sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"O VAMPIRISMO"

"A obsessão é uma infestação da alma, semelhante à infecção do corpo carnal, produzida por vírus e bactérias. A alma é o espírito enquanto encarnado. Morto o corpo, a alma se liberta e reassume a sua condição livre de espírito. Dessa maneira, no Espiritismo não existe a chamada alma do outro mundo. O espírito encarnado torna-se alma de um corpo. Dizia o Padre Vieira, nos seus sermões: "Quereis ver o que é a alma? Olhai um corpo sem alma". Tinha razão o grande pregador. Sai a alma do corpo e só temos o cadáver. Mas enquanto se acha no corpo, encarnada, a alma está sujeita à infestação produzida por espíritos inferiores. O Dr. Karl Wikland abriu em Nova York, há mais de trinta anos, uma clínica especial para obsessões. Sua esposa era médium e lhe servia ao mesmo tempo de enfermeira e pneumoscópio. Observava os clientes pela vidência e dava o diagnóstico ao marido. O Dr. Wikland publicou um livro curioso, intitulado 30 Anos entre os Mortos, no qual relatou os casos surpreendentes da sua clínica. Todos sofriam de infestação, ou seja, de vários tipos de obsessão por espíritos.

Kardec classificou a obsessão em três categorias: obsessão simples, subjugação e fascinação. O primeiro tipo se caracteriza por perturbações mentais e alterações de comportamento, sem muita gravidade. O segundo, pelo domínio do corpo, produzindo-lhe os chamados tiques nervosos e sujeitando-o a atitudes ridículas em público. O terceiro consiste no domínio hipnótico de corpo e alma, através de um processo de fascinação que deforma a personalidade. É uma escala simples, como Kardec gostava de fazer para não complicar as coisas. O importante, para Kardec, não era dar nome aos fatos, mas encontrar o meio de resolvê-los.

Nos relatos publicados na Revista Espírita Kardec nos oferece uma visão assustadora dos processos obsessivos no seu tempo, há mais de um século. O Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, médico e senador do Império, e posteriormente o Dr. Inácio Ferreira, diretor clínico do Hospital Espírita de Uberaba. publicaram importantes trabalhos sobre os processos obsessivos no Brasil. Essas obras, A Loucura sob Novo Prisma, de Bezerra, e Novos Rumos à Medicina, de Inácio Ferreira. Infelizmente, o nosso meio médico-espírita não foi muito além disso. O crescimento assustador dos casos de obsessão fez surgir, só no Estado de São Paulo, mais de trinta Hospitais Psiquiátricos Espíritas, hoje reunidos numa Federação, e mais de vinte nos demais Estados. Mas ainda não temos uma Psiquiatria Espírita cientificamente estruturada. A massa das ocorrências obsessivas continua sobrecarregando os Centros e Grupos Espíritas, nos quais colaboram alguns médicos abnegados. A Medicina oficial se mostra hostil e aproveita-se dos organismos estatais para fazer pressão contra as práticas mediúnicas, chegando ao cúmulo de proibir trabalhos de desobsessão nos próprios hospitais espíritas. O desenvolvimento da Parapsicologia, que poderia contribuir para dar um pouco de claridade a esse quadro sombrio, foi tumultuado entre nós pela baderna sectária de padres gananciosos e ignorantes, que conseguiram desinteressar as áreas universitárias, temerosas de tratar do assunto. Um médico e intelectual paulista de renome chegou a publicar artigos contra a criação de hospitais espíritas, batendo na velha tecla reacionária da sua pianola de superstições. Afirmou, com toda a sua sapiência, que os espíritas fabricam loucos e depois, levados pela dor de consciência, fundam hospitais para loucos. Não podia compreender que os hospitais espíritas são frutos do abandono em que se encontra a imensa massa de obsedados, entregues à violenta terapêutica de tóxicos e choques elétricos. Na maioria absoluta estão entregues a si mesmos, no delírio ambulatório dos Centros Espíritas, sem recursos e perseguidos, e dos consultórios psiquiátricos materialistas.

Nesse panorama desolador proliferam os terreiros do sincretismo com suas defumações à pólvora, seus exorcismos leigos e sua terapêutica de herbanários, apoiada nos ritos selvagens do sangue de galinhas pretas e gatos pretos. Pelo menos em defesa desses animais inocentes, é necessário que o nosso meio espírita reaja, pondo um pouco de lado os inócuos processos de uma reforma íntima artificial e ilusória, para lutar contra a falta absoluta de assistência terapêutica adequada aos casos de obsessão. O que vai por aí de clínicas parapsicológicas papa notas ameaça-nos de um dilúvio de charlatanice. São os espíritas, que conhecem de perto essa situação e as suas ameaças, os que devem esquecer um pouco os seus piedosos anseios de santificação individual, para lutar corajosamente em favor dos obsedados diariamente lançados às feras.

