que despertem a vontade entorpecida para o campo do bem.
       Diante de todos eles, nossos irmãos enganados na sombra, abençoa e ora... E, se te agridem, desvairados e inconscientes, abençoa e ora de novo, na certeza de que Deus a ninguém abandona e, ainda mesmo para os filhos mais depravados, providenciará reajuste, através da reencarnação, que é a escola da vida, a levantar-se, divina, do bendito colo de mãe."
(“Justiça Divina”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 27 de março de 2014

"UMA CONVERSÃO"




= "Revista Espírita", Janeiro de 1858 =

"A evocação seguinte não oferece um interesse menor, embora em um outro ponto de vista.
Um senhor, que designaremos sob o nome de Georges, farmacêutico de uma cidade do sul, tinha, há pouco, perdido seu pai, objeto de toda a sua ternura e de profunda veneração. O senhor Georges, pai, unia, a uma instrução muito extensa, todas as qualidades que fazem o homem de bem, embora professando opiniões muito materialistas. Seu filho partilhava, a esse respeito, e mesmo ultrapassava, as idéias de seu pai; duvidava de tudo: de Deus, da alma, da vida futura. O Espiritismo não poderia admitir com tais pensamentos. A leitura de O Livro dos Espíritos, entretanto, produziu nele uma certa reação, corroborada por uma conversa direta que tivemos com ele. Sim, disse ele, meu pai poderia responder, não duvido mais. Foi, então, que teve lugar a evocação que vamos narrar e na qual encontraremos mais de um ensinamento.
- Em nome do Todo-Poderoso, Espírito de meu pai, peço que vos manifesteis. Estais perto de mim?." Sim." - Por que não vos manifestais diretamente a mim, quando nos amamos tanto?
"Mais tarde." - Poderemos nos reencontrar um dia?>"Sim, logo." - Amar-nos-emos como nessa vida?.. "Mais." - Em qual meio estais?. "Eu sou feliz." - Estais reencarnado ou errante?.
"Errante, por pouco tempo."
- Que sensação experimentastes quando deixastes vosso envoltório corporal? "De perturbação." - Quanto tempo durou essa perturbação? "Pouco para mim, muito para ti." -
Podeis avaliar a duração dessa perturbação, segundo a nossa maneira de contar? "Dez anos para ti, dez minutos para mim." - Mas não faz esse tempo que vos perdi, pois, não faz senão quatro meses! "Se tu, vivente, tivésseis se colocado em meu lugar, teria sentido esse tempo."
- Credes, agora, em um Deus justo e bom? "Sim." - Nele acreditáveis quando vivo na Terra?
"Dele tinha a presciência, mas não acreditava nele." Deus é Todo-Poderoso! "Não me elevei até ele para medir sua força; só ele conhece os limites da sua força, porque só ele é seu igual." - Ocupas-te com os homens? "Sim." -Seremos punidos ou recompensados segundo os nossos atos? "Se fazes o mal, sofrê-lo-ás." - Serei recompensado se fizer o bem? "Avançarás em teu caminho." - Estou no bom caminho? "Faze o bem, e nele estarás." - Creio ser bom, mas seria melhor se devesse, um dia, vos encontrar como recompensa? "Que esse pensamento te sustente e encoraje." - Meu filho será bom como seu avô? "Desenvolva suas virtudes, sufoque seus vícios."
- Não podia crer que nos comunicássemos, assim, neste momento, tão maravilhoso isso me parecia. "De onde vem tua dúvida?" - De que, partilhando vossas opiniões filosóficas, fui levado a tudo atribuir à matéria. "Vês à noite, o que vês de dia?" - Estou, pois, na noite, ó
meu pai! "Sim." - Que vedes de mais maravilhoso? "Explique-se melhor." - Haveis reencontrado minha mãe, minha irmã, e Anna, a boa Anna? "Eu as revi." - Vede-as quando quereis? "Sim."
- É a vós penoso ou agradável que me comunique, assim, convosco? "É uma felicidade, para mim, se posso levar-te ao bem."
- Como poderia fazer, voltando para casa, para comunicar convosco, o que me faz tão feliz?
Isso serviria para melhor me conduzir, me ajudaria melhor a elevar meus filhos. "Cada vez que um movimento levar-te ao bem, sou eu: serei eu que te inspirarei."
- Tenho medo de vos importunar. "Fale, ainda, sé queres." -Uma vez que mo permitis, vos endereçarei, ainda, algumas perguntas. De qual doença morrestes? "Minha prova estava em seu final."
- Onde contraístes o depósito pulmonar que se formou? "Pouco importa; o corpo não é nada, o Espírito é tudo." - De qual natureza é a enfermidade que me desperta, tão freqüentemente, à noite? "Sabê-lo-ás mais tarde." - Creio que minha doença é grave, e queria, ainda, viver para os meus filhos. "Ela não o é; o coração do homem é uma máquina para a vida: deixe a Natureza operar."
- Uma vez que estais presente, sob que forma estais? "Sob a aparência da minha forma corporal." - Estais em um lugar determinado? "Sim, atrás de Ermance" (o médium). -
Poderíeis nos aparecer visivelmente? "Para quê! Teríeis medo."
- Vede-nos, todos, aqui reunidos? "Sim." - Tendes uma opinião sobre cada um de nós, aqui presentes? "Sim." - Gostaria de dizer-nos alguma coisa, a cada um de nós? "Em que sentido
me fazes essa pergunta?" - Quero dizer no ponto de vista moral. "Em outra ocasião; basta por hoje."
O efeito produzido, sobre o senhor Georges, por essa comunicação, foi imenso, e uma luz inteiramente nova parecia já iluminar suas idéias; uma sessão que teve, no dia seguinte, com a senhora Roger, sonâmbula, acabou por dissipar o pouco de dúvidas que poderia lhe restar.
Eis um extrato a carta que nos escreveu, a esse respeito. "Essa senhora, espontaneamente, entrou em detalhes comigo, bastante precisos, com respeito ao meu pai, minha mãe, meus filhos, minha saúde, descreveu com uma tal exatidão todas as circunstâncias da minha vida, lembrando mesmo de fatos que, desde há muito tempo, haviam escapado da minha memória; deu-me, em uma palavra, provas tão patentes dessa maravilhosa faculdade, da qual são dotados os sonâmbulos lúcidos, que a reação de idéias se completou, em mim, desde esse momento. Na evocação, meu pai revelou-me sua presença; na sessão sonambúlica, eu era, por assim dizer, testemunha ocular da vida extra-corpórea, da vida da alma. Para descrever com tanta minúcia e exatidão, e a duzentas léguas de distância, o que não era conhecido senão por mim, era preciso vê-lo; ora, uma vez que não podia ser com os olhos do corpo, haveria, pois, um laço misterioso, invisível, que ligava a sonâmbula às pessoas e às coisas ausentes, e que ela não havia jamais visto; haveria, pois, alguma coisa fora da matéria; que poderia ser essa alguma coisa, senão o que se chama a alma, o ser inteligente, cujo corpo não é senão o envoltório, mas, cuja ação se estende muito mais além da nossa esfera de atividade?" Hoje, o senhor Georges, não somente não é mais materialista, mas é um dos mais fervorosos e mais zelosos adeptos do Espiritismo, onde está duplamente feliz, pela confiança que lhe inspira, agora, o futuro e pelo prazer motivado que encontra para fazer o bem.
Essa evocação, muito simples ao primeiro contato, não é menos notável com mais algumas apreciações. O caráter do senhor Georges, pai, se reflete em suas respostas breves e sentenciosas, que eram de seus hábitos; falava pouco, não dizia, nunca, uma palavra inútil;
mas, não é mais o cético quem fala; reconhece seu erro; seu Espírito é mais livre, mais clarividente, que pinta a unidade e o poder de Deus por estas admiráveis palavras: Só ele é seu igual', é aquele que, em vida, atribuía tudo a matéria, e que diz, agora: O corpo não é nada, o Espírito é tudo; e esta outra frase sublime: Vês à noite o que vês de dia? Para o observador atento, tudo tem uma importância, e é assim que encontra, a cada passo, a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos."

