quarta-feira, 31 de agosto de 2016

"ANTE OS OUTROS"

"Senhor!...

Ensina-nos a compreender a importância dos outros.

Em verdade, recolhemos de alguns as dificuldades e os problemas, no entanto, de inúmeros outros obtemos as alegrias e as bênçãos que nos enobrecem a vida.

Entre alguns outros, surpreendemos os adversários gratuitos que, por vezes, buscam entravar-nos os passos; faze-nos entender, porém, que entre muitos outros, encontramos os amigos e os benfeitores, os companheiros de ideal e trabalho, os que colaboram conosco, em nossas realizações, e os que nos aliviam nas tribulações do caminho. De alguns, temos a censura, mas de outros, procedem os estímulos ao desempenho das tarefas que nos confiaste.

Alguns nos inclinam ao pessimismo, entretanto, outros muitos nos estendem cooperação e esperança, encorajamento e carinho.

Das mãos de alguns, recebemos obstáculos que nos alarmam por momentos, no entanto, de muitos outros recebemos consolo e incentivo, apreço e aprovação para muito tempo nas trilhas do cotidiano.

Quando a nuvem da provação nos alcance, induze-nos a buscar, com humildade, o socorro dos corações que nos fazem doadores da paz e da segurança de que todos necessitamos para viver, segundo os teus desígnios.

Senhor, haja o que houver da parte de alguns para que se nos enfraqueçam as energias na estrada do próprio aperfeiçoamento, auxilia-nos a procurar o concurso dos outros com a aceitação de nossa pequenez, para que não nos faltem as oportunidades de serviço e aprimoramento, aprendizado e renovação, hoje e sempre.

Assim seja."

("Deus Aguarda", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 30 de agosto de 2016

SOBRE A INFLUÊNCIA DO MEIO

"Seria errado pensar que é necessário ser médium para atrair os seres do mundo invisível. Eles povoam o espaço, estão constantemente ao nosso redor, nos acompanham, nos vêem e observam, intrometem-se nas nossas reuniões, procuram-nos ou evitam-nos, conforme os atrairmos ou repelirmos. A faculdade mediúnica nada tem com isso: é simplesmente um meio de comunicação. Segundo vimos no tocante às causas de simpatia e antipatia entre os Espíritos. Compreende-se facilmente que devemos estar cercados dos que têm afinidade com o nosso Espírito, de acordo com a nossa elevação ou inferioridade. Consideremos ainda o estado moral do nosso globo e compreenderemos qual o gênero de Espíritos que deve predominar entre os Espíritos errantes. Se tomarmos cada povo em particular poderemos julgar, pelo caráter dominante das criaturas, por suas preocupações e seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, quais as ordens de Espíritos que nele se encontram.
            Partindo desse princípio, imaginemos uma reunião de homens levianos, inconsequentes, interessados apenas em seus prazeres. Quais seriam os Espíritos que de preferência estariam entre eles?
Não serão seguramente os Espíritos superiores, pois que os nossos sábios e filósofos não iriam passar entre eles o seu tempo. Assim, toda vez que os homens se reúnem, há entre eles uma reunião oculta de simpatizantes de suas qualidades ou de suas imperfeições, e isso sem qualquer ideia de evocação.
            Admitamos agora que eles tenham a possibilidade de se comunicar com os seres do mundo invisível através de um intérprete, ou seja, de um médium. Que Espíritos responderão ao seu apelo?
Evidentemente os que lá estão, predispostos a isso, e que nada mais buscam do que uma ocasião favorável. Se numa reunião fútil se evocar um Espírito superior, ele poderá atender, dando uma comunicação orientadora, como a um bom pastor que se dirige às suas ovelhas desgarradas. Mas se não se vê compreendido nem ouvido, vai-se embora, como também o farias em seu lugar, e os outros têm o campo livre."

(" O Livro dos Médiuns", Allan Kardec)

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

"TUA RELIGIÃO"

"Em muitas ocasiões, perguntas se ela é realmente a melhor.
Não precisas, porém, de largar comparações.
Faze o exame da própria fé.
Se, nas crises da vida, quando suplicas concessões especiais, em teu benefício, a tua religião te ensina que todas as criaturas são filhas do Criador, sem que te seja lícito exigir qualquer privilégio na Criação...
Se, nas atribuições de merecimento, quando rogas favores particulares para aqueles que te desfrutam os caprichos do afeto, a tua religião te aconselha a respeitar o direito dos outros...
Se, nas invasões da mentira, diante das perturbações que se distendem por gases envenenados, quando te inclinas, naturalmente, para onde te predisponham os ventos da simpatia, a tua religião te confere a precisa força moral para aceitar a verdade...
Se, no jogo dos interesses materiais, quando tentações numerosas te induzem a trapacear, em nome da inteligência, com vantagens pessoais manifestas, a tua religião te mostra o caminho do dinheiro correto, sem afastar-te do suor no trabalho e da responsabilidade no esforço próprio...
Se, nos dias amargos de humilhações, quando o orgulho ferido te sugere desespero e revide, a tua religião te recomenda humildade e abnegação com a desculpa incondicional das ofensas e esquecimento de todo mal...
Se, nas horas de angústia, perante a morte que paira, inevitável, sobre a fronte dos entes queridos, quando a separação temporária te impele ao desânimo e à rebeldia, a tua religião te assegura a certeza da imortalidade da alma, sustentando-te a paciência e iluminando-te as esperanças...
Se, a tua religião considera a felicidade do próximo acima de tua felicidade, convertendo-se em serviço incessante no bem, sob a inspiração da justiça, a tua religião é e será sempre uma luz verdadeira para o caminho, conduzindo-te a alma, degrau de entendimento e trabalho, para as esferas superiores.
Se te declaras em ação na Doutrina Espírita, efetivamente, a tua religião não pode ser outra.
E, se dúvidas te avassalam o pensamento em matéria de crença e conduta, preconceitos e tradições, entra no mundo de ti mesmo e indaga da própria consciência qual teria sido, entre os homens, a religião de Jesus."

