sábado, 30 de junho de 2012

"NÃO ENTENDEM"




"Querendo ser doutores da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que
afirmam." - Paulo. (I TIMÓTEO, 1:7.)




"Em todos os lugares surgem multidões que abusam da palavra.
Avivam-se discussões destrutivas, na esfera da ciência, da política, da filosofia, da
religião. Todavia, não somente nesses setores da atividade intelectual se manifestam
semelhantes desequilíbrios.
A sociedade comum, em quase todo o mundo, é campo de batalha, nesse
particular, em vista da condenável influência dos que se impõem por doutores em
informações descabidas. Pretensiosas autoridades nos pareceres gratuitos, espalham a perturbação geral, adiam realizações edificantes, destroem grande parte dos germens do bem, envenenam fontes de generosidade e fé e, sobretudo, alterando as correntes do progresso, convertem os santuários domésticos em trincheiras da hostilidade cordial.
São esses envenenadores inconscientes que difundem a desarmonia, não
entendendo o que afirmam.
Quem diz, porém, alguma coisa está semeando algo no solo da vida, e quem
determina isto ou aquilo está consolidando a semeadura.
Muitos espíritos nobres são cultivadores das árvores da verdade, do bem e da luz;
entretanto, em toda parte movimentam-se também os semeadores do escalracho da
ignorância, dos cardos da calúnia, dos espinhos da maledicência. Através deles opera-se a perturbação e o estacionamento. Abusam do verbo, mas pagam a leviandade a dobrado preço, porquanto, embora desejem ser doutores da lei e por mais intentem confundir-lhe os parágrafos e ainda que dilatem a própria insensatez por muito tempo, mais se aproximam dos resultados de suas ações, no circulo das quais, essa mesma lei lhes impõe as realidades da vida eterna, através da desilusão, do sofrimento e da morte."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS"


 
*Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade
íntima que lhes dá a vida. Eles nascem, crescem, se reproduzem por si
mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a realização
dos diferentes atos da vida, apropriados às suas necessidades de conservação.
Os homens, os animais e as plantas são seres orgânicos.
Seres inorgânicos são todos os que não têm nem vitalidade, nem
movimentos próprios e são formados apenas pela agregação da matéria;
são os minerais, a água, o ar, etc.
 
60. É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos
orgânicos e inorgânicos?

– Sim, a lei de atração é a mesma para tudo.
 
61. Há uma diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a
dos inorgânicos?

– A matéria é sempre a mesma, mas nos corpos orgânicos está animalizada.
 
62. Qual é a causa da animalização da matéria?
– Sua união com o princípio vital.
 
63. O princípio vital é um agente particular ou é apenas uma propriedade
da matéria organizada? Numa palavra, é um efeito ou uma causa?

– Uma e outra. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente
sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo
que a matéria não pode viver sem esse agente. O princípio vital dá a vida
a todos os seres que o absorvem e assimilam.
 
64. Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constituintes
do universo. O princípio vital forma um terceiro?

– É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do universo,
mas ele mesmo tem sua fonte na matéria universal modificada. É um
elemento, como para vós o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são
elementos primitivos, embora tudo isso proceda de um mesmo princípio.
 
64. a) Disso parece resultar que a vitalidade não tem seu princípio
num agente primitivo distinto, mas numa propriedade especial da matéria
universal, em razão de algumas modificações?

– É a conseqüência do que dissemos.
 
65. O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?
– Tem sua fonte no fluido universal. É o que chamais fluido magnético
ou fluido elétrico animalizado. Ele é o intermediário, o elo entre o Espírito e
a matéria.
 
66. O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
– Sim, modificado conforme as espécies. É o que lhes dá movimento
e atividade e os distingue da matéria inerte, uma vez que o movimento da
matéria não é a vida. A matéria recebe esse movimento, não o dá.
 
67. A vitalidade é um atributo permanente do agente vital ou apenas
se desenvolve pelo funcionamento dos órgãos?

– Apenas se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente
sem a matéria não é a vida? É preciso a união das duas coisas para
produzir a vida.
 
67. a) Pode-se dizer que a vitalidade está em estado latente, quando
o agente vital não está unido ao corpo?

– Sim, é isso.
 
*O conjunto dos órgãos constitui uma espécie de mecanismo que
recebe um estímulo de atividade íntima ou princípio vital que existe neles.
O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos. Ao mesmo
tempo que o agente vital estimula os órgãos, a ação deles mantém e
desenvolve a atividade do agente vital, quase do mesmo modo como o
atrito produz o calor."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

"TUDO NOVO"

“Assim é que, se alguém está. em Cristo, nova criatura
é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
Paulo. (I CORÍNTIOS, 5: 17)


"É muito comum observarmos crentes inquietos, utilizando recursos
sagrados da oração para que se perpetuem situações injustificáveis tão só
porque envolvem certas vantagens imediatas para suas preocupações egoísticas.
Semelhante atitude mental constitui resolução muito grave.
Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinou que seus
discípulos estabelecessem acordo com os erros que infelicitam o mundo. Em face
dessa decisão, foi à cruz e legou o último testemunho de não- violência,
mas também de não-acomodação com as trevas em que se compraz a maioria das criaturas.
Não se engane o crente acerca do caminho que lhe compete.
Em Cristo tudo deve ser renovado, O passado delituoso estará morto, as
situações de dúvida terão chegado ao fim, as velhas cogitações do homem carnal
darão lugar a vida nova em espírito, onde tudo signifique sadia reconstrução para o
futuro eterno.
É contrasenso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de
antigos erros.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o
íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias,
estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das
intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

"Quando pois te encontrares..."