quarta-feira, 26 de março de 2014

"NO MUNDO ÍNTIMO"

"Em todos os problemas que se reportam à construção e à produção, nos círculos da natureza exterior, surpreendemos recursos drásticos na base das equações necessárias.
É o atrito na direção do progresso, esmerilando, mondando, corrigindo, aperfeiçoando...
O solo, na plantação, tolera o corte do arado a lanhar-lhe o corpo submisso.
O fruto amadurecido recebe a pancada do segador, no dia da ceifa, de modo a transformar-se em pão que sustente a mesa.
Antes que o asfalto complemente a segurança da estrada, é preciso que a terra suporte os ataques da picareta.
Para que a pedra venha do serro bruto ao trabalho do homem, quase sempre, sofre a ação do explosivo controlado.
O minério, a fim de elevar-se ao nível da indústria, encontra o forno de alta tensão.
O mármore, candidato à obra-prima, submete-se à pressão do cinzel.
A planta para derramar  seiva nutriente ou curativa, sujeita-se aos golpes do incisor.
Na cirurgia o órgão doente para reabilitar-se, experimenta os lances do bisturi.
Instrumentos os mais diversos auxiliam o homem a expurgar, edificar, brunir, renovar...
Entretanto, nos grandes conflitos do sentimento, diante das tempestades morais e as provas constrangedoras que atormentam a alma e convulsionam a vida, o remédio indispensável será sempre a constância da paciência gerando a força da paciência."