("Mãos Marcadas, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 28 de agosto de 2016

"MELHORAR SEMPRE"

"Por isso também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem suas almas ao fiel Criador, na prática do bem.” — Pedro (I Pedro, 4:19.

"Justo lembrar que a Providência Divina nos endereça todos à paz e à felicidade, ao aperfeiçoamento e à vitória. 

Entretanto, quantas vezes e quantos de nós, a meio caminho para o triunfo, nos motivamos para a frustração e marginalizamo-nos por tempo indeterminado em desânimo e pessimismo?

 Prendemo-nos ao lado negativo de contratempos salvadores e costumamos dizer:

 — Nada posso. 
— Tudo é contra mim.
 — Só vejo trevas. 
— Sou um caso perdido. 
— Moro no azar. 
— Sou sempre infeliz. 
— A vida é uma carga insuportável.

 Na fieira de semelhantes condenações, esquecemo-nos de que cada qual de nós tem o seu mundo próprio, e, se induzimos o nosso próprio mundo ao fracasso, quem nos livrará do fracasso, se somos todos criaturas de Deus com a faculdade de criar os nossos próprios destinos? 

Consideremos isso, selecionando expressões e afirmações compatíveis com a nossa condição de espíritos imortais, ante as Leis do Universo.

 Uma frase estabelece determinada disposição. 

Determinada disposição produz certa atividade específica. 

Certa atividade específica gera circunstâncias. 

E circunstâncias constroem a vida. 

Em todos os lances da existência, procuremos palavras de esperança e fé, alegria e bênção para usá-las a benefício próprio, de vez que, ainda mesmo nos últimos degraus do sofrimento, dispomos nós todos, com o amparo de Deus, do privilégio de renovar e da felicidade de servir."

(Emmanuel, na obra "Fonte de Paz", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 27 de agosto de 2016

"POLÉMICA ESPÍRITA"

"Várias vezes já nos perguntaram por que não respondemos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas, dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários e, por vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, em certos casos, é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente, o que seria muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para se instruírem, e não para ouvirem diatribes mais ou menos espirituosas. Ora, uma vez engajado nesse caminho, difícil seria dele sair, razão por que preferimos nele não entrar, com o que o Espiritismo só tem a ganhar em dignidade. Até agora só temos que aplaudir a nossa moderação, da qual não nos desviaremos, e jamais daremos satisfação aos amantes do escândalo. 

Entretanto, há polémica e polémica; uma há, diante da qual jamais recuaremos: é a discussão séria dos princípios que professamos. Todavia, mesmo aqui há uma importante distinção a fazer; se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina, sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam de antemão tudo quanto não compreendem, não merecem maior atenção; o terreno ganho diariamente pelo Espiritismo é uma resposta suficientemente peremptória e que lhes deve provar que seus sarcasmos não têm produzido grande efeito; também notamos que os gracejos intermináveis de que até pouco tempo eram vítimas os partidários da doutrina pouco a pouco se extinguem. Perguntamos se há motivos para rir quando vemos as ideias novas adotadas por tantas pessoas eminentes; alguns não riem senão com desprezo e pela força do hábito, enquanto muitos outros absolutamente não riem mais e esperam.

Notemos ainda que, entre os críticos, há muitas pessoas que falam sem conhecimento de causa, sem se darem ao trabalho de a aprofundar. Para lhes responder seria necessário recomeçar incessantemente as mais elementares explicações e repetir aquilo que já escrevemos, providência que julgamos inútil. Já o mesmo não acontece com os que estudaram e nem tudo compreenderam, com os que querem seriamente esclarecer-se e com os que levantam objeções de boa-fé e com conhecimento de causa; nesse terreno aceitamos a controvérsia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que seria muita presunção de nossa parte. A ciência espírita dá os seus primeiros passos e ainda não nos revelou todos os seus segredos, por maiores sejam as maravilhas que nos tenha desvendado. Qual a ciência que não tem ainda fatos misteriosos e inexplicados? Confessamos, pois, sem nos envergonharmos, nossa insuficiência sobre todos os pontos que ainda não nos é possível explicar. Assim, longe de repelir as objeções e os questionamentos, nós os solicitamos, contanto que não sejam ociosos, nem nos façam perder o tempo com futilidade, pois que representam um meio de nos esclarecermos.

É a isso que chamamos polémica útil, e o será sempre quando ocorrer entre pessoas sérias que se respeitam bastante para não se afastarem das conveniências. Podemos pensar de modo diverso sem, por isso, deixar de nos estimarmos. Afinal de contas, o que buscamos todos nessa tão palpitante e fecunda questão do Espiritismo? O nosso esclarecimento. Antes de mais, buscamos a luz, venha de onde vier; e, se externamos a nossa maneira de ver, trata-se apenas da nossa maneira de ver, e não de uma opinião pessoal que pretendamos impor aos outros; entregamo-la à discussão, estando prontos para a ela renunciar se demonstrarem que laboramos em erro. Essa polêmica nós a sustentamos todos os dias em nossa Revista, através das respostas ou das refutações coletivas que tivemos ocasião de apresentar, a propósito desse ou daquele artigo, e aqueles que nos honram com as suas cartas encontrarão sempre a resposta ao que nos perguntam, quando não a podemos dar individualmente por escrito, uma vez que nosso tempo material nem sempre o permite. Suas perguntas e objeções igualmente são objeto de estudos, de que nos servimos pessoalmente, sentindo-nos felizes por fazer com que nossos leitores os aproveitem, tratando-os à medida que as circunstâncias apresentam os fatos que possam ter relação com eles. Também sentimos prazer em dar explicações verbais às pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferências assinaladas por recíproca benevolência, nas quais nos esclarecemos mutuamente."

