quinta-feira, 7 de junho de 2012
"DEVER CRISTÃO"
"Rossi e Alves eram diretores de conhecido templo espírita e davam-se
muito bem na vida particular.
Afinidade profunda. Amizade recíproca. Sempre juntos nas boas obras,
integravam-se perfeitamente no programa do bem.
Alves, com desapontamento, passou a saber que Rossi, nas três noites da
semana sem atividades doutrinárias, era visto penetrando a porta de uma casa evidentemente suspeita, lugar tristemente adornado para encontros clandestinos de casais transviados.
Persistindo semelhante situação por mais de um mês, Alves, certa noite,
informado de que o amigo entrara na casa referida, veio esperá-lo à saída.
Dez, onze, meia-noite...
Alguns minutos depois de zero hora, Rossi saiu calmo e o amigo abordou-º
- Meu caro – advertiu Alves, sisudo _, não posso vê-lo reiteradamente
neste lugar. Você é casado, pai de família e, além de tudo, carrega nos ombros a responsabilidade de mentor em nossa Casa.
Nada podemos condenar, mas você não ignora que álcool e entorpecentes, aí
dentro, andam em bica...
Rossi coçou a cabeça num gesto característico e observou:
- Não há nada. Estou apenas cumprindo um dever cristão.
- Dever cristão?
- Sim, a filha de um dos meus melhores amigos está freqüentando este
circulo. Jovem inexperiente.
Ave desprevenida em furna de lobos. Enganada por lamentável explorador de
meninas, acreditou nele... Mas a batalha está quase ganha. Convidei-a a pensar. Há mais de um mês prossegue a luta.
Hoje, porém, viu com os próprios olhos o logro de que é vítima. Acredito
que amanhã surgirá renovada...
E ante os olhos desconfiados do amigo:
- Você sabe. É preciso agir, sem rumor, sem escândalo. Quem sabe? Talvez
em futuro próximo a invigilante pequena possa encontrar companheiro digno. E ser mãe respeitada.
Alves riu-se às pampas, de maneira escarninha, e falou:
- Vou ver se é verdade.
- Não, não! Não vá! – pediu Rossi, em suplica ansiosa.
- Tem medo de ser apanhado em mentira? – disse Alves, com a suspeita no
rosto.
E sem mais nem menos entrou casa adentro encontrando, num pequeno salão,
sua própria filha chorando ao pé de um cavalheiro desconhecido..."
("A Vida Escreve", Hilário Silva/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
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