(Emmanuel, na obra  “IDEAL ESPÍRITA”,  Francisco Cândido Xavier/Autores diversos)

terça-feira, 25 de março de 2014

"OBTER"

"Muitos rogam chorando. E muitos recebem sorrindo as concessões
que solicitam do Celeste Poder.

-x-

Contudo, é preciso não olvidar os compromissos que a dádiva
envolve em si mesma.

Na vida comum, disputamos determinada posição de serviço, não
somente para amealhar os vencimentos que lhe digam respeito, mas
também para trabalhar, fazendo jus ao salário ganho.

Uma planta simples recebe do horticultor cuidados especiais não
apenas para adornar a paisagem, mas igualmente para produzir,
valorizando-lhe o suor e o celeiro.

-x-

É imprescindível, assim, meditar nas responsabilidades das
bênçãos que entesouramos.

Rogamos ao Céu a prerrogativa da saúde e o equilíbrio físico
nos enriquece a existência, entretanto, chegará o dia em que a Divina
Contabilidade nos examinará as experiências.

-x-

Pretendemos dignificar a personalidade com títulos que nos
aformoseiem a condição social e as forças intangíveis das Esferas
Superiores nos auxiliam, através de mil modos, na aquisição deles.

-x-

No entanto, surgirá o momento em que seremos convocados à
prestação de informes sobre o aproveitamento edificante da
oportunidade que nos foi conferida.

-x-

É justo pedir sempre.

E é natural receber sempre mais.

Todavia, a Lei sábia e justa nos espreita os passos e os
movimentos de vez que se há tempo de emprestar, há também tempo de
ressarcir.

-x-

Vejamos, pois, que fazemos da riqueza de luz, a expressar-se na
fé renovadora e reconfortante que nos ampara atualmente os destinos.

-x-

Ontem, antes da presente romagem evolutiva, éramos órfãos de
paz e segurança, vagueando no turbilhão das sombras a que relegamos o
próprio espírito pela delinquência multissecular, mas o Senhor,
assinalando-nos as súplicas, reformou-nos os títulos de trabalho, em
favor de nosso próprio aperfeiçoamento.

Somos servos privilegiados com valioso empréstimo de dons sublimes.

Abstenhamo-nos, desse modo, da perda de tempo e ataquemos a
tarefa que nos compete atender.

-x-

Hoje, brilha conosco o ensejo de auxiliar, aprender, amar,
perdoar, sublimar e redimir...

Não nos esqueçamos, porém, de que as horas voam apressadas e de
que amanhã, a Lei nos tomará contas do serviço realizado, porque
obter, na Terra ou no Céu, exige fazer e resgatar."

(Emmanuel, na obra "Esperança e Luz",  Autores Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 24 de março de 2014

"MANSOS"

"Aqui, a impiedade ao passar deixou profundos sulcos e o triunfo, agora, adorna a cabeça do déspota que vive indiferente à sorte do próximo.
Ali, o poder fez morada, no lar de verdugo cruel, acostumado a perseguir.
Adiante, os maus conseguem aplausos, recepcionados pela afabilidade geral entre sorrisos e festas.
Tens, assim, a impressão de que a Terra está convertida num covil de salteadores e que a honra, incompreendida, silenciou sua voz, sendo substituída pelo descalabro moral.
Diante das facilidades de que tantos se utilizam e que estão ao teu alcance, indagas: Não será loucura permanecer no posto a que me atenho?
E confrontas: alguém que te parecia a personificação do equilíbrio foi arrastado vilmente pela cobiça e o erro; outrem de valor aos teus olhos, revelou-se de inopino servo de interesses subalternos, mostrando-se vassalo de paixões animalizantes…
Nubla-se tua visão, afliges-te intimamente e concluis que o melhor a fazer é segui-los…
Refaze, porém, os painéis morais de tua mente.
Deixa-te afagar pela brandura e pacifica-te.
                                                                                              ***
O macrocosmo é constituído de átomos que são, por sua vez, universos miniaturizados.
A floresta impenetrável é dependência do filete dágua que lhe alimenta as raízes, no imo da terra.
O Sol imponente gasta-se enquanto consome massa em energia.
A vida moral e espiritual na Terra, do mesmo modo, é serva das mil insignificâncias nobres de que o Senhor se serve para a construção do melhor.
É imperioso que permaneças no posto do bem servir.
Deus, é verdade, não tem pressa.
Apesar disso tens infinito caminho a percorrer na senda evolutiva.
Cuida, desde agora, de exercitar a mansuetude e a cordura.
Se o Orbe fosse o paraíso dos pacíficos, a mansuetude dos justos seria lugar comum.
Por isso se faz necessário que dilates os tesouros da benignidade e da paciência.
As transformações sócio-econômicas-morais que se prevêem, começarão dentro de cada espírito afervorado à causa da justiça.
A humanidade começa na célula-homem.
Dá começo ao programa do mundo feliz, hoje e agora, vivendo-o em ti mesmo.
                                                                                                       ***
Porque fosse difícil, no jogo falaz das ansiedades humanas, a permanência nos altos postulados da vida cristã é que o Mestre, com sabedoria e propriedade, considerando os obstáculos a transpor entre tantas tentações, nos animou com elevado prêmio, informando:
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra."

