quarta-feira, 31 de julho de 2013

"RECANTO DE PAZ"

   "Há quem pergunte como servir à causa da paz.
        Semelhante tarefa não será privativa daqueles que se encarregam da direção do Mundo?
        A paz do Mundo, no entanto, é a soma de todos os esforços das criaturas, nos domínios da pacificação.
        Reflitamos nisso e atendamos à nossa parte, quanto se nos faça possível.
        Deixa que a fonte do amor se te desate do coração.
        Acende no cérebro a luz do pensamento reto.
        Transforma o trabalho de cada dia num cântico de bênçãos.
        Observa os compromissos assumidos por leis da própria consciência.
        Transita nas vias do bem aos semelhantes.
        Respeito o tipo de existência que os outros escolheram para si mesmos,  como desejas que a tua própria vida seja respeitada.
        Ergue em ti um sinal vermelho para os comentários infelizes.
        Hospitaliza agressores e maldizentes em tua clínica de orações.
        Não desperdices a riqueza do tempo, comprando remorso com queixas inúteis.
        Veste a armadura da paciência para que consigas agir e reagir construtivamente, onde te encontres.
        Instala a boa palavra nas estruturas verbais que te manifestam.
        Ouve com atenção, aguardando sem  pressa a tua vez de falar.
        Não desconsideres pessoa alguma.
        Resguarda no arquivo da prece os obstáculos e problemas que te desagradam, a fim de que não te destaques por motivo de aflição nas estradas alheias.
        Aceitas os outros tais quais são, sem o propósito de corrigi-los ou aperfeiçoá-los à força.
        Aprende com modéstia e ensina sem exigência.
        Auxilia sem cobrança.
        Não solenizes as provações de que necessitas para melhorar o próprio caminho.
        Diante das ofensas, imuniza-te na terapêutica do perdão.
        Espera o momento propício destinado a esclarecer o ponto difícil que haja surgido em teu relacionamento com os demais.
        Não exijas do próximo aquilo que o próximo ainda não possui para dar.
        Não mentalizes o mal com inquietações imaginárias, e sim colabora na construção do melhor que deve acontecer.
        Serve sem dependurar algemas nos pulsos de teus irmãos.
        E, prosseguindo adiante, converter-te-ás em coluna da segurança geral.
        Em verdade, a Divina Providência não pede para que te transformes, de imediato, numa estrela que dissipe as sombras da perturbação onde assombras da perturbação estejam dormindo na Terra. O Céu espera sejas, ainda hoje, onde estiveres, um recanto vivo da paz."

(Emmanuel, na obra “Diálogo dos Vivos”, Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires – Espíritos diversos)

terça-feira, 30 de julho de 2013

"POR AMOR"


"Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos e compreendam no coração e se convertam e eu os cure."
(João, 12:40)

"Os planos mais humildes da Natureza revelam a Providência Divina, em soberana expressão de desvelo
e amor.

Os lírios não tecem, as aves não guardam provisões
e misteriosa força fornece-lhes o necessário.

A observação sobre a vida dos animais demonstra
os extremos de ternura com que o Pai vela pela Criação desde o princípio: aqui, uma asa; acolá, um dente a mais; ali, desconhecido poder de defesa.

Afirma-se a grande revelação de amor em tudo.

No entanto, quando o Pai convoca os filhos à cooperação nas suas obras, eis que muita vez se salientam os ingratos que convertem os favores recebidos, não em deveres nobres e construtivos, mas em novas exigências; então, faz-se preciso que o coração se lhes endureça cada vez mais, porque fora do equilíbrio, encontrarão o sofrimento na restauração indispensável das leis externas desse mesmo amor divino.

Quando nada enxergam além dos aspectos materiais
da paisagem transitória, sobrevém, inopinadamente,
a luta depuradora.

É quando Jesus chega a operar a cura.

Só então torna o ingrato à compreensão da Magnanimidade Divina.

O amor equilibra, a dor restaura.

É por isso que ouvimos muitas vezes:
"Nunca teria acreditado em Deus se não
houvesse sofrido."


*

("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Confia sempre na ajuda divina.
Quando te sentires sitiado, sem
qualquer possibilidade de liberação,
o socorro te chegará de
Deus.
Nunca duvides da paternidade
celeste.
Deus vela por ti, e te ajuda,
nem sempre como queres, porém,
da melhor forma para a tua real felicidade.
Às vezes, tens a impressão de
que o auxílio superior não virá ou
chegará tarde demais.
Passado o momento grave,
constatarás que o recebeste alguns
minutos antes, caso tenhas
perseverado à sua espera."
("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

"NO REINO INTERIOR"

"Sigamos, pois, as coisas que contribuem para a paz e para a edificação de uns para com os outros." - Paulo. (ROMANOS, 14:19.)