"Quando pois te encontrares em luta imensa, recorda que o Senhor te conduziu a
semelhante posição de sacrifício, considerando a probabilidade de tua exaltação, e não te esqueças de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Em nossa luta diária..."

"Em nossa luta diária, tenhamos suficiente cuidado no uso dos poderes que nos
foram emprestados pelo Senhor."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"TRABALHO"




“E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eu
trabalho também.”
(João, 5: 17)


"Em todos os recantos, observamos criaturas queixosas e insatisfeitas.
Quase todas pedem socorro. Raras amam o esforço que lhes foi conferido.
A maioria revolta-se contra o gênero de seu trabalho.
Os que varrem as ruas querem ser comerciantes; os trabalhadores do campo
prefeririam a existência na cidade.
O problema, contudo, não é de gênero de tarefa, mas o de compreensão da
oportunidade recebida.
De modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça
inconsciente. É o desejo ingênito de conservar o que é inútil e ruinoso, das quedas
no pretérito obscuro.
Mas Jesus veio arrancar-nos da “morte no erro”. Trouxe-nos
a bênção do trabalho, que é o movimento incessante da vida.
Para que saibamos honrar nosso esforço, referiu-se
ao Pai que não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecível dedicação à Humanidade.
Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando.
Começamos ontem nosso humilde labor e o Mestre se esforça por nós, desde
quando?"
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Às vezes..."

"Às vezes, o ambiente surge tão perturbado que o único meio de auxiliar é fazer silêncio com a luz íntima da prece."
("Palavras da Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"AO ALCANCE DE TODOS"





"Simbolicamente, a paciência é um sedativo da melhor qualidade.


Usando-a, nessa condição, ei-la fazendo prodígios.


Antes de tudo, é vacina contra a irritação, acalmando-nos a vida íntima.


E surge a seqüência de abençoadas derivações.


Resguardando-a conosco, os familiares encontram segurança e tranqüilidade.


Os vizinhos permanecem isentos de inquietações.


Os amigos descansam em nosso convívio.


Discussões negativas e diálogos inconvenientes surpreendem a estação terminal.


Conservando-a, retemos em nós o clima favorável ao cultivo da esperança.


Ao alcance de todos, é por isso que a paciência na farmácia da vida, é o específico da paz."


("Hora Certa", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 26 de junho de 2012

"É contra-senso..."

"É contra-senso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das
intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Somos..."

"...somos naturalmente vítimas ou beneficiários de nossas próprias criações, segundo as correntes mentais que projetamos, escravizando-nos a compromissos com a
retaguarda de nossas experiências ou libertando-nos para a vanguarda do progresso,
conforme nossas deliberações e atividades, em harmonia ou em desarmonia com as
Leis eternas..."
("Nos Domínios da Mediunidade", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

"O COMPORTAMENTO"

  "Se estamos falando aos jovens, não devemos esquecer-nos de dizer alguma coisa sobre o seu comportamento mais diretamente, pois, a educação abre inúmeros caminhos, ampliando a compreensão e valorizando a conduta.
            Esforça-te para não mentir, principalmente dentro do lar. A mentira tirar-te-á a confiança de teus pais, irmãos e parentes. O que vale um moço que não merece a confiança dos que o cercam?
            Esmera-te no cumprimento dos teus deveres, em tua casa e na escola, pois, esses gestos conferir-te-ão uma amizade mais profunda dos teus parentes e de todos os que te observam.
            Empenha-te em seres justo, porque a justiça, na vida de quem está iniciando nova carreira na Terra, é baliza de luz, a iluminar-te a vida.
            Cuida-te em seres honesto, em todos os acontecimentos, nas palavras e nos atos. A honestidade é força poderosa para a formação do teu caráter, dignificando a tua vida. O valor de uma criatura começa na honestidade.
            Robustece-te no trabalho. Todos temos deveres, ante o Criador, de realizar alguma coisa; não sejas dos que dormem. O labor foi o primeiro gesto de Deus, fazendo-se a luz.
            Diante dessas coisas que mencionamos, as outras aparecerão, como por encanto, em tua cabeça, aflorando em tua vida, e aí é que o Amor se tornará uma flor, em teu coração, acostumado a proceder bem. Tornar-te-ás condicionado, na divina operação do Bem e da Caridade, em teu mundo interno, onde o sol nascerá, fazendo compreender que Cristo está em nós, pelo poder de Deus.
            Comporta-te bem, meu filho, onde estiveres, e em quaisquer circunstâncias, que os frutos dessa vivência acompanhar-te-ão, para sempre, saciando-te a alma, com o clima de vida e de esperança.
            Nós estamos te falando tudo isso, porque desejamos que compreendas a verdade das vidas sucessivas, coluna mestra que nos mostra a justiça de Deus. A Doutrina Espírita tem a função de fazer o inventário da morte, porque a morte já morreu, e transformou-se em vida. Os teus pertences são a vida.
            Não esqueças a gentileza para com os professores que te cercam. Eles têm o gume cristão de ensinar, com amor, para que surja, em teu caminho o halo da vida, que floresce para a luz de Deus.
            A boa conduta do homem torná-lo-á imune a muitas enfermidades. No futuro, a Ciência vai comprovar essa verdade, preocupando-se mais com as mudanças dos pensamentos das criaturas e com o comportamento de cada ser, do que, mesmo, com os remédios. Quando precisar de um medicamento, o homem usará, primeiramente, a palavra educada e instruída, predispondo o necessitado para a harmonia mental e o bem estar físico.
            Começa a mudar, hoje. As transformações, aparentemente, geram guerras. Mas, se persistires, a Terra transmutar-se-á em Chão de Rosas, para a tua paz."
(“Chão de Rosas”, Scheilla/ João Nunes Maia)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"CADA AVE EM SEU NINHO"