No capítulo trágico da obsessão em massa temos o tópico especial do vampirismo. Desde a mais alta Antigüidade os casos de obsessão e loucura foram conhecidos e tratados a pancadas para expulsão dos demônios causadores. Na Idade Média, como disse Conan Doyle, houve uma invasão de bárbaros, que os clérigos combatiam com afogamento das vítimas nos rios e lagos e a queima dos herejes vivos em praça pública, sobre montes de lenha a que se ateava o fogo da purificação. Nos conventos e mosteiros houve a infestação dos súcubos e íncubos, demônios libertinos que se apossavam das vítimas, homens e mulheres, para relações sexuais delirantes. A eclosão da Renascença, após o milênio de torturas e matanças, aliviou o planeta com a renovação da cultura mítico-erótica, em que as flores roxas da mandrágora atraíam os vampiros do sexo condenado. Em nossos dias assistimos a um explodir de recalques e frustrações nas águas sujas da pornografia e da criminalidade erótica. Voltam os vampiros, em bandos famintos, ansiosos pelo sangue das novas vítimas. No meio espírita surgem livros mediúnicos de advertência, como Sexo e Destino, na psicografia de Chico Xavier, e livros de elaboração humana, mas baseados em experiências mediúnicas, como Sexo Depois da Morte, do Dr. Ranieri. São revelações chocantes, mas necessárias, de um aspecto aterrador do problema mediúnico. Não atestam contra a Mediunidade, mas tentam despertar os incautos quanto aos perigos do mediunismo selvagem. São muitos os casos de sexualidade mórbida, exasperada pela atividade dos vampiros. Esta denominação é dada aos espíritos inferiores que se deixaram arrastar nos delírios da sensualidade e continuam nessa situação após a morte A Psiquiatria materialista, impotente diante da enxurrada, incapaz de perceber a ação parasitária dos vampiros, desiste da cura dos desequilíbrios sexuais e cai vergonhosamente na aceitação desses casos como normais, estimulando as vítimas no desgaste desesperado de suas energias vitais, em favor do vampirismo. Não obstante, mesmo ignorando as causas profundas do fenômeno ameaçador, poderia ela contribuir para o socorro a essas criaturas, através de teorias equilibradas sobre os desvios sexuais. Ao invés de dar-lhes a falsa cidadania da normalidade, podiam os psiquiatras da libertinagem recorrer às teorias da dignidade humana, que se não são espirituais, pelo menos defendem os direitos do espírito. Mas preferem deixar-se envolver, que é mais fácil e mais rendoso, tornando-se os camelôs ilustres da homossexualidade, os protetores e incentivadores pseudocientíficos da depravação.

A existência de certas formas de vampirismo, como a sexual, que viola princípios morais e religiosos, foi pouco tratada no Espiritismo em virtude do escândalo que provocava, podendo até mesmo causar perturbações a criaturas simples ou excessivamente sensíveis. Não obstante, foi sempre conhecida dos estudiosos e pesquisadores e incluída no rol das obsessões. Trata-se realmente de um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais. A denominação de vampirismo decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima pelos obsessores. Ë uma modalidade grave de obsessão que pode reduzir o obsedado à inutilidade, afetando-lhe o cérebro e o sistema nervoso, tirando-lhe toda disposição para atividades sérias. Nos Centros e Grupos espíritas bem orientados, esses casos são tratados de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas, e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo a respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas. A maioria dos casos do chamado ho-mossexualismo adquirido, senão todos, provêm de atuação obsessiva de entidades animalescas, entregues a instintos inferiores. Mas a responsabilidade não é só dessas entidades, é também das vítimas que, de uma forma ou de outra, se deixaram dominar pelos primeiros impulsos obsessivos ou até mesmo provocaram a aproximação das entidades. A experiência de vários casos dessa natureza revela-nos ainda os motivos de provação, decorrentes de atrocidades praticadas no passado pelas vítimas atuais, que são agora colocadas na mesma posição em que colocaram criaturas inocentes em encarnações anteriores. A lei de causa e efeito, determinando o karma da terminologia indiana, colhe suas vítimas geralmente no período da adolescência, quando essas ocorrências são mais favorecidas pela crise de transição da idade. Mas também há casos ocorridos na idade madura e na velhice, dependentes, ao que parece, de crises típicas desses períodos. Nos casos chamados de perversão constitucional a presença dos obsessores não está excluída, pois eles são fatalmente atraídos e ligam-se às vítimas excitando-lhes as sensações e agravando-lhes a perturbação. Em todos esses casos o auxílio de práticas espíritas específicas dá sempre resultados. E se houver boa-vontade da parte das vítimas os casos serão resolvidos, por mais prolongado que se torne o tratamento. Em casos difíceis e complexos, como esses, é necessária uma boa dose de compreensão e paciência da parte dos que os tratam e uma estimulação constante das vítimas na busca da normalidade.

Os desvios sexuais têm procedências diversas. Suas raízes genésicas podem vir de profundidades insondáveis. A própria filogênese do sexo, que começa aparentemente rio reino mineral, passando ao vegetal e ao animal, para depois chegar no homem, apresentando enorme variação de formas, inclusive a autogênese dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas, justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos. Mais próximos de nós nas linhas de hereditariedade germinal estão os ritos da virilidade de antigas civilizações, entre as quais a Grécia e a Roma arcaicas, onde em várias épocas esses ritos vigoraram de maneira obrigatória, como em Esparta, onde os efebos, adolescentes, deviam receber a virilidade transmitida por homens adultos e viris através da prática homossexual, fornecem elementos possíveis de explicação para o fenômeno. Além da hereditariedade filogenética, há o problema das sensações que se gravam, de maneira mais ou menos intensa, nas estruturas supersensíveis do perispírito, projetando-se em formas dinâmicas na memória profunda ou inconsciente. Essas formas sensoriais podem aflorar na afetividade atual, atraídas por sensações afins, no processo do associacionismo sensorial. Tudo isso, entretanto, não elimina a tendência à normalidade da espécie, principalmente num sistema básico como a da reprodução.