"Não podemos esperar, por enquanto, que o Evangelho de Jesus obtenha vitória imediata no espírito dos povos. A influência dele é manifesta no mundo, em todas as coletividades; entretanto, em nos referindo às massas humanas, somos compelidos a verificar que toda transformação é vagarosa e difícil.
Não acontece o mesmo, porém, na esfera particular do discípulo. Cada espírito possui o seu reino de sentimentos e raciocínios, ações e reações, possibilidades e tendências, pensamentos e criações.
Nesse plano, o ensino evangélico pode exteriorizar-se em obras imediatas.
Bastará que o aprendiz se afeiçoe ao Mestre.
Enquanto o trabalhador espia questões do mundo externo, o serviço estará perturbado. De igual maneira, se o discípulo não atende às diretrizes que servem à paz edificante, no lugar onde permanece, e se não aproveita os recursos em mão para concretizar a verdadeira fraternidade, seu reino interno estará dividido e atormentado, sob a tormenta forte.
Não nos entreguemos, portanto, ao desequilíbrio de forças em homenagens ao mal, através de comentários alusivos à deficiência de muitos dos nossos irmãos, cujo barco ainda não aportou à praia do justo entendimento.
O caminho é infinito e o Pai vela por todos.
Auxiliemos e edifiquemos.
Se és discípulo do Senhor, aproveita a oportunidade na construção do bem. Semeando paz, colherás harmonia; santificando as horas com o Cristo, jamais conhecerás o desamparo."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

"RECLAMAR MENOS"

"Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles: porque esta é a lei e os profetas”. Jesus (Mateus, 7:12)


       "Para extinguir a cultura do ódio nas áreas do mundo, imaginemos como seria melhor a vida na Terra se todos cumpríssemos fielmente o compromisso de reclamar menos.
       Quantas vezes nos maltratamos, reciprocamente, tão-só por exigir que se realize, de certa forma, aquilo que os outros só conseguem fazer de outra maneira! De atritos mínimos, então partimos para atitudes extremas. Nessas circunstâncias costumamos recusar atenção e cortesia até mesmo àqueles a quem mais devemos consideração e amor; implantamos a animosidade onde a harmonia reinava antes; instalamos o pessimismo com a formulação de queixas desnecessárias ou criamos obstáculos onde as grandes realizações poderiam ter sido tão fáceis. Tudo porque não desistimos de reclamar — na maioria das ocasiões — por simples bagatelas.
       De modo geral, as reivindicações e desinteligências repontam, mais frequentemente, entre aqueles que a Sabedoria Divina reuniu com os mais altos objetivos na edificação do bem, seja no círculo doméstico, seja no grupo de serviço ou de ideal. Por isso, mesmos os conflitos e reprovações aparecem quase sempre no mundo, nas faixas de ação a que somos levados para ajudar e compreender. Censuras entre esposo e esposa, pais e filhos, irmãos e amigos. De pequenas brechas se desenvolvem os desastres morais que comprometem a vida comunitária: desentendimentos, rixas, perturbações e acusações.
       Dediquemos à solução do problema as nossas melhores forças, buscando esquecer-nos, de modo a sermos mais úteis aos que nos cercam, e estejamos convencidos de que a segurança e o êxito de quaisquer receitas de progresso e elevação solicitam de nós a justa fidelidade ao programa que a vida estabelece em toda parte, a favor de nós todos: reclamar menos e servir mais."
(“Segue-me!...”, Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier)

"PROBLEMAS MORAIS: SOBRE A RIQUEZA E A AVAREZA"


"1. De dois homens ricos, um nasceu na opulência e jamais conheceu a necessidade, o outro deve sua fortuna ao seu trabalho; todos os dois a empregam, exclusivamente, em sua satisfação pessoal; qual é o mais culpável? - R. Aquele que conheceu o sofrimento: ele sabe o que é sofrer.

2. Aquele que acumula sem cessar, e sem fazer o bem a ninguém, encontra uma desculpa válida no pensamento de que amontoa para deixar mais para os seus filhos? - R. É um compromisso com a má consciência.

3. De dois avaros, o primeiro se recusa o necessário e morre de necessidade sobre a sua fortuna; o segundo não é avaro senão para os outros: é pródigo para si mesmo; ao passo que se recusa ao mais leve sacrifício para servir ou fazer uma coisa útil, nada lhe custa para satisfazer os seus gozos pessoais. Pede-se-lhe um serviço, e está sempre embaraçado; quer abster-se de uma fantasia e a encontra sempre bastante. Qual é o mais culpável, e qual o que terá o pior lugar no mundo dos Espíritos? - R. Aquele que goza; o outro já encontrou a sua punição.

4. Aquele que, durante a vida, não fez um emprego útil da sua fortuna, encontra um alívio fazendo o bem depois da sua morte, pela destinação que lhe dá? - R. Não; o bem vale o quanto custa."

 ("Revista Espírita", maio de 1858)

domingo, 28 de julho de 2013

"INSTRUMENTO OU ARMA"

"Está presente em todos os movimentos da atualidade e é responsável por incontáveis fenômenos do processo evolutivo da Humanidade.
          Facilita as trocas, impulsiona o progresso, faculta o conforto e sustenta a vida.
          A sua presença modificas muitas situações e resolve incontáveis problemas.
          Ajuda na enfermidade, na educação e na caridade.
          Muitos o consideram fator primordial para a felicidade.
          Todavia, responde por crimes inumeráveis: corrupção, desdita, miséria e fome...
          Catastrófico em mãos irresponsáveis, estimula o ódio e favorece a violência.
          Denigre o caráter, conduz à traição, entorpece os sentimentos...
          Referimo-nos ao dinheiro.
          Não é ele, porém, bom ou mau.
          O uso que se lhe faz e a ambição humana que o cerca, o tornam instrumento de vida ou arma de morte.
-x-
          Não transformes o dinheiro em meta essencial da tua existência.
          Trabalha por adquiri-lo, a fim de o aplicares nas necessidades e deveres morais.
          Busca viver, dele fazendo um meio para as finalidades superiores da vida, sem que te escravizes à sua paixão vivendo para ele.
          Conquista-o mediante o labor digno, de modo que ele seja, em tuas mãos, em tua vida, recurso de elevação e mensageiro da felicidade, para ti e para aqueles a quem possas beneficiar."
(“Episódios Diários”, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

sábado, 27 de julho de 2013

"ERGAMO-NOS"

“Levantar-me-ei  e  irei  ter com meu pai...” — (LUCAS, 15:18.)

