domingo, 10 de julho de 2011

"CONFLITO"

      "Antigamente, o duelo surgia por hábito deplorável, desfigurando o caráter e enodoando a cultura.
        Empenhavam-se antagonistas, com a presença de testemunhas, em golpes violentos, legalizando o homicídio em nome da honra.
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        O progresso aboliu semelhante nódoa de nossa face, todavia, o conflito continua em outras modalidades, a dentro de nossa vida.
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        Não há mais a característica fulminante dos apetrechos de matar ou ferir, mas o golpe em câmara lenta que o ódio e a incompreensão, a ignorância e a crueldade arremessam por onde passam, gerando perturbações e enfermidade.
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        Por toda parte, vemos o duelo mental torturando e aniquilando criaturas, mantido por nossas atitudes delituosas de uns para com os outros, quando não se exprime, sem forma perceptível aos sentidos comuns, à feição da troca de dardos invisíveis, penetrando corações, arrojando-os, muitas vezes, aos tormentos dos hospícios ou à vala da morte.
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        Fujamos de toda idéia que signifique discórdia e maledicência, ciúme e desespero, maldade e intolerância, porquanto, as imagens desse teor, a fluírem constantes de nossa fonte mental, possuem vitalidade própria, corporificando-se com a persistência de nossas irreflexões repetidas e atingindo o objetivo de nossas projeções, a operarem desajuste e flagelação regressando a nós mesmos, em lamentável retorno, trazendo-nos de volta, a aflição e o infortúnio que tivermos causado.
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        O amor é Lei Universal, mas a Justiça nos segue, serena e inexorável, para que todos nós tenhamos no caminho o justo pagamento de nossas próprias obras."


(“Viajor”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

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