("Dimensões da Verdade", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

domingo, 23 de março de 2014

"NUNCA PERCAS A ESPERANÇA"

"Nunca percas
a esperança.

Haja o que houver,
permanece confiando.

Se tudo estiver contra
e o insucesso te ameaçar,
ainda aí espera a divina ajuda.

Somente nos acontece
o que será de melhor para nós.

A lei de Deus
é de
AMOR.

E o Amor
tudo pode,
tudo faz.

Quando pensares
que o socorro
não te chegará em tempo,
se continuares esperando,
descobrirás,
alegre,
que ele te alcançou
minutos antes
do desastre.

Quem se desespera
já perdeu parte da luta
que irá travar,
avançando prejudicado."

("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

sábado, 22 de março de 2014

"ADVERSÁRIOS"

"Quando o Mestre nos recomendou amor aos inimigos, não nos induziu à genuflexão improdutiva à frente dos nossos adversários.

Ninguém precisa oscular o lodo escuro do pântano a fim de auxiliá-lo.

Ninguém necessita introduzir um espinho no próprio coração, a pretexto de aniquilar-lhe a expressão dilaceraste.

O senhor pede entendimento.

Imaginemo-nos na posição dos nossos inimigos, gratuitos ou não, e observemos como seria a nossa conduta se estivéssemos em lugar deles.

Permanecerá o nosso adversário em nossa posição de madureza espiritual quando conseguimos examiná-lo com segurança moral?

Terá tido as mesmas oportunidades de que já dispomos para semear o bem?

Guardaríamos o coração sem fel se nos demorássemos na posição onde se encontram muitas vezes, dominados pela ignorância ou pelo desespero?

Assumiríamos conduta diferente daquela que lhes assinala as atividades, se fôssemos constrangidos a atravessar a zona empedrada em que jornadeiam?

Dificilmente chegaríamos a conclusões afirmativas.

Jesus, por isso, pede acima de tudo, esquecimento do mal e disposição sincera para o bem, com atitudes positivas de boa vontade, a fim de que os nossos adversários nos identifiquem, com mais clareza, as boas intenções.

Recebemos o inimigo como instrutor e auxiliá-lo-emos a dilatar a visão que lhe é própria.

A compreensão é a raiz da verdadeira fraternidade.

Aprendamos, assim, a perceber a luz onde luz se encontra, afim de que nos armemos contra o poderio das trevas em nosso coração.

A boa vontade realiza milagres em nossa vida, se estamos realmente disposto a caminhar para os cimos da vida.

Lembremo-nos de que Jesus, até hoje, está trabalhando no auxílio aos inimigos e o único caminho por Ele escolhido para esse apostolado de amor, é o caminho do sentimento, porque só aquele que sabe conquistar o coração dos adversários pela cooperação e pela boa vontade pode, efetivamente, inflamar-se ao Sol do Amor Eterno, com a vitória sobre si mesmo, na subida espinhosa e santificante para a Glória Imortal."
 
 
("Tarefa Espírita", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
 

sexta-feira, 21 de março de 2014

"INTRODUÇÃO"



"Revista Espírita", Janeiro de 1858

"A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar,
porque não se poderia fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo!

E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o
atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta. Há manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-lhe o curso.
Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão.

Espanta-se, com razão, que, enquanto na América só os Estados Unidos possuem dezassete jornais consagrados a essas matérias, sem contar uma multidão de escritos não periódicos, a França, o país da Europa, onde essas idéias foram mais prontamente aclimatadas, não possua um único (1). Não se poderia, pois, contestar a utilidade de um órgão especial, que mantenha o público ao corrente dos progressos desta ciência nova, e o premuna dos exageros da credulidade, tão bem quanto contra o ceticismo. É essa lacuna que nos propomos preencher com a publicação desta revista, com o fim de oferecer um meio de comunicação a todos aqueles que se interessam por estas questões, e de ligar, por um laço comum, aqueles que compreendem a Doutrina Espírita sob o seu verdadeiro ponto de vista
moral: a prática do bem e da caridade evangélica com relação a todo o mundo.