       "Quando o filho pródigo deliberou tornar aos braços paternos, resolveu intimamente levantar-se.
       Sair da cova escura da ociosidade para o campo da ação regeneradora.
       Erguer-se do chão frio da inércia para o calor do movimento reconstrutivo.
       Elevar-se do vale da indecisão para a montanha do serviço edificante.
       Fugir à treva e penetrar a luz.
       Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos próprios ideais.
       Levantou-se e partiu no rumo do Lar Paterno.
       Quantos de nós, porém, filhos pródigos da Vida, depois de estragarmos as mais valiosas oportunidades, clamamos pela assistência do Senhor, de acordo com os nossos desejos menos dignos, para que sejamos satisfeitos? quantos de nós descemos, voluntariamente, ao abismo, e, lá dentro, atolados na sombria corrente de nossas paixões, exigimos que o Todo-Misericordioso se faça presente, ao nosso lado, através de seus divinos mensageiros, a fim de que os nossos caprichos sejam atendidos?
       Se é verdade, no entanto, que nos achamos empenhados em nosso soerguimento, coloquemo-nos de pé e retiremo-nos da retaguarda que desejamos abandonar.
       Aperfeiçoamento pede esforço.
       Panorama dos cimos pede ascensão.
       Se aspiramos ao clima da Vida Superior, adiantemo-nos para a frente, caminhando com os padrões de Jesus.
       — Levantar-me-ei, disse o moço da parábola.
       Levantemo-nos, repitamos nós."

(“Fonte Viva”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"LEGENDA INESQUECÍVEL"


 "E a vida continua intensamente...
Transformações que chegam de improviso...
Às vezes, é amargor que te apaga o sorriso,
De outras, é a provação que te altera o lugar;

Em quase toda parte o tumulto domina,
A violência se alteia e se engalana, 
Mas as Vozes do Céu rogam à vida humana:
Trabalhar e servir. Perdoar, perdoar...

A incompreensão se estende em áridos conflitos,
O passado interfere no presente,
Preconceitos, em luta permanente,
Tombam da inércia multisecular...

Assemelha-se a Terra à nave, na tormenta,
E, conquanto a tremer, sob a treva e o perigo,
Procura as instruções do Cristo, o Excelso Amigo:
Trabalhar e servir, perdoar, perdoar...

No entrechoque das forças que se embatem,
Talvez tragas no peito, alma querida,
Duras tribulações que te lesam a vida,
Desgostos, solidão, amargura, pesar...

No entanto, vendo o mal que te espreite ou te oprima,
Que o cárcere da angústia não te prenda,
Segue fazendo o bem, recordando a legenda:
Trabalhar e servir, perdoar, perdoar...

O mundo é a grande escola e a vida é a grande mestra...
De quanto a quando, explodem vastas crises,
Dias de inquietação, momentos infelizes
Para a renovação que nos pede avançar...

Na mágoa que te envolve ou no fel que te humilha,
Nas pedras do caminho em que a marcha te cansa,
Desfralda, com Jesus, o lema da esperança:
Trabalhar e servir, perdoar, perdoar..."



("Tesouro De Alegria",  Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"REINO ÍNTIMO"

"Que a Terra ainda é um mundo de expiações e testes constantes, não há que duvidar.

Dificuldades e obstáculos repontam de toda parte. Entretanto, em qualquer situação, ser-nos-á possível criar um mundo à parte, em que a paz nos ilumine em direção do futuro.

Encontrarás, talvez, os que te golpeiam o coração, lesando-te o campo afetivo, qual se compromissos assumidos nada valessem, ante a dominação do prazer; contudo, podes assegurar a tranqüilidade própria, com o esquecimento de semelhantes agressões, nas quais os agressores se fazem infelizes por eles mesmos.

Terás pela frente, em muitas ocasiões, a perseguição e a injustiça; no entanto, saberás imunizar-te contra os males do ressentimento, desculpando as injúrias.

Provavelmente, conhecerás grandes perdas de amigos aos quais te empenhaste, de alma e coração; todavia, surpreenderás na própria fé a energia para reiniciar a construção de tua segurança, na certeza de que a cada um de nós a vida atribuirá isso ou aquilo, segundo as nossas próprias obras.

Perderás, talvez, afeições numerosas que te deixarão a sós, nos instantes difíceis, porém, saberás agir compreensivamente, buscando o bem, com o olvido de todo mal, e assim aprenderás a identificar os verdadeiros amigos, elegendo em teu favor uma seleção de companheiros capazes de amparar-te e de entender-te nos encargos que foste chamado a cumprir.

O mundo é um palco imenso de provas e tribulações, funcionando à maneira de escola em que se nos apresentam vários tipos de educação e aprimoramento, mas nessa área imensa de lutas, podes perfeitamente criar, nos recessos da alma, a fé e a serenidade, a coragem e a fortaleza que podem garantir a paz e a segurança dentro de ti."