 "O mal reside na furna da ignorância. 


O ódio respira nas trincheiras da discórdia. 


A inveja mora no deserto da insatisfação. 


A tristeza improdutiva desabrocha no abismo do desânimo. 


A perturbação cresce no precipício do dever não cumprido. 


O desequilíbrio desenvolve-se no despenhadeiro da intemperança. 


A crueldade nasce no pedregulho da dureza espiritual. 


A maledicência brota no espinheiral da irreflexão. 


A alegria reside no coração que ama e serve. 


A tranqüilidade não se aparta da boa consciência. 


A fé reconforta-se no templo da confiança. 


A solidariedade viceja no santuário da simpatia. 


A saúde vive na submissão à Lei Divina. 


O aprimoramento não se separa do serviço constante. 


O dom de auxiliar mora na casa simples e acolhedora da humildade. 


Cada ave em seu ninho, cada cousa em seu lugar. 


Há muitas moradas para nossa alma sobre a própria Terra. 


Cada criatura vive onde lhe apraz e com quem lhe agrada. 


Procuremos a estrada do verdadeiro bem que nos conduzirá à felicidade perfeita, de vez que, segundo o ensinamento do Evangelho, cada espírito tem o seu tesouro de luz ou o seu fardo de sombra, onde houver colocado o próprio coração."


("Construção do Amor", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 24 de junho de 2012

"Cada qual..."

"Cada qual apresenta seu capricho ferido como sendo a dor maior.
Cristo ouve-lhes as solicitações e espera a oportunidade de dar-lhes a conhecer o tesouro imperecível."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"CONSIDERAÇÕES E CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS A RESPEITO DA CRIAÇÃO"



"59. Os povos formaram idéias muito divergentes a respeito da Criação,
conforme o grau de seus conhecimentos. A razão, apoiada na ciência,
reconheceu a impossibilidade e a contradição de algumas teorias. O ensinamento
dos Espíritos a esse respeito confirma a opinião desde há muito
tempo admitida pelos homens mais esclarecidos.


A objeção que se pode fazer a essa teoria é que está em contradição com
o texto dos livros bíblicos, mas um exame sério fará reconhecer que essa contradição
é mais aparente do que real e resulta da interpretação dada a certas
passagens dos textos que em geral têm um sentido alegórico, figurado.
A questão do primeiro homem, Adão, ter sido a única fonte que originou
a humanidade não é o único ponto sobre o qual as crenças religiosas
tiveram que se modificar. O movimento da Terra pareceu, em certa época,
de tal modo oposto ao texto bíblico que não houve forma de perseguição
da qual essa teoria não tenha sido o pretexto e, entretanto, a Terra gira,
apesar dos anátemas, e ninguém hoje poderia contestá-lo sem depreciar
a sua própria razão e submeter-se ao ridículo.


A Bíblia diz igualmente que o mundo foi criado em seis dias e fixa a
época da criação por volta de 4000 anos antes da Era Cristã. Antes
disso, a Terra não existia, ela foi tirada do nada; o texto é formal, é claro.