Dessa maneira, os indivíduos afetados por essas deformações sensoriais encontram no seu próprio organismo atual e na sua consciência os fatores de resistência necessários ao restabelecimento do seu equilíbrio genésico. A ação paralela do vampirismo, que agrava as manifestações de desequilíbrio, recebe das práticas de desobsessão o reforço de que necessitam para correção de seu desequilíbrio. A Psiquiatria materialista, que desconhece os processos dinâmicos do espírito, pode considerar esses casos como irremediáveis e recorrer ao processo escuso de normalizar o anormal. Mas o Espiritismo nos fornece os recursos do esclarecimento científico e racional do problema.
Enganam-se as entidades espirituais e os estudiosos humanos de Espiritismo quando atribuem a responsabilidade dos desvios sexuais à reencarnação, aludindo ao problema das mudanças de posição sexual de uma encarnação para outra. 

Sabemos hoje com segurança que a sexualidade é um sistema de polaridade não adstrito à forma específica do aparelho sexual. Na verdade, a sexualidade é a fonte única dos dois sexos, o masculino e o feminino. Para a mudança de sexo na reencarnação, em face da necessidade de experiências novas no plano evolutivo, basta a inversão da polaridade na adaptação do espírito ao novo corpo material Essas inversões se processam no perispírito, como ensina Kardec, pois é este e não o corpo o controlador de todo o funcionamento orgânico e fisiológico do corpo material. Seria estranho que, num caso de importância básica para a evolução humana na Terra, essas mudanças não estivessem sujeitas a rigoroso controle das inteligências responsáveis. O que parece evidente nesses casos é a predominância de elementos da sensibilidade feminina na reencarnação masculina e vice-versa, como nova aquisição do espírito que deve consolidar-sé em nova vida. A concepção de Balzac em Spirite, uma das mais belas obras da sua série de romances filosóficos e mais aceitável, embora ainda não verídica: Spirite é um ser superior que reúne em sua personalidade, na fusão das almas gêmeas, as duas personalidades da dupla polaridade- a masculina e a feminina. Mas essa fusão, essa reunião da parelha humana num indivíduo único, aparece como a síntese dialética das duas metades opostas e complementares, para a integração da unidade biológica da espécie. A unificação biológica, no esquema evolutivo, não pode implicar desajustes e desequilíbrios que perturbem as conquistas superiores da evolução psico-afetiva. Por outro lado, é muito mais lógico e de acordo com a lógica de toda a estrutura legal do Universo, montada num equilíbrio perfeito de minúcias teleológicas. Não se pode esquecer o princípio da finalidade lógica do Todo Universal, para explicar de maneira ilógica um fato específico do processo lógico universal. O que às vezes nos parece um erro da Natureza nada mais é que um momento de ajustamento de conquistas da evolução para o aprimora-mento da espécie. Nesse sentido, as tendências anormais aparecem como conseqüências de faltas ou crimes dos indivíduos que as sofrem, sempre com a finalidade de as superar na encarnação presente, jamais de entregar-se a elas. A objeção psiquiátrica e psicológica de que a repressão produz recalques, frustrações, traumas e outras conseqüências desastrosas para o indivíduo provém da visão parcial do problema no campo materialista. Todas as vitórias do homem no sentido de seu ajustamento às condições normais da espécie são recompensadas com a tranqüilidade proporcionada pelo ajuste, eliminando a inquietação do desajuste. Um ser bem integrado em sua espécie corresponde à ordem natural da realidade e às exigências de transcendência de sua própria existência.

O vampirismo cessa no momento em que o obsedado se dispõe a reintegrar-se em si mesmo, na posse de sua personalidade, não aceitando sugestões e infiltrações de vontade estranha em sua vontade pessoal e soberana. Sim, porque em nosso foro íntimo todos os direitos são nossos. A supremacia da nossa jurisdição pessoal sobre nós mesmos é garantida pelos poderes superiores do espírito desde o instante em que tomamos consciência do nosso valor espiritual e do nosso destino humano. O ajustamento aos planos inferiores, proposto como solução do caso, é ilógico e atenta contra os objetivos superiores da vida. Não vivemos para refocilar nas esterqueiras da espécie, mas para libertar-nos dela. Cabe aos espíritas, que conhecem a outra face da existência, medir a distância qualitativa entre o entregar-se às forças negativas do passado, como escravos de uma situação miserável entre os homens, e o ato de empossar-se nos seus direitos de criatura humana em evolução, avançando na direção dos anseios superiores da sua consciência humana. E cabe aos médiuns auxiliar os que estão ameaçados de ser devorados pela esfinge por não terem decifrado os seus enigmas.
No tratado mediúnico dos problemas humanos os médiuns são instrumentos vivos e conscientes da batalha contra o vampirismo de todas as tendências. A idéia simbólica da Mitologia, de que os deuses aspiravam as emanações das coisas que não mais podiam
comer ou beber é a imagem exata da vampirização das criaturas encarnadas pelas entidades desencarnadas inferiores, espíritos ainda em estágio evolutivo primário, que buscam suprir a ausência do seu corpo carnal com a exploração impiedosa e vil dos corpos alheios. Quem repele essa exploração aviltante não age apenas em causa própria, mas na defesa do futuro dos espíritos vampirescos e na sustentação da dignidade humana.