("Inspiração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

"O CAMINHO"

"Diante do turbilhão de problemas e conflitos, aturdido e receoso, a um passo do desequilíbrio, indagas, sem diretriz: - Onde a via a seguir? Qual a conduta a adotar? Certamente, todo empreendimento deve ser precedido de planificação, de roteiro, de programa. Sem esses fatores, o comportamento faz-se anárquico, e o trabalho se dirige à desordem.
A experiência carnal é uma viagem que o espírito empreende com os objetivos definidos pela Divindade, que a todos reserva a perfeição.
Como alcançá-la, e em quanto tempo, depende de cada viajor.
*
Multiplicam-se os caminhos que terminarão por levar à meta.
Alguns conduzem a despenhadeiros, a desertos, a pantanais, a regiões perigosas.
Outros se desdobram convidativos e repletos de distrações, prazeres, comodidades, engodos, passadismos.
Poucos se caracterizam pelo esforço que deve ser envidado para conquistá-los, vencendo, etapa a etapa, as dificuldades e impedimentos.
Uns levam à ruína demorada, que envilece e infelicita.
Vários dão acesso à glória transitória, ao poder arbitrário, às regalias que o túmulo interrompe.
Jesus, porém, foi peremptório ao asseverar:
-Eu sou o caminho - informando ser a única opção para chegar-se a Deus.
*
Se te encontras a ponto de desistir na luta, intenta-o outra vez e busca Jesus.
Se te abateste e não tens ninguém ao lado para oferecer-te a mão, recorre a Jesus.
Se te sentes abandonado e vencido, após mil tentames malsucedidos no mundo, apela a Jesus.
Se te deparas perdido e sem rumo, apega-te a Jesus.
Se te defrontas com impedimentos que te parecem intransponíveis, procura Jesus.
Se nada mais esperas na jornada, recomeça com Jesus.
*
Se avanças com êxito, não te esqueças de Jesus.
Se estás cercado de carinho e amor, impregna-te de Jesus.
Se a jornada se te faz amena, agradece a Jesus.
Se encontras conforto e alegria no crescimento íntimo, não te separes de Jesus
Se acreditas na vitória, que antevês, apóia-te em Jesus.
Se te sentes inundado de paz e fé, Jesus está contigo.
*
Em qualquer trecho do caminho da tua evolução, Jesus deve ser o teu apoio, a tua direção, a tua meta, tendo em mente que através d'Ele e com Ele te plenificarás, alcançando Deus.
O mais, são ilusões e engodos. Não te equivoques, nem enganes a ninguém."
* * *
("Momentos Enriquecedores", Joanna de Ângelis/ Divaldo Franco)

terça-feira, 23 de julho de 2013

"A CRENTE INTERESSADA"

"Dona Marcela Fonseca vivia os últimos instantes na Terra.

Não obstante a gravidade do seu estado orgânico, a agonizante mantinha singular lucidez e dirigia-se à família, com voz comovedora:

– A confiança em Deus não me abandonará... A Celeste Misericórdia nunca desatendeu minhas rogativas... O Mestre Divino estará comigo na transição dolorosa...

Alguns parentes choravam, em tom discreto, buscando, em vão, reter as lágrimas, no amarguroso adeus.

– Não chorem, meus amigos – consolava-os Dona Marcela – o Espírito de minha mãe, que tantas vezes há socorrido minhalma, há de estender-me os braços generosos!... Há mais de trinta dias, sofro neste leito pesado de tormentos físicos. Que representa a morte senão a desejada bênção para mim, que estou ansiosa de liberdade e de novos mundos?!... Se me for permitido, voltarei muito breve a confortá-los. Não esquecerei os companheiros em tarefas porvindouras. Creio que a morte não me oferecerá dilacerações, além da saudade natural, por motivo do afastamento... Sempre guardei minha crença em Deus, não só na qualidade de católica e protestante, como também no que se refere ao Espiritismo, que abracei tomada de sincera confiança... com o mesmo fervor de minha assistência às missas e cultos evangélicos, dei-me às nossas sessões esperando assim que nada me falte nos caminhos do Além... Devemos aguardar as esferas felizes, os mundos de repouso e redenção!...

Os familiares presentes choravam comovidíssimos. 

Dona Marcela calou-se. Depois de longos minutos de meditação, pediu fossem recitadas súplicas à Providência Divina, acompanhando-as em silêncio. Suor gelado banhava-lhe o corpo emagrecido e, pouco a pouco, perceberam os circunstantes que a agonizante exalava os últimos suspiros.

Qual sucede na maioria dos casos, portas a dentro da sociedade comum, a câmara mortuária transformou-se imediatamente em zona de prantos angustiosos, onde os que não choravam se referiam em voz alta às virtudes da morta, e, em surdina, aos seus defeitos.

A desencarnada, contudo, não mais permanecia no ambiente de velhos desentendimentos e reiteradas dissimulações.

Sentira-se bafejada por sono caricioso e leve, após a crise orgânica destruidora. Branda sensação de repouso adormentara-lhe o coração. Sem poder, todavia, explicar quanto durara aquele estado de tranquilidade espiritual, Dona Marcela despertou num leito muito limpo, mas extremamente desguarnecido de conforto. A seu lado, uma velhinha carinhosa abraçava-a, chorando de júbilo, a exclamar:

– Até que enfim, querida filha! Marcela, minha adorada Marcela, que saudades do teu convívio!...

A filha correspondeu às manifestações afetivas, porém, depois de fixar detidamente a paisagem nova, não disfarçou o desapontamento que lhe dominava o espírito voluntarioso. Já não era a mesma criatura, que revelava tamanha humildade na agonia corporal. Estava agora sem o influxo das dores. Experimentava plena liberdade para respirar e mover-se. Não mais o suor incômodo, nem a martirizante dispnéia a lhe torturarem o organismo. Não mais a agonizante vencida, mas a Dona Marcela da estrada comum, atrabiliária, exigente, insatisfeita.