Se não se tratasse senão de uma coleta de fatos, a tarefa seria fácil; eles se multiplicam, sobre todos os pontos, com uma tal rapidez, que a matéria não faltaria; mas, os fatos unicamente tornar-se-iam monótonos, pela seqüência mesma do seu número e, sobretudo, pela sua semelhança. O que é preciso, ao homem que reflete, é alguma coisa que fale à sua inteligência. Poucos anos decorreram desde a aparição dos primeiros fenômenos, e já estamos longe das mesas girantes e falantes que não foram senão a infância. Hoje, é uma ciência que descobre todo um mundo de mistérios, que torna patente verdades eternas, que não foram dadas senão ao nosso espírito de pressentir; é uma doutrina sublime que mostra ao homem o caminho do dever, e que abre o campo, o mais vasto, que ainda fora dado à observação do filósofo. Nossa obra seria, pois, incompleta e estéril se permanecesse nos
estreitos limites de uma revista anedótica, cujo interesse seria bem rapidamente esgotado.

Talvez nos contestem a qualificação de ciência que damos ao Espiritismo. Ele não poderia, sem dúvida, em alguns casos, ter os caracteres de uma ciência exata, e está precisamente aí o erro daqueles que pretendem julgá-lo e experimentá-lo como uma análise química, como um problema matemático: já é muito que tenha o de uma ciência filosófica. Toda ciência deve estar baseada sobre fatos; mas só os fatos não constituem a ciência; a ciência nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. O Espiritismo chegou ao estado de ciência? Se se trata de uma ciência perfeita, sem dúvida, seria prematuro responder afirmativamente; mas as observações são, desde hoje, bastante
numerosas para se poder, pelo menos, deduzir os princípios gerais, e é aí que começa a ciência.

A apreciação razoável dos fatos, e das conseqüências que deles decorrem, é, pois, um complemento sem o qual a nossa publicação seria de uma medíocre utilidade, e não ofereceria senão um interesse muito secundário para quem reflita, e quer se inteirar daquilo que vê. Todavia, como o nosso objetivo é chegar à verdade, acolheremos todas as observações que nos forem endereçadas, e tentaremos, quanto no-lo permita o estado dos conhecimentos adquiridos, seja levantar as dúvidas, seja esclarecer os pontos ainda obscuros. Nossa revista será, assim, uma tribuna aberta, mas, onde a discussão não deverá jamais desviar-se das leis, as mais estritas, das conveniências. Em uma palavra, discutiremos, mas não disputaremos. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas; é a arma daqueles que não a têm melhor, e essa arma
reverte contra quem dela se serve.

Se bem que os fenômenos, dos quais iremos nos ocupar, se tenham produzido, nestes últimos tempos, de modo mais geral, tudo prova que ocorreram desde os tempos mais recuados. Não se trata de fenômenos naturais nas invenções que seguem o progresso do espírito humano; desde que estão na ordem das coisas, sua causa é tão velha quanto o mundo e os efeitos devem ter-se produzido em todas as épocas. O que, pois, testemunhamos hoje não é uma descoberta moderna: é o despertar da antigüidade, mas, da antigüidade liberta da companhia mística que engendrou as superstições, da antigüidade esclarecida pela civilização e o progresso nas coisas positivas.


A conseqüência capital, que ressalta desses fenômenos, é a comunicação, que os homens podem estabelecer, com os seres do mundo incorpóreo, e os conhecimentos que podem, em certos limites, adquirir sobre seu estado futuro. O fato das comunicações com o mundo invisível se encontra em termos inequívocos nos relatos bíblicos; mas, de um lado, para certos céticos, a Bíblia não tem uma autoridade suficiente; por outro lado, para os crentes, são fatos sobrenaturais, suscitados por um favor especial da Divindade. Não haveria aí, pois, para todo o mundo, uma prova da generalidade dessas manifestações, se não as encontrássemos em milhares de outras fontes diferentes. A existência dos Espíritos, e a sua intervenção no mundo corporal, está atestada e demonstrada, não mais como um fato excepcional, mas como princípio geral, em Santo Agostinho, São Jerônimo, São Crisóstomo,
São Gregório de Na-zianzeno e muitos outros Pais da Igreja Essa crença forma, por outro lado, a base de todos os sistemas religiosos. Os mais sábios filósofos da antigüidade a admitiram: Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos outros.