Mas, eis que a ciência positiva, a ciência inabalável, vem provar o contrário.
A formação do globo está gravada em caracteres nítidos e indiscutíveis
no mundo fóssil , e está provado que os seis dias da criação representam
períodos que podem constituir-se, cada um, de centenas de milhares de
anos. Isso não é um sistema, doutrina, ou opinião isolada; é um fato tão
constatado quanto o movimento da Terra, que a teologia não pode recusarse
a admitir, prova evidente do erro em que se está sujeito a cair por tomar
ao pé da letra as expressões de uma linguagem freqüentemente figurada.
Devemos por isso concluir que a Bíblia está errada? Não. Mas podemos
concluir que os homens, em muitos pontos, se enganaram ao interpretá-la.
A ciência, ao escavar os arquivos da Terra, descobriu a ordem em
que os diferentes seres vivos apareceram na sua superfície, e essa ordem
está de acordo com a que é indicada na Gênese, com a diferença de que
toda a Criação, em vez de ter saído miraculosamente das mãos de Deus
em algumas horas, conforme está escrito no Gênese, se realizou sempre
pela Sua vontade, mas de acordo com a lei das forças da natureza, em
alguns milhões de anos. Deus é por isso menor e menos poderoso? Sua
obra é menos sublime por não ter o prestígio da instantaneidade? Evidente
que não. Seria preciso fazer da Divindade uma idéia bem mesquinha para
não reconhecer Seu grande poder nas leis eternas que estabeleceu para
reger os mundos. A ciência, longe de diminuir a obra divina, mostra-a sob
um aspecto mais grandioso e mais em conformidade com as noções que
temos do poder e da majestade de Deus, em razão de ter se realizado
sem anular as leis da natureza.


A ciência, neste ponto concordante com Moisés, coloca o homem em
último lugar na ordem da criação dos seres vivos; mas, enquanto Moisés,
no Gênese, põe o dilúvio universal no ano de 1654 após a Criação, a Geologia
nos mostra o grande cataclismo anterior ao aparecimento do homem na
Terra. Até hoje não se encontrou nas camadas primitivas do globo nenhum
indício nem da presença do homem nem de animais da mesma categoria
do ponto de vista físico. Mas nada prova que isso seja impossível. Muitas
descobertas já lançaram dúvidas a esse respeito. Pode-se, portanto, de
um momento para outro, adquirir a certeza material dessa anterioridade da
raça humana, e então se reconhecerá que, sobre esse ponto, como em
outros, o texto bíblico é um símbolo, uma representação. A questão é
saber se o cataclismo geológico é o mesmo que atingiu Noé. O certo é
que a duração necessária à formação das camadas fósseis não permite
confundi-los, e a partir do momento que se tiverem encontrado traços
da existência do homem antes da grande catástrofe, ficará provado ou
que Adão não foi o primeiro homem, ou que sua criação se perde na
noite dos tempos. Contra fatos não há argumentos possíveis e será
preciso aceitar esses fatos, como se aceitou o do movimento da Terra e
os seis períodos da Criação.


A existência do homem antes do dilúvio geológico, na verdade, ainda
é hipotética, mas eis aqui um detalhe que revela que não é assim.
Ao admitir que o homem tenha aparecido pela primeira vez sobre a Terra
4000 anos antes de Cristo, e que, 1650 anos mais tarde, toda a raça
humana tenha sido destruída, com exceção de uma única família, resulta
que o povoamento da Terra ocorreu somente a partir de Noé, ou seja,
2350 anos antes de nossa era. Porém, quando os hebreus emigraram
para o Egito no décimo oitavo século, encontraram esse país muito
povoado e já muito avançado em civilização. A História prova que nessa
época também a Índia e outros países estavam igualmente florescentes,
sem mesmo se levar em conta a cronologia de alguns outros povos que
remonta a uma época ainda bem mais antiga. Teria sido preciso, portanto,
que do vigésimo quarto ao décimo oitavo século, ou seja, no espaço
de 600 anos, não somente os descendentes de um único homem
pudessem povoar todos os imensos países então conhecidos, supondo
que os outros não o fossem, mas também que, nesse curto espaço
de tempo, a espécie humana pudesse se elevar da ignorância absoluta
do estado primitivo ao mais alto grau do desenvolvimento intelectual, o
que é contrário a todas as leis antropológicas.


A diversidade das raças vem, ainda, em apoio a essa opinião. O
clima e os costumes, sem dúvida, produzem modificações no caráter
físico, mas sabe-se até onde pode chegar a influência dessas causas, e o
exame fisiológico prova que há entre algumas raças diferenças mais
profundas do que o clima pode produzir na constituição física do homem.
O cruzamento das raças origina os tipos intermediários. Ele tende a apagar
os caracteres extremos, primitivos, mas não os produz; apenas cria
variedades. Portanto, em vista disso, para que houvesse cruzamento de
raças, seria preciso que houvesse raças distintas. Como explicar a existência
de raças tão distintas se lhes dermos uma origem comum e sobretudo
tão próxima? Como admitir que, em poucos séculos, alguns
descendentes de Noé fossem transformados a ponto de produzir, por
exemplo, a raça etíope? Uma transformação desse porte é tão pouco
admissível quanto a hipótese de terem uma mesma origem o lobo e o
cordeiro, o elefante e o pulgão, o pássaro e o peixe. Mais uma vez: nada
pode prevalecer contra a evidência dos fatos.