Embora o impulso natural de prosseguir beijando a carinhosa mãezinha, não sopitou o orgulho ferido e perguntou:

– Mamãe, explique-me. Por que permanece nesses trajes? Que significa esta choupana sem conforto? Que região de vida é esta, onde a vejo tão fortemente desamparada? Será crível que seja este o seu lugar? Não foi uma crente sincera, no curso das experiências terrestres?

A velhinha, com o olhar sereno de quem não mais teme a verdade, acentuou resignada:

– Estamos no mundo de nossas próprias criações mentais, minha filha. Segundo nossas reminiscências, fui católica fundamente arraigada aos meus velhos princípios; contudo, não podes negar minha antiga preocupação de descansar nos esforços alheios. Recordas como torturava os servidores de nossa casa? Lembras minha tirania no lar, nos serviços de teu pai, nos atas da igreja? Quando acordei aqui, meus sofrimentos foram ilimitados, pois minhas criações individuais eram péssimas. As feras da inquietação, do remorso e do egoísmo observavam-me de todos os lados. Foi quando, então, roguei a Deus me permitisse destruir os trabalhos imperfeitos, para reconstruir conscientemente de novo. E aqui me tens. Tudo pobre, humilde, desvalioso, mas para mim que já desacertei demasiadamente, ferindo o próximo e desprezando as coisas sagradas, esta choupana paupérrima é a bênção do Pai, no recomeço de santas experiências.

A recém-desencarnada contemplou a escassez dos objetos de serviço, fixou a miserabilidade das peças expostas, arregalou os olhos e exclamou :

– Meu Deus! quantas situações estranhas! Mamãe, sempre a julguei nas esferas felizes!...

– Esses planos começam em nós mesmos – retrucou a genitora, com a tranquilidade da experiência vivida.

Recordando as inúmeras manifestações religiosas a que emprestara o concurso de sua presença, a senhora Fonseca redarguiu:

– Não me conformo com a miséria a que a senhora parece andar presentemente habituada. E o meu lugar próprio? Visitei milhares de vezes os templos de fé, no mundo. É impossível que esteja esquecida de nossos guias e benfeitores. Onde estão Bernardino e Conrado, os amorosos diretores espirituais de nossas reuniões? Preciso interpelá-los relativamente à minha situação.

A velhinha bondosa sorriu e informou:

– Ambos prosseguem na abençoada faina de orientar, distribuindo benefícios; mas, as reuniões continuam na esfera do Globo e nós nos achamos em círculo diferente. Que seria dos trabalhos terrestres, minha filha, se os servos de Deus abandonassem suas tarefas, apenas porque uma de nós fosse chamada a nova expressão de vida?

Marcela entendeu o profundo alcance daquelas palavras e observou:

– Qualquer outra autoridade espiritual pode servir-me. Necessito receber elucidações diretas, a respeito de minha atual posição.

A velhinha carinhosa fixou na filha o olhar afetuoso e compadecido, explicando-lhe prudentemente:

– Poderei conduzir-te à presença do generoso diretor da nossa comunidade espiritual. Da bondade dele, recebi permissão para buscar-te no mundo. Creio, pois, que a sabedoria de nosso benfeitor será bastante aos esclarecimentos desejáveis.

Com efeito, na primeira oportunidade, foi Marcela conduzida por sua mãe à presença do venerável amigo.

Recebeu-as o sábio, com espontâneo carinho, o que a Srª. Fonseca interpretou como subalternidade, sentindo-se livre de manifestar as mais acerbas reclamações, a lhe explodirem da alma revoltada. Após minuciosa e irritante exposição, concluía lamentando:

– Como sabeis, minha crença foi invariável e sincera: Na igreja católica, no templo evangélico, como no grupo espiritual, fui assídua nas manifestações de fé e nunca alvitrei a devoção. Não me conformo, portanto, com este abandono a que me sinto votada.

O orientador solicito, que ouvira pacientemente a relação verbal da interlocutora, acentuou a essa altura; 

– Não se encontra, porém, desamparada. Autorizei sua mãe a buscá-la nas zonas inferiores, com o máximo de carinho.

– Mas a própria situação de minha genitora, a meu ver, merece reparos especiais – clamou a Srª. Fonseca, intempestivamente.

Sorriu o bondoso mentor ao verificar-lhe o nervo-sismo e explicou em seguida:

– Já sei. Sente-se ferida no amor à personalidade. Entretanto, talvez esteja enganada.

E, chamando um auxiliar, recomendou:

– Traga as anotações de Marcela Fonseca.

Daí a instantes, o portador reaparecia, sobraçando um livro de proporções enormes. Curiosa e inquieta, a visitante leu o título: – «Pensamentos, palavras e obras de Marcela Fonseca».

– Quem escreveu esse volume? – perguntou aterrada.

– Não sabe que este livro é de sua autoria? – perguntou o mentor tranquilamente – é um trabalho de substância mental, que sua alma grafou, em cada dia e cada noite da existência terrena, pensando, falando e agindo.

A interessada não sabia disfarçar a surpresa; mas o orientador, abrindo as páginas, acrescentou: – Não posso ler todo o livro em sua companhia.

Vejamos, porém, o resumo de suas atividades religiosas.

Fixando a mão em determinada folha, o sábio esclareceu:

– Conforme se vê, assistiu no mundo a seis mil e setecentas e cinco missas, a duas mil e quinhentas cerimônias do culto protestante e a sete mil e doze sessões espiritistas. No entanto, é curioso notar que seu coração nunca foi a esses lugares para agradecer a Deus ou desenvolver serviços de iluminação interior, ou fora do eu circulo individual. Seu único objetivo foi sempre pedir ou reiterar solicitações, esquecendo que o Pai colocara inúmeras possibilidades e tesouros no seu caminho. Recitando fórmulas, cantando hinos ou concentrando-se na editarão, somente houve um propósito em sua fé – o pedido. Mudou rotulagens, mas não transformou seu íntimo.