"Revista Espírita", Novembro de 1858

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"PROVAS DE FOGO"

“E o fogo provará qual seja a obra de cada um.” Paulo (I Coríntios, 3:13)  

"A indústria mecanizada dos tempos modernos muito se refere às provas de fogo para positivar a resistência de suas obras e, ponderando o feito, recordemos que o Evangelho, igualmente, se reporta a essas provas, há quase vinte séculos, com respeito às aquisições espirituais. 

Escrevendo aos Coríntios, Paulo imagina os obreiros humanos construindo  sobre o único fundamento, que é Jesus Cristo, organizando cada qual as próprias realizações, de conformidade com os recursos evolutivos.

Cada discípulo, entretanto, deve edificar o trabalho que lhe é peculiar, convicto  de que os tempos de luta o descobrirão aos olhos de todos, para que se efetue reto juízo acerca de sua qualidade. 

O aperfeiçoamento do mundo, na feição material, pode fornecer a imagem do que seja a importância dessas aferições de grande vulto. A Terra permanece cheia de fortunas, posições, valores e inteligências que não suportam as provas de fogo; mal se aproximam os movimentos purificadores, descem, precipitadamente, os degraus da miséria, da ruína, da decadência. 

No serviço do Cristo, também é justo  que o aprendiz aguarde o momento de verificação  das próprias possibilidades. O caráter, o amor, a fé, a paciência, a esperança representam conquistas para a vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxilio santo do  Mestre, mas todos os discípulos devem contar com as experiências necessárias que, no instante oportuno, lhe provarão as qualidades espirituais."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

"FATALIDADE E DESTINO"

"Fatalidade e destino são dois termos que se empregam, amiúde, para
expressar a força determinante e irrevogáveL dos acontecimentos da vida, bem
assim o arrastamento irresistível do homem para tais sucessos,
independentemente de sua vontade.
Estaríamos nós, realmente, à mercê dessa força e desse arrastamento?
Raciocinemos:
Se todas as coisas estivessem previamente determinadas e nada se
pudesse fazer para impedi-las ou modificar-lhes o curso, a criatura humana se
reduziria a simples máquina, destituída de liberdade e, pois, inteiramente irresponsável.
Subseqüentemente, os conceitos de Bem e Mal ficariam sem base,
tornando nulo todo e qualquer princípio ditado pela Moral.
Ora, é evidente que, quase sempre, nossas decepções, fracassos e
tristezas decorrem, não de nossa “má estrela”, como acreditam os
supersticiosos, mas pura e simplesmente de nossa maneira errônea de
proceder, de nossa falta de aptidão para conseguir o que ambicionamos, ou
por uma expectativa exageradamente otimista sobre o que este mundo nos
possa oferecer.
Importa reconhecermos, entretanto, que, embora grande parte daquilo que
nos acontece sejam consequências naturais de atos consciente ou
inconscientemente praticados por nós, ou por outrem, com ou sem a intenção
de atingir-nos, vicissitudes, desgostos e aflições há que nos alcançam sem que
possamos atribuir-lhes uma causa cognoscível, dentro dos quadros de nossa
existência atual.
Sirvam-nos de exemplo certos acidentes pessoais, determinadas doenças
e aleijões, desastres financeiros absolutamente imprevisíveis, que nenhuma
providência nossa ou de quem quer que seja teria podido evitar, ou o caso de
pessoas duramente feridas em suas afeições ou cujos reveses cruéis não
dependeram de sua inteligência, nem de seus esforços.
As doutrinas que negam a pluralidade das existências, impossibilitadas de
apresentar uma explicação satisfatória para essa importante questão, limitamse
a dizer que os desígnios de Deus são imperscrutáveis, ou a recomendar
paciência e resignação aos desgraçados, como se isso fôsse suficiente para
saciar a sede das mentes perquiridoras e tranquilizar os corações dilacerados
pela dor.
A Doutrina Espírita, ao contrário, com a chave da reencarnação, faz-nos
compreender claramente o porquê de todos os problemas relacionados com a
nossa suposta “má sorte”.
Os acontecimentos que nos ferem e magoam, no corpo ou na alma, sem
causa imediata nem remota nesta vida, longe de se constituírem azares da
fatalidade ou caprichos de um destino cego, são efeitos da Lei de Retorno, pela
qual cada um recebe de volta aquilo que tem dado.
Em anterior(es) existência(s), tivemos a, faculdade de escolher entre o
amor e o ódio, entre a virtude e o vicio, entre a justiça e a iniquidade; agora,
porém, temos que sofrer, inexoràvelmente, o resultado de nossas decisôes,
porque “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.
Quando assim não seja, as dificuldades e os sofrimentos por que
passamos fazem parte das provas por nós mesmos escolhidas, antes de
reencarnarmos, com o objetivo de desenvolver esta ou aquela boa qualidade
de que ainda nos ressentimos, ativando, destarte, nosso aperfeiçoamento, a
fim de merecermos acesso a planos mais felizes onde a paz e a harmonia
reinam soberanamente.
Em suma, algumas circunstâncias graves, capazes de ensejar nosso progresso
espiritual, podem, sim, ser fatais; mas já vimos que somos nós próprios, no
exercício do livre arbítrio, que Lhes geramos as causas determinantes.
Nosso presente nada mais é, portanto, que o resultado de nosso passado,
assim como nosso futuro está sendo construído agora, pelos pensamentos,
palavras e ações de cada momento.
Tratemos, então, de dignificar nossa presença à face da Terra, agindo
sempre em conformidade com as leis divinas, para que nossas agruras de hoje
se transformem, amanhã, sômente em bênçãos e alegrias, bem-estar e tranquilidade."
("As Leis Morais", Rodolfo Calligaris)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

"BENDITO AGUILHÃO"

 "Atendendo a certas interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum, Jesus explicava solícito:  

-Destina-se a Boa-Nova, sobretudo, à vitória da fraternidade. 
 Nosso Pai espera que os povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para sempre. 
Não é justo combatam as criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios da vida, dos quais somos todos simples usufrutuários. 
 Operemos, assim, contra a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que improvisa a loucura e contra o egoísmo que isola as almas entre si.... 
 Naturalmente, a grande transformação não surgirá do inesperado. Santifiquemos o verbo que antecipa a realização. 
 No pensamento bem conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação que nos cabe desenvolver. 
 A paciência no ensino garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino divino, e a nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita Bondade sobre o mundo inteiro. 
 Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece adequada solução ao grande problema. 
 Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as manifestações. 

 Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, 
Pedro interferiu, perguntando:
 -Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Bom-Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra... No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus? 
 E Filipe, ajuntou algo tímido? 
 -Grande realidade!... Não é fácil concentrar idéias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda. É quase impossível meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques...

 Outros companheiros se exprimiram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores. Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação. 

 Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes. No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão... 
 Os enfermos penetravam o gabinete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e voltavam jubilosos. Tão logo reapareciam, de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranquilidade e ao movimento, formulava Pedro o convite fraterno para o banquete da verdade e luz. O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra. 
 Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações vulgares, com urgência. Com a cura da última feridenta, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes. Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembleia. 

O pescador de Cafarnaum endereçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou compassivo:

 -Pedro, estuda a experiência e aguarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta. E sorrindo, expressivamente, rematou: 

 -A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Se o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso."
("Contos e Apólogos", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

"CONTENTAR-SE"

“Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentarme com o que tenho.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 4, versículo 11.) 

"A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas na Terra. 

A vida simples, condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer, foi esquecida pela generalidade dos homens. Esmagadora percentagem das súplicas terrestres não consegue avançar além do seu acanhado âmbito de origem. 

Pedem-se a Deus absurdos estranhos. Raras pessoas se contentam com o material recebido para a solução de suas necessidades, raríssimas pedem apenas o “pão de cada dia”, como símbolo das aquisições indispensáveis. 

O homem incoerente não procura saber se possui o menos para a vida eterna, porque está sempre ansioso pelo mais nas possibilidades transitórias. Geralmente, permanece absorvido pelos interesses perecíveis, insaciado, inquieto, sob o tormento angustioso da desmedida ambição. Na corrida louca para o imediatismo, esquece a oportunidade que lhe pertence, abandona o material que lhe foi concedido para a evolução própria e atira-se a aventuras de consequências imprevisíveis, em face do seu futuro infinito. 

Se já compreendes tuas responsabilidades com o Cristo, examina a essência de teus desejos mais íntimos. Lembra-te de que Paulo de Tarso, o apóstolo chamado por Jesus para a disseminação da verdade divina, entre os homens, foi obrigado a aprender a contentar-se com o que possuía, penetrando o caminho de disciplinas acerbas. 

Estarás, acaso, esperando que alguém realize semelhante aprendizado por ti?"

("Caminho, Verdade e Vida". Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

"A BOA PARTE"

"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada." - Jesus. (Lucas, 10:42)

"Não te esqueças da "boa parte" que reside em todas as criaturas e
em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo
indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, 
não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o
enfermeiro que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode
ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do
bem-estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.
"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada" - disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem procura a "boa parte" e nela se detém, recolhe no campo da
vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado."

("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 21 de agosto de 2016

"NOS COMPROMISSOS DE TRABALHO"


"Nunca se envergonhe, nem se lamente de servir.
Enriquecer o trabalho profissional, adquirindo conhecimentos
novos, é simples dever.
Colabore com a chefia através da obrigação retamente cumprida,
sem mobilizar expedientes de adulação.
Em hipótese alguma, diminuir ou desvalorizar o esforço dos colegas.
Jamais fingir enfermidades ou acidentes, principalmente no intuito de se beneficiar das leis de proteção ou amparo das instituições securitárias,
porque a vida costuma cobrar caro semelhantes mentiras.
Nunca atribua unicamente a você o sucesso dessa ou daquela tarefa, compreendendo que em todo trabalho há que considerar o espírito de equipe.
Sabotar o trabalho será sempre deteriorar o nosso próprio interesse.
Aceitar desordem ou estimulá-la é patrocinar o próprio desequilíbrio.
Você possui inúmeros recursos de promover-se ou de melhorar área de ação,
sem recorrer a desrespeito, perturbação, azedume ou rebeldia.
Em matéria de remuneração, recorde: quem trabalha deve receber,
mas igualmente quem recebe deve trabalhar."

("Sinal Verde", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 20 de agosto de 2016

"PENSAMENTOS"

 “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo  o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que  é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há  algum louvor, nisso pensai.” Paulo (Filipenses, 4:8)  

"Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento  das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental quê os produziu, nos movimentos incessantes da vida. 

O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão-­somente com os primores intelectuais da Filosofia que o  discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o  homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do  coração.

 É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando  que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos. 

Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-­se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no  mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou  extinção.O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo.