Tudo se explica, ao contrário, se admitirmos que a existência do homem
é anterior à época que lhe é vulgarmente assinalada; a diversidade
das origens; que Adão, que viveu há seis mil anos, tenha povoado uma
região ainda desabitada; que o dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial e
que foi considerada como um cataclismo geológico e, finalmente, atentando
para o fato da forma de linguagem alegórica própria do estilo oriental e
que se encontra nos livros sagrados de todos os povos. Por isso é prudente
não acusar apressadamente de falsas as doutrinas que podem cedo ou
tarde, como tantas outras, desmentir aqueles que as combatem. As idéias
religiosas, em vez de perder, se engrandecem ao marchar com a ciência.
Esse é o único meio de não mostrar ao ceticismo um lado vulnerável."
("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec)

"PRECE DE EUSÉBIO"



"Senhor da Vida,


Abençoa-nos o propósito de penetrar o caminho da Luz!...


Somos Teus filhos, ainda escravos de círculos restritos, mas a sede do Infinito dilacera-nos os véus do ser. Herdeiros da imortalidade, buscamos-Te as fontes eternas, esperando, confiantes, em Tua misericórdia.


De nós mesmos, Senhor, nada podemos, sem Ti, somos frondes decepadas que o fogo da experiência tortura ou transforma. Unidos, no entanto, ao Teu Amor, somos continuadores gloriosos de Tua Criação Interminável. Somos alguns milhares neste campo terrestre; e, antes de tudo, louvamos-Te a grandeza que não nos oprime a pequenez...


Dilata-nos a percepção diante da vida, abre-nos os olhos enevoados pelo sono da ilusão, para que divisemos Tua glória sem fim!...


Desperta-nos docemente o ouvido, a fim de percebermos o cântico de Tua sublime eternidade. Abençoa as sementes de sabedoria que os teus mensageiros esparziram no campo de nossas almas; fecunda-nos o solo interior para que os divinos germens não pereçam.


Sabemos, Pai, que o suor do trabalho e a lágrima da redenção constituem adubo generoso à floração de nossas sementeiras; todavia, sem Tua bênção, o suor enlanguece e a lágrima desespera... sem Tua mão compassiva, os vermes das paixões a as tempestades de nossos vícios podem arruinar-nos a lavoura incipiente...


Acorda-nos, Senhor da Vida, para a luz das oportunidades presentes; para que os atritos da luta não as inutilizem, guia-nos os pés para o supremo bem; reveste-nos o coração com a Tua serenidade paternal, robustecendo-nos a resistência! Poderoso Senhor, ampara-nos a fragilidade, corrige-nos os erros, esclarece-nos a ignorância, acolhe-nos em Teu amoroso regaço.


Cumpram-se, Pai Amado, os Teus desígnios soberanos, agora e sempre.


Assim seja."


 (André Luiz, na obra "À Luz da Oração", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 23 de junho de 2012

"ANTE O PRÓXIMO MAIS PRÓXIMO"

L - Questão 918

"Aconselha, mas esquece o sarcasmo. Se a ironia carreia fugaz bom-humor, gera
duradouro ressentimento...
Indaga, mas controla a própria curiosidade. Há venenos de que basta apenas o cheiro
para empeçonhar quem os aspira...
Trabalha, mas não se incomode à sombra do anonimato. As raízes que sustentam as
grandes árvores são vivas e poderosas na obscuridade do chão...
Prega, mas governa a própria língua. As pedras não se levantam e nem se arremessam
por si mesmas...
Coopera, mas foge à crítica. Quem usa vergastas de lama acaba lambuzado por ela...
Chora, mas estuda a razão das próprias lágrimas. Há muito pranto formado pelos quistos
da malquerença ao calor da discórdia...
Sê enérgico, mas brando ao mesmo tempo. Tanto a seca quanto a enchente trazem
prejuízo e destruição...
Sofre, mas espera e confia. As provações, à maneira das nuvens, são nômades no
caminho...
Busca orientação, mas poupa o benfeitor espiritual. O amigo encarnado ou desencarnado
não é ponto a cochichar-te o dever diuturno, nas representações que te cabem no teatro
da vida...
Ajuda, mas indistintamente. Os seguidores do Excelso Mestre são todos irmãos na
consangüinidade sublime do amor...
Ante o próximo mais próximo, sintamo-nos sob as bênçãos do Criador, na certeza de que
todas as criaturas existem e crescem interligadas no abraço universal da fraternidade.
No serviço desinteressado e espontâneo, movamos a trolha da fé viva e operante,
elevando o prumo do discernimento e assentando o nível do bom ânimo para construir as
obras do bem.
Para a frente e para o alto!
Rompendo as ondas adversas, no roldão do vendavais, que a nossa agulha de marear
tenha sempre por mira o porto da caridade
.Partamos da semente à seara, através das folhas da esperança e das flores do trabalho
para atingir os frutos opimos da evolução que o Senhor espera de nós.
Demandemos a vanguarda com os lábios borbulhantes de compreensão e alegria,
entoando o hino triunfal da bondade constante, trazendo à memória a palavra de Jesus
nas páginas contagiosas do Evangelho:
- "Vinde a mim, benditos de meu Pai, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e
me saciastes; estive nu e me vestistes; estive enfermo e prisioneiro e me visitastes."
Somente assim atendêramos ao divino chamado, comparecendo diante do Cristo para
repetir com os servos fiéis:
- "Senhor, eis-nos aqui! Faça-se em nós, segundo a tua vontade."
("Opinião Espírita", Emmanuel e André Luiz/ Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

"Ainda não chegamos..."