Ante o assombro de Marcela, o sabia continuava, delicado:

– É justo pedir; entretanto, é preciso igualmente saber receber as dádivas e distribuí-las. A própria Natureza oferece as mais profundas lições neste sentido. Deus dá sempre. A fonte recebe as águas e espalha os regatos cristalinos. A árvore alcança o benefício da seiva e produz flores e frutos. O mar detém a corrente dos rios e faz a nuvem que fecunda a terra. As montanhas guardam as rochas e estabelecem a segurança dos vales. Somente os homens costumam receber sem dar coisa alguma.

Mas... – concluiu o sábio orientador – não disponho de tempo para prosseguir na leitura. Finda esta, restituirá o volume aos arquivos da casa.

A Srª. Fonseca iniciou o serviço de recapitulação das próprias reminiscências e só terminou dai a cinco meses.

Extremamente desapontada, restituiu o livro enorme e, após encorajadora advertência do magnânimo diretor espiritual, explicou-se humilhada:

– Sempre fui sincera em minha crença.

– Sim, minha filha, mas a crença fiel deve ser lição viva do espírito de serviço. Sua convicção é incontestável. Sua ficha, contudo, é a dos crentes interessados.

Com enorme tristeza a lhe transparecer dos olhos, a recém-desencarnada começou a chorar. O dedicado mentor abraçou-a e disse paternalmente:

– Renove suas esperanças. Seu pesar não é único.

Existem coletividades numerosas nas suas condições. Além disso, há fichas muito piores que a sua, em matéria de fé religiosa, como, por exemplo, as dos simoníacos, mentirosos e investigadores sem consciência. Anime-se e continue confiando em Deus.

Reconhecendo a própria indigência, Marcela recebeu o acolhimento pobre de sua mãe, como verdadeira bênção celestial.

Todavia, a nota mais interessante foi a sua primeira visita ao círculo dos irmãos encarnados. Em plena sessão, contou a experiência comovedora e relacionou as surpresas que lhe haviam aguardado o coração no plano espiritual. Sua história era palpitante de realidade, mas todos os presentes lembraram a velha Dona Marcela Fonseca e concordaram, entre si, que a manifestação era de um Espírito mistificador."


("Reportagens de Além Túmulo", Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

"BEM E MAL VIVER"

"Porque campeiam o utilitarismo e as disputas existenciais, não descreia do amor nem da solidariedade.

Porque você haja sido vítima da astúcia e da ingratidão de alguns, não se faça amargo nem pessimista para com todos.

Porque demore de chegar a colheita dos resultados dos seus labores, não deixe de semear a esperança e o bem em todo lugar.

Porque a precipitação e a loucura avassalem os homens, não lamente os esforços que envida em prol da harmonia e da saúde geral.

Porque a vitória aparente da desonestidade corrói algumas criaturas, não desanime no dever nem na hombridade moral.

Porque o clima de confiança entre os amigos se faça difícil, não domine os seus impulsos de lealdade e afeição em relaçÀo ao próximo.

Porque caminhem abraçadas a utopia e a insensatez, não se recuse o exercício da parcimônia e da ordem.

Porque as criaturas se digam em crise, diante de um mundo que afirmam estar em desagregacão, não ofereça forças á balbúrdia e à agressividade.

Porque o apego as coisas e a vida orgânica o impilam a lutar pelos bens terrenos, não se esqueça de preparar-se para a morte, quando se verá constrangido a tudo deixar, exceto os valores morais e espirituais acumulados nos cofres da existência eterna...

O bem não receia o mal, que é transitório.

O otimismo não se abate ante a agressão do desânimo, que é passageiro.

A saúde não se acovarda face à doença, que grassa em derredor, por momentos.

A luz não sucumbe ante a treva, que facilmente se dilui...

De forma alguma vitalize o lado negativo das coisas, das questões, das pessoas, da vida...

Você pode modificar as próprias paisagens morais e as do seu próximo, abraçado à certeza da mensagem do Cristo em triunfo, hoje lhe abrasando a vida."

("Sementes da Vida Eterna", Marco Prisco/Divaldo Franco)

domingo, 21 de julho de 2013

"A VIDA"

"A vida surpeende-nos a todos através do veículo da morte, que nos convida a outra dimensão de pensamento e vida, quando a consciência, livre dos impositivos cerebrais, desperta in totum para a compreensão do ser que somos. Felizes, portanto, aqueles que, diante da verdade, não procuram mecanismo escapistas nem formulações paliativas, mediante os quais fogem do enfrentamento com o dever, procurando a reabilitação que se faz indispensável. Ninguém, todavia, foge de si mesmo.

Não é necessário prestar-se a satisfação aos outros, a respeito dos atos, nobres ou horrendos, porque o problema é interno, pessoal, intransferível. E graças a essa conduta dúplice - a interior, que é legítima, e a externa, que se apresenta como convencional, a da aparência - que incontáveis indivíduos derrapam nos transtornos neuróticos da depressão e de mais graves injunções psicóticas, exatamente por desejarem impedir o reflexo dos atos monstruosos que lhes constituem o caráter real.

Indiscutivelmente são bem aventurados aqueles que se encontram no eito das aflições transitórias, porque se lapidam para futuras experiências, resgatam as promissórias em débito, preparando-se para as inefáveis alegrias existenciais e espirituais.