 Os discípulos que puderem compreender­-lhe a essência profunda, buscando  ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando ­o, em cada dia, terão encontrado a divina equação."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"COMO CONQUISTAR A PROSPERIDADE"

"Indagação de Kardec: “Pessoas há que parecem favorecidas pela sorte,
pois tudo lhes sai bem. A que atribuir isso ?“
Resposta de seus instrutores espirituais:
“De ordinário, é que essas pessoas sabem conduzir-se melhor em suas
empresas.
Aí está. A aparente “boa sorte” nada mais é que o resultado de uma
conduta inteligente à face das vicissitudes terrenas.
Se quisermos prosperar, urge, antes de mais nada, que nos. determinemos
claramente o objetivo a ser alcançado. Não pode ter ímpeto de subir quem não
tem orientação. Aquele que não sabe para onde vai, acaba por acomodar-se à
situação em que está, deixando passar as horas, os dias e os anos na mais
completa passividade.
Outrossim, não devemos esperar, ingênua-mente, que nos convidem a
participar do banquete da vida. Quando ficamos na expectativa da ocasião
oportuna para intentarmos algo, geralmente ela não chega. É preciso partir em
direção do triunfo desejado, arrostando sacrifícios, desafiando contingências,
criando, enfim, as oportunidades que almejamos, tendo sempre na lembrança
aquela máxima que nos adverte: “Há poucos bancos com sombra no caminho
da glória.”
Quase todas as pessoas têm aspirações, desejos; poucas, entretanto, as
que se propõem chegar à meta de seus sonhos. Diariamente desperdiçam
ensejos de se melhorarem, renovam promessas e intenções, mas o certo éque
jamais chegam a realizá-las.
Cumpre estejamos advertidos, também, de que apreciável parte do que
fazemos é produto ou resultado de influências que outros exercem em nós e
muitas de nossas atitudes são o reflexo desse poder. Inconsciente ou
conscientemente, imitamos, amoldamos, copiamos os atos e pensamentos de
outras pessoas.
Assim, pois, se pretendemos classificar-nos entre os homens de primeira
ordem, não devemos louvar-nos nos indolentes, nem nos negligentes, menos
ainda nos pessimistas, que façam diminuir o nosso interesse pelas coisas
grandiosas, inclinando-nos para a mediocridade e o comodismo. Inspiremonos,
isto sim, naqueles que mostram possuir uma vontade poderosa,
dominante, e que por ela conseguiram vencer suas próprias fraquezas e
deficiências, chegando a ocupar lugares de destaque, valor e distinção.
Investiguemos como e porque essas pessoas conseguiram sobrepor-se
a todas as adversidades, como e porque se tornaram verdadeiros luminares,
escrevendo, com seus exemplos, episódios sublimes de paciência, firmeza e
pugnacidade.
Procuremos conhecer a biografia dessas criaturas vitoriosas que se
constituíram paradigmas para a Humanidade e sigamos-lhes, corajosamente,
as pegadas.
Como disse o grande Rui Barbosa, “a vida não tem mais que duas portas:
uma de entrar, pelo nascimento; outra de sair, pela morte. Em tão breve trajeto
cada um há-de acabar a sua tarefa.
Com que elementos? Com os que herdou e os que cria. Aqueles são a
parte da natureza.
Estes, a do trabalho. Ninguém desanime, pois, de que o berço lhe não
fôsse generoso, ninguém se creia malfadado, por lhe minguarem de nascença
haveres e qualidades. Em tudo isso não há surpresas, que se não possam
esperar da tenacidade e santidade do trabalho.”
Qualquer, portanto — concluímos nós —, nos limites de sua energia moral,
pode reagir sobre as desigualdades nativas e, pela fé em si mesmo, pela
atividade, pela perseverança, pelo aprimoramento constante de suas
faculdades, igualar-se e até mesmo sobrepujar os que a natureza ou a
sociedade melhor haviam aquinhoado.
Nesse aprimoramento, não devem ser esquecidas certas virtudes a que
poderíamos chamar domésticas, como a pontualidade, a delicadeza, a
sobriedade, a ética profissional, etc, de que necessitamos para uso cotidiano,
pois muitos homens mentalmente superiores têm fracassado em seus
empreendimentos por negligenciarem de tais predicados.
Faz-se mister, ainda, que adquiramos o hábito da economia e nele nos
adestremos. Não certamente, como alguns indivíduos, que se privam do útil e
até do necessário, só para ficarem mais ricos; nem tão-pouco procedendo
como aqueles que gastam tudo quanto possuem, e às vezes mesmo o que não
possuem, perdulàriamente, em coisas supérfluas ou no aprazimento de vícios
perniciosos e vaidades tolas. Esses dois extremos são deformações linfelizes.
O ideal está no meio termo: não ser pródigo, nem avarento, mas criterioso no
gastar, graduando as necessidades na proporção das rendas que se tenham,
de sorte que haja sempre algumas sobras, para com elas formar um pecúlio
que nos ponha a salvo das incertezas do amanhã.
Mas, fixemos bem Isto: não é apenas o dinheiro que devemos poupar. Há
outros bens de maior valia que precisam e devem ser pou pados com mais
cuidado ainda. É o tempo, que não convém ser malbaratado à-toa, mas
sàbiamente aproveitado na aquisição de novos conhecimentos e experiências
que nos enriqueçam a personalidade. São as energias físicas e espirituais, que
não devem ser dissipadas loucaxnente em noites mal dormidas, na satisfação
de prazeres desonestos, pois tais desregramentos, sobre serem contrários aos
princípios da moral cristã, arruínam a saúde, roubani a paz interior e aviltam a
dignidade humana.
Ao contrário do que a alguns possa parecer, o progresso é ilimitado,
infinito, existindo sempre mil e uma possibilidades de realizações bem
inspiradas, capazes de nos premiarem com o êxito e a prosperidade.
Assumamos, portanto, uma atitude de otimismo e de autoconfiança e
marchemos, resolutos, para a frente, sempre para a frente, na convicção plena
e inabalável de que a vida é bela e boa e venturosa, para todos aqueles que a
saibam viver!"

("As Leis Morais", Rodolfo Calligaris)

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

"EU " CONTRA "EU"

"Quando o Homem ainda jovem desejou cometer o primeiro desatino, aproximou-se o Bom Senso e observou-lhe.

 -Detém-te! Por que te confias assim ao mal? 

 O interpelado, porém respondeu orgulhoso:

 -Eu quero. 

 Passando, mais tarde, à condição de perdulário e adotando a extravagância e a loucura por normas de viver, apareceu a Ponderação e aconselhou-o: 

 -Pára! Por que te consagras, desse modo, ao gasto inconsequente? 