"Ainda não chegamos à vitória suprema sobre nós mesmos. Achamo-nos na
condição do solo terrestre, que não prescinde do arado protetor ou da enxada
prestimosa, a fim de produzir. Sem os instrumentos do trabalho e da luta,
aperfeiçoando-nos as possibilidades, estaríamos permanentemente ameaçados pela
erva daninha que mais se alastra e se afirma, tanto quanto melhor é a qualidade do
trato de terra em abandono."
("Nos Domínios da Mediunidade", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

"HONRAS VÃS"


“Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que
são mandamentos de homens.”
Jesus (MARCOS, 7: 7)


"A atualidade do Cristianismo oferece-nos lições profundas, relativamente à
declaração acima mencionada.
Ninguém duvida do sopro cristão que anima a civilização do Ocidente.
Cumpre notar, contudo, que a essência cristã, em seus institutos, não passou de
sopro, sem renovações substanciais, porque, logo após o ministério divino do
Mestre, vieram os homens e lavraram ordenações e decretos na presunção de honrar
o Cristo, semeando, em verdade, separatismo e destruição.
Os últimos séculos estão cheios de figuras notáveis de reis, de religiosos e
políticos que se afirmaram defensores do Cristianismo e apóstolos de suas luzes.
Todos eles escreveram ou ensinaram em nome de Jesus.
Os príncipes expediram mandamentos famosos, os clérigos publicaram
bulas e compêndios, os administradores organizaram leis célebres. No entanto, em
vão procuraram honrar o Salvador, ensinando doutrinas que são caprichos humanos,
porquanto o mundo de agora ainda é campo de batalha das idéias, qual no tempo em
que o Cristo veio pessoalmente a nós, apenas com a diferença de que o Farisaísmo, o
Templo, o Sinédrio, o Pretório e a Corte de César possuem hoje outros nomes,
Importa reconhecer, desse modo, que, sobre o esforço de tantos anos, é necessário
renovar a compreensão geral e servir ao Senhor, não segundo os homens, mas de
acordo com os seus próprios ensinamentos."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Acorda-nos..."

"Acorda-nos, Senhor da Vida, para a luz das oportunidades presentes; para que os atritos da luta não as inutilizem..."
 (André Luiz, na obra "À Luz da Oração", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"MEDIUNIDADE GRATUITA"


"7. Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham
mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito:
o de serem os intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens,
para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé e não para
venderem palavras que não lhes pertencem, visto que não são o
produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus
trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer
que o mais pobre seja dela privado e possa dizer: Não tenho fé,
porque não a pude pagar; não tive a consolação de receber os encorajamentos
e os testemunhos de afeição daqueles por quem choro,
porque sou pobre. Eis por que a mediunidade não é um privilégio, e
se encontra em todos os lugares. Cobrar por ela seria desviá-la de
seu objetivo providencial.




8. Todo aquele que conhece as condições em que os bons Espíritos
se comunicam e a repulsa que sentem por tudo o que é de
interesse egoísta, sabe como pouca coisa é preciso para que se afastem,
jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à
disposição do primeiro que os chamasse, recompensando-os a tanto
por sessão. O simples bom-senso repele esse pensamento. Não seria
também uma profanação evocar em troca de dinheiro os seres que
respeitamos ou que nos são queridos? Sem dúvida, agindo assim,
podem-se ter manifestações, mas quem poderá garantir a sinceridade
delas? Espíritos levianos, mentirosos, espertos e toda a espécie de
Espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, correm sempre a esses
chamados e estão sempre prontos a responder a tudo que lhes é perguntado,
sem se preocupar com a verdade. Aquele que quer
comunicações sérias deve, em primeiro lugar, procurá-las seriamente,
depois de certificar-se sobre a natureza das ligações do médium com os
seres do mundo espiritual. Portanto, a primeira condição para se alcançar
a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a
abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material.