As aquisições de sabor moral e espiritual, como a paz de espírito, que decorre da consciência responsável, aquela que resulta de pensamentos saudáveis, de palavras justas e de conduta correta, o enriquecimento interior mediante o conhecimento e a prática do Bem, o serviço fraternal de misericórdia e de socorro, aumentam os sentimentos de amor, de caridade e de iluminação interna. 

O nosso único objetivo é proporcionar orientação para apressar a instalação do reino de Deus entre os habitantes físicos da Terra, evitando que tombem nas desgraças reais.

Nunca se poderá conhecer a dimensão do sofrimento sem que seja experimentado por cada qual."

("Os Diamantes Fatídicos", Victor Hugo/ Divaldo Franco)

sábado, 20 de julho de 2013

"FAÇA-SE A LUZ"

"No Livro Sagrado notamos, na sua abertura, a palavra do Senhor, que assim dispôs, ante a presença da Vida, filha do Seu magnânimo amor: Faça-se a luz. E a luz se fez.

        É de se notar que o nosso caminho para a Espiritualidade Maior é a luz, e essa claridade, que notadamente é a verdade, deve ser colocada em cima da mesa.

        O Cristo de Deus, em todo o Seu percorrer na face da Terra, não teve outra atitude do que Se fazer Luz em todos os entendimentos humanos. O Mestre Divino falou e viveu, viveu e Se entregou à Verdade, afirmando que a Verdade nos prepara para a libertação, nos tornando livres na pauta de todas as nossas atitudes.

        Compreender-se-á que Luz é sabedoria. Luz é amor, Luz é felicidade, desde quando provém das regiões celestiais. Ajuntemos todas as nossas forças na expressão da fé, para que possamos colocar a Luz da Verdade nos nossos caminhos, como sendo a escrita visível para todos observarem o que somos e o que deveremos ser.

        Que Deus nos ajude a compreender o que significa Luz em nós e por nós, ante Jesus e perante Deus, na nossa consciência!

        Não deves esconder a tua luz, se já a tens, com o barulho da vaidade, para não desfazeres a tua tranquilidade que provém do amor. O faça-se a Luz nos diz que não é para escondermos o que somos; também se vivemos o bem, não é preciso que a palavra o anuncie. O Sol ilumina toda a Terra no silêncio!..."

(Miramez, na obra“ASSIMILAÇÃO EVANGÉLICA”, João Nunes Maia – Espíritos diversos)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"AÇÃO DO PENSAMENTO"

"Todo pensamento cultivado se incorpora à conduta do homem.

O pensamento é força que plasma desejos cuja consistência varia de acordo com a incidência da idéia geradora.

O mundo parafísico é constituído de energia mento-neuro-psíquica maleável à vontade que age sobre ela, elaborando as formas nas quais o indivíduo se aprisiona ou com elas se liberta.

A conduta mental responde pelo comportamento físico e moral.

Hábito é vida, na ação do dia-a-dia.

O ódio contumaz atira dardos destruidores como o ouriço irritado lança espículos ferintes.

A mágoa constante intoxica e enferma, à semelhança do pântano que exala miasma venenoso.

A revolta contínua alucina, tanto quanto a serpente agressiva pica e mata.

A inveja permanente desarticula a capacidade de julgamento equilibrado, qual ocorre com o ciúme que se atormenta e persegue com desatino.

Os lobos caem nas armadilhas para lobos.

Quem semeia desequilíbrio, defronta tempestades.

A amizade pura exterioriza simpatia afável como a violeta, o perfume agradável.

O amor irradia beleza, da mesma forma que a terra cultivada oferta o pão.

A bondade natural cativa o próximo, como a paisagem iluminada ganha a emoção superior.

O perdão indistinto aureola de paz que contagia, à semelhança da luz que penetra e aquece.

Cordeiros pastam com cordeiros.

A vida responde conforme a proposta da questão.

Quem esparge esperança recolhe bênçãos.

O homem é a sua vida mental, que lhe cumpre educar e movimentar a bem de si próprio e do progresso geral, co-construtor que é, consciente ou inconscientemente, na obra da divina Criação."
 

("Seara do Bem", Carneiro de Campos/Divaldo Franco)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

"CRIAÇÃO VERBAL"



"Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não..." - Jesus. (Mateus, 5:37.)


"Toda frase, no mundo da alma, é semelhante a engenho de projeção suscitando imagens na câmara oculta do pensamento.

Temos, assim, frases e frases: duras como aço; violentas como fogo; suaves como brisa; reconfortantes como sol; mordentes quais lâminas; providenciais como bálsamos.

À vista disso, todos nós carregamos, no estoque verbalístico, palavras e palavras:

palavras - bênçãos;
palavras - armadilhas;
palavras - charcos;
palavras - luzes;
palavras - esperanças;
palavras - alegrias;
palavras - promessas;
palavras - realizações;
palavras - trevas;
palavras - consolos;
palavras - aflições;
palavras - problemas.

Sabendo nós que o Criador, ao criar a criatura, criou nessa mesma criatura o poder de criar, é forçoso reconhecer que toda frase cria imagens e toda imagem pode criar alguma coisa. Saibamos, assim, compor as nossas frases com as nossas melhores palavras, nascidas em nossos melhores sentimentos, porque toda peça verbal rende luz ou sombra, felicidade ou sofrimento, bem ou mal para aquele que lhe faz o lançamento na Criação."
("Benção de Paz", Emmnauel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

"REDENÇÃO"


"O mergulho de Jesus nos fluidos grosseiros do orbe terráqueo é a história da redenção da própria humanidade, que sai das furnas do “eu” para os altos píncaros da liberdade.