 Ele, contudo, esclareceu jactancioso:

 -Eu posso.

 Mais tarde, mobilizando os outros a serviço da própria insensatez, recebeu a visita da Humildade, que lhe rogou, piedosa: 

-Reflete! Por que te não compadeces dos mais fracos e dos mais ignorantes? 

 O infeliz, todavia, redarguiu colérico.

 -Eu mando. 

 Absorvendo imensos recursos, inutilmente, quando poderia beneficiar a coletividade, abeirou-se dele o Amor e pediu:

 -Modifica-te! Sê caridoso! Como podes reter o rio das oportunidades sem socorrer o campo das necessidades alheias? 

 E o mísero informou:

 -Eu ordeno.

 Praticando atos condenáveis, que o levaram ao pelourinho da desaprovação pública, a Justiça acercou-se dele e recomendou? 

 -Não prossigas! Não te dói ferir tanta gente? 

 O infortunado, entretanto, acentuou implacável:

 -Eu exijo. 

 E assim viveu o Homem, acreditando-se o centro do Universo, reclamando, oprimindo e dominando, sem ouvir as sugestões das virtudes que iluminam a Terra, até que, um dia, a Morte o procurou e lhe impôs a entrega do corpo físico. O desditoso entendeu a gravidade do acontecimento, prosternou-se diante dela e considerou: 

 -Morte, por que me buscas? 

 -Eu quero-disse ela. 

 -Por que me constranges a aceitar-te?-gemeu triste. 

 -Eu posso-retrucou a visitante. 

 -Como podes atacar-me deste modo?

 -Eu mando. 

 -Que poderes te movem? 

 -Eu ordeno. 

 -Defender-me-ei contra ti -clamou o Homem, desesperado-, duelarei e receberás a minha maldição!...

 Mas a Morte sorriu imperturbável, e afirmou:

 -Eu exijo. 

 E, na luta do "eu", contra "eu", conduziu-o à casa da Verdade para maiores lições."
("Contos e Apólogos", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

"ESCRITORES"

“Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com vestes compridas.” — Jesus. (MARCOS, capítulo 12, versículo 38.) 

"As letras do mundo sempre estiveram cheias de “escribas que gostam de andar com vestes compridas”.

Jesus referia-se não só aos intelectuais ambiciosos, mas também aos escritores excêntricos que, a pretexto de novidade, envenenam os espíritos com as suas concepções doentias, oriundas da excessiva preocupação de originalidade. 

É preciso fugir aos que matam a vida simples. 

O tóxico intelectual costuma arruinar numerosas existências. 

Há livros cuja função útil é a de manter aceso o archote da vigilância nas almas de caráter solidificado nos ideais mais nobres da vida. Ainda agora, quando atravessamos tempos perturbados e difíceis para o homem, o mercado de idéias apresenta-se repleto de artigos deteriorados, pedindo a intervenção dos postos de “higiene espiritual”.

 Podereis alimentar o corpo com substâncias apodrecidas? 

Vossa alma, igualmente, não poderá nutrir-se de ideais inferiores, na base da irreligião, do desrespeito, da desordem, da indisciplina. 

Observai os modelos de decadência intelectual e refleti com sinceridade na paz que desejais íntima-mente, Isso constituirá um auxílio forte, em favor da extinção dos desvios da inteligência."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 16 de agosto de 2016

"SOCIEDADE PARISIENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS, PRIMEIRO CENTRO ESPÍRITA DO MUNDO"