9. Ao lado da questão moral, apresenta-se uma consideração
real e positiva, não menos importante, que se liga à própria natureza
da mediunidade. A mediunidade séria não pode ser e jamais será
uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente,
e logo se assemelharia aos que lêem a sorte, mas também porque
um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é um dom
essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois,
para o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia
lhe faltar no momento mais necessário. Outra coisa é um talento
adquirido pelo estudo e pelo trabalho e que, por essa razão, equivale a
uma propriedade da qual naturalmente é permitido tirar proveito. Mas a
mediunidade não é nem uma arte, nem um talento; é por isso que ela


não pode tornar-se uma profissão; ela apenas existe com a
participação dos Espíritos; sem eles não há mediunidade; a aptidão
pode continuar existindo, mas o exercício é falso, é nulo. Não há um
único médium no mundo que possa garantir a obtenção de uma
manifestação espírita e num determinado instante. Explorar a
mediunidade é, portanto, dispor de algo que não se possui. Afirmar o
contrário é enganar aquele que paga. Ainda há mais: não é de si mesmo
que o explorador dispõe; é dos Espíritos, das almas dos mortos cuja
cooperação se colocou à venda. Esta idéia causa repugnância. Foi
esse tráfico, comprovado pelo abuso, explorado pelos impostores,
pela ignorância, pela crendice e pela superstição, que motivou a
proibição de Moisés. O Espiritismo moderno, compreendendo a
seriedade da questão, lançou sobre seus exploradores o descrédito,
elevando a mediunidade à categoria de missão. (Consulte O Livro dos
Médiuns, 2a. parte, Cap. 28, e O Céu e o Inferno, 1a. parte, Cap. 11.)


10. A mediunidade é uma missão sagrada que deve ser praticada
santa e religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requer
essa condição de maneira ainda mais absoluta é a mediunidade de
cura. Assim é que o médico oferece o fruto de seus estudos, que fez
à custa de sacrifícios muitas vezes árduos; o magnetizador* dá o seu
próprio fluido, muitas vezes, até mesmo sua saúde; portanto, ambos
podem colocar preço nisso. O médium curador por sua vez transmite
o fluido salutar dos bons Espíritos e isso ele não tem o direito de vender.
Jesus e os apóstolos, embora pobres, nada recebiam pelas curas
que faziam.
Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure recursos em
outros lugares, menos na mediunidade, e que apenas dedique a ela, se
for o caso, o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos
levarão em conta o seu devotamento e sacrifícios, enquanto se afastarão
daqueles que esperam fazer da mediunidade um modo de subir
na vida."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XXV - "Dai gratuitamente o que gratuitamente recebeste")

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"O fardo..."

"O fardo que sobrecarrega os ombros de um amigo será sempre mais gravado em seu peso, se nos pusermos a examiná-lo, muitas vezes guiados por observações inoportunas; ele, entretanto, se tornará suave e leve para aquele a quem amamos, se o tomarmos com os nossos esforços sinceros, ensinando-lhe como se pode atenuar-lhe o peso nas curvas do caminho."

("Boa Nova", Humberto de Campos/Francisco Cândido Xavier)

"SEMEADURA"




“Mas, tendo sido semeado, cresce.”
Jesus (MARCOS, 4: 32)

"É razoável todos os homens procurem compreender a substância dos
atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos
regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é imprescindível
examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias,
porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento
evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas
recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os
à chamada “morte no pecado”.
Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e caindo de novo pela
renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui largo círculo
vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das paixões ingratas.
Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema,
representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma
ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal,
tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que
regem a vida."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"EM CADEIAS"





“Pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele
livremente, como me convém falar.” — Paulo. (EFÉSIOS, CAPÍTULO 6,
VERSÍCULO 20.)

"Observamos nesta passagem o apóstolo dos gentios numa afirmativa que
parece contraditória, à primeira vista.
Paulo alega a condição de emissário em cadeias e, simultaneamente,
declara que isto ocorre para que possa servir ao Evangelho, livremente, quanto
convinha.
O grande trabalhador dirigia-se aos companheiros de Éfeso, referindo-se à
sua angustiosa situação de prisioneiro das autoridades romanas; entretanto,
por isto mesmo, em vista do difícil testemunho, trazia o espírito mais livre para
o serviço que lhe competia realizar.
O quadro é significativo para quantos pretendem a independência
econômico-financeira ou demasiada liberdade no mundo, a fim de
exemplificarem os ensinamentos evangélicos.
Há muita gente que declara aguardar os dias da abundância material e as
facilidades terrestres para atenderem ao idealismo cristão. Isto, contudo, é contra-
senso. O serviço de Jesus se destina a todo lugar.
Paulo, entre cadeias, se sentia mais livre na pregação da verdade.
Naturalmente, nem todos os discípulos estarão atravessando esses montes
culminantes do testemunho. Todos, porém, sem distinção, trazem consigo as
santas algemas das obrigações diárias no lar, no trabalho comum, na rotina
das horas, no centro da sociedade e da família.
Ninguém, portanto, tente quebrar as cadeias em que se encontra, na
mentirosa suposição de que se candidatará a melhor posto nas oficinas do
Cristo.
Somente o dever bem cumprido nos confere acesso à legítima liberdade."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 19 de junho de 2012

"SER ESPÍRITA"