Mas a verdade é que o vampirismo é uma parceria sinistra. Daí a necessidade de se doutrinar primeiro o obsedado, despertando-lhe a consciência das suas responsabilidades, para que ele feche a porta da sua vontade às insinuações dos obsessores. Um jovem de pouco mais de vinte anos procurou-nos para expor o seu caso. Começou dizendo em lágrimas, de mãos trêmulas: "Sou um desgraçado que goza mais do que muitos rapazes felizes. Toda noite sou procurado em meu leito por uma deidade loira e belíssima, extremamente amorosa, que se entrega a mim. É uma criatura espiritual, bem sei, e não quero aceitá-la, mas não posso repeli-la. Após, ela desaparece como nos contos de fadas e eu me levanto e grito por ela em tamanho desespero que acordo os vizinhos. Todos pensam que sou um sonâmbulo ou um louco. Ajude-me, por piedade!". O caso vinha de longe, desde os seus 16 anos. A jovem lhe aparecera pela primeira vez como sua filha de outra encarnação. Essa referência filial era um embuste, destinado a aumentar as sensações com o excitante do pecado. Seis anos depois o reencontro por acaso. Fugira envergonhado pela confissão e com medo de que o libertássemos da obsessão. Mas já parecia um velho, cada vez mais trêmulo e de cabelos precocemente grisalhos. Prometeu ir ao Centro que lhe indicamos, mas não foi. Tornou a desaparecer e nunca mais tivemos notícias dele. O vampirismo o exauria e deve tê-lo levado à morte precoce. Os casos desta espécie são mais freqüentes do que geralmente supomos, mas permanecem em sigilo. A situação de ambivalência da vítima auxilia o vampirismo destruidor. A Idade Média se foi mas esses casos medievais continuam às portas da Era Cósmica. Mais dois casos conseguimos solucionar em trabalhos de desobsessão em que os pacientes compareciam e as entidades se manifestavam. Mas se o obsedado não se quer curar, nada se pode fazer. A cura está em suas mãos, não nas nossas. O livre-arbítrio do obsessor e do obsedado não será violado. Kardec relata um caso em que conseguiu salvar a vítima em sessões em que ele não comparecia, mas o obsessor se manifestava. Eram sessões diárias, realizadas com absoluta pontualidade por um pequeno grupo coeso. Outro caso foi de um bancário, já de trinta anos, que nos procurou e escreveu ao Chico Xavier. Pedia socorro e ameaçava suicidar-se. Não obs-tante alegava que era um caso de disfunção no campo estritamente biológico e não queria submeter-se a trabalhos espíritas. Tratava-se de homossexualismo masculino. Chico Xavier nos respondeu dizendo que só nos restava orar pelo obsedado e sua vítima. A vítima era o espírito vampiresco . . .

Não podemos nos esquecer, em casos desses, de que o livre-arbítrio é indispensável à evolução do espírito Cabe a ele procurar com afinco a cura, se realmente desejar, e então terá toda a assistência espiritual de que necessita. Basta um dos parceiros querer de verdade para que o caso possa ser superado. Este é um dos momentos cruciais em que a responsabilidade individual no processo evolutivo se mostra soberana. Um homem de 40 anos, pobre e envelhecido, chorava ao dizer-nos que não podia esquecer o parceiro jovem que o abandonara. "Choro de vergonha — dizia — mas se ele voltar eu ficarei feliz." Apesar dessa teimosia, curou-se após dez anos de luta solitária, orando dia e noite, segundo nos explicou mais tarde. Sua mãe o auxiliava com aparições periódicas, sem nada dizer, mas de olhos cheios de lágrimas. Graças a essa ajuda materna conseguiu despertar a sua vontade anestesiada e livrar-se das tentações vampirescas. Tornou-se espírita e casou-se. Hoje freqüenta regularmente um Centro Espírita em São Paulo e se interessa especialmente pelos casos de vampirismo. Quer pagar com o seu auxílio aos outros o benefício imenso que recebeu. Ninguém sabe nada.

do seu passado infeliz e todos o consideram e estimam. Não foi esse o caso de Madalena, que Jesus socorreu e transformou na primeira testemunha da sua ressurreição?

A Mediunidade — luz divina no campo da Comunicação — tão desprezada, aviltada e caluniada pelos que não a conhecem, segue humilde na Terra as pegadas de Jesus, semeando bênçãos nos caminhos de urzes e espinheiros impiedosos do mundo dos homens. Graças a ela as mães sofredoras, que deixaram filhos no mundo em resgates dolorosos, conseguem socorrê-los e libertá-los de provas esmagadoras, que os homens, em geral, só sabem aumentar e agravar. Os médiuns precisam de conhecer esses episódios emocionantes, para compreenderem o esplendor secreto de sua missão e a utilidade superior e humilde do mediunato que lhes foi concedido. Chegou a hora em que esses fatos secretos devem ser proclamados de cima dos telhados, segundo a previsão de Jesus registrada nos Evangelhos. Mais do que nunca se comprova o adágio: "Ajuda-te e o Céu te ajudará".!
("Mediunidade", José Herculano Pires)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

"PARÁBOLA DO SEMEADOR"

“Afluindo uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as
cidades, disse-lhes Jesus, por semelhança:
Saiu o que semeia, a semear a sua semente. E, ao semeá-la, uma parte
caiu junto ao caminho, foi pisada e as aves do céu a comeram.
Outra caiu sobre pedregulho, onde não havia muita terra; nasceu
depressa; mas, logo que saiu o sol, entrou a queimar-se, e, como não tinha raiz, secou.
Outra caiu entre espinhos, e logo os espinhos que nasceram com ela a
afogaram.
Outra, finalmente, caiu em boa terra, vingou, cresceu, e alguns grãos deram fruto a trinta, outros a sessenta, e outros a cento por um.
Dito isto, começou a dizer em alta voz: O que tem ouvidos de ouvir, ouça.
Então os seus discípulos lhe perguntaram que queria dizer essa parábola, e ele, explicando-a, lhes respondeu:
A semente é a palavra de Deus.
A que cai à beira do caminho, são aqueles que a ouvem; mas, depois, vem o mau e tira a palavra de seus corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
A que cai no pedregulho, significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouvem; mas, não tendo raízes, em sobrevindo a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam e voltam atrás.
Quanto a que caiu entre espinhos, são os que ouvem a palavra; mas, os cuidados deste mundo, a ilusão das riquezas e as outras paixões, a que dão entrada, afogam a palavra, e assim fica infrutuosa.
Mas a que caiu em boa terra, são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a. retêm e dão fruto com perseverança.” (Mat. 13:1-23; Mar. 4:1-20;
Luc. 8:4-15)