"Uma das providências mais significativas tomadas por Allan Kardec, após descortinar a visão panorâmica do mundo espiritual através de "O Livro dos Espíritos", foi a de procurar estabelecer a melhor maneira de pesquisar esse mundo que se abria diante da humanidade, de estudar os procedimentos para o relacionamento com os desencarnados e de difundir os ensinos dos Espíritos superiores.
Contrariando, pois, os usos da época, em que as manifestações das "mesas girantes" eram práticas de salão das residências burguesas, o Codificador, filho de magistrado e pedagogo de mérito, foi de parecer que as reuniões espíritas deveriam ser levadas a efeito em instituição especialmente criada para esse objetivo, a fim de evitar a frivolidade e a interferência de contingências da vida privada dos participantes.
Assim, no dia 1º de abril de 1858, praticamente um ano após o lançamento do 1º volume da Codificação, ao lado de diversos estudiosos, Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – SPEE.
Conforme consta na página final da Revista Espírita de maio de 1858, Kardec deu ciência da criação da Sociedade, nos seguintes termos: "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Fundada em Paris a 1o de abril de 1858 e autorizada por portaria do sr. Prefeito de Polícia, conforme o aviso de S. Ex. o sr. Ministro do Interior e da segurança geral, em data de 13 de abril de 1858".
"A extensão por assim dizer universal que tomam diariamente as crenças espíritas faziam desejar vivamente a criação de um centro regular de observações. Esta lacuna acaba de ser preenchida. A Sociedade cuja formação temos o prazer de anunciar, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenções e animadas do sincero desejo de esclarecimento, contou, desde o início, entre os seus associados, com homens eminentes por seu saber e por sua posição social. Estamos convictos de que ela está chamada a prestar incontestáveis serviços à constatação da verdade. Sua lei orgânica lhe assegura uma homogeneidade sem a qual não haverá vitalidade possível; está baseada na experiência dos homens e das coisas e no conhecimento das condições necessárias às observações que são o objeto de suas pesquisas. Vindo a Paris, os estranhos que se interessam pela doutrina espírita terão um centro ao qual poderão dirigir-se e comunicar suas próprias observações".
O Estatuto (regulamento) dessa entidade, o primeiro Centro Espírita regularmente constituído no mundo, estava normatizado por 29 artigos que tratavam dos objetivos e fins, da constituição, dos sócios, da administração, das sessões e de outras disposições (inserido no Capítulo XXX de "O Livro dos Médiuns").
As reuniões, em seu primeiro ano de funcionamento, eram realizadas às sextas-feiras, na Rua de Valois, nº 35 – Bairro Palais-Royal, em Paris.
A partir de 20 de abril de 1860, conforme consta na biografia de Kardec, de autoria de Francisco Thiesen e Zeus Wantuil, a Sociedade ficou definitivamente instalada num imóvel alugado na Rua Sainte Anne, nº 59, para onde, dois meses depois, foi transferida a redação da Revista Espírita.
De acordo com o relatório de abril de 1862, publicado no mencionado periódico, a Sociedade experimentou considerável crescimento nesses dois anos de funcionamento, com 87 sócios efetivos pagantes, contando entre os membros: cientistas, literatos, artistas, médicos, engenheiros, advogados, magistrados, membros da nobreza, oficiais do exército e da marinha, funcionários civis, empresários, professores e artesãos. O número de visitantes chegava a quase 1500 pessoas por ano.
Kardec, que desempenhava o cargo de presidente desde a criação da entidade, fatigado com o excesso de trabalho e aborrecido com as querelas administrativas, por várias vezes, externou o desejo de renunciar. Instado, porém, pelos mentores espirituais, continuou no exercício da presidência até a data de sua desencarnação.
O Codificador era rigoroso no cumprimento das disposições estatutárias e na disciplina na condução das atividades aí realizadas. Exigia de todos os participantes extrema seriedade e isso contribuiu para dar muita credibilidade à instituição e aos seus pronunciamentos acerca dos assuntos tratados. Era extremamente prudente e austero nos pareceres exarados e nunca permitiu que a Sociedade se tornasse arena de controvérsias e debates estéreis.
As atividades levadas a efeito, na época, podem ser apreciadas pela leitura do "Boletim", usualmente inserido na Revista Espírita.
Embora tenha sido a SPEE a primeira entidade espírita oficialmente constituída, ela nunca teve sobre outras quaisquer vínculos de ascendência, filiação ou solidariedade material, e os laços que as unia eram apenas de identidade de objetivos e de troca de experiências.
Conforme mencionado na citada biografia, "a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas se viu sujeita a muitas vicissitudes" ... "Sobrepôs às calúnias e maledicências de toda sorte, firmou-se, cresceu e veio a ser modelo para numerosas associações de estudo e propaganda da Nova Revelação, posteriormente criadas na França e em várias outras partes do mundo, inclusive no Brasil".
(Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

"EDUCA"



"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós ?" - Paulo. (I Corintios, 3: 16.)

"Na semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.
No coração da terra, há melodias da fonte.
No bloco de pedra, há obras-primas de estatuária.
Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.
A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se imaculada.
A jóia de escultura pede milagres do buril.
Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.
Deus está em nós, quanto estamos em Deus.
Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é
necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no
empedrado caminho dos milênios.
Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o
heroísmo santificante.
Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de
pensamento.
Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, 
o verbo sublime e a voz consoladora.
Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso
aperfeiçoamento.
Educa e transformarás a irracional idade em inteligência, a
inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
Educa e edificarás o paraíso na Terra.
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa
vida, a fim de manifestá-lo."

(Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)


domingo, 14 de agosto de 2016

"EM TORNO DA PROFISSÃO"

"A sua profissão é privilégio e aprendizado.
Se você puser amor naquilo que faz, para fazer os outros felizes,
a sua profissão, em qualquer parte, será sempre um rio de bênçãos.
O seu cliente, em qualquer situação, é semelhante à árvore que produz, em seu favor, respondendo sempre na pauta do tratamento que recebe.
Toda tarefa corretamente exercida é degrau de promoção.
Em tudo aquilo que você faça, na atividade que o Senhor lhe
haja concedido, você está colocando o seu retrato espiritual.
Se você busca melhorar-se, melhorando o seu trabalho,
guarde a certeza de que o trabalho lhe dará vida melhor.
O essencial em seu êxito não e tanto aquilo que você distribui 
e sim a maneira pela qual você se decide a servir.
Ninguém procura ninguém para adquirir condenação ou azedume.
Sempre que alguém se queixe de alguém, está criando empeços
na própria estrada para o sucesso.
Toda pessoa que serve além do dever, 
encontrou o caminho para a verdadeira felicidade."


("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 13 de agosto de 2016

"PERDÃO E LIBERDADE"


"Aprendamos a perdoar, conquistando a liberdade de servir.
E imprescindível esquecer o mal para que o bem se efetue.
Onde trabalhas, exercita a tolerância construtiva para que a tarefa não se escravize a perturbações...
Em casa, guarda o entendimento fraterno, a fim de que a sombra não te algeme o espírito ao desespero...
Onde estiveres e onde fores, lembra-te do perdão incondicional, para que o auxílio dos outros te assegure paz à vida.
É indispensável que a compreensão reine hoje entre nós, para que amanhã não estejamos encarcerados na rede das trevas.
A morte não é libertação pura e simples.
Desencarnar-se a alma do corpo não é exonerar-se dos sentimentos que lhe são próprios.
Muitos conduzem consigo, além-túmulo, uma taça de fel envenenado com que aniquilam os melhores sonhos dos que ficaram na Terra, e muitos dos que ficam na Terra conservam consigo no coração um vaso de fogo vivo com que destroem as melhores esperanças dos que demandam o cinzento portal do túmulo.
Não procures para tua alma o inferno invisível do ódio.
Acomoda-te com o adversário ainda hoje, procurando entendê-lo e servi-lo, para que amanhã não te matricules em aflitivas contendas com forças ocultas.
Transferir a reconciliação para o caminho da morte é atormentar o caminho da própria vida.
Desculpa sempre, reconhecendo que não prescindimos da paciência alheia.
Nem sempre somos nós a vítima real, de vez que, por atitudes imanifestas, induzimos o próximo a agir contra nós convertendo-nos, ante os tribunais da Justiça Divina, em autores, intelectuais dos delitos que passamos a lamentar indebitamente diante dos outros.
Toda intolerância é violência.
Toda dureza espiritual é crueldade.
Quase sempre, a crítica é corrosivo do bem, tanto quanto a acusação habitualmente, é um chicote de brasas.
E sabendo que encontraremos na estrada a projeção de nós mesmos, conservemos o perdão por defensor de nossa liberdade, ajudando agora para que não sejamos desajudados depois."