Vivendo nos reinados de Augusto e Tibério, cujas vidas assinalaram com vigor inusitado a História, o Seu berço e o Seu túmulo marcaram indelevelmente o tempo, constituindo sinal divisório da Civilização, acontecimento predominante nos fastos da vida humana.

Aceitando como berço o reduto humílimo de uma estrebaria, no momento significativo de um censo, elaborou, desde o primeiro momento, a profunda lição da humildade para inaugurar um reinado diferente entre as criaturas, no justo momento em que a supremacia da força entronizava o gládio e a púrpura atapetava o solo, alcatifando o piso por onde passavam os triunfadores.

E não se afastou, jamais, da diretriz inicial assumida: o de servo de todos.

Acompanhando a marcha tresloucada do espírito humano que se encontra atado aos sucessivos ciclos dos renascimentos inferiores, na roda das paixões escravizantes, fez que pioneiros e embaixadores da Sua Morada O precedessem cantando as glórias superiores da vida e do belo, para propiciar os sonhos de elevação e as ânsias sublimantes...

Alexandre Magno conquistou o Mundo sem conseguir, no entanto, intimidar os filósofos que habitavam as margens do Indo. Apaixonado por Homero, dizia encontrar na Ilíada inspiração ao amor e à guerra que lhe dava glórias... Logo passou, e aos 33 anos sucumbiu, depois de ter vivido o correspondente a várias vidas...

Os direitos dos povos pertenciam aos dominadores e o homem não passava de animal de carga, nas garras da força.

Depois dEle, Marco Aurélio registra os pensamentos que fluem da mente privilegiada, sob elevada inspiração de Emissários Sábios enquanto peleja nos campos juncados de cadáveres...; as hostes selvagens, em nome da hegemonia política de vândalos elevados ao poder, irrompem voluptuosas, quais labaredas humanas crepitantes e carbonizantes, e atrás de suas legiões ficam os destroços, as cinzas, as dores agudíssimas das cidades vencidas e enlutadas.

Os triunfadores de um dia erigem monumentos à própria insânia, que a soberba qualifica de glória, mas que ruem quando os construtores se consomem...

... Tudo passa! A Grande Esfinge tudo devora...

Tronos refulgentes, sólios esplêndidos, coortes brilhantes ao Sol, conquistas grandiosas, civilizações douradas e impiedosas, os tempos vencem...

Ele chega silencioso, pulcro, e fica.

Reúne a malta dos aflitos e os agasalha ao próprio peito.

Nada solicita, coisa alguma exige.

Libertador por excelência, canta o hino da verdadeira liberdade, ensinando a destruição dos elos da inferioridade que junge o homem às mais cruéis cadeias...

Embosca-se na carne, mas é Sol de incomparável luz, clareando o fulcro dos milênios.

Ao suave balido da Sua mansa voz, acordam as esperanças e se levantam os ideais esquecidos.

Ao forte clamor do seu verbo, erguem-se os dias, e as horas do futuro vibram, aprofundando no cerne do mundo os alicerces da Humanidade Feliz do porvir.

Admoesta e ajuda.

Verbera, rigoroso, e socorre.

Aceita a oferenda do amor mas não enclausura a verdade nas paredes do suborno.

Rei Celeste, comparte das necessidades dos pecadores e vive entre eles.

Permuta o contato dos anjos pela comunhão do populacho da verdejante e calma Cafarnaum, trocando os esplendores da Via-Láctea pelas madrugadas rubras do lago piscoso.

Prefere os entardeceres ardentes de Jericó à epopéia célica dos astros em infinito meio-dia.

Aceita o pó das estradas ermas e calcinadas de Caná, Magdala, Dalmanuta, e as suas fronteiras que se perdem no Sistema Solar, Ele as estreita entre o Mar e o Hebron, entre a Síria e o país de Moab... 

Deixa a gleba paradisíaca para tomar de um grão de mostarda e elaborar com ele uma cantata, sofrendo calor asfixiante; esfaimado, pede a uma figueira frutos que, fora de época, não os pode dar... 

Senhor do Mundo, Causa anterior existente, deixa-se confundir na turba, na multidão esfarrapada, que em fúria busca o amor sem saber identificá-lo; na multidão, sim, na qual, sofrendo, encontra a razão do Seu glorioso martírio.

Entre os sofredores, canta as mais eloqüentes expressões que o homem jamais ouviu.

As Suas Boas Novas são orquestradas pela musicalidade espontânea da Natureza, no cenário das primaveras e dos verões, entre as aldeias e o lago, no coração exuberante da Terra em crescimento... 

E traído, magoado, encarcerado, vencido numa Cruz, elege uma tranqüila e luminosa manhã para ressurgir, buscando uma antiga obsediada para dizer-lhe que a vida não cessa, e que o Reino de Deus está dentro do coração, reafirmando, insofismável, ficar “conosco todos os dias até o fim do Mundo”, retornando, assim, ao Pai, onde nos espera vencidas as refregas libertadoras da ascese em que hoje nos empenhamos com sofreguidão."

("Primícias do Reino", Amélia Rodrigues/Divaldo Franco)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

"O ALCOOLISMO"


 "Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam, - observado o problema do ponto de vista espiritual.

Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.

Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às  mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez.

Os que lhes caem nas malhas, tornam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...

Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...
Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.

No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.

Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...

A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.

Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.

Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.
Os que tombam na urdidura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...

Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.
A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.

Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...

Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.

Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior."



("Calvário de Libertação", Victor Hugo/ Divaldo Franco)