Nesta interessante parábola, Jesus retrata magistralmente o feitio moral de cada um daqueles aos quais o Evangelho é anunciado.
Conforme a sua má ou boa vontade na aceitação da palavra de Deus, e a maneira como procedem após tê-la ouvido, os homens podem ser classificados como “beira de caminho”, “pedregal”, “espinheiro” ou “terra boa.”
A primeira classificação refere-se aos indiferentes, isto é, aos indivíduos ainda imaturos, não preparados para tal semeadura, indivíduos que se expressam mais pelo estômago e pelo sexo e cujos corações se mostram insensíveis a qualquer apelo de ordem mais elevada.
A segunda diz respeito a uma classe de pessoas de entusiasmo fácil, que, ao se lhes falar do Evangelho, aceitam-no prontamente, com júbilo; mas, não encontrando, dentro de si mesmas, forças suficientes para vencerem o comodismo, os vícios arraigados, os maus desejos, etc., sentem-se incapazes de empreender a reforma de seus hábitos, a melhora de seus sentimentos, e,se acontece surgirem incompreensões e dificuldades por causa da. doutrina,
então esfriam de uma vez, voltando, presto, ao ramerrão de vida que levavam.
Os da terceira espécie são aqueles que, embora já tenham tido “notícias” dos ensinamentos evangélicos, e os admirem, e os louvem até, sentem-se, todavia, demasiadamente presoa às coisas materiais, que consideram mais importantes que a formação de uma consciência espiritual. O medo do futuro, a luta pela conquista de garantias pessoais, vantagens e luxuosidades, sufocam, no nascedouro, os sentimentos altruísticos ou qualquer movimento de alma
que implique a renúncia aos seus queridos tesouros terrestres.
Os definidos por último personificam os adeptos sinceros, nos quais as lições do Mestre Divino encontram magníficas condições de receptividade.
Abraçam o ideal cristão de corpo e alma, e se esforçam no sentido de pô-lo em prática. Embora sofram tropeços e fracassem algumas vezes, perseveram, animosos, resultando de seu trabalho abençoados frutos de benemerência e de amor ao próximo.
“Quem tenha ouvidos de ouvir, ouça."
("Parábolas Evangélicas", Rodolfo Calligaris)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"VANTAGENS OCULTAS"

"Todos precisamos de reconforto nos dias de aflição.
Isso é justo.
Importa, entretanto, observar que a Divina Providência não nos envia dificuldades
sem motivo.
Entendendo-se que o Senhor não nos relega ás próprias fraquezas e nem permite venhamos a carregar cruzes incompatíveis com as forças que nos caracterizam, fujamos de buscar a consolação por flor estéril.
* * *
Aproveitemos a bonança que surge em nós habitualmente após a tormenta íntima para fixarmos o valor que a experiência nos oferece.
Não nos propomos a louvar situações embaraçosas e nem a elogiar os fabricantes de problemas, mas é preciso reconhecer as vantagens ocultas decorrentes das provações que nos visitam.
Quem conseguiria configurar o abismo a que seríamos arrastados pelos caprichos, aos quais muitas vezes nos entregamos, confiantemente, se a desilusão não viesse despertar-nos?
Quem poderia medir os espinheirais de discórdia em que chafurdaríamos o espírito, na equipe de trabalho a que pertencemos, se lutas e lágrimas sofridas em comum não nos ensinassem o benefício do entendimento e da união?
* * *
Ingratidão, em muitas circunstâncias, é o nome da bênção com que a Infinita Bondade de Deus nos afasta de ambientes determinados, a fim de que a cegueira não nos induza ao desequilíbrio.
Obstáculo, no dicionário da realidade, em muitas ocasiões expressa apoio invisível para que não descambemos na direção das trevas.
* * *
Nossas provas - nossas bênçãos.
* * *
Reflete nos males maiores que nos alcançariam fatalmente amanhã, se não fosse o socorro providencial dos males menores de hoje, e reconhecerás que todo contratempo aceito com paciência e serenidade é sempre toque do amor de Deus, alertando-nos o coração e guiando-nos o caminho."
("Rumo Certo", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

"INSEGURANÇA"

"Há momentos em que se imiscuem, no sentimento do combatente,
emoções desconcertantes.
Ressaibo do atavismo ancestral, que remanesce em contínuas
investidas, logra vencer quantos lhe dão guarida, estimulados pela
autopiedade e pela presunção.
Porque se espalha a agressividade, tens a impressão de que
lhe serás a próxima vítima.
Diante das incertezas que decorrem da beligerância generalizada,
absorves o vapor deletério que se expressa em forma de
insegurança.
Tem cuidado com esse tipo de fobia em relação ao presente,
ao futuro e aos que te cercam.
*
Há os que se armam, pensando em reagir, quando agredidos.
Outros se condicionam para a agressão em primeiro passo,
como mecanismo de defesa.
Diversos revestem-se de falsa condição de superioridade, evitando
os contatos humanos que lhe parecem desagradar.
*
Desarma-te desses vãos atavios.
Ergue-te em pensamento a Deus e n’Ele confia.
Somente acontece o que é necessário para o progresso do
homem, exceto quando ele, irresponsavelmente, provoca situações
e acontecimentos prejudiciais, por imprevidência e precipitação.