Nós a encontramos nos mistérios e nos oráculos, entre os Gregos, os Egípcios, os Hindus, os Caldeus, os Romanos, os Persas, os Chineses. Vemo-la sobreviver a todas as vicissitudes dos povos, a todas as perseguições, desafiar todas as revoluções físicas e morais da Humanidade. Mais tarde, encontramo-la nos adivinhos e feiticeiros da Idade Média, nos Willis e nas Walkirias dos Escandinavos, nos Elfos dos Teutões, nos Leschios e nos Domeschnios Doughi dos Eslavos, nos Ourisks e nos Brownies da Escócia, nos Poulpicans e nos Ten-sarpoulicts dos Bretões, nos Cemis dos Caraíbas, em uma palavra, em toda a falange de ninfas, de gênios bons e maus, de silfos, de gnomos, de fadas, de duendes, com os quais todas as nações povoaram o espaço. Encontramos a prática das evocações entre os povos da Sibéria, no Kamtchatka, na Islândia, entre os índios da América do Norte, entre os aborígenes do México
e do Peru, na Polinésia e mesmo entre os estúpidos selvagens da Oceania. De alguns
absurdos que essa crença esteja cercada e disfarçada segundo os tempos e os lugares, não se pode deixar de convir que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos desfigurado; ora, uma doutrina não se torna universal, e nem sobrevive a milhares de gerações, nem se implanta, de um pólo ao outro, entre os povos mais dessemelhantes, e em todos os graus da escala social, sem estar fundada em alguma coisa de positiva. O que é essa alguma coisa? É o que nos demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que podem e devem ter entre essas manifestações e todas essas crenças, é procurar a verdade. A história da
Doutrina Espírita, de alguma forma, é a do espírito humano; iremos estudar todas essas fontes que nos fornecerão uma mina inesgotável de observações, tão instrutivas quanto interessantes, sobre os fatos gerais pouco conhecidos. Essa parte nos dará a oportunidade de explicar a origem de uma multidão de lendas e de crenças populares, interpretando a parte da verdade, da alegoria e da superstição.

No que concerne às manifestações atuais, daremos conta de todos os fenômenos patentes, dos quais formos testemunhas ou que vierem ao nosso conhecimento, quando parecerem merecer a atenção dos nossos leitores. Faremos o mesmo com os efeitos espontâneos que se produzem, freqüentemente, entre as pessoas, mesmo as mais estranhas às práticas das manifestações espíritas, e que revelem seja a ação oculta, seja a independência da alma; tais são os fatos de visões, aparições, dupla vista, pressentimentos, advertências íntimas, vozes secretas, etc. À relação dos fatos acrescentaremos a explicação, tal como ela ressalta do conjunto dos princípios. Faremos anotar, a esse respeito, que esses princípios são aqueles que decorrem do próprio ensinamento dado pelos Espíritos, e que faremos, sempre, abstração das nossas próprias idéias. Não será, pois, uma teoria pessoal que exporemos, mas
a que nos tiver sido comunicada, e da qual não seremos senão o intérprete.

Uma larga parte será, igualmente, reservada às comunicações, escritas ou verbais, dos Espíritos, todas as vezes que tiverem um fim útil, assim como as evocações de personagens antigas ou modernas, conhecidas ou obscuras, sem negligenciar as evocações íntimas que, freqüentemente, não são menos instrutivas; abarcaremos, em uma palavra, todas as fases das manifestações materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.

A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas. Classificaremos nessa categoria, por exemplo, a simultaneidade dos pensamentos, a anomalia de certos caracteres, as simpatias e as antipatias, os conhecimentos intuitivos, as aptidões, as propensões, os destinos que parecem marcados de fatalidade, e, num quadro mais geral, o caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua degeneração, etc. À citação dos fatos acrescentaremos a busca das causas que puderam produzi-los. Da apreciação desses atos, ressaltarão, naturalmente, úteis ensinamentos sobre a linha de conduta mais conforme com a sã moral. Em suas instruções, os Espíritos superiores têm, sempre, por objetivo excitar, nos homens, o amor ao bem pela prática dos preceitos evangélicos; nos traçam, por isso mesmo, o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.

Nosso quadro, como se vê, compreende tudo o que se liga ao conhecimento da parte
metafísica do homem; estudá-la-emos em seu estado presente e em seu estado futuro, porque estudar a natureza dos Espíritos, é estudar o homem, uma vez que deverá fazer parte, um dia, do mundo dos Espíritos; por isso acrescentamos, ao nosso título principal, o de jornal de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância.


Nota. Por multiplicadas que sejam nossas observações pessoais, e as fontes em que as haurimos, não dissimulamos nem as dificuldades da tarefa, nem a nossa insuficiência. Contamos, para isso suprir, com o concurso benevolente de todos aqueles que se interessam por essas questões; seremos, pois, muito reconhecidos pelas comunicações que queiram bem nos transmitir sobre os diversos objetos de nossos estudos; apelamos, a esse respeito, a sua atenção sobre os pontos seguintes, sobre os quais poderão fornecer documentos:

1. Manifestações materiais ou inteligentes, obtidas em reuniões às quais assistiram;
2. Fatos de lucidez sonambúlica e de êxtase;
3. Fatos de segunda vista, previsões, pressentimentos, etc.
4. Fatos relativos ao poder oculto atribuído, com ou sem razão, a certos indivíduos;
5. Lendas e crenças populares;
6. Fatos de visões e aparições;
7. Fenômenos psicológicos particulares que ocorrem, algumas vezes, no instante da
morte;
8. Problemas morais e psicológicos para resolver;
9. Fatos morais, atos notáveis de devotamento e abnegação, dos quais possa ser útil
propagar o exemplo;
10. Indicação de obras, antigas ou modernas, francesas ou estrangeiras, onde se
encontrem fatos relativos à manifestação de inteligências ocultas, com a designação e,se possível, a citação das passagens. Do mesmo modo, no que concerne à opinião
emitida sobre a existência dos Espíritos e suas relações com os homens, pelos autores antigos ou modernos, cujo nome e saber podem dar autoridade.

Não daremos conhecimento dos nomes das pessoas que queiram nos dirigir as comunicações, senão quando, para isso, formos formalmente autorizados."

(1) Não existe, até o presente momento, na Europa, senão um jornal consagrado à Doutrina Espírita, é o Jornal da Alma, publicado em Genebra pelo doutor Boessinger. Na América, o único jornal francês é o Spiritualiste de La Nouve/le-Orléans, publicado pelo senhor Barthè s.

quinta-feira, 20 de março de 2014

"NA INSTRUMENTALIDADE"

"Como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara?" - Paulo.
(I Coríntios, 14:7).

"Cada companheiro de serviço cristão deveria considerar-se
instrumento nas mãos do Divino Mestre, a fim de que a sublime harmonia do Evangelho se faça irrepreensível para a vitórIa completa do bem.
Todavia, se a Ilimitada sabedoria do Celeste Emissor se mantém soberana  e perfeita, os receptores terrenos pecam por deficiências lamentáveis.
Esse tem fé, mas não sabe tolerar as lacunas do próximo.
Aquele suporta cristãmente as fraquezas do vizinho, contudo, não
possui energia nem mesmo para governar os próprios impulsos.
Aquele outro é bondoso e confiante, mas foge ao estudo e à
meditação, favorecendo a ignorância.
Outro, ainda, é imaginoso e entusiasta, entretanto, escapa sutilmente ao esforço dos braços.
Um é conselheiro excelente, no entanto, não santifica os próprios atos.
Outro retém brilhante verbo na pregação doutrinária, todavia,
é apaixonado cultor de anedotas menos dignas com que desfigura
o respeito à revelação de que é portador.
Esse estima a castidade do corpo, mas desvaira-se pela aquisição de dinheiro fácil.
Outro, mais além, conseguiu desprender-se das posses de ouro e terra, casa e moinho, mas cultiva verdadeiro incêndio na carne.
É indiscutível a nossa imperfeição de seguidores da Boa Nova.
Por isso mesmo, guardamos o título de aprendizes.
O Planeta não é o paraíso terminado e achamo-nos, por nossa vez,
muito distantes da angelitude.
Todavia, obedecendo ou administrando, ensinando ou combatendo,
é indispensável afinar o nosso instrumento de serviço pelo diapasão do Mestre, se não desejamos prejudicar-lhe as obras.
Evitemos a execução insegura, indistinta ou perturbadora,
oferecendo-lhe plena boa-vontade na tarefa que nos cabe,
e o Reino Divino se manifestará mais rapidamente onde estivermos."


("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 19 de março de 2014

"EMBAINHA TUA ESPADA"

“Embainha tua espada...” - Jesus. (João, 18:11)

"A guerra foi sempre o terror das nações.
Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da
iniquidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias.
Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que compelem o
povo à crueldade e à barbaria, através das quais aparecem dias
amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe
aceitaram os desvarios.
Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta
contra os semelhantes...
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de
sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor:
- "Embainha tua espada..."
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras
que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o
reinado da luz.
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo.
Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada
simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem
a bênção da paz, com felicidade e renovação."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 18 de março de 2014

"OS DONS DE CRISTO"

"Mas a graça foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom de Cristo.” Paulo – Efésios