"Ser espírita é procurar fazer a diferença, sem se sentir diferente.
É agir com lucidez e responsabilidade, tomando a iniciativa do melhor em benefício de todos.
É dar testemunho de fé nas mais comezinhas atitudes cotidianas.
É vivenciar as lições da Doutrina, sem, contudo, ser moralista, qual se ser espírita se fizesse inacessível à mais frágil das criaturas.
É respeitar os companheiros de Ideal, dialogando fraternalmente sobre possíveis pontos de divergência.
É apaziguar os ânimos exaltados e empreender campanhas de silêncio, quando a conversa leviana ameaça o rendimento do trabalho em grupo.
É sempre estar disposto a perdoar ofensas e, de preferência, jamais se sentir ofendido.
É não se melindrar, ao ponto de promover a desunião com o comprometimento da Causa.
Ser espírita é demonstrar o que se assimilou da Mensagem não apenas através da palavra de erudição, mas, sobretudo, da atitude que lhe confere credibilidade ao verbo esclarecedor.
É ser, onde estiver, um apelo à lógica e ao bom senso, despertando consciências e sensibilizando corações.
É saber, nas atividades em que se engaja, somar com as possibilidades de cada um, dividindo atribuições, para que os resultados se multipliquem.
É não reclamar prestígio e privilégios.
É não se considerar algo que ainda não se é e que, de modo geral, todos estamos muito distantes de ser.
É não se iludir no corpo, para não se decepcionar fora dele.
Ser espírita, portanto, é amar sem restrições, admitindo o equívoco cometido e voltar atrás, se necessário, sem que humilhe ou se sinta humilhado.
É experimentar indefinível alegria por seguir a Jesus, e somente a Ele!
É, sim, reconhecer-se limitado, porém não acomodado em suas próprias mazelas.
É, mais do que não tropeçar e cair, não comprazer-se na queda.
Enfim, ser espírita é ser uma pessoa comum, mas não vulgar."

("Ser Espírita", Spartaco Ghilardi/Carlos A. Baccelli)
              

segunda-feira, 18 de junho de 2012

"ÙNICA MEDIDA"

  "A carteira de identidade presta informações de sua pessoa humana.
       O calendário fala de sua idade física.
       O relógio marca o seu tempo.
       O metro especifica as dimensões do seu corpo.
       A altitude revela a sua localização transitória sobre o nível do oceano.
       A tinta grava as suas impressões digitais.
       O trabalho demonstra a sua vocação.
       A radiografia faculta o exame dos seus órgãos.
       O eletrocardiógrafo determina as oscilações do seu músculo cardíaco.
       Todos os seus estados e condições, realizações e necessidades podem ser definidos por máquinas, engenhos, instrumentos, aparelhos, laboratórios e fichários da Terra, entretanto, não se esqueça você de que o  serviço ao próximo é a única medida que fornece exata notícia do seu merecimento espiritual."

(André Luiz, na obra “Ideal Espírita”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"As penas e os dissabores..."

‎"As penas e os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentos profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e amorosa de Deus fala sempre através deles."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 17 de junho de 2012

"PLURALIDADE DOS MUNDOS"

"55. Todos os globos que circulam no espaço são habitados?
– Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro
em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam
superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem
o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus
criou o universo só para eles.
*Deus povoou os mundos com seres vivos, todos convergindo para o
objetivo final da Providência. Acreditar que só existem seres vivos no planeta
que habitamos seria colocar em dúvida a sabedoria de Deus, que não faz
nada inútil. A cada um desses mundos Deus deve ter dado uma destinação
mais séria do que divertir as nossas vistas. Nada, aliás, nem pela posição,
nem pelo volume, nem pela constituição física da Terra, pode razoavelmente
fazer supor que seja a única a ter o privilégio de ser habitada, com exclusão
de tantos milhares de mundos semelhantes.


56. A constituição física dos diferentes globos é a mesma?
– Não. Não se assemelham em nada.


57. Como a constituição física dos mundos não é a mesma, podemos
concluir que os seres que os habitam têm corpos e uma organização
diferente?
– Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água
e os pássaros, no ar.


58. Os mundos mais afastados do Sol são privados da luz e do
calor, já que o Sol apenas se mostra para eles com a aparência de
uma estrela?
– Acreditais então que não há outras fontes de luz e de calor além do
Sol, e não considerais o valor e a importância da eletricidade que, em
alguns mundos, desempenha um papel que vos é desconhecido e muito
mais importante do que na Terra? Aliás, já dissemos que os seres desses
mundos não são nem da mesma matéria nem têm os órgãos dispostos
como os vossos.
* As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos
devem ser apropriadas ao meio em que vivem. Se nunca tivéssemos
visto peixes, não compreenderíamos que seres pudessem viver na água. É
assim em outros mundos, que contêm, sem dúvida, elementos que nos são
desconhecidos. Não vemos, na Terra, longas noites polares iluminadas pela
eletricidade das auroras boreais4? O que há de impossível em que, em
certos mundos, a eletricidade seja mais abundante do que na Terra e
tenha aplicações e funções, cujos efeitos não podemos compreender?
Esses mundos podem, portanto, conter em si mesmos as fontes de calor
e de luz necessárias aos seus habitantes."
("O Livro dos Espíritos", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)