"Revisando a parábola do samaritano, lembramo-nos de que
hoje milhares de irmãos nossos sobem do passado em direção do futuro pelos
caminhos do presente, desfalecendo, muitas vezes, sob dificuldades e provações
que os deixam semimortos:
os que não contavam com as tempestades de renovação da atualidade e se marginalizaram em desequilíbrio;
os que forjaram algemas para o amor transformando-o,
logo após, no fogo passional em que se atiraram na
delinquência;
os que desertaram do trabalho e tombaram em
penúria;
os que converteram a inteligência em antena das trevas e
se horizontalizaram, por dentro de si mesmos, nas depressões da
culpa;
os que abusaram da misericórdia dos medicamentos
pacificadores e, tentando fugir das próprias responsabilidades, se precipitaram
em despenhadeiros de alucinação e loucura;
os que perderam a fé em meio das experiências
necessárias à evolução e estiram-se no desânimo, à beira do
suicídio;
os que não suportaram a transformação dos seres amados e
se acomodaram, revoltados, sobre pedras da angústia;
e aqueles outros que tateiam a lousa, nos parques da
saudade, perguntando pelos entes queridos que a morte lhes arredou da
convivência, a carregarem o coração encharcado de
lágrimas.
À frente de quantos surpreendas na estrada, caídos em
sofrimento, interrompe-te para compreender e servir.
Determina a caridade nos situemos no lugar daqueles que
necessitam de amparo, doando-lhes o melhor de nós, com a certeza de que
provavelmente amanhã serão eles, os socorridos de agora, nossos próprios
benfeitores.
Entre os companheiros de Humanidade que conhecem o campo
de trabalho e passam, de longe, com receio de serem incomodados, e aqueles que
foram espoliados na coragem de caminhar e na alegria de viver, recordemos o
samaritano que se deteve na marcha dos próprios interesses e auxiliou
espontaneamente ao próximo sem nada perguntar e, conforme a lição do Cristo,
façamos nós o mesmo."
(“Viajor”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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