Cultivando o otimismo e a paz avançarás no teu dia-a-dia,
vencendo o tempo e poupando-te aos estados de insegurança
íntima, porque estás sob o comando de Deus."
("Episódios Diários", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"A PALAVRA"

"Poderoso veículo de comunicação, a palavra é instrumento
que poucos utilizam como deveriam.
A boa palavra ergue e consola, ensina e corrige, ampara e
salva.
A má palavra envenena e mata, enlouquece e fulmina, desequilibra
e arma de ódio.
Muitos falam sem pensar, gerando antipatias e fomentando
crimes.
Outros pensam sem falar e perdem as oportunidades edificantes
de sustentar o ideal do bem e da vida.
Falar por falar expressa desequilíbrio, tanto quanto calar,
sempre, denota doentia introspecção.
*
Dispões desse abençoado instrumento para preservar a vida e
enriquecê-la de bênçãos, que é a palavra.
Usa o verbo com sabedoria, ensinando, ajudando e impulsionando
as pessoas ao avanço, ao progresso.
Articula a palavra sem gritaria nem desconcerto emocional,
de modo que se te faça agradável, inspirando os que te ouvem e
gerando simpatia em teu favor.
A arte de falar é conquista que todos devem lograr.
Não a esgrimas com teu verbo, nem a sepultes no mutismo da
alienação.
Fala sobre o bem, o amor e a esperança, propondo a alegria
entre as criaturas e ensinando-as a adquirir segurança pessoal no
processo da evolução."
("Episódios Diários", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

domingo, 26 de outubro de 2014

"O TEMPO"

“Aquele que faz caso do dia, patrão Senhor o faz.”
Paulo. (ROMANOS, 14: 6)


"A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.
Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.
Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante presunção.
Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.
É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?
Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se
em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá-lo
de qualquer forma.
A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.
Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando
possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação, é muito importante para o concurso humano, na execução  das leis divinas.
Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”,
para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.
Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da
oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 25 de outubro de 2014

"OBEDIÊNCIA JUSTA"

"Que, sendo em forma de Deus não teve por usurpação ser igual a Deus".
- Paulo. (Filipenses, 2:6).


"Todos os sofrimentos dos homens, de modo geral, originam-se da pretensão de usurpar o Divino Poder.


Orgulho, vaidade, insensatez, egoísmo, perversidade, rebeldia e opressão representam apenas modalidades variadas dessa usurpação indébita. A guerra e o seu século pestilencial, a tirania e o instinto revolucionário, as paixões arrasadoras e os desastres

espirituais que lhes são conseqüentes constituem-lhe as obras.
Na vastíssima paisagem de nossas existências vemos sempre a Misericórdia Divina e a maldade humana, a Bondade Celestial e a desobediência das criaturas... Sempre, o Pai Generoso e os filhos imprevidentes, o Deus Justo e as inteligências caídas e perversas...
Doloroso quadro... Em tudo, no planeta, a harmonia das leis do Senhor e a discórdia dos homens, a bênção providencial ao céu e a rebeldia terrestre...

Por isso mesmo a Humanidade, como aranha gigantesca, encontra-se no milenário labirinto, encarcerada na teia criminosa de suas próprias ações.


O coração do discípulo fiel ao Evangelho, nos dias que passam, deve revestir-se com a vigorosa couraça da fé viva, porquanto é chamado a trabalhar numa floresta escura, onde a maldade se tornou mais requintada e a sombra mais densa. E que guarde, sobretudo, a
serenidade confiante do trabalhador, compreendendo a necessidade dos testemunhos e sacrifícios para todos, porque para o aprendiz sincero  deve resplandecer o ensinamento daquele que tendo vindo ao mundo através de anúncios divinos, assinalados por uma estrela brilhante, temido pelas autoridades de seu tempo, que transformou pescadores em
apóstolos, que curou leprosos e cegos, e levantou paralíticos de nascença, não quis usurpar o Direito Divino e marchou, um dia, para o monte, a fim de testemunhar a obediência justa ao Senhor Supremo da Vida, no alto de uma cruz, ante o desprezo e ironia de todos."


("Segue-me", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

"RESISTÊNCIA ESPIRITUAL"

"Era perto da meia-noite; Paulo e Silas oravam e
cantavam hinos a Deus e os outros presos os escutavam".
(Atos, 16:25)


"Reveste-se de profundo simbolismo aquela atitude de Paulo e Silas nas trevas da prisão. Quando numerosos encarcerados ali permaneciam sem esperança, eis que os herdeiros de Jesus, embora dilacerados de açoites, começam a orar, entoando hinos de confiança.

O mundo atual, na esteira de transições angustiosas e amargas, não
parece mergulhado nas sombras que precedem a meia-noite?

Conhecimentos generosos permanecem eclipsados. Noções de justiça e direito, programas de paz e tratados de assistência mútua são relegados a pianos de esquecimento. Animais furiosos aproveitam a treva para se evadirem dos recônditos escaninhos da alma humana, onde permaneciam guardados pela cobertura da civilização, e tentam dominar as criaturas empregando o terror, a perseguição, a violência. Quantos jovens jazem no cárcere das desilusões, da amargura, do remorso, do crime? Através de caminhos desolados ao longo de campos que as bombas devastaram, dentro de sombras frias, ha mães que choram, velhos desalentados, crianças perdidas. Quem
poderá contar as angústias da noite dolorosa? Os aprendizes do Evangelho, igualmente, sofrem perseguições e calúnias e, em quase toda parte, são conduzidos a testemunhos ásperos. Muitos envolveram-se nas nuvens pesadas, outros esconderam-se fugindo a hora de sofrimentos; mas, os discípulos fieis, esses suportam ainda acoites e pedradas e, não obstante as trevas insondáveis da meia-noite
da civilização, oram nos santuários do espírito eterno e cantam cânticos de esperança, alentando os companheiros.

