quinta-feira, 21 de junho de 2012
"MEDIUNIDADE GRATUITA"
"7. Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham
mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito:
o de serem os intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens,
para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé e não para
venderem palavras que não lhes pertencem, visto que não são o
produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus
trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer
que o mais pobre seja dela privado e possa dizer: Não tenho fé,
porque não a pude pagar; não tive a consolação de receber os encorajamentos
e os testemunhos de afeição daqueles por quem choro,
porque sou pobre. Eis por que a mediunidade não é um privilégio, e
se encontra em todos os lugares. Cobrar por ela seria desviá-la de
seu objetivo providencial.
8. Todo aquele que conhece as condições em que os bons Espíritos
se comunicam e a repulsa que sentem por tudo o que é de
interesse egoísta, sabe como pouca coisa é preciso para que se afastem,
jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à
disposição do primeiro que os chamasse, recompensando-os a tanto
por sessão. O simples bom-senso repele esse pensamento. Não seria
também uma profanação evocar em troca de dinheiro os seres que
respeitamos ou que nos são queridos? Sem dúvida, agindo assim,
podem-se ter manifestações, mas quem poderá garantir a sinceridade
delas? Espíritos levianos, mentirosos, espertos e toda a espécie de
Espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, correm sempre a esses
chamados e estão sempre prontos a responder a tudo que lhes é perguntado,
sem se preocupar com a verdade. Aquele que quer
comunicações sérias deve, em primeiro lugar, procurá-las seriamente,
depois de certificar-se sobre a natureza das ligações do médium com os
seres do mundo espiritual. Portanto, a primeira condição para se alcançar
a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a
abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material.
9. Ao lado da questão moral, apresenta-se uma consideração
real e positiva, não menos importante, que se liga à própria natureza
da mediunidade. A mediunidade séria não pode ser e jamais será
uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente,
e logo se assemelharia aos que lêem a sorte, mas também porque
um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é um dom
essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois,
para o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia
lhe faltar no momento mais necessário. Outra coisa é um talento
adquirido pelo estudo e pelo trabalho e que, por essa razão, equivale a
uma propriedade da qual naturalmente é permitido tirar proveito. Mas a
mediunidade não é nem uma arte, nem um talento; é por isso que ela
não pode tornar-se uma profissão; ela apenas existe com a
participação dos Espíritos; sem eles não há mediunidade; a aptidão
pode continuar existindo, mas o exercício é falso, é nulo. Não há um
único médium no mundo que possa garantir a obtenção de uma
manifestação espírita e num determinado instante. Explorar a
mediunidade é, portanto, dispor de algo que não se possui. Afirmar o
contrário é enganar aquele que paga. Ainda há mais: não é de si mesmo
que o explorador dispõe; é dos Espíritos, das almas dos mortos cuja
cooperação se colocou à venda. Esta idéia causa repugnância. Foi
esse tráfico, comprovado pelo abuso, explorado pelos impostores,
pela ignorância, pela crendice e pela superstição, que motivou a
proibição de Moisés. O Espiritismo moderno, compreendendo a
seriedade da questão, lançou sobre seus exploradores o descrédito,
elevando a mediunidade à categoria de missão. (Consulte O Livro dos
Médiuns, 2a. parte, Cap. 28, e O Céu e o Inferno, 1a. parte, Cap. 11.)
10. A mediunidade é uma missão sagrada que deve ser praticada
santa e religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requer
essa condição de maneira ainda mais absoluta é a mediunidade de
cura. Assim é que o médico oferece o fruto de seus estudos, que fez
à custa de sacrifícios muitas vezes árduos; o magnetizador* dá o seu
próprio fluido, muitas vezes, até mesmo sua saúde; portanto, ambos
podem colocar preço nisso. O médium curador por sua vez transmite
o fluido salutar dos bons Espíritos e isso ele não tem o direito de vender.
Jesus e os apóstolos, embora pobres, nada recebiam pelas curas
que faziam.
Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure recursos em
outros lugares, menos na mediunidade, e que apenas dedique a ela, se
for o caso, o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos
levarão em conta o seu devotamento e sacrifícios, enquanto se afastarão
daqueles que esperam fazer da mediunidade um modo de subir
na vida."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XXV - "Dai gratuitamente o que gratuitamente recebeste")
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