       "A alma humana, nestes vinte séculos de Cristianismo, é uma consciência esclarecida pela razão, em plena batalha pela conquista dos valores iluminativos.
-o-
       O campo de luta permanece situado em nossa vida íntima.
       Animalidade versus espiritualidade.
-o-
       Milênios de sombras cristalizadas contra a luz nascente.
       E o homem, pouco a pouco, entre as alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades indispensáveis à ascensão, que, no fundo, constituem as virtudes do Cristo, progressivas em cada um de nós.
-o-
       Daí a razão da luz divina ocupar a existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus, incipientes, reduzidos, regulares ou enormes nela se possam expressar.
-o-
       Onde estiveres, seja o que fores, procura aclimatar as qualidades cristãs em ti mesmo, com a vigilante atenção igual àquela dispensada à cultura das plantas preciosas, ao pé do lar.
-o-
       Quanto à existência a temporária no mundo, todos somos suscetíveis e produzir para o bem ou para o mal.
-o-
       Ofereçamos ao Divino Cultivador o vaso do coração, recordando que se o “solo consciente” no nosso espírito aceitar as sementes do Celeste Pomicultor, cada migalha de nossa boa-vontade será convertida em canal adequado para exteriorização do bem, com a multiplicação permanente das bênçãos do Senhor, ao redor de nós.
-o-
       Observa a tua “boa parte” e lembra que podes dilatá-la ao infinito
       Não intentes destruir milênios de ignorância, de um momento para outro.
       Vale-te do esforço de auto aperfeiçoamento cada dia.
       Persiste em aprender com o Mestre do Amor e da Renúncia.
-o-
       Não nos esqueçamos de que a Luz Divina ocupará nosso espaço individual, na medida de nosso crescimento real nos dons de Cristo."

(“Nós”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 17 de março de 2014

"MUDANÇA DE PLANO"

"Não esperes pela morte do corpo para realizar o serviço da própria elevação.
*
       Cada dia é oportunidade de ascensão ao melhor.

       Cada tarefa edificante é degrau com que podemos subir às esferas superiores.
*
       Todos respiramos em planos distintos e todos podemos alcançar horizontes mais altos.
*
       Se te habituaste à irritação, cultiva o silêncio e a tolerância com os quais te desvencilharás dos laços sombrios da cólera, penetrando os domínios da luz.

       Se acalentas a disposição de comprar inimigos, através de atitudes impensadas, detém-te na serenidade e aprende a servir aos desafetos, alcançando, assim, o reino brilhante da simpatia.
*
       Se ainda te debates nos desvãos da ignorância, não te esqueças do esforço na leitura sadia e edificante para a aquisição do conhecimento e da sabedoria.
*
       Se respiras no resvaladouro da queixa, esquece a ociosidade e o desânimo e, erguendo-te para o trabalho digno, consagra-te ao suor enobrecente, a fim de incorporares ao próprio patrimônio espiritual o otimismo e a paz, o bom ânimo e a alegria.
*
       Há milhões de “círculos de vida”, dentro de nossa residência planetária.

       Cada criatura vive na faixa de sentimento a que se ajusta.

       O verme agarra-se à escuridão do subsolo.

       O batráquio mora no charco.

       A ave plana e canta na altura.

       A chama envolve-se nas emanações da luz que irradia.
*
       Assim também, cada alma reside na esfera de ideal que forma para si mesmo com o próprio pensamento.

       Quem deseje um mundo melhor, pode avançar, pelo trabalho e pela boa vontade, no roteiro da ascensão, desde hoje."

(Emmanuel, na obra “Mãos marcadas”, Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos)

domingo, 16 de março de 2014

"REALIDADE E SUPOSIÇÃO"

    "Quando te sintas em dificuldade no relacionamento com os outros, observa que, muitas vezes, esses mesmos outros suportam problemas e percalços muito maiores do que os nossos.

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       Semelhante exercício te renovará os pensamentos e a compaixão te surgirá no íntimo, obstando-te a queda em pessimismo e revolta.

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       Se possuísses um engenho capaz de radiografar os sentimentos alheios, reconhecerias, de pronto, o contraste entre a suposição e a realidade.

-o-

       Aquele chefe, supostamente arbitrário, guarda consigo a mente esfogueada de inquietações pelo próprio serviço de que recebes  os recursos que se te fazem necessários à vida.

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       Provavelmente o amigo que não te notou a presença carrega as próprias ideias e emoções concentradas num filhinho doente.

-o-

       A senhora que tantos julgavam excessivamente enfeitada, assim se preparou diversos dias a fim de solicitar emprego a determinadas autoridades para o esposo recém-demitido da organização em que trabalhava.

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       O rapaz que passou, conduzindo o carro em alta velocidade, é portador de um cérebro enfermiço.

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       O artista que se negou a colaborar contigo na realização das boas obras em que te empenhas, estará sob o peso de terrível estafa.

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       A ninguém julguemos precipitadamente.

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       Procuremos o melhor de cada situação e de cada criatura, de modo a seguirmos para diante com o melhor a fazer, esquecendo o desnecessário.

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       Em muitos lances de marcha na direção de Deus erramos, a fim de aprender com segurança, ou caímos, de modo a levantar-nos para conquistar o equilíbri(“O Essencial”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)o seguro.

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       Ninguém segue sem o apoio de alguém nos caminhos da vida.

       Em vista disso, compadeçamo-nos dos outros para que os outros se compadeçam de nós."
("O Essencial", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)