Enquanto raras almas sabem perceber os primeiros rubores da alvorada, em virtude da sombra extensa, recordemos os devotados obreiros do Mestre e busquemos na prece ativa o refugio consolador. 

Se o mundo experimenta a tempestade, procuremos a oração e o trabalho, a fé e o otimismo, porque outrodia glorioso esta a nascer, e em Jesus Cristo repousa nossa resistência espiritual."
("Segue-me", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

"AMA E SERVE"

 


       "A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo servir.
-o-
       Sem atividade incessante no bem, não conseguiremos derramar os valores do coração.
       A própria natureza é um livro aberto nesse sentido.
       Tudo, em torno de nós, é um cântico de trabalho em doações  da Eterna Bondade que se evidencia no mundo, de mil modos diferentes em cada instante de nossa vida...
       Por amar, em nome do Pai Misericordioso,
       serve o sol, sustentando todas as criaturas;
       serve o chão, nutrindo a sementeira;
       serve a nuvem, criando a chuva benéfica;
       serve o vento, a serviço de abençoadas fecundações;
       serve a árvore, para que o bem-estar do homem se consolide;
       serve a flor, preparando a colheita;
       serve a fonte, socorrendo a terra necessitada;
       serve a pedra, garantindo a segurança do lar;
       serve o pássaro, cooperando com o lavrador;
       serve o mar, serve o rio, serve o adubo, serve o fogo...
       Forças de Deus amparando a Humanidade ajudam em silêncio, sem retribuição e sem queixa...
       Tudo porque o Divino Amor é devotamento, carinho, providência, abnegação...
-o-
       Se desejas partilhar o concerto das bênçãos divinas, ama e serve, sem cogitar de ser amado e sem a expectação de ver-se servido...
-o-
       Quem ama realmente nada pede, nada reclama, nada exige e nada procura senão a alegria do objeto amado, para que o amor se estenda, a multiplicar-se, soberano e sem fim.
-o-
       Enquanto esperas o manto ilusório das considerações humanas, teu amor sofre a vizinhança da vaidade.
       Enquanto aguardas a compreensão dos outros, o teu amor experimenta a inquietante aproximação do egoísmo...
       Ama simplesmente.
       Ajuda sem paga.
       Dá sem reclamação.
       Auxilia sem exigência.
       E, servindo cada vez mais, serás um dia surpreendido, em pleno campo de trabalho, pelo Divino Servidor que te converterá com a sua luz em nova luz para a Terra e para os Céus."
(“Instrumentos do Tempo”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"SEJA VOLUNTÁRIO"

"Seja voluntário na evangelização infantil. Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro.
Seja voluntário no Culto do Evangelho. Não espere a participação de todos os companheiros do lar para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho.
Seja voluntário no templo espírita. Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.
Seja voluntário no estudo edificante. Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria.
Seja voluntário na mediunidade. Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos Superiores, amparando os infelizes.
Seja voluntário na assistência social. Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio. Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.
Seja voluntário na propaganda libertadora. Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.
Seja voluntário na imprensa espírita. Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.
Sim, meu amigo. Não se sinta realizado.
Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.
“A sementeira, é grande e os trabalhadores são poucos.”
Vivemos os tempos da renovação fundamental.
Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito!
Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.
Há mobilização de todos.
Cada qual pode servir a seu modo.
Aliste-se enquanto você se encontra válido.
Assuma iniciativa própria.
Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar.
Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do umbral.

Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor!"
(Cairbar Schutel, na obra "O Espírito da Verdade", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

"MÃOS À OBRA"

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.”
Paulo (I Coríntios, 14:26)

"A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.
O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos
companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.
Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por
novidades em fenomenologia e revelação.
Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de
médiuns adestrados.
Por quê?
Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da
iluminação dos companheiros.
Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à freqüência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.
Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se.
Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável."

("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

"RIQUEZA PREMATURA"

"Desapareceram documentos e objetos de valor que talvez te abastecessem de recursos materiais para muito tempo.
-x-
       Perdeste a oportunidade de garantir uma pensão sólida nos dias do futuro em que teu corpo, talvez, não mais te auxiliasse a trabalhar pela própria manutenção, unicamente em face da desatenção de alguém ou porque a memória não te auxiliasse a recordar minudências alusivas ao assunto.
-x-
       Não te permitas destrambelhar o pensamento por isso.
       Possivelmente, amigos espirituais, zelosos e atentos, te houvessem auxiliado a perder essas vantagens em teu próprio benefício.
-x-
       Indaga de ti, se estarias efetivamente em condições de trabalhar, caso estivesses com a vida escorada no dinheiro excessivo.
-x-
       Medita na situação dos parentes aos quais talvez o excesso de recursos financeiros afastasse da obrigação de servir, com a agravante de induzi-los aos perigos da ociosidade dourada.
-x-
       Recorda aqueles a quem a despreparação para conservar o dinheiro e administrá-lo situou em ruinosas segregação ante o medo de perder a suposta superioridade em que passariam a viver.
-x-
       Pensa nos avanços indébitos da inveja e do despeito sobre os teus dias, por parte daqueles que ainda não aprenderam a respeitar a vida dos semelhantes, caso mantivesse a fortuna fora da circulação e do trabalho, sem utilidade para ninguém.
-x-
       Lembra as discórdias e demandas de testamentos e inventários, promovidos por teus próprios descendentes, na hipótese da tua morte inesperada, ante os bens materiais que, porventura, deixasses sem justa e proveitosa destinação.
-x-
       Aceita a vida laboriosa que Deus te concedeu, reconhecendo que a fortuna estará em tuas mãos quando souberes dirigi-la, sem permitir que ela te escravize."
-x-x-