("Trevo de Ideias", Emmanuel/Médium: Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

"MÉDIUNS ESCREVENTES"

"Médiuns escreventes são aqueles por cujas mãos os espíritos escrevem.
Para isso influenciam o braço e mão do médium.
Nesta classe de médiuns, distinguimos os seguintes :
Os médiuns escreventes mecânicos que não sabem que os espíritos
escrevem durante a manifestação; só saberão quando lerem a mensagem.
Estes médiuns são raros.
Os médiuns escreventes semi-mecânicos que sabem que os espíritos
escrevem, à medida que se formam as palavras. Estes médiuns são comuns.
Os médiuns escreventes por cujo meio os espíritos reproduzem a letra que
tinham quando encarnados e até a própria assinatura. Estes médiuns são
raros.
Os médiuns escreventes pelos quais os espíritos escrevem, porém, não
conseguem reproduzir a letra que tinham quando encarnados; seja qual for
o espírito comunicante, a letra é sempre a mesma, embora diferente do
médium. Estes médiuns são comuns.
Os Médiuns audientes são aqueles que ouvem os espíritos. Há duas
espécies de médiuns audientes:
1. Os que ouvem a voz dos espíritos, como se estivesse ouvindo a voz de
uma pessoa.
2. Os que ouvem a voz dos espíritos dentro de si mesmos.
No primeiro caso, os espíritos impressionam os nervos auditivos do
médium. No segundo, o perispírito do médium recebe o pensamento dos
espíritos e o médium o sente como se fosse uma voz interior.
Um médium audiente pode ouvir a voz dos espíritos, das duas maneiras ou
apenas de uma; conversa com os espíritos e transmite o que eles querem
dizer aos encarnados.
É uma mediunidade comum."
"A mediunudade sem lágrimas", Eliseu Rigonatti)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

"NA FONTE DO BEM"


“Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos...” PAULO (GÁLATAS, 6:19)
Muita gente só admite auxílio eficiente, quando o dinheiro aparece.
Entretanto, há serviços que o ouro não consegue remunerar.
Há vencimentos justos para os encargos do professor; todavia, ninguém pode estabelecer pagamento aos sacrifícios com que ele abraça os misteres da escola.
Existem honorários para as atividades do médico; no entanto, pessoa alguma logrará recompensar em valores amoedados o devotamento a que se entrega o missionário da cura, no socorro aos enfermos.
Não se compra estímulo ao trabalho. Não se vende esperança nos armazéns.
O sorriso fraternal não é matéria de negócio. Gentileza não é artigo de mercado.
Onde a vida te situe, aí recolherás, todo dia, múltiplas ocasiões de fazer o bem.
Nem sempre movimentarás bolsa farta para mitigar a penúria alheia, mas sempre disporás da frase confortadora, da oração providencial, da referência generosa, do gesto amigo.
O Apóstolo Paulo reconhece que, às vezes, atravessamos grandes ou pequenos períodos de inibições e provações, pelo que nos recomenda: “enquanto temos tempo, façamos o bem a todos”; contudo, mesmo nas circunstâncias difíceis, urge endereçar aos outros o melhor ao nosso alcance, porque segundo as leis da vida, aquilo que o homem semeia, isso mesmo colherá.
("Palavras de Vida Eterna", Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier
)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

"SIRVAMOS"

"Servindo de boa-vontade, como sendo ao Senhor, e não aos
homens”. - Paulo. (Eésios, 6:7).


"Se legislas, mas não aplicas a Lei, segundo os desígnios do Senhor,
que considera as necessidades de todos, caminhas entre perigosos
abismos, cavados por tuas criações indébitas, sem recolheres os
benefícios de tua gloriosa missão na ordem coletiva.
Se administras, mas não observas os interesses do Senhor, na
estrada em que te movimentas na posição de mordomo da vida,
sofres a ameaça de soterrar o coração em caprichos escuros, sem
desfrutares as bênçãos da função que exerces no ministério público.
Se julgas os semelhantes e não te inspiras no Senhor, que conhece
todas as particularidades e circunstâncias dos processos em trânsito
nos tribunais, vives na probabilidade de cair, espetacularmente, na
mesma senda a que se acolhem quantos precipitadamente aprecies,
sem retirares, para teu proveito, os dons da sabedoria que a Justiça
conserva em tua inteligência.
Se trabalhas na cor ou no mármore, no verbo ou na melodia, sem
traduzires em tuas obras a correção, o amor e a luz do Senhor,
guardas a tremenda responsabilidade de quem estabelece imagens
delituosas para consumo da mente popular, perdendo, em vão, a
glória que te enriquece os sentimentos.
Se foste chamado à obediência, na estruturação de utilidades para o
mundo, sem o espírito de com- preensão com o Senhor, que ajudou
as criaturas, amando-as até o sacrifício pessoal, vives entre os
fantasmas da indisciplina e do desânimo, sem fixares em ti mesmo a
claridade divina do talento que repousa em tuas mãos.
Amigo, a passagem pela Terra é aprendizado sublime.
O trabalho é sempre o instrutor do aperfeiçoamento.
Sirvamos sem prender-nos. Em todos os lugares do vale humano, há
recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante.
Sirvamos, em qualquer parte, de boa-vontade, como sendo ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá para os cimos da vida."


("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)