(“Calma”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 19 de outubro de 2014

"A POSSE DO REINO"


“Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os
a permanecer na fé, e dizendo que por muitas tribulações nos
importa entrar no reino de Deus.”
(Atos, 14:22)


"O Evangelho a ninguém engana, em seus ensinamentos.
É vulgar a preocupação dos crentes tentando subornar as forças divinas.
Não será, no entanto, ao preço de muitas missas, muitos hinos ou muitas sessões psíquicas que o homem efetuará a sublime aquisição de espiritualidade excelsa.
Naturalmente, toda prática edificante deve ser aproveitada por elemento de auxilio, no entanto, compete a cada individualidade humana o esforço iluminativo.
A Boa Nova não distribui indulgências a preço do mundo e a criatura
encontra inúmeros caminhos para a ascensão.
Templos e instrutores se multiplicam e cada qual oferece parcelas de
socorro ou assistência, no serviço de orientação; contudo, a entrada e posse na herança eterna se verificará através de justos testemunhos.
Isto não é acidental. É medida lógica e necessária.
Não se improvisam estátuas raras, sem golpes de escopro, como não se
colhe trigo sem campo lavrado.
Não poucos aprendizes costumam interpretar certas advertências do
Evangelho por excesso de exortação ao sofrimento, no entanto, o que lhes parece  obsessão pela dor é imperativo de educação da alma para a vida imperecível.
Homem algum encontrará o estuário infinito das energias divinas, sem o concurso das tribulações da Terra.
Personalidade sem luta, na Crosta Planetária, é alma estreita.
Somente o trabalho e o sacrifício, a dificuldade e o obstáculo, como
elementos de progresso e auto-superação, podem dar ao homem a verdadeira notícia de sua grandeza."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 18 de outubro de 2014

"SEPARAÇÃO"

“Todavia, digo-vos a verdade: a vós convém que eu vá.” — JESUS (João, 16.7)
"Semelhante declaração do Mestre ressoa em nossas fibras mais íntimas.
Ninguém sabia amar tanto quanto Ele, contudo, era o primeiro a reconhecer a conveniência da partida, em favor dos companheiros.
 Que teria acontecido se Jesus teimasse em permanecer?
Provavelmente, as multidões terrestres teriam acentuado as tendências egoísticas, consolidando-as. Porque o Divino Amigo havia buscado Lázaro no sepulcro, ninguém mais se resignaria à separação pela morte. Por se haverem limpado alguns leprosos ninguém aceitaria, de futuro, a cooperação proveitosa das moléstias físicas. O resultado lógico seria a perturbação geral no mecanismo evolutivo.
O Mestre precisava ausentar-se para que o esforço de cada um se fizesse visível no plano divino da obra mundial. De outro modo, seria perpetuar a indolência de uns e o egoísmo de outros.
Sob diferentes aspectos, repete-se, diariamente, a grande hora da família evangélica em nossos agrupamentos afins.
Quantas vezes surgirá a viuvez, a orfandade, o sofrimento da distância, a perplexidade e a dor por elevada conveniência ao bem comum?
Recordai a presente passagem do Evangelho, quando a separação vos faça chorar, porque se a morte do corpo é renovação para quem parte é também vida nova para os que ficam."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

"PARA RESISTIR A UMA TENTAÇÃO"


   " – Prefácio – Todo mau pensamento pode ter duas origens: a nossa própria imperfeição espiritual, ou uma funesta influência que age sobre ela. Neste último caso, temos a indicação de uma fraqueza que os expõe a essas influências, e portanto de que a nossa alma é imperfeita. Dessa maneira, aquela que falir não poderá desculpar-se com a simples influência de um Espírito estranho, desde que esse Espírito não poderia levá-lo ao mal, se o encontrasse inacessível à sedução.

            Quando temos um mau pensamento, podemos supor que um Espírito malfazejo nos sugere o mal, cabendo-nos inteira liberdade de ceder ou resistir, como se estivéssemos diante da solicitação de uma pessoa viva. Devemos ao mesmo tempo imaginar o nosso Anjo Guardião ou Espírito Protetor, que por sua vez combate em nós essa influência má, esperando com ansiedade a decisão que vamos tomar. Nossa hesitação em atender ao mal é devida à voz do Bom Espírito, que se faz ouvir pela nossa consciência.

            Reconhece-se um mau pensamento quando ele se distancia da caridade, que é à base de toda moral verdadeira; quando vem carregado de orgulho, vaidade e egoísmo; quando a sua realização pode causar algum prejuízo a outra pessoa; quando, enfim,nos propõe fazer aos outros o que não quereríamos que os outros nos fizessem. (Caps. XXVIII, nº 15 e XV, nº 10)

             – Prece –  Deus Todo-Poderoso, não me deixeis sucumbir à tentação de cair no erro! Espíritos benevolentes que me protegeis, desviai de mim este mau pensamento, e dai-me a força de resistir à sugestão do mal. Se eu sucumbir à expiação da minha falta nesta mesma existência e em outra, porque sou livre para escolher."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)